Os três primeiros capítulos tratam de doutrina, de nossas riquezas em Cristo, enquanto os três últimos capítulos explicam os deveres, nossas responsabilidades em Cristo.
A ideia central na primeira metade do livro é
"riqueza", e a palavra-chave da última metade é andar (Ef
4:1,17; 5:2,8,15). Nestes três capítulos, Paulo nos admoesta a andar em unidade
(Ef 4:1-16), pureza (Ef 4:17-5:17), harmonia
(Ef 5:18-6:9) e vitória (Ef 6:10-24).
O termo “pois” indica que
Paulo baseia suas exortações ao dever nas doutrinas ensinadas nos três
primeiros capítulos (Rm 12:1,2 são versículos paralelos). A vida cristã não se
fundamenta na ignorância, mas sim no conhecimento.
O termo “rogar” indica que Deus, em seu amor, nos insta a viver para sua glória: "Eu já o abençoei; agora, obedeça-me em resposta a meu amor e a minha graça".
A ideia central deste texto é a unidade dos
cristãos em Cristo. Trata-se da aplicação prática da
doutrina ensinada na primeira metade da epístola: Deus está constituindo um
corpo e construindo um templo.
Deus reconciliou os judeus e gentios uns com os
outros e consigo mesmo em Cristo. A unidade dos cristãos em Cristo já é uma
realidade espiritual. Nossa responsabilidade é guardar, proteger e preservar essa
unidade.
1. A GRAÇA DA UNIDADE – v.1-3
Unidade não é uniformidade. A unidade é de origem
interior e constitui uma graça espiritual, enquanto a uniformidade é resultante
de pressão exterior. Em outra epístola, Paulo usa o corpo humano para retratar
a unidade cristã (1 Co 12) e adapta a mesma ilustração para esta seção (Ef
4:13-16). Cada parte do corpo é diferente das outras, e, no entanto, todas
constituem uma só unidade e trabalham em conjunto.
A fim de preservar a "unidade do
Espírito", devemos possuir as graças cristãs indispensáveis, e sete delas
se encontram relacionadas nesta passagem:
·
Humildade. Ser humilde significa colocar Cristo em primeiro
lugar, os outros em segundo e a si mesmo em último;
·
Mansidão. Não é fraqueza, mas sim poder sob controle (Moisés – Nm 12.3; Jesus –
Mt 11.29);
·
Longanimidade. Significa literalmente "de longo ânimo", dotado da
capacidade de tolerar desconforto sem revidar.
·
Paciência. Capacidade de suportar, uma graça que não pode ser experimentada sem
amor.
·
Diligência. Literalmente "mostrar-se desejoso de manter ou de guardar a
unidade do Espírito".
·
Paz. Se um cristão não está em paz com Deus, não será capaz de conviver em
paz com os outros cristãos.
Na verdade, Paulo
está descrevendo alguns dos "frutos do Espírito" (GI 5:22, 23), pois
a "unidade do Espírito" (Ef 4:3) é resultado de "[andar] no
Espírito" (GI 5:16).
2. A BASE PARA A
UNIDADE – v.4-6
Pode não haver
consenso quanto a algumas questões secundárias da doutrina cristã, mas a
unidade só é construída quando há uma concordância geral com respeito às
verdades fundamentais da fé. Paulo cita sete realidades espirituais básicas que
unem todos os cristãos verdadeiros.
·
Um só corpo. Trata-se, evidentemente, do corpo de Cristo, do qual todo cristão é
membro, inserido nessa unidade em sua conversão pelo Espírito de Deus (1 Co
12:1231), o que não a isenta da responsabilidade de fazer parte de uma
congregação local;
·
Um só Espírito. O mesmo Espírito Santo habita em cada um dos cristãos, de modo que
pertencemos uns aos outros no Senhor (12x em Efésios);
·
Uma só esperança. Trata-se de uma referência à volta do Senhor para levar sua Igreja ao
céu;
·
Um só Senhor. Ele é o Senhor Jesus Cristo. O senhorio de Cristo é um passo enorme em
direção à unidade espiritual no meio de seu povo;
·
Uma só fé. Existe um conjunto definido de verdades que Cristo confiou a sua
Igreja, que constitui "a fé" (2Tm 2.2);
·
Um só batismo. É o batismo do Espírito pelo qual, na conversão, ele insere no corpo
de Cristo o pecador que crê (1 Co 12:13). Em relação à Igreja, existe um só
batismo - do Espírito, no que se refere às congregações locais, há dois
batismos: do Espírito e com água;
·
Um só Deus e Pai. Paulo gosta de enfatizar Deus como Pai (Ef 1:3, 17; 2:18; 3:14; 5:20).
