3 de set. de 2019

Que Todas as Nações O Adorem - Salmo 2



Salmo 2
TODA NAÇÃO DEVE ADORAR AO SENHOR

INTRODUÇÃO
Os Salmos 1 e 2 formam uma introdução apropriada para o todo o livro. Uma vez que os Salmos se preocupam com os conflitos existenciais do homem, não é de admirar que em seu início, Deus propusesse as duas únicas maneiras pelas quais o indivíduo pode fazer frente às perplexidades da vida. Ambos poemas tratam de revolta contra Deus e da devoção que Lhe é devida; em ambos transparece o tema da justiça retributiva de Deus e da futilidade da existência humana independente dEle. A bem-aventurança com que se inicia o primeiro, encerra o segundo.
No Salmo 1 (focado no indivíduo) as duas maneiras de encarar a vida aparecem num plano individual, contrastando o homem que pauta sua vida pela Lei do Senhor com aquele que O despreza. No Salmo 2 (focado na nação), as duas maneiras são projetadas nacionalmente, em termos da submissão dos povos ao justo governo de Deus através do Seu Ungido. O inter-relacionamento dos dois primeiros salmos não coincidência.

É claro que o editor final do saltério quis comunicar através deles um referencial para a vida feliz: a submissão a Deus, quer mediante a absorção pessoal de Sua vontade revelada nas Escrituras, quer pela obediência voluntária ao reino teocrático estabelecido por Ele, produzirá uma vida de realização pessoal que só pode ser expressa por uma alegria vinda do próprio céu.
O Salmo dois faz a migração do indivíduo para a nação. As quatro cenas apresentadas neste Salmo têm sido fonte de perplexidade para muitos comentaristas. Um salmo cuja estrutura é tão elaborada traz em si a intenção de projetar a rebeldia humana do coração do indivíduo para a vida das nações. Escrito e utilizado tendo em vista a coroação dos descendentes de Davi como regentes do Senhor, o Supremo Rei, este salmo vai além do ungido humano para nos mostrar o Ungido divino (cf. Atos 13.33), em quem as "fiéis promessas feitas a Davi" terão cumprimento total.
Deus é soberano, longânimo para com o homem, justo em sua avaliação e retribuição da rebeldia humana. Seu plano eterno é intervir na História de modo a demonstrar definitivamente não apenas a fragilidade do homem e quão hediondo é o pecado, mas também que a essência da realização e felicidade para a raça humana está na submissão voluntária ao senhorio do Messias.
Pela perspectiva divina, este nosso mundo só será radicalmente transformado em sua estrutura pela intervenção pessoal do Messias Divino. Esforços libertários, sejam eles ideológicos ou teológicos, de direita, esquerda ou centro, não produzirão a Utopia esperada. O fato de vivermos nos últimos tempos deve nos levar ao equilíbrio que evita a passividade diante do crescimento brutal da injustiça humana e evita também um ativismo antropocêntrico onde queremos tirar das mãos de Deus as rédeas do mundo.
Nossa missão é, ainda hoje, a de convidar homens a se submeterem ao senhorio de Deus mediante a fé em Cristo, nosso divino Messias, morto por nossos pecados e ressurreto ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Nele há bem-aventurança – alegria celestial – para todos, a despeito de sua condição política, intelectual ou socioeconômica.

