Salmo
23
DEUS,
NOSSO PASTOR E ANFITRIÃO
INTRODUÇÃO
O
escritor do salmo 23, antes de se tornar um escritor e rei, havia sido um
pastor de ovelhas. Assim é capaz de expressar a figura de alguém que cuida de
ovelhas, e projetando, na sua história pessoal e nas experiências pelas quais
ele está passando.
Ele vê
aqueles animais e, sabendo exatamente como eles são, se coloca na posição de
ovelha e tem Deus como seu pastor. Uma ovelha é absolutamente incapaz de
sobreviver sem a presença do manuseio humano.
Ao se
alimentar a ovelha ingere alguns vermes com o pasto, é preciso que o pastor aplique
vermífugo para que não adoeça. Elas são muito suscetíveis ao sereno, por isso
pastor as recolhe no final da tarde para o aprisco. A mudança no alimento gera
uma dificuldade de digestão pela ovelha, o pastor precisa estar atento,
verificando o que sua ovelha come e o quanto ela come. Por causa da
configuração do seu nariz, se ela vai beber água, numa fonte corrente, morre
afogada.
As
ovelhas também reservam para si uma capacidade muito especial de se perder, e
são incapazes de voltar. Elas trazem ainda uma marca de stress e de temor
enorme. Elas são totalmente indefesas, não têm chifres, não mordem, não dão
cabeçadas ou coices, sendo vítimas fáceis. Como se não bastasse as ovelhas
ainda são humildes e só enxergam o perigo quando ele está muito perto delas.
As
ovelhas são, basicamente, um animal de rebanho e de comunidade e têm seu líder,
o qual seguem cegamente. Será que não é isso o que acontece conosco, quando é
dito acerca de nós que somos como ovelhas que se desviaram do caminho? Será que
não é assim a vida de toda essa geração que anda afastada dos caminhos de Deus
e acha que sabe como tem que viver? Essa postura rebelde que nós encontramos
nas Escrituras referente ao homem também é descrita referindo-se às ovelhas.
Entretanto,
as Escrituras não cansam de falar que somos como ovelhas. Foi o próprio Senhor
Jesus que disse, Mateus 10.16: “Eu os
estou enviando como ovelhas entre lobos”.
O salmo fala da
Pessoa de Deus. Para falar de Deus, o salmista utiliza duas imagens: a do
Pastor e a do Hospedeiro. À imagem de Pastor, o autor soma pequenos símbolos, o
que a torna bastante rural e calmo, o que pode soar um pouco estranho para nós
que estamos mais acostumados a correria e barulho da cidade. À imagem de Hospedeiro,
o autor do Salmo soma outros símbolos dando-nos a imagem de Deus tão comum ao
meio urbano.
Nosso Deus é mais
que um bom pastor e um hábil hospedeiro. Tudo o que precisamos é suprido por
Ele: comida, cuidado e amor. Só fica desamparado aquele que não se submete ao seu
amável pastoreio.
1. DEUS COMO PASTOR (v.1-4)
A imagem de Deus
como pastor é algo comum na Bíblia: Salmo 78.52 “Fez seu povo partir como um rebanho e como ovelhas conduziu-os no
deserto”; Salmo 80.3 “Pastor de Israel, dá ouvidos, tu que guias a
José como um rebanho; tu que sentas sobre os querubins resplandece...”; Isaías
40.11 “Como um pastor apascenta ele o
rebanho, com o seu braço reúne os cordeiros, carrega-os no seu regaço, conduz
carinhosamente as ovelhas que amamentam”; João 10.11 “Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas”.
Precisamos entender
o que esta imagem de Deus como Pastor nos quer dizer neste Salmo. Para isso
precisamos olhar para o que faz este Pastor:
>
Pastor que Supre
Quando
lemos no versículo 1 percebemos que essa ovelha tem uma relação muito pessoal e
de propriedade. O seu relacionamento com Deus, não é simplesmente teórico. Ela
está desfrutando, de fato, e reconhece isso, o que acaba por fazer a diferença.
Essa ovelha (v.2) é conduzida a verdes pastagens onde pode repousar e a águas tranquilas
para se saciar. O salmista ao afirmar que está repousando em pastos
verdejantes, significa que ele está com a barriga cheia. Essa ovelha que diz
que nada lhe falta, está reconhecendo que Deus é que a supre.
