Despedida Dramática de Uma Mãe
Ser
mão de crianças normais não deve ser uma tarefa fácil, imagina ser mãe de
Jesus? Muitas mães não dão conta de seus filhos, imagina prestar contas a Deus?
Havia muitas candidatas, mas uma se destacou aos olhos do Senhor: Maria. Uma moça
que para muitos era frágil, jovem e inexperiente.
Para uma tarefa tão sublime Deus não escolheu
os notáveis intelectuais entre os escribas ou fariseus; tampou escolheu os “santos”
sacerdotes, conhecedores dos rituais religiosos; nem os “especialistas” em
filosofia grega. A escolhida foi uma adolescente que não era rica, nem
pertencia a uma linhagem de alta classe, e morava na desprezada Galiléia.
Maria, a única mulher exaltada no Alcorão, que
é muito elogiada e venerada pelos católicos, mas pouco conhecida, e porque não,
pouco honrada pelos evangélicos. A discrição de maria esconde sua força e sua
segurança.
Logo no
início, quando Jesus começou a se revelar para o mundo, ocorreu um episódio
marcante e pouco compreendido entre ele e sua mãe. Foi em Caná, numa festa de
casamento, na qual o vinho acabou, e Maria foi falar com Jesus na expectativa
de uma solução.
“Mulher,
que tenho eu a ver contigo? A minha hora ainda não chegou” (Jo 2.4); (por
muito menos, filhos foram parar no dentista, ou ficaram com os lábios inchados).
Quem observa as palavras frias pode pensar que Jesus agiu mal com sua mãe, mas
é preciso ir mais a fundo.
Precisamos
entender que Jesus se posicionava claramente tanto como filho de Deus como
filho de Maria, tanto como filho do Altíssimo como filho do homem. Declarava
que tinha as duas naturezas, humana e divina. Ao mesmo tempo que era filho de
Deus, não gostava muito de se aparecer.
Durante
a crucificação essas duas naturezas se manifestaram. Nas primeiras horas Jesus
chama Deus de Pai, se coloca como filho de Deus. Nas últimas chama o Senhor de
Deus, se colocando como um homem. Assim podemos entender melhor a “tensão” em
Caná. Em casa, Jesus se posicionava naturalmente como filho do homem, filho de
Maria, em público, diante dos discípulos, ele se revela como filho de Deus.
É natural
que as mães queiram seus filhos para si, resistem em dividi-los com os outros.
Maria tinha de dividir seu filho com a sociedade e, pior ainda, sabia que a
sociedade o dividiria em pedaços. Não era fácil seu papel. Seu filho nunca mais
para seus braços. Maria está prestes a sofrer a maior dor, enterrar seu filho,
este era seu destino.
1. ÚLTIMOS MOMENTOS DE ALEGRIA
Jesus
estava famoso nos dias que antecederam sua morte, Jerusalém estava eufórica,
pessoas de todos os lugares estavam lá para vê-lo e ouvi-lo. Maria também
estava lá, e provavelmente esteve no cenário da última ceia. Dessa forma, se angustiou
diante do anuncio da traição de Judas, da negação de Pedro, e da oração no
Getsêmani.
Ela
sabia que algo ruim aconteceria a seu filho, só não sabia quando, aquela foi
uma noite de aflição e se insônia. Mais tarde, ela recebe a notícia que seu
filho fora preso, a aflição aumentou na busca de saber onde estava seu filho,
eram muitas perguntas e poucas respostas. Até que em meio ao tumulto, surge seu
filho, sangrando, cortado por açoites, ferido, quase irreconhecível. Maria
chora, queria abraça-lo, mas era impossível.
Seus
gritos não eram ouvidos, era amparada por um grupo de mulheres que a
acompanhavam, mas que nada podiam fazer para mudar a situação. Sem chão, Maria
buscava acompanhar o filho pelo caminho de dores. A ausência de alguns dos discípulos,
foi mais um motivo de dor para aquele coração de mãe.
2. FERIDAS CAUSADAS PELOS HOMENS
Diante
daquele caos, as reações dos homens eram diferentes das reações das mulheres,
para muitos, elas sofriam mais que eles, por serem tidas como mais frágeis, mas
na verdade, elas são mais fortes. Um parêntese: José já havia morrido, não
podemos saber como reagiria diante da crucificação de Jesus.
