O que é ansiedade? A palavra grega traduzida por ansiosos, em Filipenses 4:6, significa "atraídos para direções diferentes". Nossas esperanças nos puxam para um lado, nossos medos para o outro, e a tensão torna-se insuportável.
O sentido da palavra ansiedade é associado a
angústia, que pode significar "estreiteza, aperto". Quando ficamos
ansiosos, sentimo-nos "apertados" e "estrangulados" a ponto
de ter sintomas físicos bastante claros: dores de cabeça, no pescoço e nas
costas e úlceras. A preocupação afeta o raciocínio, a digestão e até mesmo a
coordenação motora.
Do ponto de vista espiritual, a ansiedade é constituída de pensamentos (a mente) e de sentimentos (o coração) incorretos acerca de circunstâncias, pessoas e coisas. A ansiedade é a grande usurpadora da alegria.
No entanto, não basta dizer a si mesmo: "pare
de se preocupar". A força de vontade não é capaz de pegar esse ladrão,
pois ele tem a colaboração de elementos internos. