12 de mai. de 2020

Despedida Dramática de Uma Mãe

João 19.25-27
Despedida Dramática de Uma Mãe

Ser mão de crianças normais não deve ser uma tarefa fácil, imagina ser mãe de Jesus? Muitas mães não dão conta de seus filhos, imagina prestar contas a Deus? Havia muitas candidatas, mas uma se destacou aos olhos do Senhor: Maria. Uma moça que para muitos era frágil, jovem e inexperiente.
Para uma tarefa tão sublime Deus não escolheu os notáveis intelectuais entre os escribas ou fariseus; tampou escolheu os “santos” sacerdotes, conhecedores dos rituais religiosos; nem os “especialistas” em filosofia grega. A escolhida foi uma adolescente que não era rica, nem pertencia a uma linhagem de alta classe, e morava na desprezada Galiléia.
Maria, a única mulher exaltada no Alcorão, que é muito elogiada e venerada pelos católicos, mas pouco conhecida, e porque não, pouco honrada pelos evangélicos. A discrição de maria esconde sua força e sua segurança.


Logo no início, quando Jesus começou a se revelar para o mundo, ocorreu um episódio marcante e pouco compreendido entre ele e sua mãe. Foi em Caná, numa festa de casamento, na qual o vinho acabou, e Maria foi falar com Jesus na expectativa de uma solução.
Mulher, que tenho eu a ver contigo? A minha hora ainda não chegou” (Jo 2.4); (por muito menos, filhos foram parar no dentista, ou ficaram com os lábios inchados). Quem observa as palavras frias pode pensar que Jesus agiu mal com sua mãe, mas é preciso ir mais a fundo.
Precisamos entender que Jesus se posicionava claramente tanto como filho de Deus como filho de Maria, tanto como filho do Altíssimo como filho do homem. Declarava que tinha as duas naturezas, humana e divina. Ao mesmo tempo que era filho de Deus, não gostava muito de se aparecer.
Durante a crucificação essas duas naturezas se manifestaram. Nas primeiras horas Jesus chama Deus de Pai, se coloca como filho de Deus. Nas últimas chama o Senhor de Deus, se colocando como um homem. Assim podemos entender melhor a “tensão” em Caná. Em casa, Jesus se posicionava naturalmente como filho do homem, filho de Maria, em público, diante dos discípulos, ele se revela como filho de Deus.
É natural que as mães queiram seus filhos para si, resistem em dividi-los com os outros. Maria tinha de dividir seu filho com a sociedade e, pior ainda, sabia que a sociedade o dividiria em pedaços. Não era fácil seu papel. Seu filho nunca mais para seus braços. Maria está prestes a sofrer a maior dor, enterrar seu filho, este era seu destino.



1. ÚLTIMOS MOMENTOS DE ALEGRIA
Jesus estava famoso nos dias que antecederam sua morte, Jerusalém estava eufórica, pessoas de todos os lugares estavam lá para vê-lo e ouvi-lo. Maria também estava lá, e provavelmente esteve no cenário da última ceia. Dessa forma, se angustiou diante do anuncio da traição de Judas, da negação de Pedro, e da oração no Getsêmani.
Ela sabia que algo ruim aconteceria a seu filho, só não sabia quando, aquela foi uma noite de aflição e se insônia. Mais tarde, ela recebe a notícia que seu filho fora preso, a aflição aumentou na busca de saber onde estava seu filho, eram muitas perguntas e poucas respostas. Até que em meio ao tumulto, surge seu filho, sangrando, cortado por açoites, ferido, quase irreconhecível. Maria chora, queria abraça-lo, mas era impossível.
Seus gritos não eram ouvidos, era amparada por um grupo de mulheres que a acompanhavam, mas que nada podiam fazer para mudar a situação. Sem chão, Maria buscava acompanhar o filho pelo caminho de dores. A ausência de alguns dos discípulos, foi mais um motivo de dor para aquele coração de mãe.

