Os corpos celestes exercem alguma influência sobre nossa vida? As milhões de pessoas que consultam o horóscopo todos os dias diriam que sim. Existe alguma relação entre a alimentação e a vida espiritual? Deus comunica-se conosco de maneira direta em nossa mente ou apenas por meio de sua Palavra, a Bíblia? As religiões orientais têm algo a oferecer aos cristãos evangélicos?
Apesar de atuais, essas questões são tratadas por Paulo em Colossenses. Esta carta é tão relevante para nós hoje quanto era para os cristãos do ano 60 d.C., quando foi escrita.
O falso ensinamento que ameaçava a fé da Igreja de
Colossos era uma mescla de: legalismo judaico, filosofia oriental, astrologia
pagã, misticismo, asceticismo e até uma pitada de cristianismo. Havia algo para
todos os gostos, e era justamente isso o que tornava essas doutrinas tão
perigosas.
Os falsos mestres afirmavam que não estavam negando
a fé cristã, mas sim elevando seu nível. Ofereciam plenitude e liberdade,
uma vida gratificante com soluções para todos os problemas.
Temos alguma heresia semelhante nos dias de hoje?
Sem dúvida! E é igualmente falaz e perigosa. Quando consideramos Jesus Cristo e
a revelação cristã apenas parte de uma filosofia ou sistema religioso
mais amplo, deixamos de lhe dar preeminência. Quando buscamos a todo custo a
"perfeição espiritual" ou a "plenitude espiritual" por meio
de fórmulas, disciplinas ou rituais, retrocedemos em vez de avançar.
Os cristãos devem guardar-se de misturar a fé cristã
com quaisquer outras coisas, como ioga, meditação transcendental, misticismo
oriental, por mais atraentes que sejam. Também devemos cuidar com líderes que
pregam uma "vida mais profunda" e oferecem fórmulas para obter
vitória e plenitude, mas deixam de fora a consagração ao Senhor.
Jesus Cristo deve ser preeminente em todas as
coisas!
1. CRISTO É O SALVADOR - 1:13,14
O maior problema do ser humano e o pecado, problema
que não pode ser resolvido por nenhum filosofo ou líder religioso. Os pecadores
precisam de um Salvador.
Ele nos libertou (v.13a). Significa "livrou do perigo". Não poderíamos nos livrar da
culpa e do castigo pelo pecado por conta própria, mas Jesus é capaz e o fez e
fez mais: fomos libertos da autoridade de Satanás e dos poderes das trevas. Os
falsos mestres gnósticos acreditavam que uma organização de espíritos perversos
controlava o mundo (Cl 1:16; 2:10,15).
Ele nos transportou (v.13b). "Transportar" era usado para descrever a deportação de uma
população de um país para outro. Jesus Cristo não nos libertou e nos colocou no
próprio reino de luz e nos deu a vitória sobre o reino de trevas de Satanás. A
experiência de Israel é uma ilustração dessa experiência espiritual, o Senhor
nos tira das trevas para poder nos levar para a luz.
Ele nos redimiu (v.14a). Significa "libertar um prisioneiro mediante o pagamento de um
resgate". Por meio de sua morte e ressurreição, jesus cumpriu os
requisitos sagrados da Lei de Deus. Satanás quer nos acusar e aprisionar, mas o
resgate já foi pago no Calvário, e, pela fé em Jesus, fomos libertos.
Ele nos perdoou (v.14b). A redenção e a remissão andam juntas (Ef 1:7). A remissão (perdão) tem
o sentido de "mandar embora" ou de "cancelar uma dívida". Não
há coisa alguma em nossa "ficha" que Satanás possa usar contra nós!
Nós precisamos redescobrir a liberdade do perdão. O
perdão que Deus oferece aos pecadores é um ato de sua graça. Saber que fomos
perdoados permite que tenhamos comunhão com Deus, que desfrutemos sua graça e
que procuremos fazer sua vontade. O perdão é um estímulo à obediência. Pelo
fato de termos sido perdoados, podemos perdoar a outros (Cl 3:13).
