Gênesis
22.1-5
A
FÉ E A PATERNIDADE DE ABRAÃO
INTRODUÇÃO
Abraão
foi, e para muitos continua sendo o “pai da fé”, este é um título muito
sugestivo para a data de hoje, quando celebramos o “Dia dos Pais”, pois se
olharmos para a vida deste homem, podemos encontrar nele os dois conceitos que
vamos abordar aqui: fé e paternidade, e preferencialmente nesta ordem.
Na
vida de Abraão e na vida de todo homem que deseja ser um pai acima da média, a
fé deveria vir antes da paternidade. Não quero dizer com isso que para ser pai
é preciso ter fé, o que quero asseverar é que para ser um pai acima da média, a
fé se torna um elemento facilitador e imprescindível.
Muitos
homens se tornaram pais antes se tornarem homens de fé, por isso enfrentam
dificuldades para desempenhar seu ministério da paternidade. É mais saudável a
fé vir antes dos filhos, pois a fé se torna um poderoso elemento para, a partir
da Palavra de Deus, educar esses filhos. A tarefa de corrigir os filhos em
virtude do advento da fé sempre será mais árdua do que educa-los a partir desta
fé.
Abraão
se tornou primeiro o pai da fé (Gn 12.1-3; Rm 4.11; Hb 11.8; Tg 2.21). Ele
atendeu o chamado de Deus, deixou a idolatria familiar e se lançou numa jornada
ao desconhecido seguindo pela fé a direção de Deus. Tempos depois, ele vai se
tornar pai de Ismael por meios naturais coabitando com Agar, para mais afrente
se tornar pai de Isaque, o filho da promessa, o filho da fé com Sara sua
esposa.
Abraão
nos ensina que a fé pode tornar um homem pai, mas um filho não pode trazer fé
ao homem. Se Abraão não tivesse se tornado primeiro este homem de fé, ele nunca
teria se tornado o pai do filho da promessa. Quando o homem se dispõe a buscar
de Deus e a fé necessária para desenvolver uma vida agradável a Ele em todos os
aspectos, fica mais fácil desempenhar a paternidade como um ministério de fé
para com seus filhos.
Quero
desafiar você homem, a se tornar, independente de qualquer coisa, um homem de
fé, para isso é necessário confessa a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.
Feito isto, você está apto a se tornar um pai, ou se já o é, vai poder ser um
pai melhor. Você não deixará de ser pai por não ter fé, mas sempre será um pai
aquém do que poderia ser.
Abraão
deixou muitas heranças para seus filhos (Ismael, Isaque e mais seis – Gn 25.1,2),
mas de todas essas heranças, a mais valiosa sem dúvida foi a “herança de fé”.
Nós precisamos nos preocupar com a herança de fé que deixaremos para nossos
filhos, isso vai determinar nosso sucesso ou nosso fracasso em relação a
paternidade.
Quero nesta
oportunidade fazer algumas considerações sobre a fé e a paternidade de Abraão,
aplicando-as à nossas vidas.
1. PAI É MORDOMO DE DEUS (v.2)
Abraão casou-se com
uma mulher estéril, e por isso não podia ter filhos. Sua primeira alternativa para
solucionar o problema foi “adotar” seu sobrinho Ló quando deixou a terra Harã
(Gn 12.6). Depois ele concorda com o plano de Sara e gera um filho através de
Agar (Gn 16.2), na verdade Ismael seria uma espécie de filho mais para Sara do
que para o próprio Abraão.
Mas havia uma
promessa de Deus para Abraão na qual ele seria pai de uma grande nação, e esse
plano não envolvia Ló nem Ismael. O nascimento de Isaque é a realização da
primeira etapa para cumprimento da promessa. O menino é circuncidado e, apesar
de não se registar nas Escrituras, foi consagrado ao Senhor, pois dEle fora
recebido.
Esta prática de
consagrar a Deus os filhos é descrita quando do nascimento de Jesus. Lucas (2.21-24)
registra que Jesus foi circuncidado ao completar oito dias e apresentado no Templo
trinta e três dias depois conforme a Lei (Levítico 12). Apesar de Isaque não
ser o primogênito de Abraão, o era aos olhos de Deus.
