O texto do final do cap. 4 e início do cap. 5 tem uma certa unidade. O cap. 4.13-17 é dirigido tanto para a igreja quanto para o mundo; o cap. 5.1-6 é dirigido para os não-cristãos, já o cap. 5.7-11 é dirigido para cristãos.
Tiago está criticando as pessoas arrogantes e ricas
por deixarem Deus e seus valores fora de seu estilo de vida e assim buscam a riqueza,
mas não levam em consideração a pessoa de Deus e seus propósitos na história.
Não é a riqueza destas pessoas que Tiago crítica, mas a arrogância, a ostentação, a vaidade, o orgulho, etc. Elas faziam planos de viagens para fazer negócio e obter lucros.
Estes homens são exortados a mudar suas atitudes, caso
contrário seriam condenados sem reservas. Para os cristãos esta condenação aos
ricos servia para não invejarem as riquezas dos incrédulos e suportar com
paciência os males, pois Deus irá fazer justiça a eles.
1. TIAGO EXORTA OS ARROGANTES
a. Fazem Planos Sem Deus. v.13
Aqueles homens de negócios eram caracterizados como
planejadores deliberados e autoconfiantes. Eles decidem aonde e quando irão,
quanto tempo vão permanecer, e tem absoluta certeza de que terão lucro.
Mas não é o lucro que Tiago critica, mas o contexto
por detrás desta prática, as pessoas envolvidas com negócios são
particularmente vulneráveis.
b. Esquecem da Natureza Transitória do Homem. v.14
Ao fazer os planos pensando apenas neste mundo,
estavam deixando de reconhecer a natureza transitória deste mundo. Planejar com
tanta confiança é o cúmulo da tolice. O ensino de Tiago aproxima-se das
palavras de Jesus em Lucas 12.15-20,
quando adverte as multidões contra a avareza.
Tiago enfatiza a duração curta da vida: uma
enfermidade, morte acidental ou a volta de Cristo poderiam abreviar nossa vida.
Este reconhecimento realista da brevidade e incerteza da vida são vistas em Pv 27.1; Jó 7.7,9,16; Sl 39.5-6.
c. São Insubmissos à Vontade de Deus. v.15
Essas pessoas envolvidas com negócios devem
restringir todos seus planos e esperanças à vontade do Senhor. Este mundo não é
um sistema fechado, mas a influência divina determina o êxito ou fracasso dos
planos.
Vemos aqui a implicação no controle de Deus sobre a
história, através de Cristo, que atua como um governante soberano, assim a
vontade do Senhor deve ser reconhecida como a condição para encarar a vida e os
planos – Ex. Paulo (Atos 18.21; Rom 1.10).
Ele tinha como princípio não fazer nada sem a permissão de Deus.
d. Sua Arrogância era a Raiz do Fracasso. v.16,17
Tiago mostra que o orgulho arrogante é a raiz do
fracasso por não levar Deus em conta quando se faz planos. É este sentimento
arrogante de autossuficiência e importância pessoal que aponta como
característica do mundo em 1 Jo 2.16;
Rom 1.30; 2 Tim 3.4.
As pessoas não somente deixam de levar Deus em
conta ao planejar suas vidas; também é a essência do pecado da qual elas se
gabam, o “eu” toma o lugar central, não é Deus.
O v.17 reproduz um ditado tradicional, que é usado
por Tiago para reprovar os mercadores, por deixarem de fazer o bem com o
dinheiro deles. Além disso, ele acrescenta um incentivo a que se faça o que ele
acabou de ordenar. Sabendo o que é o bem e deixando de fazê-lo, estão pecando.
O que vemos aqui é que o pecado da omissão (Mat 25.31-46).
CONCLUSÃO:
Planeje o amanhã, mas tenha a consciência de que
ele pode não vir a existir, assim, viva Deus hoje em sua vida, pois amanhã pode
ser tarde. Por isso, não deixe para amanhã nada que deve ser feito hoje.
O seu futuro não é exclusivamente seu. Deus é seu
sócio e parceiro. Por isso, a cada decisão, consulte ao Senhor e permita que
Ele o ajude na escolha.
Achar que não precisamos de Deus nas coisa simples
da vida tem feito muitas pessoas infelizes e frustradas.
