26 de fev. de 2023

A Identidade do Messias

Marcos 12.35-44
A Identidade de Jesus - é o Messias, Filho de Davi

Recapitulando o Esboço de Marcos:

1. A Apresentação do Servo – Cap. 1:1-13

2. O Ministério do Servo na Galiléia – Cap. 1:14-9:50

I. Período de popularidade - 1:14 - 6:29

II. Período de afastamento - 6:30 - 9:32

III. Período de conclusão - 9:33-50

3. A Jornada do Servo a Jerusalém – Cap.10

4. O Ministério do Servo em Jerusalém – cap. 11-16

                                          I.             Ensino em público e controvérsias no Templo - 11:1-12:44

                                        II.             Ensino em particular e ministério - 13:1-14:31

                                     III.            Prisão, julgamento e crucificação - 14:32-15:47

                                     IV.            Ressurreição e ascensão – 16

A Identidade do Messias

Agora é a vez de Jesus fazer as perguntas e, aqui, se concentra a pergunta mais importante de todas: "Quem é o Messias?" ou: "Que pensais vós do Cristo? De quem é filho?" (Mt 22:42).

Trata-se de uma pergunta muito mais importante do que aquelas que seus inimigos haviam feito (sobre imposto, ressurreição e o maior mandamento), pois se enganar a respeito de Jesus Cristo é enganar-se em relação à salvação. Tal engano significa condenar a própria alma (Jo 3:16-21; 8:24; 1 lo 2:18-23).

Jesus cita o Salmo 110:1 e pede que expliquem de que maneira o filho de Davi também pode ser o Senhor de Davi. Os judeus acreditavam que o Messias seria filho de Davi (Jo 7:41, 42), mas a única maneira de o filho de Davi também ser o Senhor de Davi seria Deus vir ao mundo como homem. A resposta, evidentemente, é a concepção miraculosa de Cristo e seu nascimento de uma virgem (Is 7:14; Mt 1:18-25; Lc 1:26-38).

Podemos notar algo que ajuda a esclarecer a passagem. O versículo 35 diz: “Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi?” Nas primeiras partes do Novo Testamento, Cristo não é um nome próprio, como chegou a ser na atualidade. Aqui leva o artigo definido, o Cristo. Cristo é o termo grego para ungido, e o hebraico para ungido é Messias. Cristo e Messias são em realidade a mesma palavra em grego e em hebraico, e ambas significam O Ungido.

A razão para o uso deste título é que na antiguidade a maneira de fazer alguém rei era ungi-lo com azeite, Cristo e Messias significam ambas Rei ungido de Deus, o grande Aquele que há de vir de Deus para salvar o seu povo. Por esta razão Jesus pergunta: "Como podem dizer os escribas que o Rei ungido de Deus que tem que vir é filho de Davi?"

O argumento que Jesus apresenta para sustentar sua pergunta é este. Cita o Salmo 110:1: “Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita.” Nesta época os judeus davam por sentado que todos os salmos procediam da mão de Davi. Por conseguinte, crivam que este tinha sido escrito por Davi. Também sustentavam que este salmo se referia ao Messias, o Ungido de Deus que viria. Agora, neste versículo Davi se refere a aquele que viria como seu Senhor. Como, se for seu filho – pergunta Jesus – pode Davi dirigir-se ao filho com o título de Senhor?

O que Jesus busca ensinar aqui? De todos os títulos do Messias, o mais comum era o de Filho de Davi. Em todas as épocas os judeus antecipavam o envio por Deus de um libertador que pertenceria à linha de Davi (Isa. 9:2-7; 11:1-9; Jer. 23:ss.; 33:14-18; Ezeq. 34:23ss.; 37:24; Sal. 89:20ss.). O próprio Jesus com frequência era chamado por este título, especialmente pelas multidões (Mar. 10:47ss.; Mat. 9:27; 12:23;.15:22; 21:9, 15).