O fato de Isaque ser
o filho amado e o filho da promessa fica explicito no texto de Gênesis 22.1,2.
Deus coloca Abraão “à prova” pedindo para que pegasse “Isaque... o seu único filho, a quem você tanto ama” e levasse ele
para ser “queimado em sacrifício”. Percebemos que Deus não pediu o sobrinho Ló
nem Ismael, o filho com Agar, e sim Isaque, o filho com Sara, exatamente o
filho da promessa.
Diante deste cenário
poderíamos esperar uma recusa de Abraão em oferecer Isaque, mas somos
surpreendidos com a prontidão que ele atende ao pedido do Senhor: “no dia seguinte Abraão se levantou de
madrugada...” (v.3). A disposição de Abraão era fruto do entendimento que
Isaque não era “seu” filho, mas sim do Senhor, e desta maneira não cabia a ele
reter o que não lhe pertencia.
Nós pais precisamos
primeiramente consagrar nossos filhos ao Senhor com o entendimento que eles
pertencem a Deus, que Deus graciosamente nos dá o privilégio de cria-los e
desfrutar deles, e que Deus pode pedir que entreguemos aquilo que nos é nosso,
afinal, como pais não somos nada mais do que mordomos de Deus.
O pai que retém para
si seus filhos acabam perdendo eles; aquele que oferecem a Deus terminam por
ganhá-los. Foi isso que Abraão fez. Deus pediu, ele ofereceu, mas como cria,
ambos voltaram juntos. Isso só foi possível graças a consciência da mordomia da
paternidade exercida por Abraão.
2. PAI DEDICA TEMPO AOS FILHOS (v.3,4)
Isaque era o segundo
filhos de Abraão, o filho da promessa, mais amado e preferido em comparação com
Ismael, seu primeiro filho com Agar. Abraão se torna pai já em idade avançada,
ele tinha oitenta e seis anos quando nasceu Ismael (Gn 16.16) e cem anos quando
nasceu Isaque (Gn 21.1-5).
Esta paternidade
tardia de Abraão me leva a crer que ele, já estabelecido materialmente, tinha o
desejo de investir e dedicar a maior parte do seu tempo na vida de seus filhos,
em especial na vida de Isaque. Mas agora Deus lhe faz um pedido duro demais,
abrir mão do filho pelo qual ele esperou cem anos.
Abraão vivia em
Berseba, na região da Filisteia (Gn 21.33,34) distante uns 80km da terra de Moriá,
onde ele deveria oferecer Isaque em sacrifício, distância esta que dependeria
os três dias de viagem. Para alguns comentaristas, a viagem em si de Abraão
seria concluída em apenas um dia, dessa forma, o primeiro dia foi de
preparação, o segundo de viagem propriamente dita, e no terceiro ele visualizou
o destino.
Paris Heidhead vai
além e diz que “é interessante observar que de onde Abraão morava, ele poderia
ter ido ao monte Moriá, realizado o sacrifício e voltado no mesmo dia. Mas Deus
não havia especificado como seu servo
deveria chegar até lá, então ele fez um pequeno desvio para o leste, de mais ou
menos um dia de viagem. Depois fez outro desvio para o sudeste que lhe custou
outro dia de viagem. Acredito que ele queria passar mais tempo com o filho,
poiso amava muito. Por causa disso, alongou um pouco a viagem.” (Crentes que
precisam de salvação, pg.74).
Quero aqui enfatizar
a necessidade de investir tempo de qualidade na vida de nossos filhos, desde o
nascimento até o final de suas vidas. Muitos pais negligenciam o tempo com seus
filhos e isso pode ser fatal. Mais do que coisas, eles querem a nossa presença.
Mais que a segurança material, eles querem estar seguros em nossos braços. Mais
do que brincar com as coisas que lhes damos, eles querem estar no nosso colo.
Se Paris Heidhead
estiver correto, isto é um alerta para nós pais, não esperemos ser tarde demais
para dedicar-nos aos nossos filhos, eles passam por fases que, se não
aproveitamos, jamais teremos uma segunda chance. Não tenho a receita para
“ganhar” os filhos, mas creio que para “perde-los” basta ignorá-los e privar deles
nosso tempo.
