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Pedro 4.12-19
A SALVAÇÃO TRAZ
ESPERANAÇ DIANTE DO SOFRIMENTO
Neste capítulo 4, Pedro vai apontar algumas atitudes
que o cristão verdadeiro, aquele que vive de fato para Deus, deve manifestar. A
primeira delas é “viver
para fazer a vontade de Deus”, isso implica em renunciar completamente os maus desejos humanos, a
saber: libertinagem, sensualidade, bebedeiras, orgias, faras e a idolatria (vv.1-6).
Outra atitude é a “vigilância e o cuidado mútuo”, pois o fim está próximo, isso exige: estar
alertas e sempre em oração; amando, perdoando, hospedando, servindo uns aos
outros. Esta atitude fortalece as relações, anima a fé e ajuda a superar as
tribulações, bem como diminui as brechas de atuação de satanás (vv.7-11).
Uma terceira atitude é “saber lidar com o sofrimento sem perder a esperança”. Entende-se que o sofrimento aqui são os ultrajes recebidos por causa da fé em Cristo. O sofrimento que é originado por causa de escolhas erradas e/ou pecados não contribuem para aumentar nossa esperança quanto a eternidade. Logo, segundo Pedro, o único sofrimento aceitável é por amor a Jesus (vv.12-19).
Todo cristão que tem
uma vida piedosa sofre algum tipo de perseguição. No trabalho, na escola, na vizinhança ou talvez
até mesmo na família, sempre há pessoas que resistem à verdade e que se opõem
ao evangelho de Cristo. Não importa o que o cristão diga ou faça, essas pessoas
sempre encontram motivos para culpar e criticar. Pedro tratou desse tipo de
"perseguição normal" na primeira parte de sua carta.
Nesta seção, porém, o apóstolo explica um tipo
específico de perseguição: "o fogo ar dente", que estava preste a
sobrevir a Igreja como um todo. Não seria uma perseguição ocasional e local da
parte de pessoas com quem os cristãos conviviam, mas sim oficial, proveniente
das autoridades acima deles. Até então, o império romano havia tolerado os
cristãos, pois os considerava uma "seita" do judaísmo, e os judeus
tinham liberdade de culto. Essa atitude mudaria quando o fogo da perseguição
fosse aceso, primeiro por Nero e depois pelos imperadores subsequentes.
Pedro dá aos cristãos quatro instruções para o
momento do "fogo ardente" por vir.
1. ESPEREM O SOFRIMENTO - (v.12)
A perseguição não é algo estranho na vida cristã. Ao
longo de toda a história, o povo de Deus tem sofrido nas mãos do mundo ímpio.
Os cristãos são diferentes dos incrédulos (2 Co 6:14-18), e essa distinção
resulta em um estilo de vida diferente. Muito do que se passa no mundo envolve
mentiras, orgulho, prazeres ilícitos e o desejo de ter cada vez mais. O cristão
consagrado constrói a vida com base na verdade, humildade, santidade e no
desejo de glorificar a Deus.
É importante observar que nem todas as dificuldades
da vida são, necessariamente, provações por fogo. Certas dificuldades simplesmente
fazem parte da vida e quase todos passam por elas. Infelizmente, também há
problemas causados por nós mesmos por causa da desobediência e do pecado. Pedro
menciona esses casos em 1 Pedro 2:18-20 e 3:13-17. O "fogo ardente"
sobre o qual o apóstolo fala em 1 Pedro 4:12 sobrevém em decorrência de sermos
fiéis a Deus e de nos apegarmos com firmeza ao que é correto.
2. ALEGREM-SE NO SOFRIMENTO -
(vv.13,14)
Literalmente, Pedro escreve: "Estejam
constantemente se alegrando". Na verdade, de uma forma ou de outra, o
apóstolo menciona a alegria quatro vezes nesses dois versículos!
O mundo não é capaz de entender de que maneira as
circunstâncias difíceis podem produzir alegria exultante, pois o mundo não
experimentou a graça de Deus (2 Co 8:1-5). Pedro cita vários privilégios que
compartilhamos e que servem de encorajamento para nos regozijarmos em meio ao
fogo ardente.