Uma
ovelha não bebe água numa fonte corrente, da mesma forma como não bebe de uma
poça; ela precisa de uma espécie de um remanso, como se as águas parassem, para
que ela possa beber. Esta ovelha está tranquila, pois sabe que Deus vai suprir
sua sede.
É
verdade que, muitas vezes nós achamos que Deus está em falta conosco. Deus nos
disse, objetivamente: Tendo o que comer ou o que vestir, fiquem contentes. Mas,
se a sua ambição e ganância querem muito mais do que isso, você nunca se
contentará e viverá sempre em lamento. Entenda que Deus não se comprometeu a
torná-lo rico. Além disso, é totalmente inerente à natureza humana essa falta
de contentamento.
>
Pastor que Orienta
No
versículo 3 ele afirma que Deus restaura o vigor e guia em justiça. É
característica do Pastor, e Senhor, nos orientar. Ele tem muito mais interesse
em nos guiar na Sua vontade do que nós mesmos. Uma ovelha que está ouvindo a
orientação e o conselho do seu pastor, é uma ovelha que está tranquila pela
direção que Deus dá.
É
comum as pessoas procurar saber o que fazer com suas vidas, quais são os planos
de Deus para elas. Estas respostas encontram-se nas Escrituras, nelas há revelação
suficiente para você fazer suas escolhas e tomar suas decisões. Porém, existe
também uma série de decisões que Deus tem deixado para que você escolha.
O
ponto interessante é pensar porque Deus se compromete a guiar-nos. A Sua
decisão de nos guiar e de nos orientar é em favor do Seu nome, pois Deus
assumiu um compromisso, empenhou a Sua Palavra e Seu nome está em jogo.
> Pastor que protege
No
versículo 4 vemos a proteção do nosso pastor. Nós vamos passar, como ovelhas de
Deus, pela experiência de vales de sombra de morte. Essa é a primeira fonte que
ameaça a vida de um filho de Deus. É uma situação, suficientemente crítica, que
leva as pessoas a se abalarem, mas Deus não tem o compromisso de evitar que
passemos por elas. Nós não estamos livres de situações de dor ou perda.
No
entanto, a ovelha não terá medo de passar à sombra do vale da morte, justamente
porque está com seu pastor. Podemos refletir ainda sobre a vara e o cajado. A
vara era utilizada para proteger as ovelhas quando aparecia algum animal
estranho. Já o cajado, era um instrumento curvo utilizado pelo pastor para
buscar uma ovelha quando ela estivesse presa em algum local em que ele próprio
não chegaria.
O
salmista, então, está declarando que sabe que o seu pastor sempre terá como
salvá-lo, mesmo em locais inatingíveis, ou mesmo com os piores inimigos. Ela
não deixou de ser ovelha, ela continua vulnerável e incapaz de se livrar de
certas circunstancias, mas ela está confiante no poder desse pastor.
No
versículo 5, lemos que o pastor “unge a cabeça com óleo”. A ideia do óleo sobre
a cabeça é de que isso era parte de uma ação terapêutica ou refrescante. O
Senhor cuida de mim, Ele cuida das minhas feridas, Ele traz refrigério. Ele
também “preparas um banquete diante dos inimigos”. Uma ovelha não come na
presença de um estranho. Todavia, esta ovelha deixou de lado o medo e o stress
porque sabe que tem ao seu lado um pastor totalmente confiável.
>
Pastor que ama
No
versículo 6 o salmista declara como é amado. Por vezes, as situações e
experiências pelas quais Deus permite que passemos, nos fazem questionar o Seu
amor e Sua atenção. Não existe a possibilidade de Deus deixar de ser bondoso,
nem tampouco de deixar de ser fiel aos compromissos que Ele assumiu. Isso não
exclui sofrimentos, mas a bondade e a graça de Deus estão sempre presentes.
Uma
ovelha que conhece a Deus, que é conhecida de Deus e que O tem, realmente, como
o seu Pastor, reconhece essa bondade e fidelidade que sempre estão presentes.
Isso é um desafio para nós: viver em comunhão com Aquele que nos ama, que tudo
pode e que assumiu um compromisso para conosco.