2. TIAGO CONDENA OS RICOS OPRESSORES
a. Pelo Mau Uso da Riqueza. v.1
Tiago fala num tom dos profetas do AT, onde “chorai e lamentai” frequentemente
descreviam a reação dos perversos quanto à chegada o Dia do Senhor (Isaías 13.6, 15.3) para o dia de
julgamento.
Isto mostra que as “desgraças que virão” não se referem a um sofrimento terreno,
temporário, afinal eles viviam no conforto da riqueza, mas é uma referência à
condenação e punição que Deus irá impor a eles no dia do julgamento.
Jesus falou muito sobre os perigos da riqueza, em Lucas 6.24,25 ele pronuncia um “ai”
sobre os ricos, advertindo-os de que o bem estar deste mundo seria substituído
por sofrimento no mundo vindouro.
Não podemos cair no erro de pensar que os ricos
serão condenados pelo fato de serem ricos, o que a Bíblia diz é que esta
condenação se dá pelo mau uso da riqueza evidente nos pecados que eles
desenvolvem.
b. Pela Inutilidade dos Bens Mundanos. v.2,3
Tiago destaca uma prosperidade material completa: riquezas
(referência às colheitas), roupas, ouro e prata. Esta
riqueza estava “podre” referindo-se à
decadência ou transitoriedade dos esforços humanos, “roídas pela traça” destacando o quão passageiro são os tesouros
desta terra, a “ferrugem do ouro e prata”
mostra o quão temporário são até os metais mais valiosos.
Isto mostra a insensatez de se confiar em bens
materiais perecíveis, e que a destruição deles no dia do juízo é tão certa que
já pode ser descrita no presente. Elas não têm benefício espiritual no presente
nem terão no futuro.
Além disso, este acúmulo de bens de nada servia
para ajudar os pobres (Lucas 12.33),
e assim é errado, pois demonstra falsas prioridades e priva da própria vida
outras pessoas que deixam de ser assistidas nas necessidades.
c. Pela Fraude no Pagamento dos Trabalhadores. v.4
Havia uma concentração de terras nas mãos dos ricos,
homens do campo se tornaram empregados. Logo, o pagamento deveria ser feito no
mesmo dia (Mateus 20.1-16, Deut.
24.14,15). Este pagamento imediato garantia o sustento da família do
empregado.
Agindo assim, os ricos não se darão bem com o
pecado deles. Quando a injustiça cometida é colocada diante de Deus, Ele é
santo, poderoso e pronto a julgar aqueles que desrespeitam seus mandamentos.
d. Pela Vida de Luxo, Egoísmo e Indiferença. v.5
Eles vivem em “delícias,
satisfazendo prazeres”, não se importam com seus próprios erros (assim como
em Sodoma). A semelhança de 2 Pedro 2.13
eles estão “festejando” em pleno dia
“sobre a terra”, o que é um contraste
com o tormento que os aguarda na eternidade (Lucas 16.25).
É devido a este esquema de inversão de valores que
estão “engordando o coração” enquanto
os pobres sofrem muito. Está prática egoísta e arrogante dos ricos vai
continuar até o dia do julgamento de Deus.
e. Pela Condenação e Morte do Justo. v.6
O justo era a maneira de descrever o homem
perseguido pelos ricos. Este justo é “pobre
e necessitado” e espera em Deus seu livramento.
A expressão “matar
o justo” é uma forma de descrever os excessos do rico que decide em não
dividir seus bens nem de pagar os salários de seus empregados, chegando até a
confiscar suas terras fraudando processos legais.
E assim Tiago conclui com grande sensibilidade
expondo que o justo não está resistindo ao rico opressor, sua esperança de
resgate está depositada em Deus e no seu poder.
CONCLUSÃO:
A única maneira de conciliar a riqueza com a não
condenação é ser generoso. A generosidade faz de nós senhores sobre a riqueza e
não o contrário.
Mesmo possuindo muitos bens, devemos entender que
eles em nada nos beneficiarão na eternidade. Por isso precisamos acumular
tesouros nos céus.
Mesmo tendo muito sempre sentimos falta de algo,
imagina aquele que tem pouco e deixa de receber o lhe é direito? Pague a quem
você está devendo.
Um estilo de vida luxuoso e indiferente ao meu
próximo demonstra o egoísmo e conduz à condenação.
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