O capítulo 1 é uma Introdução aos temas que Tiago vai desenvolver no restante da carta. Ele enfatiza que:
1. Os desafios da vida produzem resistência e podem nos tornar perfeitos
(provações);
2. Deus dá sabedoria a quem pede com fé, assim passa pelas provações;
3. A pobreza pode nos forçar a confiar em Deus, e a riqueza passará;
4. Deus é generoso e nos dá um novo nascimento através de Jesus;
5. Não devemos ser apenas ouvintes da Palavra de Deus, mas praticantes da
Lei da Torá que nos chama a:
a.
falar com amor,
b.
servir aos pobres e
c.
ser totalmente consagrado a Deus.
Hoje começaremos com o primeiro dos doze temas, ou ensinos sobre devoção inteira a Jesus que Tiago desenvolve no restante da carta. Nos versos 2 a 4 vemos o problema ilustrado com o qual Tiago se depara – a discriminação contra os pobres, o que segundo ele é fruto de padrões malignos.
Em seguida apresenta duas razões pelas quais os
cristãos devem evitar este favoritismo:
o O tratamento preferencial aos ricos contrasta com a atitude de Deus que
escolheu os pobres para serem ricos na fé (v.5-7);
o Todo favoritismo é condenado pela lei áurea, a lei do amor ao próximo
(v.8-13).
Se Tiago estivesse vivendo em nossos dias,
provavelmente estaria presenciando o mesmo problema de discriminação, ou será
que nós hoje não cometemos este erro? A questão é que exemplo ele elegeria para
condenar este favoritismo? Qual é o objeto de maior preconceito hoje por parte
da Igreja?
1. O PECADO DA DISCRIMINÇÃO. v.1
Acepção significa literalmente “receber o rosto”
que é fazer julgamentos e estabelecer diferenças baseadas em considerações
externas, como aparência física, status social ou raça. Deus nunca agiu assim
(Rom 2.11; Efésios 6.9; Col 3.25). Logo o povo dEle deve imitá-lo nesta
questão, preocupação esta de Tiago que já havia sido demonstrada por Moisés em
Deut. 10.17,18 e expandida em Levítico 19.15.
O favoritismo baseado em aspectos externos é
incompatível com a fé naquele que veio derrubar as barreiras de nacionalidade,
raça, classe, gênero e religião. No entanto hoje a Igreja não está imune a este
pecado, e o que é pior ainda, não estamos preparados para lidar com os
diferentes da sociedade. Nos enclausuramos numa redoma de perfeição, assim tudo
o que está fora do nosso padrão não serve para Deus.
Assim agimos não só para com os pobres, mas com as
cores, as tribos urbanas, as preferencias sexuais, etc. Não estamos prontos
para diferenciar o que é uma “atitude pecadora” de uma “pessoa que é pecadora”
e precisa ser amada e resgatada do seu pecado.
Ficamos seguros dentro da nossa redoma, e aqueles
que quiserem fazer parte dela, deverão primeiro se adequar ao que
convencionamos como religioso ou espiritual. Caso não se adequem, jamais
entrarão na nossa comunhão e nunca sentarão nos nossos melhores lugares.
2. A PREFERENCIA MALIGNA PELA RIQUEZA. v.2-4
Tiago usa como ilustração duas pessoas de
aparências externas bem diferentes entrando num local de reunião. Uma apresenta
sinais de riqueza, o outro é um homem pobre. O rico recebe atenção especial e é
conduzido com gentilezas a seu assento. Já ao homem pobre é dito para ficar em
pé ou sentar-se no chão. Isso acontecia quando cristãos se reuniam para culto e
o povo em geral deveria ser bem-vindo.
Com este exemplo Tiago esboça o tipo de
comportamento que julga ser incompatível com a fé cristã. Agora ele vai
condenar este comportamento apresentando duas conclusões:
o Há divisão entre vocês. Esta divisão entre
os visitantes é reflexo das divisões que havia entre os membros daquela
comunidade. A conduta cristã coerente procede de um coração e uma mente com a
mesma coerência cristã.
o Estão se baseando em padrões malignos. Com base em Lev 19.15 Tiago condena a acepção baseada em nossos
próprios julgamentos e decisões segundo padrões não-cristãos e mundanos.