1. CENA 1 – AS NAÇÕES PAGÃS (v.1-3)
As nações se enfurecem. Resumo: Nações pagãs planejam revoltas; Povos fazem planos tolos; Reis e governadores contra Deus e Seu rei; Não queremos mais ser submissos a Deus.
Os versos 1 e 2 indicam uma rebelião contra o Senhor, cuja seus principais líderes se exaltam e se enchem de ira, não se submetendo a Deus. Neste versículo assim, encontramos duas palavras que requer um significado para melhor entendimento do trecho, “gentios” que são aqueles que não acreditam e não se entregam a Deus e também no momento que é escrito “seu Ungido” que possui o significado de: Messias ou Cristo.
Inicialmente, os estudiosos da Bíblia diziam que estas “gentes” se referiam as nações que enfrentavam Davi e seus sucessores. Entretanto, hoje sabe-se que os reis davídicos eram apenas sombras do verdadeiro rei que viria, Jesus Cristo. Portanto, o ataque mencionado no Salmo 2 é a Jesus e ao Reino Divino. É o ataque da Cruz, o ataque da blasfêmia daqueles que resistiram ao evangelho e ignoraram o reino dos céus.
O Senhor é Deus Pai, o Ungido é seu Filho Jesus. A palavra ungido dá sentido de nobreza a cristo, pois somente os reis eram ungidos. Na passagem, os reis da terra tentavam se opor a Jesus, o Rei de todo o Universo.
O versículo 3 com muita sabedoria vem para mostrar como os homens rebeldes e sem compaixão por Deus enxergam a vida dos justos. Eles acreditam que a Bíblia e o modo como aqueles que vivem pelo Senhor é de fato horrível e tira qualquer prazer que possuem pela vida. Por isso, ao invés de enxergarem o evangelho como libertador, na realidade o culpa por colocar algemas e retirar qualquer prazer ou vontade de vida.
O rompimento das ataduras faz referência à cena do fim dos tempos descrita detalhadamente no Novo Testamento (Ap 19.11-21). Os reis da terra vão contra Jesus, com palavras de rebeldia.

2. CENA 2 – O SENHOR SOBERANO (v.4-6)
O Senhor zomba deles. Resumo: Deus os observa e se diverte com os reis rebeldes; Deus fica bravo e os assusta; Já estabeleci meu rei em Sião.
Os versículos 4 e 5 mostram como nós seres humanos somos pequenos e indefesos perante a força do Senhor, além disso comenta também que Ele zombará de todos aqueles que tentar testar a ira divina. É patético e descabido rebelar-se contra Deus, todo Poderoso. Deus é o Rei do Universo e por isso zomba dos reis da Terra, que na sua insignificância acham que poderá atacar o Seu Filho. Quem são os reis da terra comparados a Deus? Ninguém.
Seguindo pelo versículo 6 é inacreditável o modo como o autor coloca sua profecia em prova. Ele escreve as palavras muitos anos antes de Jesus Cristo vim a salvar a todos. É a prova de como a profecia da chegada de um Messias se cumpriria.
Davi e seus herdeiros receberam de Deus a promessa de que reinariam sobre os israelitas. Sião, dito no texto, é outro nome de Jerusalém. O lugar de Sião era santo, pois assim Deus disse. Foi onde Abraão atou seu filho Isaque e onde também foi construído o templo sagrado onde faleceria o Salvador.
3. CENA 3 – O REI QUE GOVERNA (v.7-9)
O rei destruirá os opositores. Resumo: O rei reafirma sua filiação real; As nações e o mundo pertencem ao rei; Ele exercerá sobre elas juízo e condenação.
O versículo 7, relaciona totalmente a ressurreição de Cristo. Seu poder e vitória contra a morte, onde tomou seu lugar e cuidou de todos, aniquilando qualquer pecado da humanidade.
Quase finalizando pelo versículo 8, a herança em que ele revela é para Jesus Cristo, após diversos trechos de promessas e profecias, o autor mostra como Deus liberta sua autoridade e passa para o Rei dos reis, vencedor de toda a glória a fim de que ele – com seu amor – possa controlar a terra.
A cada vez que um filho legítimo de Davi era coroado como sucessor de seu pai em Jerusalém, essas palavras eram proferidas. Então, o novo rei era adotado por Deus como seu filho. Essa adoção era anunciada em uma cerimônia solene de coroação e adoração a Deus. No Novo Testamento, Jesus declara-se como Rei, como o ungido, o verdadeiro Cristo, filho do Pai.
No versículo 9 quando ele cita a vara de ferro, mostra que Jesus Cristo estava predestinado, e que seu reinado era concreto, verdadeiro e inevitável. Por esse motivo não iria adiantar de nada qualquer tipo de rebelião. O reinado do Filho de Deus, Jesus Cristo, seria absoluto, inevitável e incontestável. Não haveria espaço ou possibilidades para rebelião.
O pano de fundo para o conceito de Rei ungido no Salmo é 2 Samuel 7.4-17. Olhe para Atos 4.24-28. A descrição no Salmo 2.1-3 está apontando para que evento importante: os poderosos se uniram para impedir o avanço do Evangelho da Salvação. A rebelião das nações contra Deus no Salmo 2.1-3 estava apontando para a crucificação de Jesus – “ao qual (Deus) ungiste” (Atos 4.27).
Veja Atos 13.22-23, 32-33 (olhe também para o contexto maior em Atos 13.16-38). O que Paulo está dizendo a respeito de Jesus, que ele sustenta as suas afirmações com o Salmo 2, é que Jesus é o descendente de Davi, e Ele é o cumprimento da promessa de Deus de mandar um salvador para o Seu povo. Ao ressuscitar Jesus d’entre os mortos, Deus indicou que Jesus era o cumprimento de Sua promessa.
A citação de Paulo do Salmo 2 nos mostra que Jesus é o rei do Salmo 2. A filiação/reinado de Jesus é inaugurada e declarada de uma forma especial na Sua ressurreição (veja também Rm 1.3-6 e 2 Tm 2.8). Atos 2.30 e 36 também são passagens importantes que estão ligadas ao Salmo 2 (veja também Salmo 16.8-11 e 110.1).
É importante também o fato que todos os evangelhos estabelecem a Filiação/Reinado de Jesus e o Novo Testamento termina com uma forte ênfase disso também (veja Ap 1.5 e 11.15-18; compare com Ap 1.17-18, 19.10-16).

