9 de set. de 2019

Saudades de Casa: Choro, Saudade e Justiça.



Salmo 137
A LEMBRANÇA DA CASA DE DEUS SUSCITA DESEJO DE JUSTIÇA

INTRODUÇÃO
Este poema melancólico, com poder poético, é uma das composições mais encantadoras de todo o Livro dos Salmos. A primeira parte dele, que é muito terno e patriótico. No cativeiro babilônico, a ordem estabelecida da adoração de Deus foi derrubada e o salmista reclama das provocações que os inimigos fazem.
A situação aqui vivida neste salmo é muito complicada e as esperanças e forças já não mais davam sinais de vida. O salmista traz uma palavra de conforto para seu povo no cativeiro, para animá-los com a esperança de libertação.
Foram 70 anos de cativeiro duro. Pode ser que alguns judeus tenham nascido no cativeiro ou enfrentado a morte nele sem nem ao menos saber o que é uma vida livre. Deus tinha alertado o seu povo por meio de seus profetas que isso iria acontecer, mas não ouviram a voz de alerta, antes banqueteavam-se em suas orgias e depravações, rejeitando o nome de Deus e suas misericórdias e graça.

Nos versos finais (v.7-9), temos expressões de indignação abrasadora contra os principais adversários de Israel - uma indignação tão justa quanto fervorosa. Que o critiquem aqueles que nunca viram seu templo incendiado, sua cidade arruinada, suas esposas violadas, e depois crianças assassinadas; poderiam não se exprimir, quem sabe, de modo tão aveludado se tivessem sofrido desta maneira.
Uma coisa é falar do sentimento de amargura que perturbou os israelitas cativos na Babilônia, e outra bem diferente é sermos prisioneiros nós mesmos, oprimidos por um poder selvagem e desapiedado. Esse canto poderia muito bem ser cantado no muro de lamentações dos judeus. É um fruto do cativeiro na Babilônia, e muitas vezes já serviu como expressão de tristezas que de outra maneira teriam sido impossíveis de exprimir.
Choro, saudade e vingança são três temas que aparecem neste salmo. Nem todos aceitam a mensagem deste salmo facilmente, por causa da oração imprecatória (desejo expresso de que algo de mau aconteça a um ser ou a uma coisa; praga, maldição, vociferação).
Não se fala quase nada sobre os cativos na Babilônia, portanto, este salmo é uma raridade. O que povo fazia e como vivia enquanto estava no cativeiro é um enigma para nós. O que sabemos está neste salmo e ele nos dá um relato de como o povo deveria estar triste longe de sua terra.
Se a bondade de Deus tem nos alcançado e a sua misericórdia tem nos assistido o momento não pode ser de festa pessoal, carnal, mas de adoração e cuidado. Com Deus não se brinca! Rejeitá-lo é a pior coisa que podemos fazer. Quem vira as costas para Deus está desprezando a última balsa que poderia livrá-lo da morte.
Mesmo enfrentando nosso cativeiro atual no qual ainda estamos neste mundo há uma palavra de esperança e de alento para todos nós. Não desanimemos, pois, de nossa luta porque há grande recompensa para nós, em Cristo Jesus.

