Multiplicar Compaixão e Graça – Razão para Expressar
Amor
INTRODUÇÃO
Esta é a última mensagem desta série sobre
as ênfases da campanha de Missões Nacionais. Até aqui ministramos sobre: Multiplicar Oração – Razão Do
Crescimento; Multiplicar Discípulos –
Razão para Cumprir Nossa Missão; Multiplicar
Igrejas – Razão para o Alcance do Evangelho; Multiplicar Líderes – Razão para Continuidade.
Quando
pensamos em Compaixão e Graça devemos refletir sobre “as características de uma
igreja relevante em sua comunidade” e qual a “relevância social da igreja com a
Grande Comissão”. Para nos ajudar a entender isso devemos refletir sobre: 1. O
templo aberto aos domingos responde à demanda da comunidade na qual a nossa
igreja está inserida? 2. Se a igreja fechasse hoje, a comunidade do entorno
sentiria falta ou seria indiferente ao fato? 3. Por onde podemos começar? Que
tipo de atividades que demonstrem compaixão e graça podemos realizar?
Marituba
é um município de 108 mil habitantes na região Metropolitana de Belém. Ali há
uma ex-colônia de Hansenianos, que pelo preconceito e a falta de conhecimento
excluía socialmente os moradores da colônia. A igreja foi plantada dentro da
colônia.
A
princípio, a igreja era composta apenas por hansenianos. As primeiras
iniciativas de aproximação visavam trabalhar a autoestima dos enfermos. A
igreja era o centro de mobilização da cidade. Por meio dela uma escola e uma praça
foram construídas. O governo do estado mandava remédios para que a igreja
distribuísse para a comunidade.
Ainda
hoje, quando alguém falece na comunidade, a família recorre à igreja, que está
sempre aberta, cedendo o espaço físico para o culto fúnebre. Marituba tem uma enorme
taxa de homicídios de crianças e adolescentes, diante dessa realidade, são
desenvolvidos trabalhos com crianças, sum um deles com filhos de presidiários. Outro
projeto oferece atividades esportivas para os netos e bisnetos dos hansenianos.
O
mesmo casal de missionários atua nas comunidades ribeirinhas da Ilha de Marajó,
onde são desenvolvidos projetos de geração de renda e autossustento. Além de
levar uma proposta de salvação através do Evangelho e de melhoria das condições
de vida, procuram atender os ribeirinhos sanando suas necessidades básicas, com
doação de roupas, alimentos, brinquedos e água potável.
Uma
igreja que antes atendia a um público excluído, hoje é instrumento de inclusão
social: no Tabernáculo Batista, todos são alcançados pelo Evangelho, e não
somente os hansenianos. Esse é o trabalho de uma igreja relevante!
1. A Compaixão e Graça nas Igrejas de Atos –
4.32,34
Além
de orar e testemunhar de Jesus às pessoas, aquelas igrejas tinham um coração
compassivo e buscavam atender às necessidades espirituais, físicas e emocionais
das pessoas à sua volta. As igrejas não se isolavam nem se fechavam dentro de
si mesmas, mas eram percebidas pela comunidade, chamavam a atenção,
influenciavam por meio de suas ações.
Em Atos
2.42-47 vemos que a intensidade com que a igreja vivia o Cristianismo e exercia
o cuidado recíproco entre os irmãos era tão explicita que não passa
despercebida da comunidade ao redor. Ao contrário, a igreja caiu na graça do
odo o povo! O resultado disso é que muitos foram acrescentados à comunidade de
fé.
Também
em nossos dias, o amor entre os irmãos da igreja deve ser tão evidente, manifestando-se
através do zelo e cuidado mútuo, que seja percebido pelos de fora, que desejarão,
por isso, fazer parte da mesma família (Jo 13.35).
Não
podemos falar em compaixão pela comunidade sem antes demonstrar amor e compaixão
entre os irmãos. Daí por que o zelo por pessoas é um elemento tão importante
não apenas em termos individuais no Relacionamento Discipulador, mas também
coletivamente, entre todos os discípulos, assim vamos impactar a comunidade
(Atos 4.32-37).
