MATEUS 9.35-38
Multiplicar Discípulos – Razão para Cumprir Nossa Missão
INTRODUÇÃO
A
multiplicação tem se tornado um desafio para nós quanto igreja e discípulos.
Creio que podemos sim nos multiplicar, formar uma igreja sólida, relevante que
cresce em números e em maturidade espiritual.
A
multiplicação faz parte do projeto de Deus para nós. Jesus ascendeu para o céu
para que pudéssemos receber o Espírito Santo e assim multiplicar seu ministério,
assim, a igreja existe para multiplicar a missão de Deus na terra.
Vemos no
texto de Mateus o resumo do ministério de Jesus: percorrer; ensinar; evangelizar
e curar. Vemos aqui o Cristo que fala e que trabalha, ou seja, a atuação com
palavras e atos, com cuidado pela alma e cuidado pelo corpo.
A
maneira de nos relacionar e tratar as pessoas vai depender de como olhamos para
elas, se com amor, piedade, desprezo ou superioridade. Demos olhar para as
pessoas como Jesus olhava (v.36), vendo pessoas que precisam de Deus; pecadores
que precisam de arrependimento, não como pessoas que devam ir para o inferno.
A
missão de multiplicar discípulos é simples e composta por quatro etapas: vão...
façam discípulos... batizem... e ensinem (Mt 28.19). O discípulo que não se
dispõe a ir, sair da comodidade, deixar as paredes do templo, nunca
experimentará a alegria de ver uma pessoa se converter, nunca terá o prazer de
batizar (mesmo que indiretamente) e jamais saberá de como é prazeroso ensinar
sobre a Palavra e sobre Deus.
A
missão de fazer discípulos é uma tarefa que fazemos em parceria com Jesus, Ele
motiva e participa do processo, assim, a evangelização começa com oração. Na
oração nossas motivações são ajustadas e Jesus começa a trabalhar na vida da
pessoa que iremos evangelizar. Jesus precisa chegar antes de nós para remover
obstáculos e preparar o coração para receber a semente do evangelho.
1. A MULTIPLICAÇÃO É UM PRINCÍPIO ETERNO - (2Tm
2.1)
Multiplicação
é uma pessoa que gera outra pessoa (Paulo fala a Timóteo 2.1,2), discípulos,
que fazem discípulos, que fazem discípulos. “Fazer discípulos é a nossa
capacidade de abraçar a obra e a vida de Jesus e transferir a outras pessoas”. “Fazer
discípulos não é “um” ministério da Igreja é “o” ministério”. (Dhati Lewis)
“Nós
ensinamos o que sabemos, e reproduzimos o que somos, por isso, a autenticidade
é o maior recurso apologético” (Dhati Lewis). “A liderança brasileira está
morrendo de cansaço porque está tentando extrair fruto do espírito de quem não
nasceu de novo. As pessoas entram para adorar mas não saem para servir, são
consumidores e não discípulos”. (Neil Barreto)
Deus
não nos salvou para que isso terminasse em nós, mas para que possamos salvar a
outras pessoas. Para fazer discípulos é necessário ter andado com Jesus.
Desde
o Gênesis, o projeto de Deus para a humanidade, e por aí podemos dizer também,
para nós discípulos de Jesus. Em Gênesis 1.27,28 vemos a ordem de Deus para que
a humanidade se multiplicasse, porém devido ao pecado, nos multiplicamos de maneira
errada, ou seja, a humanidade se multiplicou em pecado.
Em
Gênesis 9.1 vemos que o plano de Deus não mudou, a ordem para Noé foi para que
se multiplicassem e se espalhassem pela terra. No cap. 17.2, Abraão recebe a
ordem de se multiplicar, através de sua semente, Deus lhe daria muitos
descendentes.
Em
Mateus 1.1 lemos sobre a linhagem de Jesus, que era descendente de Abraão, este
Jesus mantem acessa e passa ao coração dos discípulos a missão de
multiplicação, agora não mais de pessoas, mas de discípulos dele, o que culmina
na Grande Comissão de Mateus 28.18-20
Vemos
o início desse processo de multiplicação em Atos 2, no dia do Pentecostes, quando
depois da pregação de Pedro, três mil pessoas aceitam a fé e são adicionadas a
Igreja. Vemos ainda em Atos 6.7 que os discípulos se multiplicavam e também
agora a Palavra se multiplicava e se espalhava por todas as regiões.