O certo
é que as mulheres cuidam mais dos filhos e dos pais no final da vida, são mais
éticas, mais humanas, mais generosas, mais altruístas, por isso são mais
alvejadas no front de batalha. Elas adoecem mais porque amam mais e se
entregam mais, enquanto os homens se escondem, com os discípulos.
Maria e
as outras mulheres tiveram a coragem de seguir Jesus quando o mundo o aplaudia
e também quando desabava sobre ele. Seguiram-no na alegria e choraram com ele
suas lágrimas. Entre os homens, só o mais jovem, João, as acompanhavam.
3. UMA CENA DURA PARA UMA MÃE
O Calvário foi o ápice
na angústia de Maria, lá ela viu os carrascos pregarem as mãos e o pés de
Jesus, aqueles cravos penetraram até sua própria alma, portanto exigir de Maria
controle de si mesma era pior que crucificá-la. Ela tinha o direito de sofrer, e
experimentar o desespero, sem ser rotulada de frágil.
Ver Jesus levando a
cruz foi um sofrimento indecifrável. Ao vê-lo morrer, ela maria também, quem
poderia trazer alívio e consolo? Nada seria possível para aquietar seus
pensamentos e abrandar sua dor. O filho que ela carregou nos braços, agora
estava nos braços de uma cruz.
4. MORRENDO JUNTO
Maria sabia que
perderia seu filho, mas Jesus a poupa da antecipação angustiante, não queria
que o futuro a atormentasse. Embora ela conhecesse a sequência dos fatos, tudo
parecia surreal, não passando de um pesadelo. Foi tudo tão rápido: prisão,
condenação, feridas, cruz. Em uma noite tudo mudou.
Duro era este momento,
ver o filho que amamentou, acariciou, abraçou, fez cafuné com uma coroa de
espinhos na cabeça. Aquele filho bom, amável, que dava orgulho, agora sendo
tratado como o mais cruel dos infratores.
A mais forte das
mulheres nesse momento era a mais impotente. A que se tornaria a mais famosa e
elogiada, era a mais anônima e ninguém a ouvia. Os paradoxo do filho, agora a
alcançam; ela não queria fama, elogios, exaltação, queria apenas abraçar seu
filho, pelo menos pela última vez.
Reunindo forças e
coragem inigualáveis, maria rompe o cordão de isolamento e se aproxima do
filho, talvez com a intensão de cuidar de suas feridas, mas isso não era
possível. Contudo o esforço não foi inútil, Jesus viu sua atitude, ela ouviu a
voz do filho: “mulher, eis aí o teu filho”.
Uma frase com muito
simbolismo. Novamente ele usa a “senha” mulher. O pedido para Maria tomar João
como seu filho era uma forma de dizer que a amava, que ela deveria se colocar
ali como mulher, não como mão, que se entregava por ela, que ela cuidasse de
João como se fora ele próprio.
Muitos filhos acabam
se esquecendo dos pais. Não visitam, nem abraçam, não dão atenção, usando como
pretexto várias desculpas. Esses filhos têm um amor limitado, falta gratidão.
Jesus jamais se esqueceu de sua mãe.
5.UMA HISTÓRIA DE AMOR
Maria chorava. Queria
tirar seu filho daquela cruz, mas não podia. Queria fazer um carinho, mas não o
alcançava. Talvez a única coisa que podia dizer era ser grata por ele existir.
No seu intimo ela poderia ser grata por ter cuidado dele, por ser um filho
inesquecível, que amaria para sempre.
Mãe e filho se despedem.
Entre gemidos e sofrimentos, as poucas palavras disseram muito. Uma história de
amor que termina em sangue de um filho, e em gotas de lágrimas de uma mãe.
CONCLUSÃO:
Maria ensina que ser mãe é um ministério comum para
todas as mulheres, independente de quem seja o seu filho, de qualidades ou
preparação. A maternidade acontece, estando a mulher preparada ou não.
Neste processo será gerada uma cumplicidade,
intimidade, um relacionamento único entre mãe e filho, tão próprio que não pode
ser reproduzido.
É natural que as mães queiram seus filhos para si ou
permitam que sejam “divididos” com poucos, ou que sabe, sempre estejam por
perto.
O fato é que ser mãe envolve muitos sentimentos, do
pico das alegrias para os vales das lágrimas. Mas se assim não fosse, a mulher
seria apenas mulher, não uma mãe.
(Baseado em: Augusto Cury. Maria, a maior educadora da história)

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