O amor
e a comunhão da igreja eram notórios não apenas a todos os irmãos, mas também
aos de fora, à comunidade, que percebia que eles tinham um só propósito. Isso
causou um grande impacto, resultando na multiplicação de discípulos.
A
operação de milagres acontecia no meio do povo, referendando a obra dos
apóstolos e trazendo visibilidade à igreja que nascia, tornando-a relevante,
como se percebe da expressão "o povo os admirava muito" (Atos
5.12-16).
Percebemos
que o trabalho de cuidado com as viúvas cresceu tanto a ponto de tornar
necessária a nomeação de homens — com critério altamente exigente — que fossem
encarregados desse serviço. Isso demonstra a importância que a igreja dava
àquela tarefa e o impacto que causava na comunidade (At 6.1-3).
Também
vemos no livro de Atos que a igreja era relevante na comunidade porque seus
membros eram relevantes, como foi o caso de Tabita (At 9.36 e 39).
É
interessante notar que Lucas chama Tabita de "discípula" no contexto
em que ressalta o zelo que ela tinha pelos irmãos e pelos de fora (o fato foi
notório a toda Jope, conforme o v. 43). Conforme o texto demonstra claramente
pela lamentação por sua morte e pela alegria de sua ressuscitação, a vida
daquela discípula era muito querida por aquela comunidade. Assim também devem
ser todos os discípulos: pessoas que amam, cuidam e zelam pela vida do próximo
por meio dos relacionamentos com os de dentro e os de fora, fazendo com que a
igreja seja socialmente relevante.
Observe
outro exemplo (At 22.12). O testemunho de Ananias, sendo piedoso, era perceptível
a todos os judeus que moravam em Damasco. É interessante como o zelo, o cuidado
e o amor de um discípulo se tornam notórios para toda a comunidade.
Outra
forma de a igreja agir com compaixão e graça e se tornar relevante é apoiar irmãos
de outros lugares em suas necessidades (At 11.27-30). Essa atitude de compaixão
e serviço se repete várias vezes nas epístolas. A igreja se faz relevante
quando demonstra este cuidado e zelo pelos de perto e os de longe.
Vejamos
mais um caso, agora na vida de Paulo (At 20.35). Paulo abre ainda mais o leque
para o zelo e o cuidado dos que sofrem, sejam irmãos ou não, apontando para o
princípio da generosidade, absolutamente altruísta desprovido de segundas
intenções: "melhor é dar do que receber".
2. Compaixão e Graça Hoje
Vivemos
numa época e cultura muito diferentes do contexto de Atos, mas o princípio da
compaixão e graça permanece igual e atual. A igreja deve estender as mãos,
abrir os olhos e o coração para as necessidades dos que estão ao seu redor,
demonstrando a fé n'Ele através de suas ações. Ela atrairá a simpatia e a
atenção das pessoas, testemunhando do Evangelho.
Uma
igreja pode estar tão voltada para si mesma, indiferente à realidade social à
sua volta, que não produza nenhum impacto ou influência em sua comunidade. A
igreja deve estar atenta a todas estas oportunidades para interagir com as
pessoas ao seu redor, atuando em favor de uma transformação gradual da
realidade à medida que alcança vidas com o Evangelho.
Assim,
por definição, relevância na comunidade é: a sensibilidade às necessidades de
uma comunidade e o serviço gracioso da igreja para lhes atender de modo que a
igreja se torne relevante, resultando na multiplicação de discípulos, para a
glória de Deus.
3. Como ser uma Igreja Relevante na
Comunidade
A
igreja não pode se deter em programações voltadas apenas para seu próprio
bem-estar, mas deve estar atenta às pessoas de fora, exercendo influência no
mundo ao seu redor. A igreja não terá, em si mesma, a solução para todas as
questões. Mas deve estar atenta, zelar pelas pessoas e, se for o caso,
encaminhar à rede pública de serviços.
