Salmo
3
A
confiança em Deus nos faz descansar mesmo diante da angústia
INTRODUÇÃO
Os
Salmo 1 e 2 forma juntos uma introdução para o restante do livro. Estes dois
salmos trazem a mesma ideia: O homem abençoado é aquele que se refugia no filho
e se afasta dos ímpios. O primeiro foca no indivíduo, o segundo na nação.
Desta
forma os demais salmos ecoam como lembretes das verdades encontradas nos dois
primeiros. Às vezes por causa da situação do salmista, estas verdades parecem ficar
em dúvida. Mas, finalmente são afirmadas com confiança por causa do amor fiel e
do juízo certo de Deus.
Uma
característica importante do Salmo 3 se dá no fato de ser o primeiro Salmo com
um título (Quando fugia do seu filho Absalão), e é um dos catorze que assim se
ligam a episódios históricos, todos na vida de Davi. Sua fuga de Absalão é
narrada em 2 Samuel 15.13-17.22.
Embora
o título seja uma lembrança da angústia pessoal do rei, o próprio Salmo revela
os problemas maiores que oprimiam: a maré da deslealdade que vinha subindo
(v.1, 6 -conforme 2 Sm 15.13), o boato que dizia que Deus Se afastaria dele
(v.2 – conforme 2 Sm 15.26), e o estado precário do seu povo (v.8).
O
Salmo 3 abre uma sequencia de Salmos (até o 41) cujo tema gira em torno da
ideia de que “o justo sofre a pressão dos inimigos, mas é protegido contra eles
e por isso adora o seu Deus como resposta da salvação.”
O Salmo
3 mostra junto com muitos outros Salmos que se seguem, a experiência de vida do
salmista relatando suas dificuldades, crises, pecados, lutas e oposições. Surgem
então as seguintes perguntas: 1. Deus é fiel ao que disse no salmo 1 e 2?; 2. Onde
está a vida bem-aventurada?; 3. Será que algum dia vou louvá-lo com
integridade?
Apesar
de retratar um momento da vida de Davi, o Salmo retrata a nossa condição de
vida, e assim podemos refletir que nossos problemas não são nada comparados com
os de Davi, e a expectativa do rei não é nada comparada com a nossa.
Mesmo
enfrentando nosso cativeiro atual no qual ainda estamos neste mundo há uma
palavra de esperança e de alento para todos nós. Não desanimemos, pois, de
nossa luta porque há grande recompensa para nós, em Cristo Jesus.
1. A INIMIZADE HUMANA - (v.1,2)
Estar
na minoria já é um teste dos nervos; mais ainda, quando esta minoria está se reduzindo
(“como tem crescido o número dos meus
adversários!”; veja 2 Sm 15.12-13), e a oposição está ativa (se levantaram
contra mim) e acusadora – pois a referência do v.2 “Deus não o ajudará”, é primeiramente contra
Davi e não contra Deus (veja 2 Sm 16.8).
Esta
afirmação dos inimigos foi uma flechada que chegou ao alvo – mas foi benéfica,
pois Davi, com a consciência doendo, se lançou sobre a misericórdia de Deus (2
Sm 16.11-12), e, conforme demonstram os versículos seguintes, sobre Sua
fidelidade.
Quanto
mais o crente ativo é abatido por Deus, seja pelas repreensões da providencia,
seja pela reprovação de seus inimigos, tomará uma postura mais firme e se unirá
mais estritamente a Ele.
Os que
são filhos de Deus não se conformam diante da simples possibilidade de perder a
esperança no auxílio de Deus. Neste salmo nós vemos o que Deus é para o seu
povo, o que será no futuro para nós, o que nEle encontramos, são três coisas:
1.
Segurança: “um escudo para mim”. Esta afirmação denota a vantagem desta afirmação.
2.
Honra: Aqueles a quem Deus reconhece como seus, têm verdadeira honra sobre si.
3.
Gozo e libertação: Se o povo de Deus levanta a sua cabeça com gozo no pior dos
momentos, ciente de que tudo contribuirá para o seu bem, reconhecerão a Deus
como aquele que lhes dá motivo e coração para regozijar-se.
2. PROTEÇÃO DIVINA - (v.3,4)
Os
termos do v.3 tornam sempre mais positivos, progredindo da segurança para a confiança
animada: “me proteges como um escudo”. Davi tinha convicção que Deus estava
guardando sua vida e que isso para ele era um motivo de alegria, pois tinha a
honra de servir a um Deus presente e fiel.
