Salmo
2
TODA
NAÇÃO DEVE ADORAR AO SENHOR
INTRODUÇÃO
Os Salmos
1 e 2 formam uma introdução apropriada para o todo o livro. Uma vez que os
Salmos se preocupam com os conflitos existenciais do homem, não é de admirar
que em seu início, Deus propusesse as duas únicas maneiras pelas quais o
indivíduo pode fazer frente às perplexidades da vida. Ambos poemas tratam de
revolta contra Deus e da devoção que Lhe é devida; em ambos transparece o tema
da justiça retributiva de Deus e da futilidade da existência humana
independente dEle. A bem-aventurança com que se inicia o primeiro, encerra o
segundo.
No Salmo
1 (focado no indivíduo) as duas maneiras de encarar a vida aparecem num plano
individual, contrastando o homem que pauta sua vida pela Lei do Senhor com
aquele que O despreza. No Salmo 2 (focado na nação), as duas maneiras são
projetadas nacionalmente, em termos da submissão dos povos ao justo governo de
Deus através do Seu Ungido. O inter-relacionamento dos dois primeiros salmos não
coincidência.
É
claro que o editor final do saltério quis comunicar através deles um
referencial para a vida feliz: a submissão a Deus, quer mediante a absorção
pessoal de Sua vontade revelada nas Escrituras, quer pela obediência voluntária
ao reino teocrático estabelecido por Ele, produzirá uma vida de realização
pessoal que só pode ser expressa por uma alegria vinda do próprio céu.
O
Salmo dois faz a migração do indivíduo para a nação. As quatro cenas apresentadas
neste Salmo têm sido fonte de perplexidade para muitos comentaristas. Um salmo
cuja estrutura é tão elaborada traz em si a intenção de projetar a rebeldia
humana do coração do indivíduo para a vida das nações. Escrito e utilizado
tendo em vista a coroação dos descendentes de Davi como regentes do Senhor, o
Supremo Rei, este salmo vai além do ungido humano para nos mostrar o Ungido
divino (cf. Atos 13.33), em quem as "fiéis promessas feitas a Davi"
terão cumprimento total.
Deus é
soberano, longânimo para com o homem, justo em sua avaliação e retribuição da
rebeldia humana. Seu plano eterno é intervir na História de modo a demonstrar
definitivamente não apenas a fragilidade do homem e quão hediondo é o pecado,
mas também que a essência da realização e felicidade para a raça humana está na
submissão voluntária ao senhorio do Messias.
Pela
perspectiva divina, este nosso mundo só será radicalmente transformado em sua
estrutura pela intervenção pessoal do Messias Divino. Esforços libertários,
sejam eles ideológicos ou teológicos, de direita, esquerda ou centro, não
produzirão a Utopia esperada. O fato de vivermos nos últimos tempos deve nos
levar ao equilíbrio que evita a passividade diante do crescimento brutal da
injustiça humana e evita também um ativismo antropocêntrico onde queremos tirar
das mãos de Deus as rédeas do mundo.
Nossa
missão é, ainda hoje, a de convidar homens a se submeterem ao senhorio de Deus
mediante a fé em Cristo, nosso divino Messias, morto por nossos pecados e ressurreto
ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Nele há bem-aventurança – alegria celestial
– para todos, a despeito de sua condição política, intelectual ou
socioeconômica.
1. CENA 1 – AS NAÇÕES PAGÃS (v.1-3)
As nações se
enfurecem.
Resumo: Nações pagãs planejam revoltas; Povos fazem planos tolos; Reis e
governadores contra Deus e Seu rei; Não queremos mais ser submissos a Deus.
Os versos 1 e 2
indicam uma rebelião contra o Senhor, cuja seus principais líderes se exaltam e
se enchem de ira, não se submetendo a Deus. Neste versículo assim, encontramos
duas palavras que requer um significado para melhor entendimento do trecho, “gentios” que são aqueles que não
acreditam e não se entregam a Deus e também no momento que é escrito “seu Ungido” que possui o significado de:
Messias ou Cristo.
Inicialmente, os
estudiosos da Bíblia diziam que estas “gentes” se referiam as nações que
enfrentavam Davi e seus sucessores. Entretanto, hoje sabe-se que os reis
davídicos eram apenas sombras do verdadeiro rei que viria, Jesus Cristo.
