Jesus se aproxima cada vez mais da cruz. Ele foi adorado por Maria em
Betânia, traído por Judas no cenáculo, abandonado pelos discípulos no jardim,
agora é injustiçado pelos religiosos.
Agora as coisas estavam ocorrendo rapidamente em direção ao seu fim inevitável. O cenário muda do público para o privado, até aqui, os embates com os religiosos foram em público, mas agora, eles estão na casa do Sumo Sacerdote, não estão num tribunal, nem no templo como orientava a lei judaica.
Os dois julgamentos de Jesus - pelos judeus e pelos romanos - se deram em
três estágios:
1.
O julgamento judeu iniciou com Anás, o antigo sumo sacerdote (Jo
18:13-24). Em seguida, o conselho todo ouviu as testemunhas (Mc 14:53-65), e; numa
sessão logo pela manhã o conselho votou em favor da condenação de Jesus à
morte, então ele foi levado para Pilatos (Mc 15:1-5; Jo 18:28-38);
2.
Pilatos o encaminhou para Herodes (Lc 23:6-12),
3.
Herodes por sua vez, o mandou de volta para Pilatos (Mc 15:6-15; Jo 18:39;
19: 6). O governador romano cedeu ao clamor da multidão e entregou Jesus para
ser crucificado.
Quando os soldados chegaram ao palácio do sumo sacerdote, Pedro e João –
que não haviam dado ouvidos às advertências repetidas de Jesus e tinham seguido
a multidão - já estavam no pátio. Naquela noite, o suor de Jesus foi "como
gotas de sangue" (Lc 22:44), mas Pedro sentiu frio e se assentou perto do
fogo do inimigo! Os dois discípulos não conseguiram testemunhar o julgamento
propriamente dito, mas estavam perto o suficiente para saber qual seria o resultado
(Mt 26:58; Jo 18:15).
Depois de interrogar e de insultar Jesus, Anás o enviou, ainda amarrado,
a seu genro Caifás, o sumo sacerdote. O Sinédrio estava reunido, e as
testemunhas estavam prontas. Era preciso que pelo menos duas pessoas testemunhassem
antes que um acusado fosse declarado culpado de um crime passível da pena de
morte (Dt 17:6).
Várias testemunhas depuseram contra Jesus, mas, uma vez que caíram em
contradição, seu testemunho foi anulado. Como é triste ver que um grupo de líderes
religiosos incentivou pessoas a mentir, e isso durante o tempo particularmente sagrado
da Páscoa!
Enquanto as testemunhas faziam suas acuações falsas, Jesus permaneceu
calado (Is 53:7; 1 Pe 2:23). Porém, quando o sumo sacerdote o colocou sob juramento,
Jesus foi obrigado a responder e declarou, com todas as letras, que era,
verdadeiramente, o Filho de Deus.
O sumo sacerdote fez precisamente a pergunta que a Lei lhe proibia fazer.
Ele estava proibido fazer perguntas que, se a pessoa julgada respondia, poderia
incriminar-se a si mesmo. Não se podia pedir a ninguém que se condenasse a si
mesmo.
Bruscamente perguntou a Jesus se era o Messias. Evidentemente Jesus
sentiu que era o momento de que todo o desgraçado assunto terminasse. Sem
vacilação respondeu que o era. Era uma acusação de blasfêmia, um insulto contra
Deus.
O título "Filho do homem" é de caráter messiânico (Dn 7:13), e
os membros do conselho sabiam exatamente o que Jesus estava dizendo: afirmava
ser Deus que veio ao mundo em forma humanal É evidente que, para os judeus, tal
asserção não passava de blasfêmia, de modo que o declararam culpado e passível
da pena de morte. Uma vez que a lei não permitia ao sinédrio votar em casos de
pena de morte logo cedo na manhã seguinte e apresentou a sentença oficial (Mc
15:1).
O Sinédrio tinha o que queria, uma acusação que merecia a pena de morte,
e os invadiu uma alegria selvagem.
Não há dúvida de que no processo de Jesus o Sinédrio quebrantou todas as
suas próprias leis. Não se reuniu em seu recinto próprio. Reuniu-se de noite.
Não há notícias de que se dessem veredictos individuais. Não se deixou passar
uma noite antes de executar a sentença de morte. Em sua ansiedade por eliminar
a Jesus, as autoridades judaicas não vacilaram em rebaixar-se a violar suas
próprias leis.
Nesta época os poderes do Sinédrio eram limitados porque os romanos
governavam o país. O Sinédrio tinha plenos poderes em matérias e questões
religiosas. Parece que também tinha certa soma de poder policial. Mas não tinha
poder para infligir a pena de morte. Se o que Marcos descreve é uma reunião do
Sinédrio, deve comparar-se a um grande jurado. Suas funções não eram condenar,
e sim preparar uma acusação pela qual o réu pudesse ser julgado pelo governador
romano.
Aplicações:
Uma vez mais vemos surgir as duas grandes características de Jesus.
1. Vemos sua coragem. Sabia que dar essa resposta significava a
morte, e entretanto, deu-a sem vacilar. Se tivesse negado as acusações, teriam
sido impotentes para tocá-lo.
2. Vemos sua confiança. Até com a certeza da cruz, continuou
falando com plena confiança de seu triunfo final.
3. Aquele que veio para oferecer amor aos homens, é despojado até da mera
justiça, e humilhado pelos cruéis serventes e guardas do Sinédrio.
Implicações práticas:
1. O julgamento de Jesus nos ensina a importância da fidelidade a Deus,
mesmo quando enfrentamos oposição e perseguição.
2. Devemos sempre buscar a verdade, não nos deixar intimidar pela
oposição, permanecer firmes em nossa fé e confiança em Deus.
3. Nunca devemos abandonar a nossa fé, independentemente das
consequências.
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