O texto de Atos nos mostra que, já naquela época, os cristãos entenderam que eles deveriam fazer três coisas fundamentais para saúde da igreja:
1. Amar a Deus. Vemos isso na “qualificação dos homens escolhidos”
(v.3,5), sem dúvidas eles amavam ao Senhor de todo seu coração;
2. Fazer Discípulos. O texto afirma que a Palavra se espalhava e a igreja
crescia (v.1,7), aliás, a situação descrita é resultado do número de
discípulos;
3. Servir à Comunidade. A falha estava na distribuição de alimentos (v.1,2) para um grupo da Igreja, a solução foi estabelecer o sacerdócio de todos os discípulos.
O texto começa com uma referência ao crescimento numérico da Igreja. Mas junto com o crescimento, surgiu um problema interno, a queixa dos cristãos não judeus no que se refere a distribuição de provisões para as viúvas do seu grupo.
O problema foi trazido aos
apóstolos que reuniram os discípulos e propuseram a eles que escolhessem homens
capazes de administrar a distribuição de provisão. Para os apóstolos, a
prioridade do seu chamado ministerial era a pregação e a oração e queriam se
dedicar a isso.
Sete homens (dignos de confiança,
cheios do Espírito e sábios) foram escolhidos pelos discípulos e os apóstolos
consagraram eles para este serviço. Dessa forma o texto traz a nota de que a
“palavra de Deus continuava a se espalhar... o número de seguidores crescia”.
Em 1 Pedro 2.5,9 o apóstolo
declara esta verdade bíblica que foi esquecida pela igreja durante séculos:
“Cada pessoa convertida tem o dever de ser ativo no serviço ao Senhor por meio
do exercício dos seus dons espirituais para não sobrecarregar os líderes”.
Nisto consiste o Sacerdócio Universal de todos os Crestes.
1. O SERVIÇO
DE TODOS EVITA RECLAMAÇÃO NA IGREJA - v.1
·
O que era para
ser benção (o crescimento numérico da Igreja) passou a produzir um ambiente
propício para reclamação na Igreja. Um problema estava surgindo motivado por um
resquício de partidarismo entre cristãos gregos e cristãos judeus.
·
Era dever da
Igreja prover o sustento das viúvas (1Tm 5.3-16), isso era feito com os
recursos que eram trazidos aos apóstolos (Barnabé e Ananias venderam suas
propriedades para isso), pois até então eles administravam tais recursos. O
problema não era a captação, mas a distribuição do dinheiro.
·
O problema foi
resolvido com a delegação deste serviço para pessoas do próprio círculo cristão
que eram capazes de realizá-lo, de forma que as injustiças fossem reparadas e
assim, houvesse paz na Igreja. A solução estava ali entre eles, pessoas com
habilidades para fazer aquele serviço.
·
As reclamações
podem surgir: 1. Quem está servindo monopoliza tudo e não deixa espaço para que
outros se envolvam e assim ministrem no exercício dos dons. 2. Quem não está
servindo se acomoda e deixa tudo para que os outros façam, por pensar que não é
capaz ou digno de fazer.
·
A maior parte das
reclamações e descontentamentos na Igreja hoje é devido a negligência de parte
do corpo que não coloca seus dons a serviço do Senhor e em benefício da Igreja.
Se todos servissem, haveria menos falhas nos ministérios e menos reclamações.
·
Como igreja
precisamos entender que cada cristão tem seu lugar no corpo de Cristo e
portanto, tem seu ministério a desenvolver. Quem se omite e negligencia seu
chamado, está pecando e causando prejuízos para a Igreja. Todos são chamados a
servir. Todos devem servir (1 Pe 2.9).
2. O SERVIÇO
DEVE SER COM EXCELÊNCIA. v.2,4
·
Os apóstolos
elegeram os diáconos para cuidar da distribuição de alimentos para que eles
pudessem se dedicar e fazer o seu melhor na pregação, oração e ensino. Eles
poderiam acumular estas funções, mas sabiam que não fariam com toda excelência
que era necessário.
·
Eles sabiam que
no meio da congregação havia pessoas capazes de fazer aquele serviço com a
mesma dedicação e excelência que eles estavam fazendo, e até melhor, afinal
alguns estavam reclamando porque as suas viúvas recebiam menos que as outras.