Portanto, o ataque mencionado no Salmo 2 é a Jesus e ao Reino Divino. É o
ataque da Cruz, o ataque da blasfêmia daqueles que resistiram ao evangelho e
ignoraram o reino dos céus.
O Senhor é Deus Pai,
o Ungido é seu Filho Jesus. A palavra ungido dá sentido de nobreza a cristo,
pois somente os reis eram ungidos. Na passagem, os reis da terra tentavam se
opor a Jesus, o Rei de todo o Universo.
O versículo 3 com
muita sabedoria vem para mostrar como os homens rebeldes e sem compaixão por
Deus enxergam a vida dos justos. Eles acreditam que a Bíblia e o modo como
aqueles que vivem pelo Senhor é de fato horrível e tira qualquer prazer que possuem
pela vida. Por isso, ao invés de enxergarem o evangelho como libertador, na
realidade o culpa por colocar algemas e retirar qualquer prazer ou vontade de
vida.
O rompimento das
ataduras faz referência à cena do fim dos tempos descrita detalhadamente no
Novo Testamento (Ap 19.11-21). Os reis da terra vão contra Jesus, com palavras
de rebeldia.
2. CENA 2 – O SENHOR SOBERANO (v.4-6)
O Senhor zomba
deles.
Resumo: Deus os observa e se diverte com os reis rebeldes; Deus fica bravo e os
assusta; Já estabeleci meu rei em Sião.
Os versículos 4 e 5
mostram como nós seres humanos somos pequenos e indefesos perante a força do
Senhor, além disso comenta também que Ele zombará de todos aqueles que tentar
testar a ira divina. É patético e descabido rebelar-se contra Deus, todo
Poderoso. Deus é o Rei do Universo e por isso zomba dos reis da Terra, que na
sua insignificância acham que poderá atacar o Seu Filho. Quem são os reis da
terra comparados a Deus? Ninguém.
Seguindo pelo
versículo 6 é inacreditável o modo como o autor coloca sua profecia em prova.
Ele escreve as palavras muitos anos antes de Jesus Cristo vim a salvar a todos.
É a prova de como a profecia da chegada de um Messias se cumpriria.
Davi e seus
herdeiros receberam de Deus a promessa de que reinariam sobre os israelitas.
Sião, dito no texto, é outro nome de Jerusalém. O lugar de Sião era santo, pois
assim Deus disse. Foi onde Abraão atou seu filho Isaque e onde também foi
construído o templo sagrado onde faleceria o Salvador.
3. CENA 3 – O REI QUE GOVERNA (v.7-9)
O rei destruirá os
opositores.
Resumo: O rei reafirma sua filiação real; As nações e o mundo pertencem ao rei;
Ele exercerá sobre elas juízo e condenação.
O versículo 7,
relaciona totalmente a ressurreição de Cristo. Seu poder e vitória contra a
morte, onde tomou seu lugar e cuidou de todos, aniquilando qualquer pecado da
humanidade.
Quase finalizando
pelo versículo 8, a herança em que ele revela é para Jesus Cristo, após
diversos trechos de promessas e profecias, o autor mostra como Deus liberta sua
autoridade e passa para o Rei dos reis, vencedor de toda a glória a fim de que
ele – com seu amor – possa controlar a terra.
A cada vez que um
filho legítimo de Davi era coroado como sucessor de seu pai em Jerusalém, essas
palavras eram proferidas. Então, o novo rei era adotado por Deus como seu
filho. Essa adoção era anunciada em uma cerimônia solene de coroação e adoração
a Deus. No Novo Testamento, Jesus declara-se como Rei, como o ungido, o
verdadeiro Cristo, filho do Pai.
No versículo 9
quando ele cita a vara de ferro, mostra que Jesus Cristo estava predestinado, e
que seu reinado era concreto, verdadeiro e inevitável. Por esse motivo não iria
adiantar de nada qualquer tipo de rebelião. O reinado do Filho de Deus, Jesus
Cristo, seria absoluto, inevitável e incontestável. Não haveria espaço ou
possibilidades para rebelião.
O pano de fundo para
o conceito de Rei ungido no Salmo é 2 Samuel 7.4-17. Olhe para Atos 4.24-28. A
descrição no Salmo 2.1-3 está apontando para que evento importante: os
poderosos se uniram para impedir o avanço do Evangelho da Salvação. A rebelião
das nações contra Deus no Salmo 2.1-3 estava apontando para a crucificação de
Jesus – “ao qual (Deus) ungiste” (Atos 4.27).