Jesus Cristo é preeminente na salvação. Nenhuma
outra pessoa poderia nos redimir, perdoar, tirar do reino de Satanás, levar
para o reino de Deus e fazer tudo isso inteiramente pela graça.
2. CRISTO É O CRIADOR - 1:15-17
Os falsos mestres ensinavam que a matéria e o corpo
humano eram maus; que Jesus Cristo não teve um corpo de verdade. Os resultados
foram trágicos: em um extremo, o asceticismo radical e, no outro, o pecado
desenfreado. Paulo explica quatro aspectos da relação de Jesus Cristo com a
criação.
- Ele existia antes da criação (v.15). “Primogênito” não se refere ao tempo, mas sim ao lugar ou situação.
Jesus não foi o primeiro ser criado, ele é o Criador de todas as coisas. “Primogênito”
significa que é o "primeiro em importância, do primeiro escalão"; significa
"anterior a toda a criação". Jesus não é um ser criado; ele é a
imagem do Deus eterno, é "a expressão exata do seu Ser" (Hb 1:3). Em
sua essência, Deus é invisível, mas em Jesus Cristo ele se revelou a nós (Jo
1:18).
- Ele criou todas as coisas (v.16a). Uma vez que Cristo criou todas as coisas, ele próprio não foi criado.
Jesus Cristo é o primogênito de tudo porque foi ele quem criou todas as coisas "Todas
as coisas foram feitas por intermédio dele" (Jo 1:3).
- Todas as coisas existem para ele (v.16b). Todas as coisas existem nele, para ele e por meio dele. Jesus Cristo é o
Âmbito da existência de todas as coisas, o Agente por meio do qual todas vieram
a existir e Aquele para o qual foram criadas. Logo, nenhuma delas pode ser má
em si mesma. Os preceitos dos gnósticos acerca da criação não passam de tolices
(Cl 2:20-23).
- Ele mantém a união de todas as coisas (v.17). “Subsistir” é igual a "existir em união". Uma vez que Jesus
"é antes de todas as coisas", pode mantê-las em união. Somente Deus
existe antes de toda a criação e somente Deus pode dar coesão à criação.
Considerar Jesus Cristo inferior a Deus é o mesmo que desentronizá-lo. Jesus
Cristo fez todas as coisas, e, por meio dele, todas as coisas permanecem em
união. Sem dúvida, este é o mundo de meu Pai!
3. CRISTO É O CABEÇA DA IGREJA - 1:18
Encontramos diversas imagens da Igreja no Novo
Testamento, e o corpo é uma das mais importantes (Rm 12:4ss; 1Co 12:14; Ef
4:816). Isso não se refere a igreja local, pois este “corpo” é constituído de
todos os cristãos verdadeiros. Quando uma pessoa crê em Jesus Cristo, é
batizada no mesmo instante pelo Espírito Santo de modo a se tornar parte desse
corpo (1 Co 12:12, 13).
Todo cristão é membro desse corpo espiritual, e
Jesus Cristo é o cabeça. De acordo com seu uso na língua grega, o termo "cabeça"
referia-se à "fonte" ou "origem" bem como a um "líder,
governante". Jesus Cristo é a Origem e o Líder de seu corpo, a Igreja.
Nenhum cristão na Terra é cabeça da Igreja. Essa
posição é reservada exclusivamente para Jesus Cristo. Vários líderes religiosos
podem ter fundado congregações ou denominações, mas somente Jesus Cristo é o
Fundador da Igreja, que é seu corpo.
A existência de "somente um corpo" neste mundo
(Ef 4:4) não elimina nem minimiza a necessidade de grupos locais de cristãos. O
fato de pertencermos à Igreja universal não nos isenta de responsabilidades
para com a igreja local.