3. PAI DEIXA UMA FÉ GENUÍNA (v.5)
Aqui Abraão faz uma
declaração de fé incrível: “daqui a pouco
nós voltamos”. Abraão sabia o que deveria fazer. Iria subir no monte,
ajuntar algumas pedras, pegar a lenha, e fazer o filho deitar-se sobre ela.
Depois teria de pegar a faca, matar o rapaz e em seguida por fogo na lenha.
Isso significa “sacrificar”.
A manifestação da fé
de Abraão reside no fato dele crer na ressurreição. Abraão tinha consciência de
que Deus havia prometido Isaque e que dele teria uma descendência, logo se Deus
havia pedido o filho em sacrifício, Ele o devolveria vivo (Hb 11.17-19). Isso é
fé. A fé diz que Deus é poderoso para realizar aquilo que prometeu.
Lembra a relação
entre fé e paternidade? Se Abraão não tivesse desenvolvido está fé genuína, ele
não teria obedecido a Deus e se recusado a oferecer Isaque como Deus havia
pedido. Talvez ele iria “negociar” com Deus outros termos de forma racional.
Mas, o que a fé de
Abraão tem a ver conosco? Aquele que deseja ter a salvação de Cristo e deixar
esse legado para seus filhos precisa exercitar esse mesmo tipo de fé. Você pode
estar pensando: “eu tenho a minha fé, será que preciso da fé de Abraão?” Quero
apresentar os quatro tipos de fé expostos por Paris Heidhead.
1. Fé Intelectual. É uma atitude de
aceitação intelectual da Palavra de Deus. É preciso fazer distinção entre entender a Palavra mentalmente, e recebe-la no coração. São duas coisas
bem diferentes. Aceitar intelectualmente o que está escrito é concordar apenas
com a cabeça. Não é essa a verdadeira fé.
2. Fé Morta. É a fé de inúmeras
pessoas que mencionam o nome de Cristo e se acham ligadas a grupos cristãos,
mas na verdade estão apenas praticando rituais e observando tabus, deixam de
comer certos alimentos, guardam certas práticas, são batizadas e doutrinadas,
porém não são salvas. Esta é uma fé morta.
3. Fé dos Demônios. É uma reação
emocional pra com os horrores do inferno e as belezas do céu. Essas pessoas não
querem ir para o inferno, um lugar horrível, o céu é mais atrativo e lhes
agrada mais ir para lá, então creem em qualquer coisa que prometa livrá-las do
inferno. Tiago registra que “os demônios creem, e tremem”, mas continuam sendo
demônios.
4. Fé que Salva. É a fé que parte do
intelecto, habita o coração da pessoa e é vitalizada com ajuda do Espírito
Santo, produzindo arrependimento e o novo nascimento (Rm 10.9,10; At 20.21,22).
Como pais, que tipo de
fé estamos deixando no coração de nossos filhos? Não deixemos a eles uma
religião, nem uma crença, nem costumes, etc. Não coloquemos neles o medo do
inferno, mas despertemos neles o desejo genuíno de estar no céu com Jesus mediante
o perdão de seus pecados.
CONCLUSÃO:
Abraão nos ensina
que além de sermos pais, devemos ser homens de fé, e se formos homens de fé,
teremos mais sucesso no ministério da paternidade.
Como Abraão, nós
pais devemos ter a percepção de que somos mordomos de Deus, pois cuidamos de
filhos que não são nossos, são de Deus, e Ele pode pedi-los.
O pai precisa
dedicar tempo de qualidade para seus filhos diariamente. Investir tempo é muito
mais lucrativo do que gastar dinheiro para suprir a ausência do tempo.
Além de tudo isso, o
pai deve ter a consciência de deixar uma herança de fé salvadora. Não basta
deixar uma religião, uma crença ou uma fé. Nossos filhos precisam ser salvos
por Jesus por meio da verdadeira fé.
Que Deus nos abençoe
como seus mordomos na difícil, porém prazerosa missão da paternidade. Que
sejamos homens de fé para que sejamos bons pais.
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