LIVRES DO SOFRIMENTO PARA EXPERIMENTAR
A PLENITUDE DA GLÓRIA FUTURA
Romanos 8 é a "Declaração
de Liberdade" do cristão, pois neste capítulo Paulo declara as quatro
liberdades espirituais que desfrutamos em decorrência de nossa união com Jesus
Cristo. Ao estudar este capítulo, vemos a ênfase sobre o Espírito Santo,
mencionado treze vezes. "Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o
Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2 Co 3.17).
1.
LIBERDADE DO JULGAMENTO NENHUMA CONDENAÇÃO (vv.8:1-4).
A base para essa certeza
maravilhosa é a expressão "em Cristo". Em Adão, fomos condenados, mas
em Cristo não há condenação alguma! O versículo não diz "nenhum
erro", "nenhum fracasso" e, nem mesmo, "nenhum
pecado". Os cristãos caem, cometem erros e pecam.
A Lei condena, mas o cristão tem uma nova relação com a Lei, portanto não pode ser condenado. Paulo faz três declarações sobre o cristão e a Lei que, juntas, se resumem em nenhuma condenação.
A Lei não
tem direito algum sobre nós (v.2). Fomos libertos da lei do pecado e da morte. Temos
vida no Espírito. Em Cristo, passamos para uma esfera de existência
completamente distinta.
A Lei não
pode nos condenar (v.3). Isso porque Cristo já sofreu essa condenação por nós na cruz. A Lei não
pode salvar, mas apenas condenar. No entanto, Deus enviou seu Filho para nos
salvar e fazer aquilo que a Lei não era capaz de fazer.
A Lei não
pode nos controlar (v.4). O cristão tem uma vida justa, não pelo poder da
Lei, mas pelo poder do Espírito Santo. A Lei não tem poder de produzir
santidade; pode apenas revelar e condenar o pecado. Mas o Espírito Santo que
habita dentro de nós nos capacita a andar em obediência à vontade de Deus.
2.
LIBERDADE DA DERROTA – NENHUMA OBRIGAÇÃO (vv.5-17)
Não temos obrigação nenhuma
para com nossa velha natureza. O cristão pode viver em vitória. Nesta seção,
Paulo descreve a vida em três níveis diferentes e estimula seus leitores a
viver no mais elevado desses níveis.
Nível 1. “Não
tendes o Espírito" (vv.5-8). Paulo não está descrevendo dois tipos de cristão,
um carnal e outro espiritual. Antes, contrasta os que têm a salvação com os que
não têm. Há quatro contrastes.
a)
Na carne - no Espírito (v.5). O não salvo não tem o Espírito de Deus (Rm 8:9) e
vive na carne e para a carne. Seus pensamentos giram em torno das coisas que
satisfazem a carne. O cristão, entretanto, tem o Espírito de Deus dentro de si
e vive em uma esfera inteiramente nova e diferente. Seus pensamentos giram em
torno das coisas do Espírito.
b)
Morte - vida (v.6). O não salvo está vivo em termos físicos, mas no que diz respeito ao
espírito, está morto. O ser interior está morto para Deus e não responde às
coisas do Espírito. A pessoa pode ser moral, e até mesmo religiosa; mas lhe
falta vida espiritual. Precisa do "Espírito da vida, em Cristo Jesus"
(Rm 8:2).
c)
Guerra com Deus - paz com Deus (vv.6,7). Ao estudar Romanos 7, vimos que a velha
natureza rebela-se contra Deus e se recusa a sujeitar-se à Lei de Deus. Os que
creram em Cristo desfrutam "paz com Deus" (Rm 5:1), enquanto os não
salvos estão em guerra com Deus. "Para os perversos, todavia, não há
paz, diz o SENHOR" (Is 48:22).
d)
Agradar a si mesmo - agradar a Deus (v.8). Estar "na carne" significa estar
perdido, longe de Cristo. O não salvo vive para agradar a si mesmo e raramente
pensa em agradar a Deus. A raiz do pecado é o egoísmo – aquilo que nós
queremos, não a vontade de Deus.
Nível 2.
“Tendes o Espírito" (vv.9-11). "Vós, porém, não estais na carne, mas no
Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele" (Rm 8:9). A prova da
conversão é a presença do Espírito Santo dentro de nós, testemunhando que somos
filhos de Deus (Rm 8:16). Nosso corpo torna-se o templo do Espírito Santo (1 Co
6:19, 20).
Nível 3.
"Sois do Espirito!" (vv.12-17). Não basta ter o Espírito, é preciso
pertencer ao Espírito! Só então, ele compartilhará conosco a vida abundante a
nosso dispor em Cristo. Não devemos coisa alguma à carne, pois a carne só
causou problemas em nossa vida. Temos obrigação com o Espírito Santo, pois foi
ele que nos convenceu de nosso pecado, relevou Cristo a nós e nos concedeu vida
eterna, quando cremos em Jesus.
3.
LIBERDADE DO DESÂNIMO – NENHUMA FRUSTRAÇÃO (vv.18-30)
Nesta seção, Paulo trata do
problema extremamente real do sofrimento e da dor. Talvez a melhor maneira de
entender esta seção seja observar os três "gemidos" discutidos.
