Tiago 1.2-12
TRANSFORMANDO TRIBULAÇÕES EM TRIUNFOS
De acordo com um ditado, “se
a vida lhe der limões, faça uma limonada”. Ao longo das Escrituras, encontramos
pessoas que transformaram derrota em vitória e tribulação, em triunfo. Em vez
de vítimas, tornaram-se vitoriosos.
Tiago afirma que podemos ter
essa mesma experiência hoje. Quaisquer que sejam as tribulações exteriores (Tg
1:1-12) ou as tentações interiores (Tg 1:13-27), por meio da fé em Cristo
podemos ter vitória.
O resultado dessa vitória é
a maturidade espiritual.
A fim de transformar tribulações em triunfos, é preciso atentar para quatro verbos: considerar (Tg 1:2), saber (Tg 1:3), deixar (Tg 1:4, 9-11) e pedir (Tg 1:5-8). Em outras palavras, esses são os quatro elementos essenciais para a vitória em meio às provações: 1. Uma atitude alegre; 2. Uma mente esclarecida; 3. Uma volição/escolha submissa e 4. Um coração confiante.
1.
CONSIDERAR - UMA ATITUDE ALEGRE (Tg 1:2)
A perspectiva
determina os resultados, e a atitude define as ações.
Deus diz para esperar provações. A questão não é se vamos passar por várias
provações, mas sim quando isso vai acontecer.
O convertido que esperar uma
vida cristã fácil terá uma grande decepção. Jesus avisou seus discípulos: "No mundo, passais por aflições" (Jo 16:33) e Paulo disse: "Através
de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus" (At
14:22).
Uma vez que somos o
"povo disperso" e não o "povo ileso" que Deus escolheu, devemos
sofrer tribulações. Não podemos esperar que tudo aconteça do modo que
desejamos.
a) Algumas tribulações
sobrevêm pelo simples fato de sermos humanos: enfermidades, acidentes,
decepções e até aparentes tragédias.
b) Outras são resultantes do
fato de sermos cristãos. Pedro enfatiza: "Amados,
não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos,
como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo" (1 Pe 4:12). Satanás luta contra nós, e o mundo
opõe-se a nós, tornando a vida uma batalha.
O verbo "passar" significa "encontrar,
se deparar com". Por certo, o cristão não deve criar tribulações. O
termo traduzido por "várias" significa "variegado,
multicor". 1 Pedro 1:6: "contristados por
várias provações". As tribulações da vida não são todas iguais.
A expressão mais importante
deste versículo é "tende por motivo", e pode ser traduzido por
considerar, "avaliar, contar". Quando Paulo converteu-se à fé cristã,
reavaliou a vida e estabeleceu novos objetivos e prioridades.
Quando enfrentamos as
provações da vida, devemos avalia-Ias à luz do que Deus está fazendo por nós. Isso
explica por que o cristão consagrado pode ter alegria em meio às tribulações: ele
vive em função das coisas mais importantes.
Os
valores definem as avaliações. Quem valoriza o conforto mais do que o caráter considera
as tribulações perturbadoras. Viver apenas em função do presente, sem pensar no
futuro, fará com que as tribulações nos tornem amargurados, não aperfeiçoados (Jó23:10).
A
perspectiva determina os resultados; a fim de terminar alegre, é preciso começar alegre.
Talvez nos perguntemos de que maneira é possível alegrar-se em meio às
tribulações. O segundo imperativo explica.
2. SABER
- UMA MENTE ESCLARECIDA (Tg 1:3)
O que os cristãos sabem que
torna mais fácil encarar as tribulações e tirar proveito delas?
1. A fé sempre
é provada. Quando Deus chamou Abraão para viver pela fé, ele o provou a fim de
aumentar essa fé. Deus sempre nos prova para fazer aflorar o que temos de
melhor; Satanás nos tenta a fim de fazer aflorar o que temos de pior.
2. A
provação trabalha em nosso favor, não contra nós. Outra possível tradução para
a palavra "confirmada" é "aprovada". Mais uma vez, o
apóstolo Pedro nos ajuda a entender melhor essa afirmação: "uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais
preciosa do que o ouro perecível" (1 Pe 1:7).
A aprovação de Deus de nossa
fé é preciosa porque garante que nossa fé é autêntica. As tribulações trabalham
em favor do cristão, não contra ele. Nas palavras de Paulo: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem
daqueles que amam a Deus" (Rm 8:28). "Porque
a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória,
acima de toda comparação" (2 Co 4:17).
