10 de set. de 2021

ESPERANAÇ NO SOFRIMENTO

1 Pedro 4.12-19

A SALVAÇÃO TRAZ ESPERANAÇ DIANTE DO SOFRIMENTO

Neste capítulo 4, Pedro vai apontar algumas atitudes que o cristão verdadeiro, aquele que vive de fato para Deus, deve manifestar. A primeira delas é “viver para fazer a vontade de Deus”, isso implica em renunciar completamente os maus desejos humanos, a saber: libertinagem, sensualidade, bebedeiras, orgias, faras e a idolatria (vv.1-6).

Outra atitude é a “vigilância e o cuidado mútuo”, pois o fim está próximo, isso exige: estar alertas e sempre em oração; amando, perdoando, hospedando, servindo uns aos outros. Esta atitude fortalece as relações, anima a fé e ajuda a superar as tribulações, bem como diminui as brechas de atuação de satanás (vv.7-11).

Uma terceira atitude é “saber lidar com o sofrimento sem perder a esperança”. Entende-se que o sofrimento aqui são os ultrajes recebidos por causa da fé em Cristo. O sofrimento que é originado por causa de escolhas erradas e/ou pecados não contribuem para aumentar nossa esperança quanto a eternidade. Logo, segundo Pedro, o único sofrimento aceitável é por amor a Jesus (vv.12-19).

Todo cristão que tem uma vida piedosa sofre algum tipo de perseguição. No trabalho, na escola, na vizinhança ou talvez até mesmo na família, sempre há pessoas que resistem à verdade e que se opõem ao evangelho de Cristo. Não importa o que o cristão diga ou faça, essas pessoas sempre encontram motivos para culpar e criticar. Pedro tratou desse tipo de "perseguição normal" na primeira parte de sua carta.

Nesta seção, porém, o apóstolo explica um tipo específico de perseguição: "o fogo ar dente", que estava preste a sobrevir a Igreja como um todo. Não seria uma perseguição ocasional e local da parte de pessoas com quem os cristãos conviviam, mas sim oficial, proveniente das autoridades acima deles. Até então, o império romano havia tolerado os cristãos, pois os considerava uma "seita" do judaísmo, e os judeus tinham liberdade de culto. Essa atitude mudaria quando o fogo da perseguição fosse aceso, primeiro por Nero e depois pelos imperadores subsequentes.

Pedro dá aos cristãos quatro instruções para o momento do "fogo ardente" por vir.

 

1. ESPEREM O SOFRIMENTO - (v.12)

A perseguição não é algo estranho na vida cristã. Ao longo de toda a história, o povo de Deus tem sofrido nas mãos do mundo ímpio. Os cristãos são diferentes dos incrédulos (2 Co 6:14-18), e essa distinção resulta em um estilo de vida diferente. Muito do que se passa no mundo envolve mentiras, orgulho, prazeres ilícitos e o desejo de ter cada vez mais. O cristão consagrado constrói a vida com base na verdade, humildade, santidade e no desejo de glorificar a Deus.

É importante observar que nem todas as dificuldades da vida são, necessariamente, provações por fogo. Certas dificuldades simplesmente fazem parte da vida e quase todos passam por elas. Infelizmente, também há problemas causados por nós mesmos por causa da desobediência e do pecado. Pedro menciona esses casos em 1 Pedro 2:18-20 e 3:13-17. O "fogo ardente" sobre o qual o apóstolo fala em 1 Pedro 4:12 sobrevém em decorrência de sermos fiéis a Deus e de nos apegarmos com firmeza ao que é correto.

 

2. ALEGREM-SE NO SOFRIMENTO - (vv.13,14)

Literalmente, Pedro escreve: "Estejam constantemente se alegrando". Na verdade, de uma forma ou de outra, o apóstolo menciona a alegria quatro vezes nesses dois versículos!

O mundo não é capaz de entender de que maneira as circunstâncias difíceis podem produzir alegria exultante, pois o mundo não experimentou a graça de Deus (2 Co 8:1-5). Pedro cita vários privilégios que compartilhamos e que servem de encorajamento para nos regozijarmos em meio ao fogo ardente.

