O tema da carta de Tiago é “a religião pura” aquela que vem do amor divino vivido no coração (Is 29.13; Mt 15.8,9). Ela é testada pelas provas e tentações dos fieis fazendo distinção entre os que são carnais e os que são espirituais.
Tiago fala sobre os contrastes das tentações e provações; da sabedoria e da confiança verdadeira e da falsa. Desse modo faz um contraste entre a “religião pura” e da religião falsa.
A religião pura não impõe a necessidade de juramentos, mas conduz à
oração em todas as situações e ao resgate daquele que se desviou da comunhão. A
fé sincera não jura, mas ora e se importa com quem deixa a igreja.
1. INCENTIVO À PRÁTICA DA ORAÇÃO – v.13-18
A oração está relacionada à vida espiritual, com nossa relação com Deus
e para Deus. À prática da oração deve acontecer em cada situação que
enfrentamos. Devemos orar em diversas circunstancias:
1. Na aflição (v.13a). Uma experiência de todo
tipo de aflição e provação. Vale notar que esta oração não é para livramento da
aflição, mas por força para resistir a elas em fidelidade.
2. Na alegria. (v.13b). Esta alegria não é
relacionada a circunstâncias externas, mas à felicidade e alegria de coração
que se pode ter, tanto em tempos maus quanto bons. A expressão “cantar
louvores” está intimamente ligada com a oração, na verdade é uma forma de
oração.
3. Na doença (v.14,15). A recomendação é chamar
os “presbíteros” ou pastores, homens espiritualmente maduros, responsáveis pela
supervisão espiritual de cada igreja local. Estes deveriam orar pelo enfermo e
ungi-lo com óleo, que tinha dois propósitos:
1. Uma questão prática. O óleo era usado como
remédio no mundo antigo (Lucas 10.34), para curar desde dor de dente até uma
paralisia. Assim os líderes deveriam se aproximar do leito armados de recursos
espirituais e naturais – oração e remédio. Ambos podem ser administrados com a
autoridade do Senhor e os dois podem ser utilizados por Ele na cura do doente.
2. Uma questão religiosa. O óleo é usado de forma
simbólica. No A.T. é símbolo da consagração de pessoas ou objetos, então a
unção era símbolo de que os doentes estavam sendo separados para um cuidado
especial de Deus. A prática da unção não é mencionada em outra carta do N.T., e
muitas curas foram realizadas sem unção, o que significa que não deve ser uma
regra: unção e oração.
3. A fonte de cura – v.15. Está claro que é a
oração de fé e não a unção com óleo. Vale dizer que a eficácia da oração não está
na sua força ou frequência, mas a fé (1.6-8), um compromisso inabalável e
sincero com Deus. Como resultado desta oração temos:
§ Será salvo. Não no sentido
espiritual, mas a restauração da saúde física, será livrado da morte física.
§ O Senhor o levantará. Seu vigor físico será
renovado, e ele levantará do seu leito.
NOTA: A Bíblia não diz que toda doença é fruto de
pecado (João 9.2-3). Tiago coloca um condicional “se”, pois em alguns casos a
doença e a morte são frutos do pecado (1 Cor 11.27-30; Marcos 2.1-12).
4. Na confissão (v.16). O que Tiago sugere é a
mútua confissão como prática saudável para a vitalidade espiritual da Igreja.
Os pecados a serem confessado primariamente são aqueles que podem ter causado a
doença, ou aqueles que tornam a oração ineficaz colocando obstáculos à cura.
1. A prerrogativa da oração
não é só dos presbíteros ou os “super-crentes”, mas sim de toda a igreja, todos
aqueles que sinceramente estão comprometidos com Deus.
5. Para juízo (v.17,18). Elias sendo um homem igual
a nós, sua oração teve grande efeito. A seca descrita foi um meio de punição
contra Acabe e Jezabel por sua idolatria. Além há uma conexão entre o solo seco
e o enfermo, demonstrando que assim a oração é capaz de devolver um estado de
graça.
2. UMA CHAMADA À AÇÃO – v.19,20
Tiago incentiva cada crente a tomar a iniciativa de trazer de volta à
comunhão com Deus e com a comunidade qualquer pessoa que tenha se “desviado da
verdade”.
A “verdade” diz sobre todas as implicações do evangelho. A doutrina
certa não pode estar separada do comportamento certo. Aquilo que a mente pensa
e a boca confessa o corpo irá praticar.
O “desviar-se” descreve qualquer afastamento do caminho de justiça.
Quando vemos uma pessoa se desviando da comunhão, devemos procurar
reconduzi-lo, para que volte à prática da fé que havia deixado.
§ Salvará da morte (v.20).
Uma referência a punição escatológica, o destino final do caminho que o pecador
determinou seguir.
§ Cobrirá pecados (v.20).
Refere-se ao perdão de pecados oferecido por Deus ao pecador, assim como o
crente que busca o retorno dos desviados, estes esforços encontrarão a
aprovação e benção de Deus.
Dois apelos à oração: 1. Orem para que os desviados retornem à comunhão
da Igreja; 2. Orem para que haja sabedoria ao lidar com o pecado na vida
particular e na vida das outras pessoas. Cristo nos libertou do pecado e moldou
nosso caráter para viver a verdade, exercitar a oração em todas as
circunstancias e praticar o evangelismo para salvar os perdidos.
Aplicações
Cristo veio para dar liberdade e moldar nosso caráter a fim de vivermos
a verdade, o que automaticamente exclui a necessidade de juramentos, pois não
voltaremos atrás em nossas palavras.
A vida íntima com Cristo nos conduz a uma conduta diária de oração por
todas as necessidades, seja na aflição, na doença ou na confissão. Não podemos
negligenciar esta preciosidade que é a oração.
Nossa existência como cristão e igreja se justifica quando demonstramos
uma preocupação constante pelos perdidos e sua condição de pecado, nos
impulsionando para resgatá-los desta realidade.
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