Jesus Cristo é o cabeça e o princípio da Igreja;
também é o "primogênito de entre os mortos". Cristo é a Pessoa mais
importante dentre todas as que ressuscitaram, pois sem a ressurreição dele não
poderia haver ressurreição para os outros (1Co 15:20ss). O túmulo foi como um
ventre do qual Cristo surgiu em vitória, pois a morte não pôde detê-lo (At 2:24).
O Filho foi gerado na glória da ressurreição (SI 2:7; At 13:33).
Isso nos leva ao tema da carta: "para em todas
as coisas ter a primazia" (Cl 1:18). Esse foi o propósito de Deus ao fazer
de seu Filho o Salvador, Criador e Cabeça da Igreja.
4. ELE É O AMADO DO PAI - 1:19,20
Paulo declara que, em Cristo, "reside toda a
plenitude"! O termo grego traduzido por "plenitude" é pleroma,
significa "a soma total dos poderes e atributos divinos".
A palavra "residir" é igualmente
importante. Significa muito mais do que apenas "morar". A forma
verbal quer dizer: "estar no lar em caráter permanente". O Pai não
concederia seu pleroma em caráter permanente a algum ser criado.
Uma vez que Jesus Cristo é Deus, ele é capaz de
fazer o que nenhum mero ser humano jamais poderia fazer: reconciliar os pecadores
com um Deus santo. Para isso Deus poderia rebaixar seus padrões, fechar os
olhos para o pecado e fazer concessões aos seres humanos, ou estes pudessem
encontrar uma forma de agradar a Deus, mas não são capazes de fazer coisa
alguma para salvar-se nem para agradar a Deus (Rm 8:8).
A reconciliação entre o ser humano e Deus, a
iniciativa e a ação partiram do Ser divino. Deus foi reconciliado com o homem
em Cristo (2 Co 5:19) por meio da morte de Cristo. Ele "[fez] a paz
pelo sangue da sua cruz" (Cl 1:20).
A reconciliação que temos em Jesus Cristo é
perfeita, completa e definitiva, ela envolve todo o universo! (Cl
1:20).
Paulo afirma que, na cruz, Cristo resolveu o
problema do pecado de uma vez por todas. Isso significa que, um dia, Deus
poderá unir em Cristo tudo o que lhe pertence (Ef 1:9, 10). Poderá glorificar
os cristãos e castigar os incrédulos, e o fará com justiça, por causa da
morte de Cristo na cruz.
Ao contrário do que os gnósticos ensinavam, Jesus
Cristo era um ser humano real, com um corpo real. Era Deus habitando em carne
humana (Jo 1:14). Quando morreu na cruz, cumpriu os requisitos justos da Lei,
pois sofreu o castigo pelos pecados dos homens (1 Pe 2:24). A reconciliação foi
consumada na cruz (Rm 5:11).
Aplicações:
1. Jesus Cristo cuidou de todas as coisas. Todas as
coisas foram criadas por ele e para ele. Existia antes de todas as coisas e,
hoje, mantém a união de todas as coisas. Reconciliou todas as coisas mediante a
cruz.
2. Tudo de que precisamos encontra-se em Jesus
Cristo. Nele, temos toda a plenitude de Deus e somos "aperfeiçoados"
(CI 2:10). Não há necessidade de acrescentar coisa alguma à pessoa ou à obra de
Cristo.
3. Deus tem prazer em ver seu Filho, Jesus Cristo,
honrado e recebendo preeminência. Algumas pessoas dizem que são cristãs, mas
ignoram ou negam Jesus Cristo. Dizem adorar somente ao Pai, pois o resto é dispensável.
4. Jesus Cristo é o Salvador, o Criador, o Cabeça
da Igreja e o Amado do Pai. Ele é o Deus eterno e merece a preeminência em nossa
vida. Jesus Cristo tem a primazia em sua vida?

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