4. CENA 4 – FUTURO DAS NAÇÕES (v.10-12)
Sejam prudentes: se refugiem no filho. Resumo: Deus manda um recado às nações pagãs; Vocês devem adorar e temer a Deus, para evitar o juízo; A felicidade vem da proteção de Deus.
Nos versículos 10 e 11, surge um pedido de prudência para todos os reis da terra, para que se juntem e se alegrem no Senhor. Cita também o temor, que somente com ele é possível ter adoração e respeito e assim receber em troca a verdadeira alegria de poder viver nos ensinamentos de Cristo.
O pedido de prudência é para que os reis da terra se submetessem ao Ungido, ao Filho de Deus. Ele diz para que eles se alegrem, mas com temor. Pois somente com temor, teriam a reverência, adoração e respeito devido ao Santíssimo Deus. Somente assim a verdadeira alegria poderia vir.
Para finalizar no versículo 12, amar o Ungido, isto é, amar sobre todas as coisas o rei dos reis: Jesus Cristo. Com estas palavras, percebe-se a real intenção de mostrar ao povo a única opção correta e de salvação: amar o Ungido. Deus dá a sua benção a quem respeita sua vontade e seu filho, quem e recusa a obedecer, sofrerá da ira divina.
Curiosamente o Salmo 2 não termina com o registro do derramamento imediato da ira de Deus sobre os impenitentes. Ao invés disso, ele termina destacando a responsabilidade humana e indicando qual deve ser a reação sensata por parte dos homens diante da soberania do Senhor.
Nesse sentido, o salmista pontua cinco recomendações que fazem daqueles que as obedecem bem-aventurados. São elas: 1) sede prudentes; 2) deixai-vos advertir; 3) servi ao Senhor com temor; 4) alegrai-vos nele com tremor; 5) beijai o Filho para que se não irrite, e pereçais no caminho – uma expressão que se refere a um ato que simboliza submissão e fidelidade (Salmo 2.10-12).
Essas recomendações expressam a graça e a misericórdia do Senhor. Por isso aqueles que se refugiam nele são bem-aventurados. Contudo, a justiça de Deus não deixará a pecaminosidade humana impune. Na verdade, adverte o salmista no Salmo 2, dentro de pouco tempo a ira do Senhor se ascenderá. Quando o dia do juízo de Deus chegar, ninguém poderá escapar (Ap 6.16,17).

CONCLUSÃO:
No Salmo 2, o homem/nação verdadeiramente feliz e próspero corre para o Filho, o rei ungido por Deus, para se refugiar. Ele também evita o caminho que perecerá por causa de sua postura quanto ao Filho.
Aqueles que se rebelam contra o Rei de Deus serão julgados, mas aqueles que se refugiam nEle serão abençoados (ou bem-aventurados); ou aquele que se refugia no Rei de Deus será bem-aventurado.
A partir dos Salmos 1 e 2 temos um parâmetro para buscar a verdadeira felicidade tanto no âmbito pessoal quanto comunitário. Ser “bem-aventurado” não é obra do acaso, mas resultado de uma busca e uma entrega a Deus, por intermédio de Seu Filho, Jesus Cristo, o nosso Messias e Rei.


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