3.1. Interesse pela Comunidade
A
igreja é composta de gente da comunidade, onde visa atuar e salvar pessoas.
Portanto, ela precisa conhecê-la e apresentar respostas às suas necessidades. A
igreja não está na comunidade só para cuidar dos seus fiéis. Ela está ali para
trabalhar com toda comunidade, para que todos ouçam, vejam, sintam e sejam
alcançados pelo evangelho.
A
igreja precisa se identificar com a comunidade onde está inserida, conhecê-la,
saber quem são seus moradores e quais são as reais necessidades, se interessar
por eles, saber como se relacionar com eles, ter empatia pela comunidade e não
assumir uma atitude crítica, hostil e de rejeição porque eles vivem no pecado.
3.2. Oração pela Comunidade
Como
resultado do conhecimento e interesse pela comunidade, surgirá necessariamente
o desejo de orar por ela, por seus conflitos, flagelos, carências, desafios e
oportunidades. A igreja passa a orar compassivamente pelas pessoas a quem
conhece, com quem interage e por quem se interessa, pois quem ama, ora; e quem
ora, faz.
Muitas
vezes a igreja está fechada em si mesma até no que diz respeito à oração. Os
motivos de oração se limitam apenas aos interesses pessoais de seus membros e
não alcançam as necessidades da comunidade e das pessoas de fora. A oração pela
comunidade culminará com o clamor pela salvação eterna de vidas preciosas.
3.3. Compaixão pela Comunidade
Jesus
é nosso maior exemplo de compaixão e graça (Mc 6.34-44; Mc 10.46-52; Mt
8.28-34).
É
impossível sentirmos compaixão por alguém ou por uma situação que não conhecemos,
sem ver as pessoas ou as circunstâncias em que vivem. A igreja de Cristo
precisa sensibilizar-se com a situação das pessoas à sua volta, precisa chorar
mais; precisa sentir mais; precisa se envolver mais.
3.4. Envolvimento com a Comunidade
O
primeiro e mais valioso recurso para que a igreja se torne relevante na
comunidade é a atuação dos seus próprios membros no dia a dia da comunidade.
Estes precisam ser chamados e capacitados para servir e testemunhar, comunicando
a ética do Reino em sua vida cotidiana.
A
consequência disto será a penetração da igreja na sociedade por meio de seu
modo de vida, em termos de relações familiares, negócios, cidadania e por todos
os setores da vida cotidiana.
Não
podemos conceber um crescimento do número de evangélicos em nosso país sem que
isto traga consigo uma transformação na ética de nosso povo, bem como uma resposta
a tantas questões sociais em nosso país.
A
igreja precisa ser contagiante, conhecida e respeitada pela comunidade onde
está inserida. Todos precisam reconhecer em sua prática (mais do que em sua
teoria) o amor e a comunhão entre os irmãos, bem como o interesse, serviço,
compaixão, socorro e envolvimento com a comunidade.
A
igreja precisa enxergar a excelente oportunidade de fazer discípulos entre os
excluídos e esquecidos socialmente, restaurando sua comunhão com Deus, com a
sociedade e consigo. Sem dúvida, a maneira mais eficaz de influenciar e
transformar uma vida, e consequentemente toda uma realidade social, se dá pelo
cumprimento da Grande Comissão: fazer discípulos.
CONCLUSÃO
Ações
de compaixão e graça precisam ser motivadas pelo amor a Jesus.
É por
Ele que nos dispomos a abrir mão de tempo e recursos em favor de gente de quem,
às vezes nem sequer sabemos o nome.
Toda
ação tem como alvo pessoas, mas o foco é glorificar a Jesus. É inspirado nEle,
em obediência a Ele e para honrá-Lo que devemos ter esta atitude.
Não
devemos ajudar para “segurar” as pessoas na igreja, mas para mostrar que o amor
de Jesus se moveu e chegou até a vida delas.
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