13 de jul. de 2021

Livres do Sofrimento Presente

 
Romanos 8

LIVRES DO SOFRIMENTO PARA EXPERIMENTAR A PLENITUDE DA GLÓRIA FUTURA


Romanos 8 é a "Declaração de Liberdade" do cristão, pois neste capítulo Paulo declara as quatro liberdades espirituais que desfrutamos em decorrência de nossa união com Jesus Cristo. Ao estudar este capítulo, vemos a ênfase sobre o Espírito Santo, mencionado treze vezes. "Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2 Co 3.17).

 

1. LIBERDADE DO JULGAMENTO NENHUMA CONDENAÇÃO (vv.8:1-4).

A base para essa certeza maravilhosa é a expressão "em Cristo". Em Adão, fomos condenados, mas em Cristo não há condenação alguma! O versículo não diz "nenhum erro", "nenhum fracasso" e, nem mesmo, "nenhum pecado". Os cristãos caem, cometem erros e pecam.

A Lei condena, mas o cristão tem uma nova relação com a Lei, portanto não pode ser condenado. Paulo faz três declarações sobre o cristão e a Lei que, juntas, se resumem em nenhuma condenação.

A Lei não tem direito algum sobre nós (v.2). Fomos libertos da lei do pecado e da morte. Temos vida no Espírito. Em Cristo, passamos para uma esfera de existência completamente distinta.

A Lei não pode nos condenar (v.3). Isso porque Cristo já sofreu essa condenação por nós na cruz. A Lei não pode salvar, mas apenas condenar. No entanto, Deus enviou seu Filho para nos salvar e fazer aquilo que a Lei não era capaz de fazer.

A Lei não pode nos controlar (v.4). O cristão tem uma vida justa, não pelo poder da Lei, mas pelo poder do Espírito Santo. A Lei não tem poder de produzir santidade; pode apenas revelar e condenar o pecado. Mas o Espírito Santo que habita dentro de nós nos capacita a andar em obediência à vontade de Deus.

 

2. LIBERDADE DA DERROTA – NENHUMA OBRIGAÇÃO (vv.5-17)

Não temos obrigação nenhuma para com nossa velha natureza. O cristão pode viver em vitória. Nesta seção, Paulo descreve a vida em três níveis diferentes e estimula seus leitores a viver no mais elevado desses níveis.

Nível 1. “Não tendes o Espírito" (vv.5-8). Paulo não está descrevendo dois tipos de cristão, um carnal e outro espiritual. Antes, contrasta os que têm a salvação com os que não têm. Há quatro contrastes.

a) Na carne - no Espírito (v.5). O não salvo não tem o Espírito de Deus (Rm 8:9) e vive na carne e para a carne. Seus pensamentos giram em torno das coisas que satisfazem a carne. O cristão, entretanto, tem o Espírito de Deus dentro de si e vive em uma esfera inteiramente nova e diferente. Seus pensamentos giram em torno das coisas do Espírito.

b) Morte - vida (v.6). O não salvo está vivo em termos físicos, mas no que diz respeito ao espírito, está morto. O ser interior está morto para Deus e não responde às coisas do Espírito. A pessoa pode ser moral, e até mesmo religiosa; mas lhe falta vida espiritual. Precisa do "Espírito da vida, em Cristo Jesus" (Rm 8:2).

c) Guerra com Deus - paz com Deus (vv.6,7). Ao estudar Romanos 7, vimos que a velha natureza rebela-se contra Deus e se recusa a sujeitar-se à Lei de Deus. Os que creram em Cristo desfrutam "paz com Deus" (Rm 5:1), enquanto os não salvos estão em guerra com Deus. "Para os perversos, todavia, não há paz, diz o SENHOR" (Is 48:22).

d) Agradar a si mesmo - agradar a Deus (v.8). Estar "na carne" significa estar perdido, longe de Cristo. O não salvo vive para agradar a si mesmo e raramente pensa em agradar a Deus. A raiz do pecado é o egoísmo – aquilo que nós queremos, não a vontade de Deus.

Nível 2. “Tendes o Espírito" (vv.9-11). "Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Rm 8:9). A prova da conversão é a presença do Espírito Santo dentro de nós, testemunhando que somos filhos de Deus (Rm 8:16). Nosso corpo torna-se o templo do Espírito Santo (1 Co 6:19, 20).

Nível 3. "Sois do Espirito!" (vv.12-17). Não basta ter o Espírito, é preciso pertencer ao Espírito! Só então, ele compartilhará conosco a vida abundante a nosso dispor em Cristo. Não devemos coisa alguma à carne, pois a carne só causou problemas em nossa vida. Temos obrigação com o Espírito Santo, pois foi ele que nos convenceu de nosso pecado, relevou Cristo a nós e nos concedeu vida eterna, quando cremos em Jesus.

 

3. LIBERDADE DO DESÂNIMO – NENHUMA FRUSTRAÇÃO (vv.18-30)

Nesta seção, Paulo trata do problema extremamente real do sofrimento e da dor. Talvez a melhor maneira de entender esta seção seja observar os três "gemidos" discutidos.

