AS RECOMPENSAS DA FÉ QUE PERSEVERA
Estamos
nos preparando para termos, como família, um ano normal se comparado com o ano
passado, onde nossa vida e rotina foram completamente diferentes em virtude do
transplante da Alice. Esta anormalidade começou em novembro de 2018.
Começamos
o ano de 2019 com a perspectiva do transplante, por duas ocasiões ele foi
adiado e com isso os planos também, e junto neste pacote as incertezas. Em julho
aconteceu o transplante, ficamos morando em Curitiba por quatro meses, em
outubro voltamos para casa, mas a rotina ainda estava muito alterada.
Agora
em 2020 a perspectiva é de termos um ano normal. A Cris volta ao trabalho,
Alice volta para a escola (em 2019 a Cris não trabalhou e Alice não frequentou
a escola), Anelise muda de escola e começa curso de inglês, e eu farei uma
pós-graduação e pretendo estar mais presente na igreja para avançarmos com os
projetos ministeriais.
Conto-lhes
estas coisas porque este foi um período que nos aproximou da experiência de Jó,
não em profundidade do seu sofrimento, mas em aspectos similares às suas experiências
com Deus, e são estas experiências que nos fortaleceram na fé.
Como
Jó, não vejo que o sofrimento da Alice, que foi nosso sofrimento também, tenha
sido fruto de algum pecado ou que Deus estive nos disciplinando para não nos
afastarmos dEle, pelo contrário, tudo isso nos levou para mais perto de Deus.
Domingo
passado enfatizei quatro resultados de uma fé que encontra Deus: 1. Adoração à
soberania de Deus; 2. Ser íntegro no bem ou no mal; 3. Vermos pela fé o
Redentor; 4. Experimentarmos a Deus. Esta é uma fé que recebe sua recompensa
(42.12-17).
Hoje
que destacar algumas proposições da experiência de Jó, que podemos aplicar as
nossas vidas também. Pois o Deus que Jó passou a conhecer mais profundamente é
o mesmo Deus que quer que nós o conheçamos. O final da história de Jó traz um
final inspirador.
1. A FORMA COMO DEUS FALOU – 38.1
Deus
fala com Jó do meio de uma tempestade. Abra seus olhos, os ouvidos, mente e
coração, Deus quer falar com você! É Ele quem define a maneira como vai falar,
não somos nós que estabelecemos isso ou que escolhemos como Ele deve se revelar
a nós.
Poderia
citar muitas passagens sobre este tema, mas quero destacar duas. Hebreus 1.1-2,
onde diz que Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos antepassados, e
que agora à época do escritor, falou por meio do Filho. Hoje Deus fala pela
Bíblia.
Diante
disto como querer que Deus fale conosco se não lemos a Palavra, se não frequentamos
as reuniões de ensino, se não participamos nos cultos onde a Bíblia é exposta.
Deus continua falando, o que mudou foi a disposição das pessoas em ouvir sua
voz.
A
segunda passagem é 1 Reis 19.10-15. Aqui Elias estava fugindo de Jezabel. Antes
um anjo havia aparecido e falado com ele e lhe dado comida (v.5-7), depois ele
foi para uma caverna e passou a noite escondido. Deus pediu que ele saísse da
caverna para
estar
na presença do Senhor que passaria. Porém o mesmo Deus que se manifestou anteriormente
pelo fogo (1Rs 18.38); pelo terremoto (Ex 19.18); pelo vento (Jo 3.8); agora se
revela numa brisa suave.
Hoje,
quando se trata de ouvir Deus, qual a diferença entre a pessoa que vai ao
centro de macumba para ouvir o espírito que baixa no pai de santo do pseudo
cristão que busca ouvir o Espírito Santo por meio de um profeta? Ou de uma
pessoa que busca uma cigana para ler as linhas da sua mão do pseudo cristão que
depende de revelações por meio de peças de roupas e outro objetos? Ainda, da
pessoa que busca num centro espírita uma psicografia do pseudo cristão que
assiste lives de profetas no Facebook?
Nossa
geração de evangélicos é caracterizada por uma preguiça letárgica para as disciplinas
básicas de relacionamento e comunhão com Deus. O resultado desta preguiça
espiritual, é o silêncio de Deus, e com este silêncio, a falta de direção
espiritual.
2. O CUIDADO COM AS PALAVRAS – 42.3,6
Jó
reconhece que falou coisas que não devia e que não conhecia. Vigie seus lábios,
cuide de seus olhos, da sua mente e de seu coração. Teremos que dar conta de
cada palavra proferida (Mt 12.34-37). Tiago nos ensina a cuidar da nossa
língua, pois ela pode ser destrutiva (Tg 3.5-10).