1. O CHORO AO LEMBRAR DE JERUSALÉM - (v.1-4)
A cidade de Sião esquecida na prosperidade. Seus cultos negligenciados; seus sacerdotes desmoralizados; o culto de Baal e Astarote preferidos ao culto do verdadeiro Deus.
Sião lembrado na adversidade. Na Babilônia, mais do que em Jerusalém; nas margens do Eufrates mais do que nas margens do Jordão; com lágrimas quando poderiam ter-se lembrado dele com alegria.
O povo em cativeiro desenvolve profundos sentimentos e conflitos. Este salmo é a demonstração de sentimentos profundos e esperanças frustradas. Há muitas razões pelas quais as pessoas choram. A morte tem sido a razão principal do choro, pois ela arranca lágrimas até de quem não é acostumado a chorar.
O povo de Judá chorava um choro solitário. Uma mistura de saudades, frustrações, luto, raiva e arrependimento. Aqueles ribeiros, canais do Tigre e Eufrates, se tornaram a fonte de lamentação do povo (v.1). Os salgueiros, por ironia, conhecidos como chorões, eram prateleiras de harpas. A cena era triste, pois talvez até levassem os instrumentos para à beira dos rios, mas perdiam a vontade de tocar, tamanha a tristeza (v.2).
Uma confissão de alegria mudada em tristeza: "penduramos". Os gemidos de suas harpas nos salgueiros combinavam melhor com suas emoções do que quaisquer melodias que antes costumassem tocar. O outeiro das lágrimas sendo transformado em alegria.
Em lembrança de alegrias perdidas. Levaram suas harpas consigo ao cativeiro, e penduraram-nas para uso futuro. Suas harpas estavam associadas a um passado glorioso. Não podiam esquecer esse passado. Conservavam o velho bom costume. Há sempre à mão os meios de recordar.
Em antecipação de bênção futura. Não despedaçaram suas harpas. O tempo de exílio era limitado. A volta foi predita expressamente. Vamos querer nossas harpas nos tempos bons que virão. Pecadores tocam suas harpas agora, mas logo vão precisar colocá-las de lado para sempre. Os novos amigos, antes invasores e inimigos, tentavam “quebrar o gelo” pedindo aos judeus expressarem sua cultura e alegria através da música (v.3).
Os judeus não separavam música de louvor. Para eles, a música era a expressão de louvor a Deus, mas agora há uma razão para não cantar. O lugar de adoração é o Templo e este está longe e destruído. O objeto da adoração é Deus e o povo está em pecado e sofrendo o juízo. É tempo de chorar e não de cantar. É tempo de arrependimento e não de música. A música pode obscurecer a confissão, pois ela é a expressão de alegria e pode distrair o pecador. O momento é de reflexão (v.4).
Os servos de Deus estão em um mundo insensível. A exigência é que haja coisa interessante e entretenimento. Cantos religiosos para passar uma hora inativa! Tal é a demanda popular no dia de hoje. Os homens querem que nós façamos da religião um espetáculo para diverti-los.
O choro é apropriado para pessoas presas aos seus sentimentos de solidão. O pecado deveria fazer o pecador chorar e este choro deveria ser de arrependimento. Jesus disse às mulheres que choravam na via dolorosa que deveriam chorar por elas mesmas e por seus filhos. Paulo se alegrava com a tristeza dos coríntios, pois era uma tristeza de arrependimento que levava à vida.
2. A SAUDADE REAFIRMA O COMPROMISSO - (v.5-6)
Nunca uma cidade foi tão importante. O valor de Jerusalém foi aumentado nos corações dos israelitas. Deveriam ter ouvido aos profetas, mas agora é tarde. Quem foi para a Babilônia com 20 anos de idade só voltaria aos 90, se estivesse vivo.
O salmista profetiza um sentimento de muito saudosismo. Era mais fácil o judeu ficar paralítico de um braço do que esquecer Jerusalém (v.5). O povo no cativeiro não tinha outra alegria senão Jerusalém. Era melhor ficar mudo do que esquecer Jerusalém (v.6).
A saudade é um sentimento doloroso, pois é o desejo daquilo que já se foi. Temos de valorizar muito aquilo que temos, pois pode ser tarde. Os nossos relacionamentos devem ser cultivar com amor, pois as pessoas fazem falta depois que partem.
Os casais devem cultivar um bom relacionamento, pois as pessoas se vão e deixam saudades. Os pais devem saber educar seus filhos e viver bom com eles, um dia, mais cedo ou mais tarde, eles vão sair de casa. Devemos ser bons administradores de nossas posses, para que não as percamos e sintamos saudades das coisas que perdemos.
Como discípulos, jamais deveremos nos afastar da família de Deus, da Igreja, pois um dia sentiremos saudades da comunhão e da presença de Deus. O nosso amor ao Senhor deve ser desenvolvido.
A Igreja de Éfeso deveria sentir saudades de seu primeiro amor. O crente deve sentir saudades do tempo em que era dedicado ao Senhor e retornar a isto, antes que seja tarde e nossa vida tome outros rumos.
Alegrar-se com o mundo é esquecer a igreja. Para amar a igreja, temos que preferi-la a tudo mais. Para servi-la, temos que estar dispostos a qualquer sofrimento.

3. A VINGANÇA PERTENCE A DEUS - (v.7-9)
Muitos liberais não aceitam este salmo como a Palavra de Deus por causa desse tema tão forte, a vingança. Aqueles que não conhecem o caráter de Deus revelado nas Escrituras não admitem um Deus vingativo. Alguns até criaram um conceito errado sobre isto. Acham que o Deus do Velho Testamento é bravo, severo, punitivo, mas o Deus do Novo Testamento é gracioso e amoroso.
Isto é total desconhecimento do caráter e da Palavra de Deus. O Deus é o mesmo e, aliás, não é no Velho Testamento que Deus mais executa pessoas em juízo. Basta ler o Apocalipse (Novo Testamento) para ver que Deus destruirá em Sua ira e juízo plantar, animais e pessoas muito mais que em qualquer época.
É possível se irar sem pecar. Nós não temos estrutura para guardar ira dentro do nosso coração por mais de um dia. Antes do sol se por devemos resolver a nossa ira. Toda a injustiça causa ira sobre os justos, mas as injustiças não são resolvidas logo na maioria das vezes. Por isso, devemos entregar a Deus para que Ele resolva a situação no tempo Dele. A Ele pertence a vingança.
Portanto, existe vingança, mas não é nossa, é de Deus. Israel esteva debaixo da aliança abraâmica. Os inimigos de Israel seriam amaldiçoados. Hoje, a Igreja tem a ordem de pagar o mal com o bem. Não devemos desejar o mal às pessoas, mas quando a obra de Deus está sendo ameaçada devemos rogar a Deus que o Seu nome triunfe derrubando os adversários, mas principalmente que estes se convertam.
Os Edomitas foram cruéis, pois se entregam a Babilônia como se fosse sua filha e fomentou ódio contra Judá, entregando-a aos caldeus. O desejo do povo é que Deus executasse justiça contra Edom, o que de fato Deus fez, é só lermos o livro de Obadias (v.7-8).
Os invasores de Judá matavam os filhos do povo de Deus na frente dos pais. Edom se divertia com isso, mas acabaria acontecendo o mesmo com os edomitas. O juízo de Deus existe. Se parece demorado é somente por causa de Sua misericórdia. A Igreja deve orar pelos inimigos do povo de Deus para que se arrependam e vivam e deixar a vingança com o Senhor. Quando inimigos cruéis e obstinados não se arrependem Deus executa a Sua vingança (v.9).

CONCLUSÃO
Um povo sofredor, em cativeiro, chora, sente saudades e deseja justiça ou vingança. Devemos chorar pelos nossos pecados.
Este choro de arrependimento transforma atitudes.
Devemos sentir saudades da vida dedicada que tínhamos ao Senhor. Se ainda somos dedicados, glória a Deus, permaneçamos assim.
Devemos deixar a vingança com o Senhor. Ele julgará todas as injustiças.
Há situações pelas quais passamos que não conseguimos enxergar mais nada além de cinzas e de um céu escuro sem previsão do dia em que brilhará novamente o sol da justiça.



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