·
Paulo aborda em 1
Coríntios 12, Efésios 4.11-13 o assunto dos dons para entendermos que cada um é
necessário no corpo e, assim, tem um trabalho a executar, mas é em Romanos
12.4-8 que somos exortados a servir com zelo, fazendo bem feito aquilo para o
qual fomos chamados.
·
O profeta
Jeremias alertou sobre a negligência dos soldados na guerra contra Moabe com
uma expressão muito forte “maldito aquele
que fizer a obra do Senhor relaxadamente”
(48.10), ou com negligência, com frouxidão, com engano. Não basta servir, é
preciso fazer com excelência.
·
Devemos refletir
se estamos sendo servos bons e fiéis (Mt 25.21,23), se estamos dando o melhor
da nossa parte para servir aos irmãos através de nossos dons ou se estamos
sendo relaxados, ou pior, estamos escondendo nossos dons e assim trazendo
prejuízo à Igreja.
3. O SERVIÇO
EXIGE HABILIDADES... ESPIRITUAIS v.3,5,8
·
O pedido dos
apóstolos foi para que escolhessem sete homens com algumas características
(basicamente espirituais) específicas para desempenhar aquela função:
o
Sábios, (sophia). Sabedoria, inteligência ampla e completa; usado do
conhecimento sobre diversos assuntos; a sabedoria que pertence aos homens
(conhecimento variado de coisas humanas e divinas, adquirido pela sutileza e
experiência, e sumarizado em máximas e provérbios).
o
Cheios do
Espírito, (pleres).
Cheio, i.e., preenchido, completo (em oposição a vazio). Inteiro, i.e.,
completo; que não tem falta de nada, perfeito.
o
Bom
testemunho, (martureo). Ser uma testemunha, dar testemunho, i.e., afirmar ter
visto, ouvido ou experimentado algo, ou recebido por revelação ou inspiração
divina.
o
Havia tornado
cristão, (proselutos).
Alguém que veio de uma religião pagã para o judaísmo. a) Prosélitos de retidão:
que recebiam a circuncisão e se comprometiam em guardar toda a lei mosaica e
cumprir todas exigências do judaísmo; b) Prosélitos da entrada: que habitavam
entre os judeus, e mesmo incircuncisos observavam algumas leis específicas.
o
Cheio de fé (charis).
Graça; aquilo que dá alegria, deleite, prazer, doçura, charme, amabilidade:
graça de discurso; boa vontade, amável bondade, favor; da bondade
misericordiosa pela qual Deus, exercendo sua santa influência sobre as almas,
volta-as para Cristo, guardando, fortalecendo, fazendo com que cresçam na fé
cristã, conhecimento, afeição, e desperta-as ao exercício das virtudes cristãs
·
Não devemos
entender com isso que as qualificações humanas podem ser desprezadas, mas que
quando se trata de serviço a Deus para a Igreja, o critério primário é
espiritual. Se a pessoa tem essa qualificação espiritual e coloca sua formação
humana à disposição, isso é benção.
·
Infelizmente
quando pensamos em pessoas para desempenhar certos serviços na Igreja,
escolhemos a via errada de seleção. Nos atemos primeiramente às capacitações e
habilidade humanas e não espirituais. Erradamente avaliamos pelo currículo que
a pessoa possui (professor Escola Bíblica).
·
O fato é que se a
pessoa não for salva, regenerada e comprometida com o Senhor Jesus, ela pode
ter o melhor currículo, a melhor formação, todos os cursos possíveis, mas ela
não servirá com excelência, com dedicação. Ou talvez ela nunca se envolverá em
algum serviço na Igreja.
CONCLUSÃO:
·
O texto começa e
termina com a mesma ênfase: “o número dos
discípulos aumentava...”. Este crescimento numérico revela a saúde
espiritual daquela igreja.
·
Era uma igreja
marcada pela Oração Comunitária; pela Intensa Comunhão e cada um servindo com
seus dons espirituais.
·
A vontade de Deus
para sua Igreja é que todos sejam servos, que usem seus Dons com excelência,
pois isso vai gerar o crescimento do corpo de Cristo.
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