Em todo o Novo Testamento aparece a convicção de que Jesus era filho de Davi, descendente físico dele (Rom. 1:3; 2 Tim. 2:8; Mat. 1:1-17; Luc. 3:23-38). As genealogias de Jesus que se dão nas passagens citadas de Mateus e Lucas estão destinadas a mostrar que Jesus realmente descendia da estirpe de Davi. O que faz Jesus é isto – não nega que o Messias seja filho de Davi, nem diz que Ele não é filho de Davi. O que diz é que é filho de Davi: é muito mais. O que havia de vir não só era filho do Davi: era o Senhor de Davi.

O problema era que o título Filho de David estava inextricavelmente mesclado com a ideia de um Messias conquistador. Estava envolto em esperanças e sonhos, finalidades e ambições políticas e nacionalistas. Era usado para o esperado fundador de um reino terrestre.

O que faz Jesus é dizer que o título Filho de Davi, como era usado popularmente, é uma descrição totalmente inadequada dele. Ele era Senhor. Agora, esta palavra Senhor (em grego Kyrios) é a tradução comum do Yahweh (Jeová) na versão grega das Escrituras hebraicas. Seu emprego sempre dirigia os pensamentos a Deus. O que Jesus diz é que Ele não veio fundar nenhum reino terrestre. Veio para trazer Deus aos homens.

Jesus está fazendo aqui o que constantemente buscava fazer. Está buscando tirar das mentes a ideia de um Messias conquistador que teria que fundar um império terrestre, e pôr nelas a ideia de um Messias que seria o servo de Deus, e que traria para os homens o amor de Deus.

 

2. Advertência ao Orgulho dos Escribas

Se uma pessoa é "importante" só por causa do uniforme que veste, do título que possui ou do cargo que ocupa, sua "importância" é artificial. O que torna uma pessoa valiosa é seu caráter, e ninguém pode dar a outro o caráter; deve-se desenvolvê-lo à medida que se anda com Deus.

a) Os escribas gostavam de andar com roupas longas. No Oriente uma roupa longa que varria o chão era o sinal de uma pessoa notável. Com essa roupa ninguém podia andar depressa nem trabalhar, e era o sinal do homem honorável e dono de seu tempo. Eles gostavam de vestir-se de maneira tal que chamasse a atenção para suas pessoas e a honra de que desfrutavam.

b) Amavam as saudações nas praças. Os escribas amavam ser saudados com honra e respeito. O mesmo título de rabino significa "Meu grande". Quem os saudasse assim agradava a sua vaidade.

c) Procuravam as primeiras cadeiras na sinagoga. Diante da arca em que se guardavam os volumes sagrados, e de frente para a congregação, havia um banco onde se sentavam os personagens distinguidos. Estava à vista da congregação que o admirava.

d) Procuravam os primeiros assentos em festas. O primeiro lugar estava à direita do anfitrião, o segundo à sua esquerda, e assim sucessivamente, alternando direita e esquerda, ao redor da mesa. Era fácil dizer qual era a honra que se conferia a alguém pelo lugar em que estava sentado.

e) Devoravam as casas das viúvas. Esta é uma acusação brutal. Os fariseus se valorizavam a si mesmos segundo sua exata habilidade na Lei, e faziam os homens crerem que eles eram altamente favorecidos por Deus, enganando assim a certas mulheres em seus planos e complôs. A triste realidade é que as mulheres sempre foram dominadas pelos enganadores religiosos, e, ao que parece, estes escribas e fariseus dominavam a pessoas simples que apenas podiam sustentá-los. Nunca faltariam incautos.

d) As longas orações dos escribas e fariseus eram notórias. Tem-se dito que suas orações não eram oferecidas a Deus tanto como aos homens. Ofereciam-nas em lugares e em formas em que ninguém podia deixar de ver quão piedosos eram.

Esta passagem, uma das mais severos que Jesus jamais pronunciou, adverte contra três coisas.

