SALMO 4
A FÉ QUE TRAZ DESCANSO E ALEGRIA
Quem Ora Com Profunda Confiança Recebe Alegria e
Descanso
INTRODUÇÃO
Sendo
o Salmo 3 uma oração de Davi pedindo ajuda de Deus e nos ensina que “a confiança
em Deus leva o temente a descansar mesmo na presença da angústia”, o Salmo 4,
mesmo que não esteja explicita esta informação, pode ser lido como uma
continuação do anterior e uma reafirmação de sua fé, confiança, dependência e
descanso.
O
Salmo 4 é conexo ao Salmo 3 em clima e conceito. Ambos falam da possibilidade
de encontrar tanta paz na presença de Deus que, até mesmo quando dilacerada de
dor física e emocional, a pessoa ainda consegue dormir em paz (Sl 3.5; 4.8).
Este é um salmo de lamentação individual, mas que expressa um grau de confiança
incomum. Aos perversos proclama-se esperança, e não destruição.
Este
Salmo não regista um pedido: “vem, ó
Senhor! Salva-me, meus Deus!” (3.7), mas é uma afirmação de que “Deus é o
seu defensor” e sua mensagem central é: “aquele que pede ao Senhor com profunda
confiança recebe alegria e descanso” (v.8).
Quando
Davi diz no Salmo 4.1 “...na angústia, me
tens aliviado” entendemos as aflições que ele enfrentou quando conhecemos a
história de sua vida. Ele foi perseguido por Saul, o seu filho Absalão tramou
contra ele, e ele sofreu muitas outras angústias. Conhecer estas “angústias” de
sua vida nos ajuda na aplicação do Salmo.
Apesar
de ser o homem mais poderoso em Israel durante seu reinado de 40 anos, Davi
depositou a sua confiança em Deus, e não na sua própria força. Ele dependia da
justiça de Deus, acreditando que o Senhor faria a distinção entre os fiéis e os
ímpios.
Neste
Salmo é possível perceber que o salmista busca alertar os próximos sobre as bênçãos
divinas que ele alcançou ao seguir os ensinamentos de Cristo e obedecer a Deus.
Mesmo em meio a angústias e dificuldades, Davi sente o cuidado do Senhor e sabe
que ele nunca o abandonou.
É
possível perceber também a indignação dele com os pecadores, que mentem, que insultam
e que seguem a vida sem fé. Ele nos mostra como nós, criaturas e servos de
Deus, devemos convidar aqueles que pecam e erram a se arrependerem e seguirem o
caminho divino.
É
muito fácil ver os outros no caminho do pecado e apontar-lhes o dedo. Mas temos
o dever de evangelizar, convidar à mudança de pensamento. Devemos nos manter
fiéis ao cuidado do Senhor, pois ele tudo vê e percebe nossos atos de bondade e
também de pecado.
A
estrutura do Salmo 4 é a seguinte: 1. Clamor de libertação (v.1); 2. Aviso aos
ímpios, estimulando-os a deixar a falsidade e confiar em Deus (v.2-5); 3.
Afirmação de que só Deus é capaz de conceder a verdadeira alegria, paz de
espírito e segurança permanente (v.6-8).
1. CLAMOR POR LIBERTAÇÃO - (v.1)
àv.1. Davi abre esse Salmo com uma súplica ao
Senhor. Ele deseja ser ouvido pelo Deus da justiça, e demonstra sua confiança
baseada na fidelidade de Deus no passado. O Senhor já aliviou o sofrimento de
Davi. Ele confia numa resposta que parte da misericórdia divina.
Davi
fala de sua “angústia”, que traz uma ideia de “ficar preso num canto apertado”,
e esta era a realidade dele. Mesmo neta situação de aflição ele pode exclamar “e
tu me colocaste à vontade” ou “vieste me ajudar”. A oração expressa força nas
experiências passadas vividas por Davi na presença de Deus.
O
Salmo é escrito num entardecer, a noite estava chegando e com ela, além da
escuridão, muitas incertezas, mas o tema principal da oração de Davi é a paz
interior (v.8) em meio a uma situação extremamente perturbadora, que tinha
todos os elementos para tirar, não só a paz, mas a tranquilidade e o sono de
Davi.
A
aproximação da noite, com sua tentação no sentido de remoer injustiças passadas
(v.4) e perigos presentes, apenas serve como desafio para Davi tornar explicita
a sua fé e conclamar outros a tomarem parte dela, como modo de entregar ao fiel
Criador sua causa (v.4-5) e sua própria pessoa (v.3,8).
Dizemos
ao Senhor: “Tem misericórdia de mim e ouve a minha oração”, é o nosso melhor
rogo. O que não pedir bênçãos como o perdão, a justificação e a vida eterna,
deverá perecer por falta delas. Infelizmente muitos tomam uma decisão tão
terrível.
