“E a vida eterna é esta: que
eles conheçam a ti, que és o único Deus verdadeiro; e conheçam também Jesus
Cristo, que enviaste ao mundo” (João 17:3).
Introdução
A vida
eterna é dada àqueles que, tendo sido predestinados por Deus, eleitos antes da
fundação do mundo, foram resgatados dos seus pecados, regenerados em Cristo
Jesus, lavados pelo seu sangue e selados com o Espírito Santo da promessa. Mas
a vida eterna é também ter uma experiência pessoal com Deus. É nesses termos
que Jesus diz no texto lido que a vida eterna é conhecer a Deus e a Jesus
Cristo. Conhecer não é “saber informações sobre”, mas sim “conhecer pela experiência”
através de um relacionamento íntimo e cotidiano.
Sendo assim, vida eterna é relacionar-se de forma íntima com Deus. A palavra conhecer é usada em Gênesis 4.1 como eufemismo para o ato sexual: “Adão conheceu Eva e tiveram um filho”. Conhecer a Deus e a Jesus Cristo é ter com ele intimidade tal comparável a uma relação sexual. O apóstolo Paulo gosta da expressão “entranháveis afetos” para falar de um sentimento profundo que nos une a Cristo, um sentimento entranhado em nós afetando todas as áreas da nossa vida (Filipenses 2.1).
Ou seja,
ter a vida eterna é lidar com todas as circunstâncias da vida a partir do
conhecimento que você tem de Deus. Quem tem a vida eterna avalia tudo que
acontece na sua vida da perspectiva desse relacionamento:
·
a maneira
como eu falei agradou a Deus?
·
Deus
ficou feliz comigo hoje?
·
Deus está
contente com a minha maneira de agir?
·
Jesus
está satisfeito com minha postura de discípulo?
Quem tem
a vida eterna toma decisões e faz escolhas em função do seu relacionamento com
Cristo:
·
Recebi
uma proposta de trabalho, isso glorifica a Deus?
·
Recebi
uma proposta de casamento…
·
Tenho uma
decisão para tomar, de que maneira o nome de Deus será glorificado e o nome de
Cristo exaltado?
Ter a
vida eterna é encarar todas as circunstâncias, tomar todas as decisões e fazer
todas as escolhas considerando o seu relacionamento com Deus e com Jesus
Cristo.
Quem não
vive assim é o que nós chamamos de ateu prático. Ele não faz declarações
como “Deus não existe”, ao contrário, ele fala até lindamente sobre
Deus, vai à igreja, faz orações, mas a fé não faz nenhuma diferença em
sua vida. Ele diz que é um cristão, diz que tem fé, mas enfrenta os problemas e
toma decisões sem lembrar que Deus existe. Ele nunca pensa na existência do céu,
do inferno ou do Juízo Final. Nada disso interfere um milímetro nas suas ações
diárias.
Talvez
você pergunte: Mas existe alguém assim? Meus irmãos, a Bíblia está
repleta de textos em que Deus condena o povo que o honra apenas da boca para
fora, que comete crimes a semana toda e depois vai ao templo “adorar”. Gente
que explora, maltrata, mata e depois, sem um pingo de remorso, vem para igreja
cultuar. São crentes nas palavras, mas na vida, são ateus.
No
entanto, mesmo aqueles que, de fato, tem a vida eterna, podem ser tentados a
viverem como ateus práticos. Obviamente, isso não dura indefinitivamente porque
o Espírito Santo que habita em nós não permite e Deus disciplina seus filhos;
mas, o diabo e todo mundo ao nosso redor não economiza esforços para nos fazer
viver como se Deus não existisse. É como você Satanás usasse você para desafiar
a Deus dizendo: “a alma dele é sua, mas a vida é minha”. Ou como se ele
dissesse: “não posso impedir você de viver com Deus nos novos céus e nova
terra, mas posso impedi-lo de viver com Deus agora, posso impedi-lo de
experimentar um relacionamento verdadeiro com ele nessa terra”. Infelizmente
nenhum de nós pode dizer que Satanás não está tendo sucesso em grande parte
dessa empreitada.