1. Os
gemidos da criação (vv. 18-22). Quando Deus concluiu sua criação, viu que era boa
(Gn 1:31); hoje, porém, a criação geme. Há sofrimento, morte e dor, todos
decorrentes do pecado de Adão. Não é culpa da criação. É importante observar as
palavras que Paulo usa para descrever a situação da criação: sofrimento (Rm
8:18), vaidade (Rm 8:20), cativeiro (Rm 8:21), corrupção (Rm 8:21) e angústias
(Rm 8:22).
No entanto, tais gemidos não
são em vão; Paulo os compara a uma mulher em trabalho de parto. A dor está
presente, mas terminará quando a criança nascer. Um dia, a criação será liberta
e deixará de gemer para se tornar gloriosa! O cristão não se concentra nos
sofrimentos de hoje; olha para frente, para a glória de amanhã (Rm 8:18; 2 Co
4:15-18). O cativeiro doloroso de hoje se transformará na liberdade gloriosa de
amanhã!
2. Os
gemidos dos cristãos (vv.23-25). O motivo pelo qual gememos é o fato de termos
experimentado "as primícias do Espírito", um antegozo da glória
vindoura. Assim como a nação de Israel provou as primícias da terra de Canaã
quando os espias voltaram (Nm 13:23-27), também nós, cristãos, provamos as
bênçãos do céu por intermédio do ministério do Espírito.
Isso desperta em nós o
desejo de ver o Senhor, de receber um novo corpo e de viver com ele e de lhe
servir para sempre. Aguardamos a "adoção", que é a redenção do corpo
quando Cristo voltar (Fp 3:20, 21).
Esse é o ponto culminante da
"adoção" que acontece no momento da conversão, quando o
"Espírito de adoção" nos insere na família de Deus como filhos
adultos. Quando Cristo voltar, participaremos plenamente de sua herança.
3. O
Espírito Santo geme (vv.25-30). Deus se preocupa com as provações de seu povo.
Quando ministrava na Terra, Jesus gemeu ao ver o que o pecado fazia com a
humanidade (Mc 7:34; [o 11 :33, 38). Hoje, o Espírito continua a gemer conosco
e sente o peso de nossas fraquezas e sofrimentos. Mas o Espírito não se atém a
gemer. Ele ora por nós por meio desses gemidos, a fim de que sejamos conduzidos
para a vontade de Deus. Nem sempre sabemos qual é a vontade de Deus. Nem sempre
sabemos orar, mas o Espírito intercede por nós para que vivamos dentro da
vontade de Deus, apesar do sofrimento.
O cristão não precisa
desanimar em momentos de sofrimento e de provação, pois sabe que Deus trabalha
no mundo (Rm 8:28) e que o Senhor tem um plano perfeito (Rm 8:29). Seu plano
tem dois objetivos: nosso bem e sua
glória. No final, ele nos tornará semelhantes a Jesus Cristo! O melhor de tudo,
porém, é saber que seu plano será bem-sucedido.
4.
LIBERDADE DO MEDO – NENHUMA SEPARAÇÃO (vv.31-39)
A ênfase desta última seção
é sobre a segurança do cristão. Não precisamos temer o passado, o presente ou o
futuro, pois estamos seguros no amor de Cristo. Paulo oferece cinco argumentos
para provar que o cristão não pode ser separado de seu Senhor.
1. Deus é
por nós (v. 31). O Pai é por nós e provou esse fato entregando seu Filho (Rm 8:32). O
Filho é por nós (Rm 8:34) e o Espírito também (Rm 8:26). Deus faz todas as
coisas cooperarem para nosso bem (Rm 8:28). Deus é por nós em sua Pessoa e em
sua providência.
2. Cristo
morreu por nós (v. 32). Vemos aqui uma argumentação em ordem crescente. Se, quando éramos
pecadores, Deus nos deu seu melhor, agora que somos filhos de Deus, acaso ele
não nos dará tudo de que precisamos?
3. Deus
nos justificou (v. 33). Isso significa que nos declarou justos em Cristo. Satanás deseja nos
acusar (Zc 3:1-7; Ap 12:10), mas, em Cristo Jesus, somos justos diante de Deus.
4. Cristo
intercede por nós (v. 34). A segurança do que crê em Cristo se deve a uma
intercessão dupla: o Espírito intercede (Rm 8:26, 27) e o Filho de Deus
intercede (Rm 8:34). O mesmo Salvador que morreu por nós intercede por nós no
céu.
5. Cristo
nos ama (vv. 35-39). Em Romanos 8:31-34, Paulo prova que Deus não falha conosco; mas será
que podemos falhar com ele? E se vacilarmos em meio a alguma grande provação ou
tentação? O que será de nós? Paulo trata desse problema nesta última seção e
explica que nada nos separará do amor de Jesus.
a) Em primeiro lugar, Deus
não nos protege das dificuldades da vida, porque precisamos delas para nosso
crescimento espiritual (Rm 5:3-5).
b) Além disso, ele nos dá o
poder de conquistar a vitória (Rm 8:37). Somos "mais que vencedores";
literalmente, somos "supervencedores" por meio de Jesus Cristo! Ele
nos dá vitória sobre vitória!
CONCLUSÃO
Não há nenhuma condenação,
pois compartilhamos da retidão de Deus, e a lei não pode nos condenar.
Não há nenhuma obrigação,
pois temos o Espírito de Deus que nos capacita a vencer a carne e a viver para
Deus.
Não há frustração alguma,
pois compartilhamos da glória de Deus, a bendita esperança da volta de Cristo.
Não há qualquer separação,
pois experimentamos o amor de Deus. "Quem nos separará do amor De Cristo?" (Rm 8:35).
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