Texto: Mateus 5.17-20
Tema: A Lei, Cristo e o Cristão
Introdução:
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Vimos que o Sermão do Monte é destinado aos discípulos de Jesus, que as
bem-aventuranças apresentam o CARÁTER do cristão e que o sal e a luz são
metáforas para exortar sobre a INFLUÊNCIA do cristão no mundo, produzindo assim
as “boas obras”.
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Agora o foco é apresentar a JUSTIÇA do cristão por meio deste caráter e
destas boas obras. Esta Justiça da qual os discípulos “tem fome e sede” (v.6) e
pela qual “são perseguidos” (v.10) é maior que a dos religiosos (v.20), pois se
assemelha à lei moral de Deus.
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Aqui Jesus apresenta sua definição de justiça cristã e esclarece pontos
duvidosos sobre a relação entre Novo e Velho Testamento, entre Evangelho e a
lei.
1. CRISTO E A LEI. (v.17,18)
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Jesus não veio para abolir, revogar, destruir, acabar com o Velho
Testamento – Lei e Profetas. Alguns pensavam isso dele, pois mesmo com pouco
tempo de ministério, questões sobre o sábado já haviam surgido (Mc 1.21-27).
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Outra questão é sobre Sua autoridade e a autoridade da Lei de Moisés.
Os escribas conhecedores e mestres da lei reconheciam apenas a lei como
autoridade, mas Jesus falava com autoridade própria “Em verdade digo”.
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Isso nos faz pensar na relação que existe entre Jesus e Moisés, entre o
Novo e o Velho Testamento. Jesus não veio REVOGAR, deixando de lado ou
anulando, nem ENDOSSAR de maneira estéril e literal, ele veio CUMPRIR.
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O Velho Testamento contém diferentes tipos de ensinamento:
o Doutrinários: A “Tora” ou a lei é a instrução
revelada, mas parcial sobre Deus, o homem, a salvação, e demais
doutrinas bíblicas. Jesus veio para completar com sua pessoa, ensinamentos e
obra.
o Profecias preditivas: Grande parte apontava pro
Messias, assim Jesus cumpriu em si todas elas completamente. Na cruz todo
sistema cerimonial, sacerdócio e sacrifício foram cumpridos, e as cerimônias
cessaram.
o Preceitos éticos/lei moral: Que são frequentemente mal
interpretados ou desobedecidos. Jesus os cumpriu pela obediência pessoal e transfere
esta responsabilidade aos discípulos. Jesus fornece a verdadeira interpretação,
com toda profundidade e significado desejada por Deus.
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Hoje a Lei não foi abolida para os cristãos, Jesus não veio destruir,
mas dar continuidade a ela e nós não estamos livres para desobedecê-la. A lei
permanecerá até que seja cumprida - obedecida - pelos cidadãos do reino de Deus
(v.18).
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Este cumprimento não se completará até que o céu e a terra passem, e
este tempo deixe de existir e as palavras da lei já não serão mais necessárias.
A lei tem a duração do universo.
2. O CRISTÃO E A LEI. (v.19-20)
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Jesus agora apresenta a seus discípulos a validade duradoura da lei
e a atitude
de obediência destes em relação à ela. Existe uma conexão entre a lei de Deus e
o reino de Deus, assim a grandeza no reino terá como medida a conformidade à
Lei e ao ensino dela aos outros.
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A justiça do cristão precisa ser maior que a dos escribas e fariseus,
não por obedecer aos 248 mandamentos e 365 proibições, mas por ser mais
profunda, por ser uma justiça interna, da mente, da motivação do coração,
resultando em uma moralidade mais profunda, diferente dos religiosos que
procuravam uma obediência externa e formal em conformidade com a letra da lei.
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Em Cristo as duas promessas de Deus (Ez 36.27) de colocar a sua lei e o
seu Espírito dentro de nós se cumprem. Assim não devemos imaginar que, quando
temos o Espírito, podemos dispensar a lei, pois o que o Espírito faz em nossos
corações é exatamente escrever neles a lei de Deus.
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A fórmula usada por Jesus “Ouvistes
o que foi dito... eu, porém vos digo” a partir daqui apontam para a
perpetuidade da lei, a vinda de Cristo e o cumprimento da lei, assim como da
responsabilidade dos discípulos em obedecê-la mais completamente que os
religiosos.
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O que Jesus combate é as distorções, perversões e falsas interpretações
da lei promovidas pelos escribas e fariseus e ensinadas pela tradição oral. Eles
estavam diminuindo o desafio da lei e afrouxando os mandamentos de Deus,
tornando as exigências morais mais manejáveis e menos rigorosas.
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Eles estavam restringindo os mandamentos (homicídio, adultério,
juramento, amor ao próximo) e esticando as permissões (divórcio, vingança) da
lei, que para eles era um jugo/fardo pesado. Assim tornavam as exigências menos
exigentes e as permissões mais permissivas.
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Nos versículos seguintes, Jesus contradiz os fariseus ampliando os
mandamentos que eles restringiam e restringindo as permissões que eles
alargavam.
CONCLUSÃO:
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O discípulo cristão tem de seguir a Cristo, não aos fariseus. Não
devemos tentar rebaixar os padrões da lei para torna-la mais fácil de obedecer.
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A justiça do cristão deve ser maior que a dos religiosos, entendendo
que a Lei não foi abolida e está em conformidade com o amor.
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Jesus discordou da interpretação
farisaica da lei, ele jamais discordou de aceitar a autoridade dela.
(Créditos: A Mensagem do Sermão do Monte - John Stott)
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