Salmo
137
A
LEMBRANÇA DA CASA DE DEUS SUSCITA DESEJO DE JUSTIÇA
INTRODUÇÃO
Este
poema melancólico, com poder poético, é uma das composições mais encantadoras
de todo o Livro dos Salmos. A primeira parte dele, que é muito terno e
patriótico. No cativeiro babilônico, a ordem estabelecida da adoração de Deus
foi derrubada e o salmista reclama das provocações que os inimigos fazem.
A
situação aqui vivida neste salmo é muito complicada e as esperanças e forças já
não mais davam sinais de vida. O salmista traz uma palavra de conforto para seu
povo no cativeiro, para animá-los com a esperança de libertação.
Foram
70 anos de cativeiro duro. Pode ser que alguns judeus tenham nascido no cativeiro
ou enfrentado a morte nele sem nem ao menos saber o que é uma vida livre. Deus
tinha alertado o seu povo por meio de seus profetas que isso iria acontecer,
mas não ouviram a voz de alerta, antes banqueteavam-se em suas orgias e
depravações, rejeitando o nome de Deus e suas misericórdias e graça.
Nos
versos finais (v.7-9), temos expressões de indignação abrasadora contra os
principais adversários de Israel - uma indignação tão justa quanto fervorosa.
Que o critiquem aqueles que nunca viram seu templo incendiado, sua cidade
arruinada, suas esposas violadas, e depois crianças assassinadas; poderiam não
se exprimir, quem sabe, de modo tão aveludado se tivessem sofrido desta
maneira.
Uma
coisa é falar do sentimento de amargura que perturbou os israelitas cativos na
Babilônia, e outra bem diferente é sermos prisioneiros nós mesmos, oprimidos
por um poder selvagem e desapiedado. Esse canto poderia muito bem ser cantado
no muro de lamentações dos judeus. É um fruto do cativeiro na Babilônia, e
muitas vezes já serviu como expressão de tristezas que de outra maneira teriam
sido impossíveis de exprimir.
Choro,
saudade e vingança são três temas que aparecem neste salmo. Nem todos aceitam a
mensagem deste salmo facilmente, por causa da oração imprecatória (desejo expresso
de que algo de mau aconteça a um ser ou a uma coisa; praga, maldição, vociferação).
Não se
fala quase nada sobre os cativos na Babilônia, portanto, este salmo é uma raridade.
O que povo fazia e como vivia enquanto estava no cativeiro é um enigma para
nós. O que sabemos está neste salmo e ele nos dá um relato de como o povo
deveria estar triste longe de sua terra.
Se a
bondade de Deus tem nos alcançado e a sua misericórdia tem nos assistido o momento
não pode ser de festa pessoal, carnal, mas de adoração e cuidado. Com Deus não
se brinca! Rejeitá-lo é a pior coisa que podemos fazer. Quem vira as costas
para Deus está desprezando a última balsa que poderia livrá-lo da morte.
Mesmo
enfrentando nosso cativeiro atual no qual ainda estamos neste mundo há uma
palavra de esperança e de alento para todos nós. Não desanimemos, pois, de
nossa luta porque há grande recompensa para nós, em Cristo Jesus.
1. O CHORO AO LEMBRAR DE JERUSALÉM - (v.1-4)
A
cidade de Sião esquecida na prosperidade. Seus cultos negligenciados; seus
sacerdotes desmoralizados; o culto de Baal e Astarote preferidos ao culto do
verdadeiro Deus.
Sião
lembrado na adversidade. Na Babilônia, mais do que em Jerusalém; nas margens do
Eufrates mais do que nas margens do Jordão; com lágrimas quando poderiam ter-se
lembrado dele com alegria.
O povo
em cativeiro desenvolve profundos sentimentos e conflitos. Este salmo é a demonstração
de sentimentos profundos e esperanças frustradas. Há muitas razões pelas quais
as pessoas choram. A morte tem sido a razão principal do choro, pois ela
arranca lágrimas até de quem não é acostumado a chorar.