Não se
trata aqui de “falar palavrão” apenas. Mesmo que nosso linguajar seja sadio, podemos
pecar com nossos lábios. Jó não blasfemou contra Deus (Jó 2.10), mas reconhece
que suas palavras foram tolas diante do Senhor, e por isso perde perdão.
Talvez
nós não sejamos blasfemos, mas isso não nos isenta da necessidade de cuidar do
que habita em nossos corações, cuidar do que entra através de nossos olhos e
vigiar os pensamentos que dominam nossa mente. As palavras são o fruto deste
conjunto. Se cuidarmos de cada um deles, nossa língua não nos envergonhará
diante de Deus.
3. A INTIMIDADE PROFUNDA COM DEUS – 42.5
Jó
conheceu intimamente a Deus. Mude da simples religiosidade para uma vida de intimidade.
A religiosidade anestesia a nossa intimidade a ponto de nos contentarmos com um
relacionamento superficial com Deus.
Apesar
de ele ter alcançado a integridade e retidão, isso era fruto daquilo que ele
ouvia sobre Deus, e esse ouvir o levou a seguir a Deus. Essa relação
superficial trouxe bons frutos, e essa prosperidade, de alguma forma, fez com
que Jó se acomodasse.
Pelo
ouvir Jó sabia que os planos do Senhor não poderiam ser frustrados (v.2); e entendeu
que seu conhecimento era falho e incompleto e que nem tudo o que ele dizia, ele
mesmo entendia (v.3). Mas chegou um momento em que ele precisou aprofundar essa
relação com Deus.
Toda a
experiência de sofrimento e dor de Jó, foi a forma como Deus agiu para que pudesse
conhecer mais sobre o Senhor e aprofundar sua intimidade. Agora Jó tinha chegado
a um nível de maturidade que jamais pelo ouvir ele poderia chegar. Ele confessa
que em meio a todo esse sofrimento, enfim pode ver o Deus que antes ele só ouvia
falar (v.5).
É exatamente
isso que Deus quer de nós. Deus quer que experimentemos pessoalmente aquilo que
até agora só ouvimos. Deus quer que nossos olhos contemplem aquilo que nossos
ouvimos ouvem. Deus quer profundidade no relacionamento.
4. DEUS RESTAURAÇÃO DA NOSSA CONDIÇÃO –
42.10-12
Jó foi
restaurado completamente. Tenha esperança, em Deus, tudo pode se tornar novo de
novo. Não importa o que mudou, o que você perdeu, o que você sente falta, a
dor, a crise, a escassez que possa estar vivendo. Os anos de seca darão lugar à
fartura.
Jó foi
abençoado por Deus com prosperidade terrena e se tornou o mais rico de todos os
homens do Oriente (1.3). Possuía 7 mil ovelhas (2,8 milhões); 3 mil camelos
(579 bilhões); 500 juntas de boi (2,5 milhões); 500 mulas (2,5 milhões). Além
disso possuía servos, servas e 10 filhos.
De
repente experimentou a perda de toda a fortuna, em questão de um dia foi
assolado por uma série de calamidades e privado de todas as suas posses, além
de perder os filhos (1.13-19), logo depois teve o corpo coberto de feridas
(2.7), que para alguns, era lepra, mas isso é incerto.
Depois
de todo o sofrimento e percas, Deus trouxe novamente a prosperidade material
sobre Jó, agora de forma dobrada. Seus irmãos e amigos foram consolá-lo por
todo seu sofrimento. Teve outros filhos e filhas e viveu mais cento e quarenta
anos, morrendo bem velho e em paz.
Jó foi
recompensado por sua fidelidade. Ele se dispôs a perdoar e orar por seus amigos
que o acusaram. Ele teve as feridas saradas, seus bens se tornaram o dobro de
antes.
CONCLUSÃO
Jó não
nos ensina apenas sobre paciência, mas também sobre “esperança” diante de
nossas aflições e tribulações.
Nesse
processo é importante “ouvir a voz de Deus” trazendo consolo, conforto, confronto
e nos dando direção.
É
importante “medir nossas palavras” para não pecarmos contra Deus, mesmo tendo
boas intenções no nosso coração.
Jamais
devemos nos contentar com o “nível de intimidade” que temos com Deus, devemos
prosseguir em conhecê-lo (Os 6.3).
Devemos
crer que seremos restaurados, se não aqui neste mundo, o seremos na etenidade.

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