3. Quando
devidamente usadas, as tribulações ajudam a amadurecer. O que Deus deseja produzir
em nossa vida? Paciência, perseverança e a capacidade de prosseguir mesmo em
meio a dificuldades. "Nos gloriamos nas
próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a
perseverança, experiência; e a experiência, esperança" (Rm 5:3,
4).
Na Bíblia, a paciência não é
uma aceitação passiva das circunstâncias. Antes, é uma perseverança corajosa diante
do sofrimento e das dificuldades.
Pessoas imaturas sempre são
impacientes; pessoas maduras, por sua vez, são pacientes e persistentes. A
impaciência e a incredulidade costumam andar juntas, da mesma forma que a fé e
a paciência (Hb 6:12, 10:36, ls 28:16).
Deus deseja nos tornar
pacientes, pois essa é a chave para todas as outras bênçãos. Quando o cristão
aprende a esperar no Senhor, Deus faz grandes coisas por ele.
Abraão adiantou-se ao
Senhor, coabitou com Hagar e trouxe grande tristeza ao seu lar (Gn 16). Moisés se
antecipou a Deus, assassinou um homem e passou quarenta anos cuidando de
ovelhas, a fim de aprender a ser paciente (Ex 2:11 ss). Por causa de sua
impaciência, Pedro quase matou um homem (Jo 18:10, 11).
A única maneira de o Senhor
desenvolver paciência e caráter em nossa vida é por meio das tribulações.
Devemos passar pelas dificuldades da vida, crer em Deus e obedecer a ele. O resultado
será paciência e caráter.
3. DEIXAR
- UMA ESCOLHA SUBMISSA (Tg 1:4, 9-12)
Deus não edifica nosso
caráter sem nossa cooperação. Se resistirmos, vai nos disciplinar até nos
rendermos. Mas se nos sujeitarmos, ele realiza sua obra. Deus não se contenta
com um trabalho inacabado; quer realizar uma obra perfeita e deseja que o produto
final seja maduro e completo.
O objetivo de Deus para
nossa vida é a maturidade. Muitos cristãos guardam-se das tribulações da vida
e, como resultado, nunca crescem. Deus deseja que seus "filhos pequenos"
transformem-se em "jovens" e que estes se tornem "pais" (1 Jo
2:12-14).
Paulo resume três obras
envolvidas em uma vida cristã completa (Ef 2:8-10):
1. A obra que Deus realiza por
nós: a salvação. Jesus Cristo completou essa obra na cruz. Se
crermos nele, ele nos salvará.
2. A obra que Deus realiza em
nós: "somos feitura dele". Essa obra é conhecida como santificação: Deus constrói nosso
caráter para que nos tornemos cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo, "conformes à imagem de seu Filho" (Rm 8:29).
3. A obra é aquela que Deus
realiza por meio de nós: o serviço. Fomos "criados em Cristo Jesus para boas obras".
Primeiro, Deus constrói o
caráter; depois, pode chamar para o serviço. O Senhor precisa operar em nós
antes de poder operar por meio de nós. Abraão: 25 anos trabalhando antes de
lhe dar o filho prometido. José: 30 anos fazendo-o passar por "várias
provações", antes de colocá-lo no trono do Egito. Moisés: 80 anos preparando para
quarenta anos de serviço. Cristo: 3 anos para treinar seus discípulos e construir o
caráter deles.
Mas Deus não opera em nós
sem nosso consentimento. Devemos ter uma escolha submissa. A pessoa madura não
discute com a vontade de Deus; antes, a aceita de bom grado e obedece a ela com
alegria: "Fazendo, de coração, a vontade de
Deus" (Ef 6:6).
Um estágio difícil do
processo de amadurecimento é o desmame. Na verdade, o desmame é um passo rumo à
maturidade e à liberdade. Por vezes, Deus tem de "desmamar" seus
filhos de seus brinquedos infantis e de atitudes imaturas.
Deus usa as tribulações para
que nos desapeguemos de coisas infantis, mas se não nos sujeitarmos a sua
vontade, nos tornaremos ainda mais imaturos.
Em Tiago 1:9-11, Tiago
aplica esse princípio a dois tipos de cristãos: os pobres e os ricos. Ao que
parece, o dinheiro e a posição social eram problemas reais no meio dessas
pessoas (Tg 2:1-7, 15, 16; 4:1-3, 13-17; 5:1-8). As provações de Deus têm uma ação
niveladora. Não são os recursos materiais que sustentam os indivíduos durante as
provações da vida, mas sim os recursos espirituais.