-> Deus
é nosso pastor
Nós
somos como ovelhas, carentes e frágeis, porém temos um pastor que se propõe a
cuidar de nós. Quando, efetivamente, uma ovelha está andando e reconhece o seu
pastor, a sua segurança está garantida. Quando eu sei que há um pastor fiel,
amoroso e bondoso cuidando da minha vida, eu não tenho dúvida que, diante da
comunhão com Ele, eu posso ter uma vida segura e tranquila.
2. DEUS COMO ANFITRIÃO (v.5,6)
Todos que já deram
uma festa em sua casa, ou foram a uma festa na casa de alguém, sabem o que
significa ser um anfitrião. É aquela pessoa que tem o papel de recepcionar aos
convidados. O bom anfitrião é aquele que recebe seus convidados com muito carinho
e atenção. Tanto as pessoas da roça como as que vivem em metrópoles estão acostumadas
e apreciam as festas.
O salmo afirma que
Deus é um anfitrião/hospedeiro. Para entendermos melhor o papel de Deus como
Anfitrião, é preciso olhar também para o que faz:
-> Oferece hospitalidade
Para entendermos bem
o que Deus faz por nós é preciso eu nos lembremos do ambiente tribal seminômade
a que se remete o Salmo. Imagine o povo vivendo em tribos espalhadas pelo
deserto nas suas tendas. Imagine alguém que venha a discordar do grupo e seja
lançado fora da tenda. Esse, agora peregrino, vai vagar pelo deserto e perecer
nas mãos dos inimigos, mas se ele encontrar um bom anfitrião, estará salvo. Deus
é este bom Anfitrião que nos livra das mãos dos inimigos e nos deixa em um
local seguro. Ele nos livra das balas perdidas e da perversidade dos
assaltantes. Nos livra das drogas e da miséria das ruas.
-> Oferece um
banquete
Além de nos dar
hospitalidade eu nos defende dos inimigos, o nosso anfitrião nos oferece um
banquete, uma mesa farta das maiores delícias. Ele coloca diante de nós pizzas
cheias de recheio, sobremesas maravilhosas, sucos das mais saborosas frutas, a
fim de que nos fartemos e partilhemos com nossos vizinhos e convidados.
-> Oferece a sua
morada
A morada é o que
precisamos para uma vida tranquila. Deus acode os sem-teto dos grandes centros
urbanos. Ele não faz isto de forma mágica, mas nos convidando a partilhar
nossos bens e nosso teto com as pessoas desabrigadas, em um ato de imitação do
seu gesto acolhedor. Não há o que temer, o nosso Anfitrião nos oferece um local
para vivermos agora, seguros dos ataques dos nossos inimigos e também a sua
morada eterna. Quando o povo chega á Terra Prometida, Deus acolhe ao povo – o
pastor se transforma em um maravilhoso anfitrião.
CONCLUSÃO:
O Salmo usa duas
imagens para falar de Deus: a do Pastor e a do Anfitrião/hospedeiro. Estas
imagens estão unidas, pois o mesmo Deus que cuida de nós como pastor é o Deus
que tem preocupação de um Anfitrião. O Novo Testamento mostra Jesus, enquanto
encarnação de Deus, preserva as características de Pastor e Anfitrião. O Filho
é o Bom Pastor que está entre nós para preparar a nossa morada junto ao Pai.
Devemos deixar que
Deus nos guie, ele é o Pastor e não podemos ficar lutando com Ele, tentando
estabelecer os nossos próprios caminhos. Certamente, o caminho mais seguro é o
que Deus tem a nos indicar. Deixar ele nos guiar como Pastor implica em
sabermos ouvi-lo diariamente. Devemos esperar que Deus supra as nossas
necessidades, ele é o Anfitrião que prepara boas coisas para seus filhos e nos
acolhe em seus braços.!
O que
define o sucesso ou o fracasso de uma ovelha é se ela está ou não sendo cuidada
por um pastor. O salmo 23 mostra uma ovelha que anda com o seu pastor, ela está
bem segura. Em vez de um animal indefeso e fraco, vemos alguém que é honrado e
seguro. O que fez a diferença na vida dessa ovelha é só, e somente, a presença
do seu pastor.
(Crédito:
Fernando Leite)

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