É por
isso que o tema desse sermão é “Conquistando a vida eterna”. Mas não se
confunda, não há nada de arminianismo aqui. Deus já nos comprou para ele e fez
isso muito antes de você ou eu nascermos. Jesus nos conquistou na cruz não
apenas para estarmos com ele “na casa de meu Pai”, mas nos capacitou a viver a
vida eterna mesmo aqui, com esse corpo corruptível e nesse mundo maligno.
Todos os
dias quando você acorda, sua natureza pecaminosa e o mundo maligno batalham
para fazê-lo esquecer Deus, sufocar o Espírito Santo e desprezar as profecias.
Tudo à sua volta conspira em favor do materialismo, do ateísmo prático, de uma
vida centrada em si mesmo.
Você pode
aceitar isso ou ouvir Jesus gritando: “Vivam a vida eterna agora mesmo,
aqui, mesmo agora nesse mundo de trevas e nas barbas do diabo, exerçam seu
direito conquistado na cruz e conquiste a vida eterna”.
CONQUISTAR
A VIDA ETERNA É CHEGAR O FINAL DO DIA E DIZER: “Hoje eu andei com Cristo”,
“hoje Deus está feliz comigo”, “hoje todas as minhas escolhas, cada reação e
cada palavra que saiu da minha boca, tudo que eu fiz, fiz lembrando do Cristo
que morreu na cruz por mim e do Deus que irá julgar a minha alma no dia do
juízo”.
Conquistar
a vida eterna é falar ao final do dia o que Jesus falou ao final da sua vida
aqui: “eu te glorifiquei fazendo trabalho que me deste para fazer” (João 17.4).
Todos nós temos um trabalho para fazer, uma circunstância para viver.
Conquistar a vida eterna é, mesmo em circunstâncias tão desfavoráveis,
glorificar a Deus nesse trabalho e nessa circunstância. Essa conquista
é diária e implica em derrotar todo dia pelo menos três inimigos:
1.
a
multidão
2.
o orgulho
3.
o seu
senso próprio do que é necessário.
1 -
Derrote a multidão
“E os que iam na frente o repreendiam para que se calasse;
ele, porém, cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”
(Lucas 18:39).
A multidão é um microcosmo do mundo, é o mundo em miniatura, e o mundo
sempre trabalha para nos afastar de Deus. Sempre tenta nos impedir, seja como
um muro ao nosso redor ou com palavras de reprovação nos mandando calar a boca
quando clamamos a Deus.
·
A multidão mandava que o cego se
calasse e não clamasse a Jesus.
·
A multidão tentou impedir que
Zaqueu visse a Jesus e fosse salvo.
·
A multidão dificultou o acesso dos
amigos que foram levar seu amigo paralítico para ser curado.
·
A multidão escolheu barrabás e,
acerca de Cristo, gritou: crucifica-o.
A multidão nem sempre faz isso ativamente, como com o cego em Jericó; às
vezes, como com Zaqueu, a multidão faz isso passivamente. Outras vezes, como
quando os discípulos tentaram impedir que as crianças viessem até Jesus, faz
isso com motivos religiosos.
Em dias tão conectados como os nossos, a multidão incute na nossa mente
seus valores. A multidão pode estar em nossa própria cabeça:
·
Quantos pensamentos que você tem
não foram dados pelo que você vê nas redes sociais e nos grupos de watsapp?
·
Quantos valores seus não foram
formados a partir de músicas, filmes, séries e desenhos animados que incutem em
nossa mente ideias e valores mundanos sem que você perceba?
O resultado é que não é preciso mais que pessoas gritem para você
mandando-o não orar ou tentem fisicamente impedi-lo de buscar a Deus, você
mesmo se reprime permitindo que a multidão de valores e pensamentos mundanos em
sua mente destruam seu relacionamento com Deus.
Isso pode acontecer várias vezes ao longo de um único dia. Você vê
alguém que está claramente passando por um grande problema, talvez ele esteja
chorando ou claramente angustiado. Você sente um desejo de ir até lá, orar com
ele e falar de Jesus. Mas aí a multidão grita dentro da sua mente: “o que você
tem a ver com isso? e se ele não quiser ajuda? cada um cuida dos seus
problemas!”. Você dá ouvido e é derrotado pela multidão. Você dá ouvidos
e passa mais um dia sem saber o que é vida eterna, sem experimentar na vida
prática o que é ter um relacionamento pessoal com Cristo.
