9 de abr. de 2024

Andar Juntos em Unidade

Efésios 4.1-16
Vamos Andar Juntos em União

Os três primeiros capítulos tratam de doutrina, de nossas riquezas em Cristo, enquanto os três últimos capítulos explicam os deveres, nossas responsabilidades em Cristo.

A ideia central na primeira metade do livro é "riqueza", e a palavra-chave da última metade é andar (Ef 4:1,17; 5:2,8,15). Nestes três capítulos, Paulo nos admoesta a andar em unidade (Ef 4:1-16), pureza (Ef 4:17-5:17), harmonia (Ef 5:18-6:9) e vitória (Ef 6:10-24).

O termo “poisindica que Paulo baseia suas exortações ao dever nas doutrinas ensinadas nos três primeiros capítulos (Rm 12:1,2 são versículos paralelos). A vida cristã não se fundamenta na ignorância, mas sim no conhecimento.

O termo “rogarindica que Deus, em seu amor, nos insta a viver para sua glória: "Eu já o abençoei; agora, obedeça-me em resposta a meu amor e a minha graça".

A ideia central deste texto é a unidade dos cristãos em Cristo. Trata-se da aplicação prática da doutrina ensinada na primeira metade da epístola: Deus está constituindo um corpo e construindo um templo.

Deus reconciliou os judeus e gentios uns com os outros e consigo mesmo em Cristo. A unidade dos cristãos em Cristo já é uma realidade espiritual. Nossa responsabilidade é guardar, proteger e preservar essa unidade.

 

1. A GRAÇA DA UNIDADE – v.1-3

Unidade não é uniformidade. A unidade é de origem interior e constitui uma graça espiritual, enquanto a uniformidade é resultante de pressão exterior. Em outra epístola, Paulo usa o corpo humano para retratar a unidade cristã (1 Co 12) e adapta a mesma ilustração para esta seção (Ef 4:13-16). Cada parte do corpo é diferente das outras, e, no entanto, todas constituem uma só unidade e trabalham em conjunto.

A fim de preservar a "unidade do Espírito", devemos possuir as graças cristãs indispensáveis, e sete delas se encontram relacionadas nesta passagem:

·        Humildade. Ser humilde significa colocar Cristo em primeiro lugar, os outros em segundo e a si mesmo em último;

·        Mansidão. Não é fraqueza, mas sim poder sob controle (Moisés – Nm 12.3; Jesus – Mt 11.29);

·        Longanimidade. Significa literalmente "de longo ânimo", dotado da capacidade de tolerar desconforto sem revidar.

·        Paciência. Capacidade de suportar, uma graça que não pode ser experimentada sem amor.

·        Diligência. Literalmente "mostrar-se desejoso de manter ou de guardar a unidade do Espírito".

·        Paz. Se um cristão não está em paz com Deus, não será capaz de conviver em paz com os outros cristãos.

Na verdade, Paulo está descrevendo alguns dos "frutos do Espírito" (GI 5:22, 23), pois a "unidade do Espírito" (Ef 4:3) é resultado de "[andar] no Espírito" (GI 5:16).

 

2. A BASE PARA A UNIDADE – v.4-6

Pode não haver consenso quanto a algumas questões secundárias da doutrina cristã, mas a unidade só é construída quando há uma concordância geral com respeito às verdades fundamentais da fé. Paulo cita sete realidades espirituais básicas que unem todos os cristãos verdadeiros.

·        Um corpo. Trata-se, evidentemente, do corpo de Cristo, do qual todo cristão é membro, inserido nessa unidade em sua conversão pelo Espírito de Deus (1 Co 12:1231), o que não a isenta da responsabilidade de fazer parte de uma congregação local;

·        Um só Espírito. O mesmo Espírito Santo habita em cada um dos cristãos, de modo que pertencemos uns aos outros no Senhor (12x em Efésios);

·        Uma só esperança. Trata-se de uma referência à volta do Senhor para levar sua Igreja ao céu;

·        Um só Senhor. Ele é o Senhor Jesus Cristo. O senhorio de Cristo é um passo enorme em direção à unidade espiritual no meio de seu povo;

·        Uma só fé. Existe um conjunto definido de verdades que Cristo confiou a sua Igreja, que constitui "a fé" (2Tm 2.2);

·        Um só batismo. É o batismo do Espírito pelo qual, na conversão, ele insere no corpo de Cristo o pecador que crê (1 Co 12:13). Em relação à Igreja, existe um só batismo - do Espírito, no que se refere às congregações locais, há dois batismos: do Espírito e com água;

·        Um só Deus e Pai. Paulo gosta de enfatizar Deus como Pai (Ef 1:3, 17; 2:18; 3:14; 5:20). Somos filhos dentro da mesma família, amando e servindo ao mesmo Pai, de modo que devemos ser capazes de andar juntos em união.