4. PEDIR
- UM CORAÇÃO CONFIANTE (Tg 1:5-8)
Os destinatários da carta de
Tiago estavam tendo dificuldades para orar (Tg 4:1-3; 5:13-18). Qual deveria
ser o teor de suas orações ao passarem pelas dificuldades enviadas por Deus?
Tiago dá a resposta: pedir a Deus sabedoria.
Tiago discorre
extensivamente sobre a sabedoria (Tg 1:5; 3:13-18). Alguém disse que
conhecimento é a capacidade de desmontar coisas, enquanto sabedoria é a
capacidade de montá-Ias. A sabedoria é o uso correto do conhecimento.
Por que a sabedoria é
necessária ao passar por tribulações? Por que não pedir força, graça ou mesmo
livramento? Por um motivo: a fim de não desperdiçar as oportunidades que Deus
concede de amadurecer. A sabedoria ajuda a entender como usar essas
circunstâncias para nosso bem e para a glória de Deus.
Tiago não apenas explica o
que pedir (sabedoria), mas também descreve como pedir. Devemos pedir com fé.
Não é preciso temer, pois Deus deseja responder e não irá nos repreender! "Antes, ele dá maior graça" (Tg 4:6). Também dá cada vez mais sabedoria. O maior
empecilho para as respostas a oração é a incredulidade.
Tiago compara o cristão que
duvida às ondas do mar, com seus altos e baixos. Assim é o "homem de ânimo
dobre". A fé diz "sim!", mas a incredulidade diz
"não!" Então, vem a dúvida e diz "sim!" em um instante e,
logo depois, diz "não!" Foi a dúvida que fez Pedro afundar nas ondas,
quando caminhava em direção a Jesus (Mt 14:22-33).
Muitos cristãos vivem como
rolhas, subindo e descendo com as ondas, indo para frente e para trás. Esse
tipo de experiência indica imaturidade. Se tivermos um coração que não duvida e
que não se mostra dividido, poderemos pedir com fé, e Deus nos dará a sabedoria
de que precisamos. A instabilidade e a imaturidade andam juntas.
Tiago encerra esta seção com
uma bem-aventurança: "Bem-aventurado o homem que
suporta, com perseverança, a provação" (Tg
1:12). Começa (Tg 1:2) e termina com alegria. A perspectiva determina o
resultado. Essa bem-aventurança é um grande estímulo, pois promete uma coroa
para os que suportarem as tribulações com paciência. Não diz que o pecador é
salvo ao suportar as tribulações, mas sim que o cristão é recompensado ao perseverar
em meio às provações.
De que maneira ele é
recompensado? Em primeiro lugar, pelo crescimento em caráter cristão, mais
importante do que qualquer outra coisa. Também é recompensado ao glorificar
a Deus e receber a coroa da vida quando Jesus Cristo voltar. Deus não nos ajuda
removendo as provações, mas sim fazendo com que elas trabalhem em nosso favor.
Em Tiago
1:12, Tiago usa uma palavra extremamente importante: AMOR:
1. Por que ele fala do amor?
Porque o amor é a motivação espiritual por trás de todos os imperativos desta
seção.
2. Por que ter uma atitude
alegre ao enfrentar tribulações? Porque amamos a Deus e ele nos ama, portanto
não fará coisa alguma para nos prejudicar.
3. Por que temos uma mente
esclarecida? Porque Deus nos ama e compartilhou conosco sua verdade, e nós retribuímos
esse amor.
4. Por que temos uma vontade
submissa? Porque amamos a Deus. Onde há amor, há submissão e obediência.
5. Por que temos um coração
confiante? Porque o amor e a fé andam juntos. Quando amamos alguém, confiamos
nessa pessoa e não hesitamos em pedir sua ajuda.
O amor é a força espiritual
por trás dos imperativos que Tiago apresenta. Quem ama a Deus não tem
dificuldade em considerar, saber, deixar e pedir. No entanto, há outro fator
envolvido: o amor nos mantém fiéis ao Senhor.
O cristão que ama a Deus e
que sabe que é amado por ele não se desintegra quando Deus permite que venham
as tribulações. Ele está seguro no amor de Deus. Não tem ânimo dobre, não tenta
amar tanto a Deus quanto ao mundo. Ló era um homem de ânimo dobre. Abraão era
amigo de Deus; amava a Deus e confiava nele.
O propósito de Deus nas
tribulações é a maturidade. Se é isso o que desejamos, por amor a Cristo
devemos considerar, saber, deixar e pedir.

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