O povo
de Judá chorava um choro solitário. Uma mistura de saudades, frustrações, luto,
raiva e arrependimento. Aqueles ribeiros, canais do Tigre e Eufrates, se
tornaram a fonte de lamentação do povo (v.1). Os salgueiros, por ironia,
conhecidos como chorões, eram prateleiras de harpas. A cena era triste, pois
talvez até levassem os instrumentos para à beira dos rios, mas perdiam a
vontade de tocar, tamanha a tristeza (v.2).
Uma
confissão de alegria mudada em tristeza: "penduramos". Os gemidos de
suas harpas nos salgueiros combinavam melhor com suas emoções do que quaisquer melodias
que antes costumassem tocar. O outeiro das lágrimas sendo transformado em
alegria.
Em
lembrança de alegrias perdidas. Levaram suas harpas consigo ao cativeiro, e
penduraram-nas para uso futuro. Suas harpas estavam associadas a um passado
glorioso. Não podiam esquecer esse passado. Conservavam o velho bom costume. Há
sempre à mão os meios de recordar.
Em
antecipação de bênção futura. Não despedaçaram suas harpas. O tempo de exílio
era limitado. A volta foi predita expressamente. Vamos querer nossas harpas nos
tempos bons que virão. Pecadores tocam suas harpas agora, mas logo vão precisar
colocá-las de lado para sempre. Os novos amigos, antes invasores e inimigos,
tentavam “quebrar o gelo” pedindo aos judeus expressarem sua cultura e alegria
através da música (v.3).
Os
judeus não separavam música de louvor. Para eles, a música era a expressão de
louvor a Deus, mas agora há uma razão para não cantar. O lugar de adoração é o
Templo e este está longe e destruído. O objeto da adoração é Deus e o povo está
em pecado e sofrendo o juízo. É tempo de chorar e não de cantar. É tempo de
arrependimento e não de música. A música pode obscurecer a confissão, pois ela
é a expressão de alegria e pode distrair o pecador. O momento é de reflexão
(v.4).
Os
servos de Deus estão em um mundo insensível. A exigência é que haja coisa
interessante e entretenimento. Cantos religiosos para passar uma hora inativa!
Tal é a demanda popular no dia de hoje. Os homens querem que nós façamos da
religião um espetáculo para diverti-los.
O
choro é apropriado para pessoas presas aos seus sentimentos de solidão. O
pecado deveria fazer o pecador chorar e este choro deveria ser de
arrependimento. Jesus disse às mulheres que choravam na via dolorosa que
deveriam chorar por elas mesmas e por seus filhos. Paulo se alegrava com a
tristeza dos coríntios, pois era uma tristeza de arrependimento que levava à
vida.
2. A SAUDADE REAFIRMA O COMPROMISSO -
(v.5-6)
Nunca
uma cidade foi tão importante. O valor de Jerusalém foi aumentado nos corações
dos israelitas. Deveriam ter ouvido aos profetas, mas agora é tarde. Quem foi
para a Babilônia com 20 anos de idade só voltaria aos 90, se estivesse vivo.
O
salmista profetiza um sentimento de muito saudosismo. Era mais fácil o judeu
ficar paralítico de um braço do que esquecer Jerusalém (v.5). O povo no
cativeiro não tinha outra alegria senão Jerusalém. Era melhor ficar mudo do que
esquecer Jerusalém (v.6).
A
saudade é um sentimento doloroso, pois é o desejo daquilo que já se foi. Temos
de valorizar muito aquilo que temos, pois pode ser tarde. Os nossos
relacionamentos devem ser cultivar com amor, pois as pessoas fazem falta depois
que partem.
Os
casais devem cultivar um bom relacionamento, pois as pessoas se vão e deixam saudades.