Somos filhos dentro da mesma família, amando e servindo ao mesmo Pai, de modo
que devemos ser capazes de andar juntos em união.
3. OS DONS PARA A
UNIDADE - v.7-11
Deus concede a cada
cristão pelo menos um dom espiritual (1 Co 12:1-12), que deve ser usado para
unir e edificar o corpo de Cristo. Devemos fazer uma distinção entre "dons
espirituais" e "aptidões naturais".
Os dons são
concedidos por Cristo por meio do Espírito Santo (Ef 4:8-10). Paulo não cita
propriamente os "dons", mas sim os quatro grupos de pessoas que os
possuem e que Deus colocou na igreja.
·
Apóstolos. Significa "alguém que foi enviado com uma comissão". Jesus
tinha muitos discípulos, mas escolheu doze apóstolos (Mt 10:1-4). Um discípulo
é um "seguidor" ou "aprendiz", mas um apóstolo é um
"representante nomeado por Deus". Em um sentido mais amplo, todo
cristão tem um ministério apostólico. "Assim como o Pai me enviou, eu
também vos envio" (Jo 20:21).
·
Profetas. Não aquele que tem por função principal predizer acontecimentos
futuros. O profeta do Novo Testamento era uma pessoa que proclamava a Palavra
de Deus (At 11:28; Ef 3:5). Na Igreja primitiva não tinha Bíblias, As
congregações locais sabiam qual era a vontade de Deus através do Espírito que
compartilhava a verdade de Deus com os que possuíam o dom da profecia.
·
Evangelistas. "Portadores das boas-novas". Esses indivíduos viajavam de um
lugar para outro pregando o evangelho e ganhando almas para Cristo (At 8:26-40;
21 :28). Nem todos são evangelistas, porém todos devem evangelizar (2 Tm 4:5).
O Evangelista dá continuidade ao trabalho do apóstolo e do profeta.
·
Pastores e mestres. Um único cargo com dois ministérios. O pastor alimenta, cuida e
conduz o rebanho (At 20:28; 1 Pe 5:1-4); ele o faz como mestre ensinando
a Palavra de Deus, o alimento que nutre as ovelhas.
4. O CRESCIMENTO DA
UNIDADE - v.12-16
Paulo olha para a
Igreja em dois níveis:
·
Vê o corpo de Cristo constituído de verdadeiros
cristãos crescendo gradualmente até atingir a maturidade espiritual, "à
medida da estatura da plenitude de Cristo".
·
Mas também vê a congregação local de cristãos
ministrando uns aos outros, crescendo juntos e, desse modo, experimentando
unidade espiritual.
A 1ª evidência de
crescimento espiritual é a semelhança a Cristo. Os cristãos crescem
quando se alimentam da Palavra de Deus e ministram uns aos outros.
A 2ª evidência é a estabilidade.
O cristão maduro não segue as novidades religiosas que surgem a cada dia
fazendo nascer as seitas religiosas.
A 3ª evidência de
maturidade é a verdade combinada com o amor: "seguindo
a verdade em amor" (Ef 4:15). Verdade sem amor é brutalidade, mas amor sem
verdade é hipocrisia.
Outra evidência de
maturidade é a cooperação (Ef 4:16). Sabemos que, como
membros de um só corpo e de uma congregação local, pertencemos uns aos outros,
influenciamos uns aos outros e precisamos uns dos outros.
Aplicação:
A unidade é uma
dádiva que Deus concede à Igreja quando ela se submete ao Espírito Santo e
capacita os diferentes trabalharem juntos no mesmo propósito.
Vamos caminhar em
unidade quando deixarmos as diferenças secundárias de lado e focarmos naquilo
que é essencial na vida cristã e na proclamação do Evangelho.
Vamos colher os
frutos da unidade quando cada um colocar em prática seu dom espiritual e usar
suas habilidades em favor da Igreja e do Reino de Deus.
A unidade é
preservada quando não nos deixamos levar por ventos de doutrinas ou por
novidades, mas nos entregamos totalmente ao serviço da Igreja local.
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