2. CHAMADOS PARA SER ENVIADOS - (Mt 9.38)
A
palavra “mande” no verso 38 é traduzida da palavra grega “ekballo” que significa “expulsar, expelir, mandar sair”. O termo
“ekballo” é a junção de duas palavras; “ek”
é uma preposição primária denotando origem (o ponto de onde ação ou movimento
procede) “de, de dentro de” e “ballo”
(lançar ou jogar uma coisa sem cuidar aonde ela cai; espalhar, lançar,
arremessar).
Os
trabalhadores da seara estão em falta com o Senhor, pois estão ocupados dentro
dos templos com programas, eventos, reuniões, confraternizações, etc., que não lhes
sobra tempo para sair e fazer discípulos. É chegada a hora do Senhor os forçar
a sair do conforto e do comodismo, deixando a religiosidade para viver a fé.
A
segunda palavra importante é a traduzida por “enviou” em Mateus 10.5. Esta
palavra é “apostolleo” que significa “ordenar (alguém) ir para um lugar
estabelecido; mandar embora, despedir). É isso que o Senhor quer que façamos
para poder multiplicar discípulos. É o Senhor quem nos capacita, é ele quem
estará conosco.
Jesus é
nosso exemplo. Ele multiplicou pães e peixes, e mais que isto, multiplicou discípulos.
No começo eram 12, a estes se juntaram 70, depois 120, 500, 3 mil e muitos
mais. A ordem dele é mesma hoje: vá, ensine, batize e faça discípulos, e eles
farão outros.
Discípulos
que se multiplicam formam uma igreja saudável, não queremos uma igreja cheia de
membros, mas cheia de discípulos, pois estes oram, se relacionam e cumprem a
missão com novos discípulos, pois o discípulo não soma, ele multiplica.
A
ideia não é uma simples adição como pode parecer. Não é 1+1= 2; 2+1=3; 3+1=4;
etc., onde só um se reproduz. O conceito é 1+1=2; 2+2=4; 4+4=8; 8+8=16 e assim
sucessivamente. Em 5 anos chegamos a 60 membro, em 10 anos a mil, em 15 anos a
30 mil. Dessa forma todos se reproduzem. Esse é o conceito de multiplicação de
discípulos que devemos seguir.
3. CHAMADOS PARA AÇÃO - (Mt 9.37)
Essas
pessoas comparadas a um rebanho desgovernado (Ezequiel 34 e Zacarias 11) precisam
ser salvas pelo Bom Pastor – Cristo, assim Jesus declara que “a colheita é grande”,
o que anuncia também o dia do Juízo.
Existe
um contraste entre o muito trabalho (quando se olha para Deus) e os poucos
ceifeiros (quando se olha para a humanidade). Diante disso a solução é a oração
séria e persistente. Há uma grande necessidade de discípulos cheios do
Espírito, plenos de fé, animados pelo amor e equipados com o olhar de Jesus que
queiram ajudar nesta colheita.
A
multiplicação começa efetivamente já em Atos capítulo 2, quando dos três mil
que se convertem, parte fica em Jerusalém e muitos deles retornam para suas
cidades de origem e já começam a compartilhar a salvação. Esses discípulos
plantariam uma igreja não só em Jerusalém, mas em todo o mundo. Eles se
multiplicariam não só entre os iguais (judeus), mas também entre os diferentes,
os seus desafetos samaritanos.
A
missão de multiplicar discípulos é de cada discípulo. Para multiplicar, antes é
preciso ser. Não posso reproduzir aquilo que não sou e nem faço. Assim como
ovelhas geram ovelhas que são cuidadas pelo pastor, discípulos multiplicam
discípulos que são treinados para avançar.
De um
grupo de doze homens, agora Jesus envia seis grupos de dois para potencializar
o alcance e chegar a um número maior de pessoas. Como esta missão foi bem
sucedida, Jesus repete o envio, mas agora com um grupo maior – 72 seguidores
(Lucas 10.1-12).
Podemos
inferir que cada dupla de discípulos alcançou outras 10 pessoas. Por esse
motivo e pelos apresentados, concluímos ser importante a multiplicação e o
envio de discípulos.
CONCLUSÃO
Fazer
discípulos é relacionamento, é vida na vida. O melhor treinamento teológico é
ler e meditar na Palavra.
Fazer
discípulos não é algo para nossa satisfação, não é uma opção, mas uma
obrigação. Multiplicação é a visão de Deus para a Igreja.
Jesus
nos “ekballiza” para o mundo para, para atacar as portas do inferno (Mt 16.18).
Na Grande Comissão o único imperativo é “fazer discípulos”, e é justamente isso
que não estamos fazendo.
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