Salmo
1
A
PROSPERIDADE DO JUSTO
E O FRACASSO DO ÍMPIO
INTRODUÇÃO
O
Salmo primeiro aponta o caminho da “verdadeira felicidade”. O termo
“bem-aventurado” pode ter muitas interpretações. Numa primeira interpretação
significa “felicidade”, ou para alguns, um estado “mais que feliz”. O sentido
da raiz hebraica aponta para a ideia de ir direto, andar, ir em frente,
avançar, progredir. Para alcançar este objetivo, o salmista deixa claro que é
necessário buscar comunhão com Deus.
Embora
o Salmo exalte a pessoa do “justo” que busca a Deus, podemos ver nas entrelinhas
a descrição do “ímpio” que se afasta de Deus. Ao exaltar as qualidades do
justo, o salmo escancara as falhas do ímpio dando-nos uma visão muito clara
deste contraste que nos ajudará a escolher qual caminho iremos trilhar.
No
Salmo as duas maneiras de encarar a vida aparecem num plano individual, contrastando
o homem que pauta sua vida pela Lei do Senhor com aquele que O despreza. O Salmo
nos apresenta a avaliação divina destes dois tipos de homens. O primeiro
rejeita o mal e concentra seus pensamentos e imaginação na aplicação pessoal da
Lei de Deus; o segundo não o faz, identificando-se com os que rejeitam a
companhia e o controle de Deus em sua vida.
A
avaliação certamente é sugestiva: o primeiro é comparado a uma árvore
frutífera, bem suprida em suas necessidades de alimento e capacitada para
atingir o pleno potencial a ela designado por Deus (a palavra hebraica usada
para descrever este tipo de homem indica algo ou alguém que é fiel a um padrão,
que é como deve ser!). O segundo, aos olhos de Deus, é inútil como a palha do
trigo, que na Palestina antiga era lançada aos ares do alto dos morros e
levada, sem direção, pelo vento. Que contraste!
O fim
de suas vidas também assinala profundo contraste; com o segundo, Deus não se
envolve em amor, em autorevelação, mas em castigo, trazendo a destruição de
todos os sonhos, filosofias e expectativas que constituem o caminho dos ímpios.
Já com o primeiro, há um envolvimento e aprovação especiais, expressos na
palavra conhecer (2 Tm 2.19).
O
indivíduo realizado é aquele que renuncia às concepções humanistas dos
desligados de Deus, à conduta dos desviados de Deus e à companhia dos desprezadores
de Deus. Embora tal renúncia nos possibilite investir energias e dedicar tempo
à busca e à prática da vontade de Deus, obtendo assim nossa realização, traz
também a inimizade e hostilidade do ímpio, como o restante do livro de Salmos
deixa entrever e como afirmou o Senhor Jesus (Mt 5.10; 7.13-14) e o apóstolo
Paulo (2 Tm 3.12).
Vamos
ver com mais detalhes como este contraste está expresso no Salmo. Os versos 1 e
2 tratam da relação de ambos com Deus. Os versos 3 e 4 tratam de como eles
vivem aqui neste mundo. Os versos 5 e 6 apontam para seus destinos na
eternidade. Que ao final desta mensagem você possa ser convencido pelo Espírito
Santo a escolher o caminho do justo e se tornar, por meio de Cristo Jesus,
justificado diante de Deus.
1. O JUSTO E O ÍMPIO EM RELAÇÃO A DEUS (v.1,2)
O homem abençoado é
aquele que está perto do Senhor e distante do pecado. Tudo o que o justo não
faz, o ímpio faz; tudo o que o justo não é, o ímpio é; tudo o que o justo não
pratica, o ímpio pratica; de tudo o que o justo de afasta, o ímpio tem prazer,
e etc.
Vamos olhar as
características positivas do justo:
1. Não segue conselhos
vazios
– “pelos conselhos dos maus/ímpios”. O justo não é guiado segundo a sabedoria
deste mundo. Quanto mais estudamos a Palavra de Deus, mais percebemos a
fragilidade das ideias humanas, como elas mudam, como elas são dinâmicas, porém
a palavra de Deus permanece. Aquele que dá crédito e segue conselhos de pessoas
tementes a Deus é abençoado.