1. Adverte contra o desejo de proeminência. A gente pode aceitar um cargo na Igreja porque pensa que o merece e o ganhou, mas bem que porque quer prestar um serviço ainda mais desinteressado à casa e ao povo de Deus. Ainda há quem considera os cargos na Igreja como um privilégio e não como uma responsabilidade.

2. Adverte contra o desejo de deferência. Quase todos querem ser tratados com respeito. E, entretanto, o fato básico do cristianismo é que deveria levar alguém a querer anular o eu em vez de exaltá-lo.

O homem que assume um cargo pelo respeito que este lhe tem que proporcionar, começa erradamente, e, a não ser que mude, não pode jamais ser em nenhum sentido o servo de Cristo e de seus semelhantes.

3. Adverte contra a intenção de traficar com a religião. Ainda é possível empregar as relações religiosas para obter lucros e progredir. Mas esta é uma advertência a todos os que estão na Igreja pelo que podem obter dela, e não pelo que podem pôr nela.

 

3. Advertência ao Orgulho dos Ricos

Havia treze arcas (gazofilácios) em formato de trombetas nas paredes ao redor do átrio das mulheres, e era lá que as pessoas depositavam as ofertas. Cada uma tinha um propósito especial, por exemplo comprar grão ou vinho ou azeite para os sacrifícios. Eram as contribuições para os sacrifícios diários e os gastos do templo.

Muitas pessoas lançavam ali contribuições importantes. Então apareceu uma viúva que lançou duas moedas (lepton), que significa literalmente delgada. Era a mais pequena de todas as moedas. Mas Jesus disse que essa ínfima contribuição era maior que todas as outras, porque os outros tinham lançado o que podiam dar facilmente e ainda ficava muito, enquanto a viúva tinha posto tudo o que tinha.

O importante não era a porção, e sim a proporção: os ricos davam uma pequena parcela de sua abastança, mas a viúva deu tudo o que tinha. Para os ricos, suas ofertas não passavam de uma pequena contribuição, mas para aquela viúva, sua oferta foi uma verdadeira consagração de todo o seu ser.

Aqui temos uma lição sobre o dar:

1. O dar, para ser real, deve significar um sacrifício. O importante não é a soma da oferenda, e sim o custo para o doador. Não é o tamanho da oferenda, e sim o seu valor sacrificial.

A verdadeira generosidade é dar até que dói: Para muitos de nós a verdadeira questão é se nossa oferta a Deus alguma vez foi um sacrifício. São poucas as pessoas dispostas a passar sem algum prazer para dar um pouco mais à obra do Senhor. Bem pode ser um sinal de decadência da Igreja e do fracasso de nosso cristianismo ter que extrair donativos às pessoas de Igreja, e que frequentemente não dão a não ser que obtenham algo por seu dinheiro, em forma de entretenimentos ou bens. Poucos de nós poderemos ler este relato sem nos envergonhar.

2. O dar, que é verdadeiramente real, tem certa implacabilidade. A mulher teria podido guardar uma moeda. Não teria sido muito, mas algo teria sido; mas deu tudo o que tinha. Aqui há uma grande verdade simbólica. Nossa tragédia é que com frequência há alguma parte de nossas vidas, alguma parte de nossas atividades, alguma parte de nós mesmos que não damos a Cristo. De um modo ou outro, sempre nos reservamos algo. Raramente fazemos o sacrifício definitivo, a entrega final.

3. É algo estranho e formoso que a pessoa que o Novo Testamento e Jesus passam à história como um modelo de generosidade fosse uma pessoa que deu o menos que se podia dar. Podemos sentir que não temos muitos dons materiais ou pessoais que dar a Cristo, mas se pusermos ao seu dispor tudo o que temos e somos, Ele pode fazer com isso e conosco coisas que estão além de nossa imaginação.

O orgulho no viver e no ofertar é pecado e deve ser evitado a todo custo. Infelizmente, aqueles líderes religiosos dependiam de um sistema religioso que logo sairia de cena. Felizmente, muitos do povo abriram o coração para os ensinamentos de Jesus e obedeceram à sua Palavra.

Com qual grupo você se identifica?

 

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