26 de fev. de 2023

Dias Difíceis: Dores e Perseguições

Marcos 13.1-13
O Futuro Reserva Dores e Perseguição

O capítulo 13 de Marcos é um dos capítulos mais difíceis do N.T. para a compreensão do leitor moderno, por ser um dos capítulos mais judaicos da Bíblia – história, ideias, termos, figuras familiares para os judeus - que são muito estranhos, em realidade desconhecidas, para os leitores modernos. Apesar disso, temos nele a fonte de muitas ideias a respeito da Segunda Vinda de Jesus.

Precisamos seguir algumas diretrizes ao estudar esse sermão importante.

1.      Devemos estudá-lo à luz do resto das Escrituras, especialmente do Livro de Daniel. Existe uma concordância entre as várias Escrituras proféticas.

2.    Devemos ver suas aplicações. Jesus não estava satisfazendo a curiosidade de seus discípulos nem de esclarecer as ideias contrárias.

3.     Devemos ter sempre em mente o "ambiente judaico" do discurso: um rabino judeu, quatro homens judeus falando a respeito do futuro do templo judeu.

4.    Devemos nos lembrar de que este capítulo descreve um período conhecido como "tribulação":  "tempo de angústia para Jacó" (Jr 30:7); "dia de indignação" (Sf 1:15-18) e de um tempo de ira (ls 26:20, 21).

OS judeus orgulhavam-se de seu templo, apesar de ter sido construído pela família de Herodes a fim de apaziguar o povo. Jesus já havia deixado claro o que pensava sobre o templo (Mc 11:15-17), mas seus discípulos ficaram fascinados com a grandiosidade da construção.

Podemos imaginar como ficaram chocados quando Jesus informou-os de que, um dia, aquele edifício que tanto admiravam seria deitado por terra.

3 são os motivos pra destruição:

1.      Os líderes judeus o haviam profanado (Mc 11.15-17);

2.    Jesus se retiraria dele e o deixaria deserto (Mt 23:38);

3.     Os romanos o destruiriam (70 d.C)

Em Marcos 13, Jesus descreve três estágios desse período de tribulação: 1. O início (Mc 13:5-13); 2. o meio (Mc 13:14-18) e 3. os acontecimentos que levam ao fim (Mc 13:19-27). Encerra, então, com duas parábolas que instam os fiéis a crer e a dar ouvidos (Mc 13:28-37).

 

1. NÃO SE DEIXEM ENGAR – v.5-8

Jesus faz uma lista das coisas que não devem ser consideradas "sinais" de sua vinda, antes são elementos para manter viva em nossa memória a realidade certa da vinda. Antes, são indicações de que as "dores de parto" da tribulação estão apenas começando.

Esses sinais são: o sucesso dos falsos Cristos (Mc 13:5, 6), as nações em conflito (Mc 13:7, 8a), os fenômenos naturais desordenados (Mc 13:8b) e as perseguições religiosas (Mc 13:9-13). Tais acontecimentos sempre estiveram presentes na história. Jesus está dizendo que haverá uma aceleração significativa desses fenômenos.

a) Falsos messias. As páginas da história estão repletas de relatos trágicos acerca de falsos messias, de falsos profetas e de seus discípulos cheios de entusiasmo, porém iludidos. Como é fácil pessoas espiritualmente cegas seguirem líderes populares e aceitarem ingenuamente suas soluções simples, mas equivocadas, para os problemas da vida!

b) Conflitos políticos e entre as nações. O império romano havia desfrutado certa paz por muitos anos, mas tal tranquilidade não seria permanente. Com o declínio do império e o desenvolvimento do nacionalismo, o conflito entre as nações era inevitável. A "Pax Romana" desapareceria de vez.

c) Catástrofes naturais. Muitas vezes, a guerra deixa para trás um rastro de fome e de escassez (2 Rs 25:2, 3; Ez 6:11). Os terremotos sempre existiram, e alguns deles são prova da ira de Deus (Ap 6:12; 8:5; 11 :13; 16:18). Uma vez que as catástrofes naturais têm várias causas, é perigoso taxá-Ias dogmaticamente de "sinais dos tempos".