O sofrimento
representa comunhão com Cristo (v.13). É uma honra e um privilégio sofrer com Cristo e ser tratado pelo mundo
da forma como ele foi. "A comunhão dos seus sofrimentos" é uma dádiva
de Deus (Fp 1:29; 3:10). Nem todo cristão amadurece a ponto de Deus lhe confiar
esse tipo de experiência, de modo que devemos nos regozijar quando esse
privilégio nos é concedido.
O sofrimento
representa glória no futuro (v.13). "Sofrimento" e "glória" são dois conceitos que se
encontram entretecidos em toda a epístola de Pedro. O mundo acredita que a
glória consiste na ausência de sofrimento, mas o cristão vê as coisas sob outro
prisma. A provação da fé no presente é garantia de glória quando Jesus voltar
(1 Pe 1:7,8). Essa foi a experiência de Cristo (1 Pe 5:1), e também será a
nossa.
Os sofrimentos trazem
sobre o cristão o ministério do Espírito Santo (v. 14). O cristão aflito não precisa esperar pelo céu a
fim de experimentar a glória de Deus. Por meio do Espírito Santo, pode ter essa
glória no presente. Isso explica por que os mártires eram capazes de louvar a
Deus atados a estacas no meio do fogo ardente. Também explica como cristãos perseguidos
(e existem muitos no mundo hoje em dia) podem ser presos e executados sem se
queixar nem resistir a seus algozes.
O sofrimento permite
glorificar o nome de Cristo (v. 14). O cristão sofre por causa de seu nome (Jo 15:21). Nossa autoridade é em
nome de Jesus, e Satanás odeia esse nome. Toda vez que somos injuriados pelo
nome de Cristo, temos a oportunidade de glorificar esse nome. O mundo pode
querer falar contra seu nome, mas nós falaremos e viveremos de modo a
glorificar o nome de Cristo e agradar a Deus.
3. EXAMINEM SUA VIDA (vv.15-18)
Na fornalha da perseguição e do sofrimento examinamos
melhor nossa vida e nosso ministério. O fogo ardente é um processo de
refinamento pelo qual Deus remove a escória e nos purifica a fim de sermos mais
puros e obedientes.
Qual é o motivo de meu
sofrimento? (v.15). Nem todo
sofrimento é um "fogo ardente" do Senhor. Se um cristão transgrede a lei
e se coloca em uma situação difícil, ele deve sofrer! O fato de ser cristão não
garante escapar ileso das consequências normais de delitos.
Envergonho-me de
Cristo ou o glorifico? (v. 16). Essa declaração deve ter lembrado Pedro de como ele próprio negou
Cristo (Lc 22:54-62). Jesus Cristo não se envergonha de nós (Hb 2:11) - apesar
de, por vezes, certamente ter motivos para isso! O Pai não se envergonha de ser
chamado nosso Deus (Hb 11 :16). Certamente, podemos suportar injúrias por amor
a ele sem nos envergonharmos (Mc 8:38).
Procuro ganhar os
perdidos? (vv.17,18). Quando
um cristão sofre, experimenta a glória e sabe que haverá glória ainda maior no
futuro. Mas o pecador que causa esse sofrimento está apenas enchendo a medida da
ira de Deus (Mt 23:29-33). Em vez de nos preocuparmos com nossa situação,
precisamos nos preocupar com os pecadores perdidos a nosso redor.
4. ENTREGUEM-SE A DEUS - (v.19)
Quem sofre dentro da vontade de Deus pode
entregar-se ao cuidado de Deus. Tudo o mais que se faz como cristãos depende disso.
Somos preciosos para Deus. Ele nos criou, nos redimiu, vive em nós, nos guarda
e nos protege.
Pedro refere-se a Deus como "fiel Criador"
porque é Deus, o Criador, quem supre as necessidades de seu povo (Mt 6:24-34). É
o Criador quem provê alimento e vestimentas para os cristãos perseguidos e quem
os protege em tempos de perigo.
CONCLUSÃO
Antes de Deus derramar sua ira sobre este mundo perverso,
um "fogo ardente" sobrevirá à Igreja para uni-la e purificá-la, a fim
de que dê um forte testemunho aos perdidos.
Se sofrermos dentro da vontade de Deus, não haverá
motivo para temer. O Pai Criador fiel nos acompanhará até o fim e nos dará
vitória!

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