2 -
Derrota o orgulho
“Mas Jesus lhe disse: Deixa
primeiro que se fartem os filhos, porque não é bom tomar o pão dos filhos e
lançá-lo aos cachorrinhos” (Marcos 7:27)
Essa é
uma das histórias mais marcantes do ministério de Jesus. Não vou entrar em
detalhes da razão de Jesus ter dado essa resposta para aquela mulher (grega, de
origem siro-fenícia). Quero chamar sua atenção para o fato dela ser rejeitada e
humilhada por Jesus, mas isso não a abalou, ela continuou firme no propósito
dela de ser abençoada.
Porquê
Jesus disse aquilo? Não importa! O que
importa é que Ele é o Filho de Deus e Ele é minha única esperança. Então,
enquanto houver um resquício de esperança eu vou continuar clamando. E foi isso
que aquela mulher fez.
Quantas
vezes o nosso orgulho, a nossa vaidade, nossa autocomiseração, nossa tendência
para a vitimização e a facilidade com que ficamos ofendidos não nos fez perder
bênçãos de Deus?
Se você
quiser realmente ter um relacionamento pessoal com Cristo, saiba que ele vai
massacrar o seu orgulho. Deus
odeia soberbos e orgulhosos e é impossível caminhar com Cristo sem passar pela
humilhação.
3 - Derrote
o seu senso próprio do que é necessário
“Todavia apenas uma é necessária.
Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lucas 10:42).
Eu queria
encontrar uma forma mais concisa de falar isso, mas espero que o texto
escolhido ajude você a entender o que pretendo dizer. Todos nós, naturalmente,
temos um senso próprio, uma convicção pessoal acerca daquilo que nós achamos
que importa, aquelas coisas que nós acreditamos que são necessárias à nossa
vida.
O
problema é que Jesus Cristo tem sua própria opinião [um modo de dizer] acerca
do que é necessário à nossa vida. Ninguém consegue caminhar com Jesus
enquanto não abandonar, não derrotar sua convicção pessoal acerca do que
importa e substituir essa convicção por aquilo que Jesus diz que importa.
Isso é
perfeitamente ilustrado nesse relato de Jesus com Marta. Ela tinha certeza que
o que ela estava fazendo era necessário; mas Jesus contraria Marta e diz que
não, que apenas uma coisa era necessária, exatamente aquilo que a irmã dela
havia escolhido.
Muitas
coisas são boas, muitas coisas são importantes, mas quantas coisas são
necessárias? Jesus responde e diz: Apenas uma coisa!
Você pode
fazer muitas coisas boas e importantes na sua vida, pode executar muitos
projetos e realizar muitos sonhos; mas quantas coisas são realmente necessárias
à sua vida? Jesus responde e diz: Apenas uma coisa!
Conclusão
A
multidão, ao nosso redor ou dentro da nossa cabeça; o orgulho e uma ideia
equivocada do que é necessário, impedem que você experimente ao longo do dia a
vida eterna.
Impedem
que você experimente hoje um tipo de vida superior. Norman Champlin, comentando
o texto de João 17.3, diz que há vários tipos de vida. Há a vida microscópica,
há a vida dos insetos, a vida zoológica; superior a esses tipos de vida está a
vida dos homens; mas, superior à vida dos homens, há a vida dos anjos e demais
seres celestiais. Acima de todos os tipos de vida, está a vida de Deus, a mais
perfeita forma de existência. É esse tipo de vida que Jesus veio nos dar. Ter
a vida eterna é (mesmo nesse mundo caído) compartilhar a vida de
Deus.
O
objetivo dessa mensagem é que você acorde amanhã cedo e, mesmo com tantos
inimigos ao redor (o mundo, sua natureza pecaminosa, o diabo, os demônios, as
circunstâncias), que mesmo assim, você se proponha a viver de tal maneira a
compartilhar a vida de Deus. Como se Jesus estivesse todo o dia ao seu lado,
assentado ao seu lado no trabalho, ouvindo suas palavras, vendo suas reações e
interagindo com você como um amigo íntimo. Porque Ele estará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário