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Coríntios 5.11-17
EU RECEBI UMA SEGUNDA CHANCE
INTRODUÇÃO
Dizem que não temos uma segunda chance para
deixar uma primeira boa impressão. De fato nos relacionamentos humanos isso é
uma verdade, mas em relação a Deus isso não se aplica. Para Deus, sempre
teremos a chance de deixar uma boa impressão ou de fazer a coisa certa, do
jeito certo, pelos meios certos. Deus é o Senhor das chances.
Quando
olhamos para a Bíblia, vemos Deus dando seguidas oportunidades para que os
homens se aproximem de Sua presença. A segunda chance sempre esteve, e sempre
estará disponível a nós, pela Graça de Jesus e por Sua infinita misericórdia.
Adão,
depois de pecar e ser expulso do Éden, pôde chegar-se a Deus quando do nascimento
de Enos, seu neto (Gn 4.25,25). Noé teve uma segunda chance, pois viveu 350
anos depois do dilúvio (Gn 9.28,29). Abraão teve a segunda chance, a ponto do
Senhor mudar seu nome (Gn 17.1ss). De uma forma genérica, todos os personagens
do A.T. tiveram sua segunda chance.
Se
olharmos para o N.T. não é diferente. Dos discípulos, destaco Pedro, ele teve
uma segunda chance (Jo 21.15-17). Paulo teve sua chance e abraçou com fé (At
9.15,16). Mas as pessoas comuns, todas que se encontraram com Jesus, tiveram
uma chance, uns aproveitaram, como a mulher samaritana (João 4), outros
recusaram, como o jovem rico (Mt 19.16-22).
Do
Gênesis ao Apocalipse, de Adão até cada um de nós, Deus continua
proporcionando, a todos, sem distinção, uma segunda chance de viver em
intimidade e comunhão com Ele, desfrutar
da Sua graça e amor, de poder viver em Sua presença para santidade e uma vida
em abundancia conforme prometida (Jo 10.10).
Mas ao
mesmo tempo que Deus presenteia o homem com uma segunda chance, muitos recusam
este presente, decidem continuar vivendo longe do Senhor, fecham seus corações,
recusam a graça, e por isso, vivem em constante conflito e infelicidade.
Aceitar a segunda chance de Deus é a oportunidade de ter uma vida transformada.
1. Conhecer e Temer o Senhor – v.11-13
No
verso 11 Paulo não está falando aqui do “terror da condenação eterna”, mas de
um saudável e reverente temor do desagrado de Cristo pelas escolhas que
fizemos, o “bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (v.10).
Tal
temor seria um saudável corretivo àqueles crentes de Corinto que estavam
causando perturbações para Paulo, e poderia ter corrigido as vidas de muitos
crentes descuidados através dos séculos.
No
verso 12 vemos um método mundano de avaliação, contrário ao que se dava com o
apóstolo autêntico, o qual suportava as aflições por enfocar a sua atenção
sobre o que era invisível e eterno (4.18). Os falsos apóstolos de Corinto
(11.13) também eram típicos representantes do mundo, orgulhando-se em sua
aparência externa, dependendo de si mesmos, amando o dinheiro, o poder e o
prestígio.
Se os
crentes de Corinto compreendiam a autodefesa de Paulo em um sentido espiritual,
então eles teriam uma resposta para os falsos apóstolos e seus padrões
superficiais de julgamento (1 Sm 16.7).
No
verso 13 Paulo se refere aos tempos de adoração e oração, quando ele era apanhado
na mais intensa consciência da presença de Deus. A linguagem de Paulo não
indica que ele perdia totalmente a consciência de seu meio ambiente externo,
pois a mesma palavra grega é usada para indicar pessoas que ficavam
“maravilhadas” diante dos milagres operados por Cristo (Mc 5.42 6.51).
O
ponto frisado pelo apóstolo é que, quer engajado em adoração particular, quer
engajado em ministério público, Paulo vivia para Deus e para o próximo, e não
para si mesmo (v.15). Seus oponentes, por sua vez, não podiam reivindicar para
si mesmos tal coisas.
Todos
devem considerar o juízo vindouro, aquele que é chamados de “o terror do Senhor”.
Sabendo quão terrível é a vingança que o Senhor exercerá nos praticantes de iniquidade,
o apóstolo e seus irmãos usam todo argumento e persuasão para levar os homens a
crerem no Senhor Jesus, e para agirem como seus discípulos. Seu zelo e diligencia
eram para a glória de Deus e para o bem da Igreja.
2. Receber o Amor da Cruz – v.14,15
O
verso 14 aponta para o amor que temos que desenvolver por Cristo, uma vez que está
demonstrado o amor que Cristo tem por nós. Visto que Paulo estava falando sobre
o que Cristo fizera por ele, temos aqui uma menção e um padrão do amor, seja de
Cristo por nós, seja o nosso para Cristo.
O
nosso amor a Cristo é o que nos impulsiona para a frente; Seu amor por nós,
sinceramente sentido em nossas almas, é que nos dá esse impulso. Esse amor de
Cristo não poderia nos constranger e nem nos impulsionar, a menos que seja
recíproco. É o amor de Cristo, ao qual reagimos com amor, que atua como poder
motivador de nossas vidas.
O
verso 15 trata do sacrifício de Cristo, aqueles por quem Cristo morreu são os
mesmos que os “todos” que “morreram” com ele, em resultado de sua morte, e que
são mencionados no final do versículo.
O amor
de Cristo por nós terá um efeito similar em nós, se for devidamente considerado
e retamente julgado. Todos estavam perdidos e excluídos, mortos e destruídos,
escravos do pecado, sem poder para libertarem-se e continuariam assim
miseráveis para sempre, se Cristo não tivesse morrido.
Não
devemos fazer de nós mesmos a finalidade de nossa vida e ações, mas a Cristo. A
vida do cristão deve ser dedicada a Cristo. Quantos mostram a nulidade da fé e
do amor que professam vivendo para si mesmos e para o mundo.
Conforme
Gálatas 2.20, receber o amor é estar disposto a morrer todos os dias para nós
em mesmos afim de vivermos para Deus. A segunda chance requer de nós que
abramos mão de nós mesmos, só assim poderemos evidenciar o “ser uma nova
pessoa”. Receber o amor é uma disposição diária de autonegação.
3. Viver pelos padrões de Deus – v.16,17
No
verso 16 Paulo enfatiza o julgamento espiritual e o discernimento espiritual
nas vidas e situações das pessoas. Nossa experiência com o amor de Deus
move-nos a parar de ver outras pessoas de acordo com os padrões mundanos e a
aprender como devemos vê-las do ponto de vista do grande ato salvífico de Deus
em Jesus Cristo.
Quando
Cristo foi considerado de um ponto de vista mundano, os homens o rejeitaram e o
crucificaram como um blasfemador e um perturbador da ordem. Do ponto de vista
divino, porém, Cristo é o Messias e o Filho de Deus, em quem recebemos a nova
criação e a reconciliação com Deus.
No
verso 17 vemos as implicações da nossa união com Cristo, essa união resume
nossa experiência de redenção. Os crentes foram eleitos (Ef 1.4,11),
justificados (Rm 8.1), santificados (1Co 1.2) e glorificados (3.18) “em
Cristo”.
Paulo
enfoca a importante significação da união do crente com o Salvador. Visto que
Cristo é o “último Adão”, aquele em quem a humanidade é recriada (1Co 15.45), e
que inaugurou a nova era de bênçãos messiânicas (Gl 1.4), a união espiritual
dos crentes com Cristo não é menor do que a participação na “nova criação”.
O
crente é uma nova criatura, renovada segundo a imagem de Deus, que compartilha
da sua glória, que experimenta a renovação do conhecimento e do entendimento, e
que vive em santidade.
O
homem renovado age sobre a base de novos princípios, por regras novas, com
novas finalidades e com companhias novas. O crente é criado de novo; seu
coração não somente é endereçado, recebe um novo coração. É criatura de Deus,
criado em Cristo Jesus para boas obras.
Ainda
que seja o mesmo homem, tem o seu caráter e conduta transformados. Estas palavras
devem significar mais que uma reforma superficial. O homem que antes não via
beleza no Salvador para que pudesse desejá-lo, agora ama-o acima de todas as
coisas.
CONCLUSÃO
Quando
recebemos uma segunda chance de Deus devemos passar a viver conforme às
exigências dessa nova vida.
Isso
inclui “temer” a Deus, se humilhar na sua presença e se tornar “conhecido” do Senhor.
Isso vai mudar nossa maneira de se relacionar com Deus.
Precisamos
também entender e “receber” o amor que emana através da Cruz. Quando esse amor
nos alcança, a segunda chance nos transforma.
É
necessário agora viver novos padrões. Deixamos os padrões do mundo e passamos a
ser orientados pelos padrões divinos, que têm o amor como base e motivação.
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