Quando
vivemos provações semelhantes a de Davi – que podem surgir em mais do que uma
ocasião – dá a entender que algo equivalente pode ocorrer na vida de qualquer
um. Bem vindo ao clube dos que são provados, mas não esmorecem, buscam a Deus e
clamam por libertação.
O que
faz Davi ter esta confiança é o caráter de Deus como sustentador da justiça e
da Sua aliança, através da qual é Protetor dos Seus. Estas afirmações não são
mera formalidade, mas são verdades que enriquecem o espírito e geram
expectativas positivas quanto a atuação de Deus em favor dos seus servos.
2. CLAMOR AO ÍMPIOS – (v.2-5)
àv.2. A linguagem desse verso se ajusta bem
ao período da rebelião de Absalão, pois ele e seus co-conspiradores tentaram
tirar a glória do rei legítimo. Os homens que apoiaram o filho rebelde
compartilharam seu amor da vaidade e depositaram confiança em suas mentiras.
àv.3. Homens injustos recusam escolher o bem
sobre o mal, mas Deus escolhe os bons sobre os maus! Os adversários de Davi não
venceriam o ungido do Senhor, mas ainda poderiam se submeter à vontade de Deus
e receber o benefício da sua proteção.
àv.4. A expressão “irai-vos” refere-se ao
efeito de ser agitado ou provocado por uma força externa, não à ira que vem do
próprio coração da pessoa. Algumas traduções refletem o mesmo sentido aqui como
exemplo “tremam de medo” (NTLH).
Parece
que Davi (e Paulo, também, quando cita o mesmo verso em Efésios 4:26) está ensinando
o leitor a não ser perturbado e induzido ao pecado, pois pode confiar em Deus e
achar sossego.
O
salmista adverte contra o pecado. Guardai com santa reverencia a glória e a
majestade de Deus. Nós, que temos muito a dizer aos nossos corações, não
devemos deixa-los sem a palavra. Examinemos com seriedade se nossos pensamentos
se ajustam a tudo o que é bom, e mantenhamo-los próximos a isto.
Devemos
refletir em nossas vidas, examinar nossas consciências, se fizemos algo mal,
para que nos arrependamos, para pedir e receber o perdão e assim estar em paz.
Num exercício íntimo e pessoal examinar nossos corações, mas jamais tentar
justificar ou negar um pecado diante de Deus.
Toda a
confiança deve ser posta na graça gratuita de Deus, pois só através da fé e
depois de ser justificado, o verdadeiro convertido poderá testemunhar aos
pecadores e exortá-los para que assim como ele, todos possam “confiar no
Senhor”.
àv.5. Para deixar a agitação da vaidade e
engano, é necessário renovar a relação com Deus. Sacrifícios, no Antigo
Testamento, foram uma maneira de buscar perdão e a restauração de comunhão,
permitindo que a pessoa arrependida encontrasse refúgio em Deus.
3. SEGURANÇA PLENA EM DEUS – (v.6-8)
àv.6,7. Na época de Davi, como nos dias de
hoje, muitos buscavam sinais visíveis do favor de Deus. Davi, porém, achou mais
prazer na confiança da sua comunhão com Deus – suas bênçãos espirituais – do
que na abundância de posses.
O povo
mundano busca o que é bom, mas não busca o supremo bem; tudo o que desejam é o
seu bem-estar exterior, o bem presente e parcial, boa comida, boa bebida, um
bom negócio e uma boa situação; porém, de que serve tudo isso?
Todo
bem serve para a gestão da maioria dos homens; porém, a alma bondosa não será
deixada de lado. Senhor, que tenhamos o teu favor, e faça-nos saber que o
temos, e não desejamos mais do que isto; satisfaça-nos com a tua bondade e
estaremos completamente satisfeitos com ela.
Muitos
buscam a felicidade, mas Davi a encontrou. Quando Deus coloca a sua graça em
nosso coração, deposita nele a felicidade. Assim consolado, Davi lamentou-se,
mas nunca invejou nem temeu ao pecador mis próspero.
àv.8. A tranquilidade de Davi não dependia
das suas circunstâncias. Mesmo se não tivesse nada, e ainda sendo perseguido
pelos seus inimigos, ele conseguiu dormir em sossego. Davi entendeu o que nós
precisamos crer: Deus é maior do que todos os problemas, provações e
adversários que nos perturbam. Paulo ensinou a mesma coisa (Filipenses 4:6-7).
A paz do Senhor nos guardará quando confiamos, de fato, em Deus.
Ele
encomenda todos os seus assuntos a Deus, e está preparado para cumprir
fielmente a sua santa vontade. Somente em Cristo há salvação. Onde estarão os
que o desprezam como seu Mediador e insultam-no através de seus discípulos? Que
o venerem e não pequem mais contra o único remédio.
CONCLUSÃO
A
mensagem é: conte com Deus e não haverá tristeza, dificuldades ou amarguras que
poderão te derrubar.
A paz
que o Senhor nos traz guia a nossa vida, por isso, crê nele, confia e
evangeliza, e ele continuará abençoando a sua vida.

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