Os pais devem saber educar seus filhos e viver bom com eles, um dia, mais cedo
ou mais tarde, eles vão sair de casa. Devemos ser bons administradores de
nossas posses, para que não as percamos e sintamos saudades das coisas que
perdemos.
Como
discípulos, jamais deveremos nos afastar da família de Deus, da Igreja, pois um
dia sentiremos saudades da comunhão e da presença de Deus. O nosso amor ao
Senhor deve ser desenvolvido.
A
Igreja de Éfeso deveria sentir saudades de seu primeiro amor. O crente deve
sentir saudades do tempo em que era dedicado ao Senhor e retornar a isto, antes
que seja tarde e nossa vida tome outros rumos.
Alegrar-se
com o mundo é esquecer a igreja. Para amar a igreja, temos que preferi-la a
tudo mais. Para servi-la, temos que estar dispostos a qualquer sofrimento.
3. A VINGANÇA PERTENCE A DEUS -
(v.7-9)
Muitos
liberais não aceitam este salmo como a Palavra de Deus por causa desse tema tão
forte, a vingança. Aqueles que não conhecem o caráter de Deus revelado nas Escrituras
não admitem um Deus vingativo. Alguns até criaram um conceito errado sobre isto.
Acham que o Deus do Velho Testamento é bravo, severo, punitivo, mas o Deus do
Novo Testamento é gracioso e amoroso.
Isto é
total desconhecimento do caráter e da Palavra de Deus. O Deus é o mesmo e,
aliás, não é no Velho Testamento que Deus mais executa pessoas em juízo. Basta
ler o Apocalipse (Novo Testamento) para ver que Deus destruirá em Sua ira e
juízo plantar, animais e pessoas muito mais que em qualquer época.
É
possível se irar sem pecar. Nós não temos estrutura para guardar ira dentro do
nosso coração por mais de um dia. Antes do sol se por devemos resolver a nossa
ira. Toda a injustiça causa ira sobre os justos, mas as injustiças não são
resolvidas logo na maioria das vezes. Por isso, devemos entregar a Deus para
que Ele resolva a situação no tempo Dele. A Ele pertence a vingança.
Portanto,
existe vingança, mas não é nossa, é de Deus. Israel esteva debaixo da aliança abraâmica.
Os inimigos de Israel seriam amaldiçoados. Hoje, a Igreja tem a ordem de pagar
o mal com o bem. Não devemos desejar o mal às pessoas, mas quando a obra de
Deus está sendo ameaçada devemos rogar a Deus que o Seu nome triunfe derrubando
os adversários, mas principalmente que estes se convertam.
Os
Edomitas foram cruéis, pois se entregam a Babilônia como se fosse sua filha e fomentou
ódio contra Judá, entregando-a aos caldeus. O desejo do povo é que Deus executasse
justiça contra Edom, o que de fato Deus fez, é só lermos o livro de Obadias
(v.7-8).
Os
invasores de Judá matavam os filhos do povo de Deus na frente dos pais. Edom se
divertia com isso, mas acabaria acontecendo o mesmo com os edomitas. O juízo de
Deus existe. Se parece demorado é somente por causa de Sua misericórdia. A
Igreja deve orar pelos inimigos do povo de Deus para que se arrependam e vivam
e deixar a vingança com o Senhor. Quando inimigos cruéis e obstinados não se
arrependem Deus executa a Sua vingança (v.9).
CONCLUSÃO
Um
povo sofredor, em cativeiro, chora, sente saudades e deseja justiça ou
vingança. Devemos chorar pelos nossos pecados.
Este
choro de arrependimento transforma atitudes.
Devemos
sentir saudades da vida dedicada que tínhamos ao Senhor. Se ainda somos
dedicados, glória a Deus, permaneçamos assim.
Devemos
deixar a vingança com o Senhor. Ele julgará todas as injustiças.
Há
situações pelas quais passamos que não conseguimos enxergar mais nada além de
cinzas e de um céu escuro sem previsão do dia em que brilhará novamente o sol
da justiça.
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