 

3. OS DONS PARA A UNIDADE - v.7-11

Deus concede a cada cristão pelo menos um dom espiritual (1 Co 12:1-12), que deve ser usado para unir e edificar o corpo de Cristo. Devemos fazer uma distinção entre "dons espirituais" e "aptidões naturais".

Os dons são concedidos por Cristo por meio do Espírito Santo (Ef 4:8-10). Paulo não cita propriamente os "dons", mas sim os quatro grupos de pessoas que os possuem e que Deus colocou na igreja.

·        Apóstolos. Significa "alguém que foi enviado com uma comissão". Jesus tinha muitos discípulos, mas escolheu doze apóstolos (Mt 10:1-4). Um discípulo é um "seguidor" ou "aprendiz", mas um apóstolo é um "representante nomeado por Deus". Em um sentido mais amplo, todo cristão tem um ministério apostólico. "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio" (Jo 20:21).

·        Profetas. Não aquele que tem por função principal predizer acontecimentos futuros. O profeta do Novo Testamento era uma pessoa que proclamava a Palavra de Deus (At 11:28; Ef 3:5). Na Igreja primitiva não tinha Bíblias, As congregações locais sabiam qual era a vontade de Deus através do Espírito que compartilhava a verdade de Deus com os que possuíam o dom da profecia.

·        Evangelistas. "Portadores das boas-novas". Esses indivíduos viajavam de um lugar para outro pregando o evangelho e ganhando almas para Cristo (At 8:26-40; 21 :28). Nem todos são evangelistas, porém todos devem evangelizar (2 Tm 4:5). O Evangelista dá continuidade ao trabalho do apóstolo e do profeta.

·        Pastores e mestres. Um único cargo com dois ministérios. O pastor alimenta, cuida e conduz o rebanho (At 20:28; 1 Pe 5:1-4); ele o faz como mestre ensinando a Palavra de Deus, o alimento que nutre as ovelhas.

 

4. O CRESCIMENTO DA UNIDADE - v.12-16

Paulo olha para a Igreja em dois níveis:

·        Vê o corpo de Cristo constituído de verdadeiros cristãos crescendo gradualmente até atingir a maturidade espiritual, "à medida da estatura da plenitude de Cristo".

·        Mas também vê a congregação local de cristãos ministrando uns aos outros, crescendo juntos e, desse modo, experimentando unidade espiritual.

A 1ª evidência de crescimento espiritual é a semelhança a Cristo. Os cristãos crescem quando se alimentam da Palavra de Deus e ministram uns aos outros.

A 2ª evidência é a estabilidade. O cristão maduro não segue as novidades religiosas que surgem a cada dia fazendo nascer as seitas religiosas.

A 3ª evidência de maturidade é a verdade combinada com o amor: "seguindo a verdade em amor" (Ef 4:15). Verdade sem amor é brutalidade, mas amor sem verdade é hipocrisia.

Outra evidência de maturidade é a cooperação (Ef 4:16). Sabemos que, como membros de um só corpo e de uma congregação local, pertencemos uns aos outros, influenciamos uns aos outros e precisamos uns dos outros.

 

Aplicação:

A unidade é uma dádiva que Deus concede à Igreja quando ela se submete ao Espírito Santo e capacita os diferentes trabalharem juntos no mesmo propósito.

Vamos caminhar em unidade quando deixarmos as diferenças secundárias de lado e focarmos naquilo que é essencial na vida cristã e na proclamação do Evangelho.

Vamos colher os frutos da unidade quando cada um colocar em prática seu dom espiritual e usar suas habilidades em favor da Igreja e do Reino de Deus.

A unidade é preservada quando não nos deixamos levar por ventos de doutrinas ou por novidades, mas nos entregamos totalmente ao serviço da Igreja local.

 

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