Veja Atos 13.22-23,
32-33 (olhe também para o contexto maior em Atos 13.16-38). O que Paulo está
dizendo a respeito de Jesus, que ele sustenta as suas afirmações com o Salmo 2,
é que Jesus é o descendente de Davi, e Ele é o cumprimento da promessa de Deus
de mandar um salvador para o Seu povo. Ao ressuscitar Jesus d’entre os mortos,
Deus indicou que Jesus era o cumprimento de Sua promessa.
A citação de Paulo
do Salmo 2 nos mostra que Jesus é o rei do Salmo 2. A filiação/reinado de Jesus
é inaugurada e declarada de uma forma especial na Sua ressurreição (veja também
Rm 1.3-6 e 2 Tm 2.8). Atos 2.30 e 36 também são passagens importantes que estão
ligadas ao Salmo 2 (veja também Salmo 16.8-11 e 110.1).
É importante também
o fato que todos os evangelhos estabelecem a Filiação/Reinado de Jesus e o Novo
Testamento termina com uma forte ênfase disso também (veja Ap 1.5 e 11.15-18;
compare com Ap 1.17-18, 19.10-16).
4. CENA 4 – FUTURO DAS NAÇÕES (v.10-12)
Sejam prudentes: se
refugiem no filho. Resumo: Deus manda um recado às nações pagãs; Vocês
devem adorar e temer a Deus, para evitar o juízo; A felicidade vem da proteção
de Deus.
Nos versículos 10 e
11, surge um pedido de prudência para todos os reis da terra, para que se juntem
e se alegrem no Senhor. Cita também o temor, que somente com ele é possível ter
adoração e respeito e assim receber em troca a verdadeira alegria de poder
viver nos ensinamentos de Cristo.
O pedido de
prudência é para que os reis da terra se submetessem ao Ungido, ao Filho de
Deus. Ele diz para que eles se alegrem, mas com temor. Pois somente com temor,
teriam a reverência, adoração e respeito devido ao Santíssimo Deus. Somente
assim a verdadeira alegria poderia vir.
Para finalizar no
versículo 12, amar o Ungido, isto é, amar sobre todas as coisas o rei dos reis:
Jesus Cristo. Com estas palavras, percebe-se a real intenção de mostrar ao povo
a única opção correta e de salvação: amar o Ungido. Deus dá a sua benção a quem
respeita sua vontade e seu filho, quem e recusa a obedecer, sofrerá da ira
divina.
Curiosamente o Salmo
2 não termina com o registro do derramamento imediato da ira de Deus sobre os
impenitentes. Ao invés disso, ele termina destacando a responsabilidade humana
e indicando qual deve ser a reação sensata por parte dos homens diante da
soberania do Senhor.
Nesse sentido, o
salmista pontua cinco recomendações que fazem daqueles que as obedecem
bem-aventurados. São elas: 1) sede prudentes; 2) deixai-vos advertir; 3) servi
ao Senhor com temor; 4) alegrai-vos nele com tremor; 5) beijai o Filho para que
se não irrite, e pereçais no caminho – uma expressão que se refere a um ato que
simboliza submissão e fidelidade (Salmo 2.10-12).
Essas recomendações
expressam a graça e a misericórdia do Senhor. Por isso aqueles que se refugiam
nele são bem-aventurados. Contudo, a justiça de Deus não deixará a
pecaminosidade humana impune. Na verdade, adverte o salmista no Salmo 2, dentro
de pouco tempo a ira do Senhor se ascenderá. Quando o dia do juízo de Deus chegar,
ninguém poderá escapar (Ap 6.16,17).
CONCLUSÃO:
No Salmo 2, o homem/nação
verdadeiramente feliz e próspero corre para o Filho, o rei ungido por Deus,
para se refugiar. Ele também evita o caminho que perecerá por causa de sua
postura quanto ao Filho.
Aqueles que se
rebelam contra o Rei de Deus serão julgados, mas aqueles que se refugiam nEle
serão abençoados (ou bem-aventurados); ou aquele que se refugia no Rei de Deus
será bem-aventurado.
A partir dos Salmos 1
e 2 temos um parâmetro para buscar a verdadeira felicidade tanto no âmbito
pessoal quanto comunitário. Ser “bem-aventurado” não é obra do acaso, mas
resultado de uma busca e uma entrega a Deus, por intermédio de Seu Filho, Jesus
Cristo, o nosso Messias e Rei.
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