2. FERIDAS CAUSADAS PELOS HOMENS
Diante daquele caos, as reações dos homens eram diferentes das reações das mulheres, para muitos, elas sofriam mais que eles, por serem tidas como mais frágeis, mas na verdade, elas são mais fortes. Um parêntese: José já havia morrido, não podemos saber como reagiria diante da crucificação de Jesus.
O certo é que as mulheres cuidam mais dos filhos e dos pais no final da vida, são mais éticas, mais humanas, mais generosas, mais altruístas, por isso são mais alvejadas no front de batalha. Elas adoecem mais porque amam mais e se entregam mais, enquanto os homens se escondem, com os discípulos.
Maria e as outras mulheres tiveram a coragem de seguir Jesus quando o mundo o aplaudia e também quando desabava sobre ele. Seguiram-no na alegria e choraram com ele suas lágrimas. Entre os homens, só o mais jovem, João, as acompanhavam.

3. UMA CENA DURA PARA UMA MÃE
O Calvário foi o ápice na angústia de Maria, lá ela viu os carrascos pregarem as mãos e o pés de Jesus, aqueles cravos penetraram até sua própria alma, portanto exigir de Maria controle de si mesma era pior que crucificá-la. Ela tinha o direito de sofrer, e experimentar o desespero, sem ser rotulada de frágil.
Ver Jesus levando a cruz foi um sofrimento indecifrável. Ao vê-lo morrer, ela maria também, quem poderia trazer alívio e consolo? Nada seria possível para aquietar seus pensamentos e abrandar sua dor. O filho que ela carregou nos braços, agora estava nos braços de uma cruz.

4. MORRENDO JUNTO
Maria sabia que perderia seu filho, mas Jesus a poupa da antecipação angustiante, não queria que o futuro a atormentasse. Embora ela conhecesse a sequência dos fatos, tudo parecia surreal, não passando de um pesadelo. Foi tudo tão rápido: prisão, condenação, feridas, cruz. Em uma noite tudo mudou.
Duro era este momento, ver o filho que amamentou, acariciou, abraçou, fez cafuné com uma coroa de espinhos na cabeça. Aquele filho bom, amável, que dava orgulho, agora sendo tratado como o mais cruel dos infratores.
A mais forte das mulheres nesse momento era a mais impotente. A que se tornaria a mais famosa e elogiada, era a mais anônima e ninguém a ouvia. Os paradoxo do filho, agora a alcançam; ela não queria fama, elogios, exaltação, queria apenas abraçar seu filho, pelo menos pela última vez.
Reunindo forças e coragem inigualáveis, maria rompe o cordão de isolamento e se aproxima do filho, talvez com a intensão de cuidar de suas feridas, mas isso não era possível. Contudo o esforço não foi inútil, Jesus viu sua atitude, ela ouviu a voz do filho: “mulher, eis aí o teu filho”.
Uma frase com muito simbolismo. Novamente ele usa a “senha” mulher. O pedido para Maria tomar João como seu filho era uma forma de dizer que a amava, que ela deveria se colocar ali como mulher, não como mão, que se entregava por ela, que ela cuidasse de João como se fora ele próprio.
Muitos filhos acabam se esquecendo dos pais. Não visitam, nem abraçam, não dão atenção, usando como pretexto várias desculpas. Esses filhos têm um amor limitado, falta gratidão. Jesus jamais se esqueceu de sua mãe.

5.UMA HISTÓRIA DE AMOR
Maria chorava. Queria tirar seu filho daquela cruz, mas não podia. Queria fazer um carinho, mas não o alcançava. Talvez a única coisa que podia dizer era ser grata por ele existir. No seu intimo ela poderia ser grata por ter cuidado dele, por ser um filho inesquecível, que amaria para sempre.
Mãe e filho se despedem. Entre gemidos e sofrimentos, as poucas palavras disseram muito. Uma história de amor que termina em sangue de um filho, e em gotas de lágrimas de uma mãe.

CONCLUSÃO:
Maria ensina que ser mãe é um ministério comum para todas as mulheres, independente de quem seja o seu filho, de qualidades ou preparação. A maternidade acontece, estando a mulher preparada ou não.
Neste processo será gerada uma cumplicidade, intimidade, um relacionamento único entre mãe e filho, tão próprio que não pode ser reproduzido.
É natural que as mães queiram seus filhos para si ou permitam que sejam “divididos” com poucos, ou que sabe, sempre estejam por perto.
O fato é que ser mãe envolve muitos sentimentos, do pico das alegrias para os vales das lágrimas. Mas se assim não fosse, a mulher seria apenas mulher, não uma mãe.

(Baseado em: Augusto Cury. Maria, a maior educadora da história)

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