 

2. NÃO DESANIMEM – v.9-12

Os servos de Deus não deviam apenas atentar para os impostores e se manter afastados deles, mas também precisavam tomar cuidado consigo mesmos (Mc 13:9-13). Isso porque enfrentariam oposição e perseguição cada vez maiores, tanto de autoridades oficiais (Mc 13:9-11) quanto em nível pessoal (Mc 13: 12, 13). Era importante que usassem essas experiências como oportunidades para testemunhar de Jesus Cristo.

A perseguição começaria nos tribunais judeus, mas passaria aos tribunais superiores, envolvendo governadores e reis. Vemos uma sequência semelhante no Livro de Atos (At 4 - 5; 7; 12; 16; 21 - 28).

No entanto, a perseguição redundaria em proclamação! Os seguidores de Cristo sofreriam por amor a ele e, desse modo, proclamariam seu evangelho. "Onde vocês nos exterminam, nós nos multiplicamos", disse Tertuliano a seus perseguidores. "O sangue dos cristãos é uma semente!" Apesar de não crer que levar o evangelho a todas as nações (Mc 13:10) seja uma condição para a volta de Cristo, sem dúvida é a comissão do Senhor a seu povo (Mt 28:19,20). O "fim" refere-se ao "fim da era", do período de tribulação.

Não seria fácil para gente comum do povo enfrentar tribunais, governantes e reis; mas Jesus lhes garantiu que o Espírito Santo ministraria por intermédio de cada um sempre que houvesse a oportunidade de testemunhar (Mc 13:11). Esta passagem não deve ser usada como uma desculpa nem muleta a pregadores despreparados. Trata-se de um estímulo a todos os cristãos que desejam testemunhar de Cristo e honrar seu nome (Jo 14:26; At 4:8). Se estamos andando no Espírito, não teremos dificuldade em testemunhar de Cristo quando surgirem as oportunidades (Jo 15:26, 27).

Não é difícil entender o problema da perseguição oficial, mas por que amigos e membros da família causariam problemas para os cristãos? (Mq 7:4ss; Jo 15:18-27). Seria de se esperar que, especialmente no meio dos judeus, as famílias fossem leais. Mas, tanto para judeus quanto para gentios, a fé cristã parecia heresia e blasfêmia.

Duas vezes por dia, os judeus ortodoxos declaravam: "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR!" (Dt 6:4). O judeu que dizia "Jesus é o Senhor" estava blasfemando e era passível da pena de morte. Roma esperava que seus cidadãos declarassem "César é senhor!" ou sofressem as consequências. Assim, as famílias e os amigos ficariam divididos entre sua lealdade para com a "fé antiga" e a nação e sua devoção para com seus entes queridos.

 

3. A VERDADEIRA CAUSA DA PERSEGUIÇÃO – v.13

 É declarada em Marcos 13:13, "por causa do meu nome". Quando nos identificamos com Jesus Cristo, podemos esperar que o mundo nos trate da mesma forma como o tratou (Jo 15:20-25).

Hoje em dia, é possível pertencer a qualquer um dos grupos religiosos esquisitos que existem por aí e não sofrer tanta oposição de amigos e familiares, mas no instante que mencionamos o nome de Jesus e que falamos do evangelho, alguém sempre começa a opor-se a nós.

Não devemos interpretar Marcos 13:13 como uma condição para a salvação, pois se aplica principalmente às testemunhas durante a tribulação. Se uma pessoa é nascida de novo, será sempre amada por Deus (Jo 13:1; Rm 8:35·38) e guardada por ele (Jo 10:27-29; Rm 8:29-34).

Uma vez que "o fim", em Marcos 13:7, significa "o fim dos tempos", é provável que esse seja seu significado em Marcos 13:13. Durante a tribulação, os verdadeiros cristãos provarão sua fé por sua fidelidade. Não cederão a pressões ímpias da falsa religião que surgirá (Ap 13).

 

Aplicações:

1. Jesus vai voltar para arrebatar sua igreja! Porém não sabemos o dia nem o hora, por isso devemos estar preparados como se hoje fosse o último dia de nossas vidas.

2. Quando ouvir falar de guerras, terremotos e fome, não se aflija, não são sinais que Jesus está voltando, mas mensagens para não esquecer que ele de fato voltará.

3. A única perseguição bíblica aos cristãos é por causa de sua fé em Jesus. Qualquer outra causa que motive perseguição, prisão e morte, são causas humanas.

 

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