1. Os gemidos da criação (vv. 18-22). Quando Deus concluiu sua criação, viu que era boa (Gn 1:31); hoje, porém, a criação geme. Há sofrimento, morte e dor, todos decorrentes do pecado de Adão. Não é culpa da criação. É importante observar as palavras que Paulo usa para descrever a situação da criação: sofrimento (Rm 8:18), vaidade (Rm 8:20), cativeiro (Rm 8:21), corrupção (Rm 8:21) e angústias (Rm 8:22).

No entanto, tais gemidos não são em vão; Paulo os compara a uma mulher em trabalho de parto. A dor está presente, mas terminará quando a criança nascer. Um dia, a criação será liberta e deixará de gemer para se tornar gloriosa! O cristão não se concentra nos sofrimentos de hoje; olha para frente, para a glória de amanhã (Rm 8:18; 2 Co 4:15-18). O cativeiro doloroso de hoje se transformará na liberdade gloriosa de amanhã!

2. Os gemidos dos cristãos (vv.23-25). O motivo pelo qual gememos é o fato de termos experimentado "as primícias do Espírito", um antegozo da glória vindoura. Assim como a nação de Israel provou as primícias da terra de Canaã quando os espias voltaram (Nm 13:23-27), também nós, cristãos, provamos as bênçãos do céu por intermédio do ministério do Espírito.

Isso desperta em nós o desejo de ver o Senhor, de receber um novo corpo e de viver com ele e de lhe servir para sempre. Aguardamos a "adoção", que é a redenção do corpo quando Cristo voltar (Fp 3:20, 21).

Esse é o ponto culminante da "adoção" que acontece no momento da conversão, quando o "Espírito de adoção" nos insere na família de Deus como filhos adultos. Quando Cristo voltar, participaremos plenamente de sua herança.

3. O Espírito Santo geme (vv.25-30). Deus se preocupa com as provações de seu povo. Quando ministrava na Terra, Jesus gemeu ao ver o que o pecado fazia com a humanidade (Mc 7:34; [o 11 :33, 38). Hoje, o Espírito continua a gemer conosco e sente o peso de nossas fraquezas e sofrimentos. Mas o Espírito não se atém a gemer. Ele ora por nós por meio desses gemidos, a fim de que sejamos conduzidos para a vontade de Deus. Nem sempre sabemos qual é a vontade de Deus. Nem sempre sabemos orar, mas o Espírito intercede por nós para que vivamos dentro da vontade de Deus, apesar do sofrimento.

O cristão não precisa desanimar em momentos de sofrimento e de provação, pois sabe que Deus trabalha no mundo (Rm 8:28) e que o Senhor tem um plano perfeito (Rm 8:29). Seu plano tem dois objetivos:  nosso bem e sua glória. No final, ele nos tornará semelhantes a Jesus Cristo! O melhor de tudo, porém, é saber que seu plano será bem-sucedido.

 

4. LIBERDADE DO MEDO – NENHUMA SEPARAÇÃO (vv.31-39)

A ênfase desta última seção é sobre a segurança do cristão. Não precisamos temer o passado, o presente ou o futuro, pois estamos seguros no amor de Cristo. Paulo oferece cinco argumentos para provar que o cristão não pode ser separado de seu Senhor.

1. Deus é por nós (v. 31). O Pai é por nós e provou esse fato entregando seu Filho (Rm 8:32). O Filho é por nós (Rm 8:34) e o Espírito também (Rm 8:26). Deus faz todas as coisas cooperarem para nosso bem (Rm 8:28). Deus é por nós em sua Pessoa e em sua providência.

2. Cristo morreu por nós (v. 32). Vemos aqui uma argumentação em ordem crescente. Se, quando éramos pecadores, Deus nos deu seu melhor, agora que somos filhos de Deus, acaso ele não nos dará tudo de que precisamos?

3. Deus nos justificou (v. 33). Isso significa que nos declarou justos em Cristo. Satanás deseja nos acusar (Zc 3:1-7; Ap 12:10), mas, em Cristo Jesus, somos justos diante de Deus.

4. Cristo intercede por nós (v. 34). A segurança do que crê em Cristo se deve a uma intercessão dupla: o Espírito intercede (Rm 8:26, 27) e o Filho de Deus intercede (Rm 8:34). O mesmo Salvador que morreu por nós intercede por nós no céu.

5. Cristo nos ama (vv. 35-39). Em Romanos 8:31-34, Paulo prova que Deus não falha conosco; mas será que podemos falhar com ele? E se vacilarmos em meio a alguma grande provação ou tentação? O que será de nós? Paulo trata desse problema nesta última seção e explica que nada nos separará do amor de Jesus.

a) Em primeiro lugar, Deus não nos protege das dificuldades da vida, porque precisamos delas para nosso crescimento espiritual (Rm 5:3-5).

b) Além disso, ele nos dá o poder de conquistar a vitória (Rm 8:37). Somos "mais que vencedores"; literalmente, somos "supervencedores" por meio de Jesus Cristo! Ele nos dá vitória sobre vitória!

 

CONCLUSÃO

Não há nenhuma condenação, pois compartilhamos da retidão de Deus, e a lei não pode nos condenar.

Não há nenhuma obrigação, pois temos o Espírito de Deus que nos capacita a vencer a carne e a viver para Deus.

Não há frustração alguma, pois compartilhamos da glória de Deus, a bendita esperança da volta de Cristo.

Não há qualquer separação, pois experimentamos o amor de Deus. "Quem nos separará do amor  De Cristo?" (Rm 8:35).

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