Deus é
aquele que dá a vitória. Vejamos aqui o contraste glorioso com o quadro de tristeza
e de súplica descritos nos versos anteriores conforme a realidade relatada em 2
Samuel 15.30: “chorando... a cabeça coberta e caminhava descalço”.
Deus,
na sua majestade não se esquece de Davi, ao contrário dos seres humanos que
sempre são instáveis e infiéis, Deus ouve sua oração e se mobiliza para acudir.
Aquele que está “no monte santo” – lugar onde Deus instalaria tanto Seu rei, o
próprio Davi e Sua arca, o símbolo do Seu trono terrestre e do Seu pacto.
Não
seria o decreto de Abasalão, mas o do Senhor, que será emitido do monte Sião;
de fato, já foi enviado de lá (“clamo...
e ele me respondeu”) para determinar o destino de Davi. O equivalente
cristão desta fé se vê na oração em Atos 4.23ss.
Os
cuidados e as tristezas fazem-nos bem quando nos levam a orar fervorosamente a
Deus. Davi sempre encontrou Deus disposto a responder as suas orações. Nada é
capaz de colocar uma separação entre a comunicação da graça divina e nós
mesmos, e entre a obra de sua graça em nós, nem entre o seu favor e a nossa fé.
3. A PAZ DE ESPÍRITO - (v.5,6)
Davi
descansa na certeza que Deus o escutaria: “eu
me deito e durmo tranquilo”, e foi assim mesmo que aconteceu. A expressão “não tenho medo” (v.6) é consequência da
sua fé e confiança que os seus muitos inimigos, embora o estivessem cercando de
todos os lados, não significavam mais uma ameaça, Davi pode enfrentar o pior
com confiança.
Davi
sempre estivera a salvo sob a proteção divina. Isto se aplica às misericórdias
que estamos acostumados a receber todas as noites, pelas quais damos graças a
cada manhã. Muitos se deitam, mas não podem dormir por causa da dor que sentem
em seu corpo, pela angústia mental ou por sentir-se continuamente alarmados
pelo terror noturno.
Porém,
aqui parece que esta passagem se refere mais à tranquilidade de espírito que
Davi sentia em situações de perigo. O Senhor colocou-o em paz por sua graça e
pelas consolações do Espírito Santo. É uma grande misericórdia que a nossa
mente persevere em Deus quando estamos com problemas.
Nosso
exemplo é Jesus, que calmamente se dispõe sobre a cruz, o seu leito de dores,
ao entregar o seu espírito nas mãos do Pai, com plena confiança de sua
ressurreição. Devemos deixar que a fé nos ensine tanto a dormir como a morrer,
enquanto nos assegura que o dormir é uma morte curta, e o morrer é somente um
descanso prolongado e consciente no paraíso.
4. VITÓRIA E BÊNÇÃO – (v.7,8)
Para
Davi, escolhido para ser rei, se refugiar e se esconder não basta. Aceitar
menos que a vitória seria virtualmente a abdicação do trono. Ele demonstra sua
humildade e dependência reconhecendo que, sem o Senhor, não há solução nem
sucesso que valha a pena obter.
O
Salmo termina declarando que “não há vitórias que não sejam do Senhor”. Assim
termina o salmo, olhando para além do “eu” e “me” de todos os versículos
anteriores, para “teu povo e tua bênção”, que vai tão longe além da vitória
como a saúde e a frutificação vão além da sobrevivência.
Sem
esta benção do Senhor, mesmo um povo reunido terá falta do hálito/sopro da
vida; com ela, pode abençoar o mundo.
A fé
que Davi possuía era triunfante. Ele começou este salmo com queixas sobre a
força e a malícia de seus inimigos; porém, o conclui regozijando-se no poder e
na graça de seu Deus e, agora, vê mais fatos a seu próprio favor do que contra
ele.
A
salvação pertence ao Senhor. Ele tem o poder para salvar, ainda que o perigo
seja imenso. Todos os que têm o Senhor como o seu Deus estão seguros de sua
própria salvação, porque o nosso Deus é o Deus da salvação.
CONCLUSÃO
Davi
nos primeiros versículos se queixa a Deus por causa de seus inimigos, e confia
que seria socorrido. Nós, além das queixas, também confiamos no Seu socorro?
Os
últimos versos mostram como Davi triunfa sobre os seus temores, dá a glória a
Deus, e toma o consolo para si mesmo.
Como
você tem lidado com seus temores? Você os domina ou eles estão te dominando?
Você
tem glorificado ao Senhor mesmo nas provações? O Seu consolo é real para você?

Nenhum comentário:
Postar um comentário