2. Não segue maus
exemplos
– “dos que não querem saber de Deus”. O justo não se detém no caminho dos
pecadores, não se mantém no curso que eles estão andando, ele não se acomoda
com o pecado. O justo não se deixa influenciar por aqueles que preferem a via
da alternativa de Deus, e por isso é abençoado. O justo sabe escolher pessoas
fieis para se inspirar nelas e seguir seus exemplos.
3. Não se alegra com
os pecadores
– “não se juntam com os que zombam”. O justo não se assenta na roda dos
escarnecedores, ele se nega a participar de ambientes que profanam o nome de
Deus, que despreza tudo o que é divino. O justo sabe que não estar com estas
pessoas lhe propicia ser abençoado.
O verso primeiro
mostra uma escala crescente da impiedade em relação a Deus, escala esta que o
justo ignora, pois segue em outra direção. O “ímpio” é a pessoa que não busca
conhecer a Deus, ele ignora as coisas espirituais, embora possa ser ética e moralmente
uma pessoa correta.
Os “pecadores” são
piores que os ímpios, pois têm prazer e se alegram no pecado, sua vida ética e
moral estão comprometidas também. Por fim os “escarnecedores” estão no nível
mais baixo, são a escorria da sociedade, pois além de fazer tudo o que os
ímpios e os pecadores fazem, estes zombam, escarnecem de tudo o que é sagrado e
que diz respeito a Deus, sua Palavra e seus seguidores.
De uma maneira bem
prática, a decadência do ser humano começa com a impiedade, depois evolui para
a vida de prazer nos pecados, até chegar a escarnecer das coisas espirituais.
Aquele que escuta um conselho mau, passa a conviver com pecadores, corre um
grande risco de se tornar um escarnecedor.
4. Seu prazer está
na Palavra de Deus – “antes, tem o seu prazer na lei do SENHOR”. O justo
se satisfaz, se alegrar em satisfazer-se com a Palavra, é ela, e não o pecado
que lhe dá satisfação.
5. Gasta tempo com a
Palavra de Deus
– “na sua lei medita de dia e de noite”. O justo está em contato intenso,
constante e diário com a Bíblia. Ele sabe que dela provém os conselhos,
orientação para decisões, escolhas, etc.
A diferença entre o
justo e o ímpio em relação a Deus está no fato do justo se distanciar do pecado
e se colocar na esfera da benção, muito mais ainda a proximidade de Deus. O
homem abençoado é aquele que está próximo de Deus. Hoje o justo é aquele que coloca
sua fé em Cristo Jesus (Rm 5.1), que nos capacita para vivermos distante do pecado
e próximo ao nosso Deus.
2. O JUSTO E ÍMPIO NESTE MUNDO (v.3,4)
O salmista passa a
descrever os resultados das escolhas do justo e do ímpio em relação a Deus. Ele
declara de forma simbólica que o justo é abençoado com prosperidade material nesta
vida terrena. A prosperidade para um judeu estava ligada à riqueza material.
Também ao bem estar da família, filhos e filhas e esposas. Deuteronômio 28 nos
dá uma indicação sobre este conceito.
Para comunicar a
ideia da prosperidade do justo e da decadência do ímpio o salmista usa a ilustração
da árvore que cresce a beira de um riacho, frutifica no tempo certo, não perde
as folhas que sempre estão verdes em comparação com uma palha seca que é levada
pelo vento sem poder garantir seu destino.
Vejamos dois
exemplos que contrastam a prosperidade do justo e a decadência do ímpio.
Da família de Max “Jukes”,
um ateu por prática era um colono Holandês. Do total de 709 pessoas de sua
geração 560 se envolveram com a decadência; 310 morreram em extrema pobreza e
na vadiagem; 150 tornaram-se criminosos, inclusive 7 assassinos; 100
descendentes foram beberrões; mais da metade das mulheres se prostituiu. Sem
computar os um milhão e trezentos mil dólares de custos ao Estado.