As preferencias e as exclusões não refletem o amor
e a graça de Deus. Se usamos dois pesos e duas medidas, estamos nos tornando
juízes e sentenciadores. Devemos dispensar a mesma intensidade para todos que
entrarem em nosso convívio.
3. ESCOLHAS HUMANAS E DIVINAS. v.5-7
O termo pobre não significa ausência de bens, mas
uma pessoa que era economicamente oprimido e tinha uma inclinação para as
coisas espirituais. As pessoas ricas não são excluídas do reino, apesar de
haver uma advertência sobre o perigo das riquezas.
Tiago trata da diferença entre as escolhas humanas
e as divinas, trazendo como exemplo a questão da salvação. Esta escolha de Deus
pelos pobres contraria os padrões humanos convencionais. O materialmente rico
tem sua herança neste mundo, o que é salvo tem sua herança no Reio de Deus.
É a partir desta vantagem espiritual que os
cristãos devem julgar os outros. As pessoas, sejam crentes ou não, não devem
ser avaliadas pelos cristãos de acordo com padrões do mundo, o ter ou não
riquezas.
A acusação de Tiago é contra o favoritismo injusto.
A discriminação externa é um reflexo de algo que está acontecendo internamente.
Quando olhamos os pecadores com olhar de juízo e condenação, estamos na verdade
querendo punir neles o pecado que pode estar em nós.
Não podemos excluir qualquer pessoa ou grupo
baseados em nossas convicções. Não podemos direcionar nossos ministérios,
nossas vidas, nossas famílias baseados em padrões humanos. Como igreja não podemos ser excludentes, seja
a quem for e pelo motivo que for.
Se julgamos que alguém não é bem quisto em nosso
meio, com base em que estamos dando este veredito?
4. DEVEMOS EVITAR O FAVORITISMO EXCLUDENTE. v.8-13
Os cristãos serão julgados por uma lei que inclui o
amor por todas as pessoas como uma de suas exigências fundamentais. Esta lei é
a chamada de “lei da liberdade” a qual contrasta e carrega consigo “lei de
Moisés”.
O amor ao próximo no pensamento cristão inclui
qualquer pessoa com quem se possa ter contato. Assim a igreja é proibida de
discriminar qualquer pessoa que entre por suas portas. Fazem bem ao obedecer a
lei do amor, mas pecam ao transgredi-la fazendo discriminação.
O que Deus quer da igreja é a totalidade e
abrangência em sua missão. De nada adianta pregar o evangelho e ganhar almas se
não discipulamos. Ter uma boa doutrina e saúde teológica se viramos as costas
para os necessitados. O conceito de Missão Integral da Igreja é colocado diante
de nós.
O julgamento do cristão será com base na lei do
amor, e neste ponto pesa tudo o que falamos e fazemos, ou seja, nosso estilo de
vida, demonstrando amor de forma imparcial diante de todos.
O uso da misericórdia é um aspecto importante da
lei da liberdade, pois é exatamente o que o mandamento do amor exige, e a
igreja estava falhando ao desprezar os pobres. De certa forma a misericórdia é
demonstrada no cuidado com o pobre.
Como igreja precisamos estar preparados para amar a
todas as pessoas, mesmo aquelas que julgamos menos dignas. Ao demonstrarmos
favoritismo, podemos fechar os céus para quem Deus esteja abrindo, e abrir para
quem Ele esteja fechando.
CONCLUSÃO:
Como Igreja ou como crentes, não podemos cair na tentação
e cometer o pecado da discriminação, escolhendo quem é ou não bem vindo ao
nosso meio.
Se somos elitistas seja baseado em qualquer padrão
que for, esse comportamento é humano e maligno. Deus não faz preferencia a um
em detrimento do outro.
Nossa conduta cristã deve estar pautada nos
princípios elementares do evangelho que é inclusivo e não excludente. Quem
somos nós para rejeitar aqueles a quem Deus escolheu?
Devemos nos preparar para viver a lei do amor ao
próximo, pois é baseado nesta lei que seremos julgados.
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