O sofrimento representa comunhão com Cristo (v.13). É uma honra e um privilégio sofrer com Cristo e ser tratado pelo mundo da forma como ele foi. "A comunhão dos seus sofrimentos" é uma dádiva de Deus (Fp 1:29; 3:10). Nem todo cristão amadurece a ponto de Deus lhe confiar esse tipo de experiência, de modo que devemos nos regozijar quando esse privilégio nos é concedido.

O sofrimento representa glória no futuro (v.13). "Sofrimento" e "glória" são dois conceitos que se encontram entretecidos em toda a epístola de Pedro. O mundo acredita que a glória consiste na ausência de sofrimento, mas o cristão vê as coisas sob outro prisma. A provação da fé no presente é garantia de glória quando Jesus voltar (1 Pe 1:7,8). Essa foi a experiência de Cristo (1 Pe 5:1), e também será a nossa.

Os sofrimentos trazem sobre o cristão o ministério do Espírito Santo (v. 14). O cristão aflito não precisa esperar pelo céu a fim de experimentar a glória de Deus. Por meio do Espírito Santo, pode ter essa glória no presente. Isso explica por que os mártires eram capazes de louvar a Deus atados a estacas no meio do fogo ardente. Também explica como cristãos perseguidos (e existem muitos no mundo hoje em dia) podem ser presos e executados sem se queixar nem resistir a seus algozes.

O sofrimento permite glorificar o nome de Cristo (v. 14). O cristão sofre por causa de seu nome (Jo 15:21). Nossa autoridade é em nome de Jesus, e Satanás odeia esse nome. Toda vez que somos injuriados pelo nome de Cristo, temos a oportunidade de glorificar esse nome. O mundo pode querer falar contra seu nome, mas nós falaremos e viveremos de modo a glorificar o nome de Cristo e agradar a Deus.

 

3. EXAMINEM SUA VIDA (vv.15-18)

Na fornalha da perseguição e do sofrimento examinamos melhor nossa vida e nosso ministério. O fogo ardente é um processo de refinamento pelo qual Deus remove a escória e nos purifica a fim de sermos mais puros e obedientes.

Qual é o motivo de meu sofrimento? (v.15). Nem todo sofrimento é um "fogo ardente" do Senhor. Se um cristão transgrede a lei e se coloca em uma situação difícil, ele deve sofrer! O fato de ser cristão não garante escapar ileso das consequências normais de delitos.

Envergonho-me de Cristo ou o glorifico? (v. 16). Essa declaração deve ter lembrado Pedro de como ele próprio negou Cristo (Lc 22:54-62). Jesus Cristo não se envergonha de nós (Hb 2:11) - apesar de, por vezes, certamente ter motivos para isso! O Pai não se envergonha de ser chamado nosso Deus (Hb 11 :16). Certamente, podemos suportar injúrias por amor a ele sem nos envergonharmos (Mc 8:38).

Procuro ganhar os perdidos? (vv.17,18). Quando um cristão sofre, experimenta a glória e sabe que haverá glória ainda maior no futuro. Mas o pecador que causa esse sofrimento está apenas enchendo a medida da ira de Deus (Mt 23:29-33). Em vez de nos preocuparmos com nossa situação, precisamos nos preocupar com os pecadores perdidos a nosso redor.

 

4. ENTREGUEM-SE A DEUS - (v.19)

Quem sofre dentro da vontade de Deus pode entregar-se ao cuidado de Deus. Tudo o mais que se faz como cristãos depende disso. Somos preciosos para Deus. Ele nos criou, nos redimiu, vive em nós, nos guarda e nos protege.

Pedro refere-se a Deus como "fiel Criador" porque é Deus, o Criador, quem supre as necessidades de seu povo (Mt 6:24-34). É o Criador quem provê alimento e vestimentas para os cristãos perseguidos e quem os protege em tempos de perigo.

 

CONCLUSÃO

Antes de Deus derramar sua ira sobre este mundo perverso, um "fogo ardente" sobrevirá à Igreja para uni-la e purificá-la, a fim de que dê um forte testemunho aos perdidos.

Se sofrermos dentro da vontade de Deus, não haverá motivo para temer. O Pai Criador fiel nos acompanhará até o fim e nos dará vitória!

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