Esta carta foi escrita por Tiago, do
grego “Iakobos”, e do hebraico “Yaakov”, por isso, muitos o
chamam pelo nome de Jacó. No Novo Testamento, há várias pessoas com o
nome de Tiago ou Jacó, dois deles, Tiago filho de Zebedeu e Tiago filho
de Alfeu (Mc 3:16-19), pertenciam ao círculo
íntimo de Jesus, ou seja, eram parte dos doze discípulo.
Mas o Tiago, autor desta carta, era
meio irmão de Jesus (filho de José e Maria – Mc 6.3).
Podemos conhecer sobre a vida dele no livro de Atos 12
e 15 e na carta de Paulo aos Gálatas 1 e 2.
Depois que Pedro saiu de Jerusalém para formar novas Igreja, Tiago ganhou
destaque como líder da Igreja em Jerusalém, composta por judeus messiânicos ou
cristãos
Esta foi a primeira Igreja cristã, ela teve dificuldades durante os vinte anos em que Tiago foi seu líder, houve fome que gerou uma grande pobreza na região, e os membros estavam sendo perseguidos por líderes judeus em Jerusalém. Tiago, apesar de tudo, foi um pilar da Igreja e atuou como um pacificador que liderou com sabedoria e coragem, até que foi morto.
Sua carta nos deixa um
legado do seu ensino e sabedoria de forma curta, condensada, mas
poderosa. O texto começa em forma de carta destinada aos judeus
messiânicos que estavam vivendo fora da terra de Israel.
Tiago, diferente de Paulo, não aborda
problemas específicos de uma igreja local, mas um resumo da sabedoria
para todos os seguidores de Jesus. Tiago não quer ensinar algo sobre teologia
ou eclesiologia, ele literalmente “se mete em nossas vidas” para
desafiar o modo como vivemos.
A carta de Tiago foi influenciada
por duas fontes principais: o ensino de Jesus presente no Sermão do Monte
sobre a vida no Reino de Deus (Mt 5 a 7); e a
sabedoria presente no libro de Provérbios, capítulos 1 a 9. A mensagem e linguagem de Tiago
refletem estas duas fontes.
Tiago usa discursos curtos e desafiadores, cheios metáforas e frases fáceis de
memorizar. Ele está clamando para que os cristãos se tornem sábios e vivem de
acordo com o resumo de Jesus da Torá: Amar a Deus e ao próximo
como a nós mesmos.
A carta tem duas partes: uma introdução,
no capítulo 1, e o corpo capítulos 2 a 5 com doze ensinos
(doze tribos) sobre uma devoção sincera aos ensinos de Jesus, de forma não
linear, antes separados e concluídos com uma frase cativantes, porém todos
estão conectados através de palavras e temas repetidos.
1. O PAPEL DA PROVAÇÃO NA VIDA DA IGREJA – v.2-5
Provação: “experimento,
tentativa, teste, prova”. Adversidades, aflições, aborrecimentos enviados
por Deus e servindo para testar ou provar o caráter, a fé ou a santidade do
discípulo. Quase sempre a provação tem uma origem externa e não é
necessariamente um pecado, ou desvio de caráter.
a) Provações são compatíveis à vida cristã
A ideia de que não devemos “sofrer” não cabe dentro
das Escrituras. A teologia fatalista da prosperidade que tenta excluir o
sofrimento não está em acordo com as Escrituras. Alegria e provações não são
excludentes, elas podem coexistir na vida do discípulo de forma a proporcionar
o seu crescimento.
b) A provação é passageira
“Cair de modo a ser envolvido”. Deus não
permite que passemos por provações eternas, elas são leves e momentâneas (2 Cor
4.17-18) quando comparadas com a eternidade. É verdade que algumas são curtas
(horas), outras médias (dias, semanas) e algumas longas (meses, anos), mas
todas passarão.
c) A provação tem várias facetas
“Vários tipos, várias cores”. Uma vez que
somos seres humanos, vivendo em um mundo caído, estamos sujeitos às provações:
doenças físicas, perdas materiais, traumas emocionais, tragédias naturais, etc.
d) A provação deve produzir maturidade
“Crescer, desenvolvida, maduros, completos, sem
faltar nada”. “A provação é a academia da fé”. A provação faz despertar a
fé, que uma vez em ação, gera perseverança completa para culminar em
maturidade: perfeitos, íntegros, sem falhas. Rejeitar a provação é abrir mão da
oportunidade de crescer.
2. A IMPORTÂNCIA DA SABEDORIA NA PROVAÇÃO – v.5-8
a) A sabedoria para enfrentar as provações vem de
Deus.
Alguém disse que conhecimento é a capacidade de
desmontar coisas, enquanto sabedoria é a capacidade de montá-Ias. A sabedoria é
o uso correto do conhecimento.
A sabedoria é necessária ao passar por tribulações.
Não pedimos força, graça ou mesmo livramento a fim de não desperdiçar as
oportunidades que Deus concede de amadurecer. A sabedoria ajuda a entender como
usar essas circunstâncias para nosso bem e para a glória de Deus.
b) Sabedoria é resultado da fé
Tiago não apenas explica o que pedir (sabedoria),
mas também descreve como pedir. Devemos pedir com fé. Não é preciso temer, pois
Deus deseja responder e não irá nos repreender! "Antes, ele dá maior
graça" (Tg 4:6). Também dá cada vez mais sabedoria. O maior empecilho
para as respostas a oração é a incredulidade.
c) A sabedoria produz convicção
Tiago compara o cristão que duvida às ondas do mar,
com seus altos e baixos. Assim é o "homem de ânimo dobre". A fé diz
"sim!", mas a incredulidade diz "não!" Então, vem a dúvida
e diz "sim!" em um instante e, logo depois, diz "não!" Foi
a dúvida que fez Pedro afundar nas ondas, quando caminhava em direção a Jesus
(Mt 14:22-33).
Muitos cristãos vivem como rolhas, subindo e
descendo com as ondas, indo para frente e para trás. Esse tipo de experiência
indica imaturidade. Se tivermos um coração que não duvida e que não se mostra
dividido, poderemos pedir com fé, e Deus nos dará a sabedoria de que
precisamos. A instabilidade e a imaturidade andam juntas.
Aplicações:
Abraçar as Provações com Alegria e Perseverança. Encarar as dificuldades e desafios como oportunidades para crescimento
espiritual. Ao invés de desanimar frente às adversidades, os cristãos são
chamados a ver essas situações como meios para fortalecer a fé e desenvolver a
perseverança.
Buscar a Maturidade Espiritual. Entender que a perseverança tem um propósito maior: a maturidade e a
integridade. Isso significa trabalhar continuamente para crescer em fé e
caráter, refletindo o amor e os ensinamentos de Cristo em todas as áreas da
vida.
Pedir Sabedoria a Deus com Fé. Reconhecer a necessidade de sabedoria divina em todas as decisões
(familiares, financeiras ou profissionais) e pedir a Deus, confiando que Ele
dará generosamente.
Manter a Fé Constante e Inabalável. Desenvolver uma fé firme, evitando a dúvida e a instabilidade. Isso
envolve confiar plenamente em Deus, mesmo quando as circunstâncias são difíceis
ou incertas.
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