Depois de Tiago exortar aqueles que confiam em si mesmos, fazendo seus planos e deixando Deus de fora; depois de repreender e condenar os ricos que usavam mal suas riquezas, gastando com luxos enquanto outros passavam necessidades; agora ele se dirige aos cristãos, pessoas justas, principalmente pobres, que estavam sofrendo a mesma situação do Salmo 37.
Seu conselho é o mesmo: “sede pacientes”, pois “a vinda do Senhor”, quando os ímpios serão julgados (5.1-6) e os justo libertados “está próxima”.
O Salmo 37 é um cântico de
ânimo dirigido ao justo, que é descrito como:
·
Pobre e necessitado (v.14);
·
Está a sofrer perseguição do ímpio (v.12-15, 32-33);
·
É tentado a invejar a prosperidade e bem-estar do ímpio (v.1,7);
·
Deseja que o ímpio seja logo julgado (v.10).
Diante disto o salmista incentiva o justo a:
o
“Descansar no Senhor” (v.7);
o
“Deixar a ira” (v.8);
o
Crer na defesa do Senhor (v.34-38).
Tiago vai incentivar os irmãos a desenvolverem a paciência, pois ela vai
gerar a esperança que os ajudará a superar as provações que estavam passando. Como
eles fariam isto?
1.
EXERCITANDO A VIRTUDE DA PACIÊNCIA. v.7
Tiago passa da denúncia e condenação profética aos ricos para uma
palavra de incentivo aos crentes fiéis, uma vez que Deus irá punir os
opressores, os crentes precisam esperar com paciência.
A palavra de ordem no texto é PACIÊNCIA. O que é paciência:
o
Atitude amorosa e longânima que devemos ter diante dos outros (1Cor
13.4; Ef 4.2);
o
Atitude determinada e forte com a qual devemos enfrentar circunstâncias
difíceis (2 Tes 1.4);
o
Pode ser tanto a força nas provações como a capacidade de esperar
pacientemente no Senhor.
No texto o incentivo à paciência é em relação à vinda do Senhor, como
sendo nosso alvo de vida, mas também um período de tempo. Como exemplo desta
paciência Tiago usa o lavrador que precisa aguardar com paciência que a terra
produza o precioso fruto do qual depende sua subsistência.
2.
ENCHENDO O CORAÇÃO DE ESPERANÇA. v.8
Como o agricultor que espera pacientemente a semente germinar e a safra amadurecer,
os crentes devem esperar com paciência a volta do Senhor que os libertará e
julgará seus opressores.
Esta espera exige um fortalecimento do coração (1Tes 3.13; 2Tes 2.17). A
recomendação é um firme apego à fé em meio de tentações e provações, e um
fortalecer mútuo para a luta contra o pecado e dificuldades.
A vinda de Jesus é algo certo, e assim como o próprio Jesus não sabemos
o dia nem a hora (Mc 13.32), mas devemos agir e ensinar aos demais a viver como
se esta fosse a última geração da humanidade.
3.
LIBERTANDO-SE DAS QUEIXAS. v.9
A queixa contra os outros é claramente uma tentação que acompanha a
pressão das circunstâncias difíceis. Quantas vezes colocamos as frustrações de
um dia difícil em cima de nossos amigos e familiares.
Não colocar sobre os outros nossas frustrações é uma característica da
própria paciência que está ligada ao “suportar-nos
uns aos outros” em amor conforme Efésios 4.2.
Logo, então os crentes não devem se queixar das dificuldades dos outros
ou que eles não devem acusar os outros, por causa de suas dificuldades.
Por que não falar contra o irmão? Pois é uma forma de julgamento já
condenado em 4.11-12 e semelhante a Mat 7.1. Além disso, o julgamento logo
acontecerá, pois o juiz está à porta.
Além disso, exige-se de nós uma autoanálise, exige um exame de
comportamento, para que quando o juiz chegar possamos estar preparado para
recebê-lo.
4. PERSEVANDO NO SOFRIMENTO. v.10,11
Tiago cita os profeta e Jó como exemplos de paciência e resistência no
meio das aflições. Jesus incentivou os discípulos a enfrentarem a perseguição
com coragem (Mat 5.12).
O que precisamos entender aqui é que o sofrimento suportado por eles era
resultado não de erro, mas especificamente de sua fiel adesão à vontade de
Deus, eles “falaram em nome do Senhor”.
Está perseverança em meio ao sofrimento os qualificou como “felizes” ou
uma melhor tradução “bem-aventurados”, semelhante a Jesus que proferiu uma
“bem-aventurança” sobre aqueles que são perseguidos (Mat 5.10).
Há uma diferença entre “ser feliz” e “ser bem-aventurado”:
·
Ser Feliz: normalmente sugere uma
reação emocional e subjetiva. É fruto de uma circunstância pontual e
passageira.
·
Bem-Aventurado: é a aprovação e a
recompensa objetivas e inalteráveis de Deus. É um estado de graça resultante de
uma perseverança nas provações.
Jó é um exemplo de firmeza. Ele reclamou da situação pontual que vivia,
porém nunca abandonou a fé, se apegou a Deus e continuou a esperar nele (Jó
1.21, 2.10, 16.19-21, 19.25-27).
Tiago não diz que a paciência no sofrimento sempre será recompensada com
prosperidade material. Mas ele procura incentivar nossa firmeza fiel e paciente
na aflição nos lembrando da bem-aventurança que recebemos de Deus.
5. NÃO
FAZENDO JURAMENTOS – v.12
O juramento que é proibido é o ato de invocarmos o nome de Deus, para
garantirmos a veracidade daquilo que dizemos.
A Lei não proíbe o juramento, porém exige que a pessoa seja fiel a
qualquer juramento que fizer.
Jesus disse que “de modo algum” devemos jurar (Mateus 5.34-37). Nossa
veracidade deve ser tão coerente e
confiável que não precisemos d e nenhum juramento para apoiá-la, o sim ou o não
deve ser suficiente. Nossa palavra deve ser digna de confiança.
A questão do juramento tem a ver com caráter, o “eu”, pois quando alguém
“jura”, quer demonstrar que vai cumprir aquilo que disse. Mas quando Jesus muda
nossa vida, não voltamos atrás em uma palavra dita.
Não
jureis. Muitos cristãos entendiam que não deviam fazer nenhum tipo de
juramento em tribunais, para exercer uma profissão, etc. Mas Tiago não se
refere a julgamentos oficiais,
aqueles que autoridades nos levam a fazer, mas sim aos juramentos voluntários, aqueles que tenham a
intenção de agregar uma certa veracidade adicional.
CONCLUSÃO:
Eu
pedi a Deus que tirasse meu orgulho.
E Deus disse não!
Não Lhe cabia tirá-lo, mas a mim deixá-lo...
Eu
pedi a Deus que me desse paciência.
E Deus disse não!
Ele disse que a paciência nasce das atribulações;
Ela não é concedida, é merecida...
Eu
pedi a Deus que me concedesse felicidade.
E Deus disse não!
Ele disse que me daria Suas bênçãos;
A felicidade viria de mim mesmo...
Eu
pedi a Deus que me poupasse do sofrimento.
E Deus disse não!
Ele disse que a dor afasta-me das ilusões da vida
e leva-me para mais perto d’Ele...
Eu
pedi a Deus que me fizesse crescer minha vida espiritual.
E Deus disse não!
Ele me disse que eu deveria crescer sozinho,
mas Ele vai podar-me como um ramo, para que produza frutos...
Eu
perguntei a Deus se Ele me ama.
E Deus disse sim!
Ele deu-me Seu Único Filho, que morreu por mim
E quer-me um dia no céu, pela minha Fé...
Então,
pedi a Deus que me ajudasse
a amar os outros como Ele me ama.
E Deus disse:
"Finalmente compreendeste!"
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