Em outro extremo
temos a família de Jonathan Edwards, cristão praticante. Do total de 1.394
pessoas da sua geração nenhum se envolveu com o crime ou decadência; 295
receberam diplomas universitários; 23 chegaram a ser reitores de universidades;
65 foram professores universitários; 3 senadores dos Estados unidos; 3
governadores estaduais; 3 prefeitos de grandes cidades; 130 foram juízes; 100 advogados sendo um reitor de uma faculdade de
Direito; 56 médicos, sendo um reitor da faculdade de medicina; 75 oficiais na
carreira militar; 100 missionários e pregadores famosos, bem como autores
destacados; 01 superintendente do Tesouro norte-americano; 01 vice-presidente dos estados Unidos. Tudo isso
a custo zero para o Estado.
Uma vez que somos
corrompidos pelo pecado, passamos a ver as riquezas da terra como bênçãos e
buscamos essa muleta da alegria, então temos a sensação de vivermos a
implorando pelas migalhas que caem da mesa.
Porém a graça de
Deus abre nossos olhos, então, podemos vislumbrar as ricas bênçãos que temos em
Cristo Jesus que satisfazem amplamente nossa alma. Entendam; só vamos encontrar
a verdadeira benção e a satisfação vinda dela se trilharmos o caminho que Deus
estabeleceu.
3. O JUSTO E O ÍMPIO EM RELAÇÃO À ETERNIDADE (v.5,6)
O último comparativo
que o salmista faz entre o justo e o ímpio diz respeito a eternidade de ambos.
Os maus/ímpios descrito no verso 4 tem como destino eterno a condenação e a
separação dos que obedecem a Deus, ou seja, se os justo estarão com Deus, os
ímpios não poderão estar no mesmo lugar, restando a eles o sofrimento eterno.
O verso seguinte
deixa ainda mais claro a realidade eterna dos ímpios: “a desgraça e a morte”,
que contrasta com a realidade eterna dos justos: “o Senhor dirige e abençoa”.
Não poderia ser diferente, aquilo que ambos semearam em vida estarão colhendo
na eternidade assim como disse Paulo aos Gálatas: “Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá
corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna”
(6.8).
O justo por ter uma
percepção espiritual e uma convicção sobre a eternidade passa investir aqui a
agora na sua condição futura. Ele segue o conselho de Jesus e acumula “tesouros
no céu” (Mt 6.20); a semelhança de Lázaro (Lc 16.19,20) que não desfrutava dos
prazeres desta vida, passava necessidade vivendo em extrema pobreza, mas ao
morrer foi levado ao “seio de Abraão”. O justo sempre vai priorizar sua
condição externa em lugar de satisfazer-se com os prazeres terrenos.
Ao contrario, o
ímpio, não tem uma percepção espiritual e da eternidade, por isso não investe
em sua condição futura. Ele vive o aqui e o agora, vive sem regras, princípios
ou valores, acumulando tesouros fúteis neste mundo (Mt 6.19) assim como fazia o
homem rico (Lc 16.19,23), sem se preocupar o a eternidade, e por isso ao morrer
foi lançado do inferno em sofrimento eterno sem poder mudar sua condição.
Está claro diante de
nós que a maneira de viver vai decretar a condição eterna. O justo vive para
Deus, morre com Deus e passará a eternidade com Deus. O ímpio vive sem Deus,
morre sem Deus e estará na eternidade sem Deus. A condição eterna de cada um é
definida por seu estilo de vida aqui no presente. Podemos ser uma árvore viva e
frutífera, ou uma palha morta e seca.
CONCLUSÃO:
A felicidade é um
conceito que depende do estilo de vida que escolhemos. Tanto o justo como o
ímpio podem se declarar felizes neste mundo, mesmo vivendo de maneiras
completamente opostas. O que gera felicidade para o justo, é fonte de
aborrecimento para o ímpio, e vice-versa.
Se o conceito de
felicidade é algo pessoal, precisamos examiná-lo à luz da Palavra de Deus, a
qual se torna o juiz para declarar se feliz é o justo ou o ímpio. É exatamente
isto que o salmista está fazendo.
O justo tem a
verdadeira felicidade porque ele tem uma vida de intimidade com Deus e se
relaciona com este Deus. Já o ímpio ignora esta necessidade.
O justo é
verdadeiramente feliz porque tem uma vida próspera (prosperidade não é medida
apenas por bens materiais) e frutífera neste mundo. Já o ímpio é um fracassado.
O justo desfruta da
verdadeira felicidade que não acabará, pois ele estará seguro por toda a
eternidade desfrutando da presença de Deus. O ímpio, não terá este privilégio.
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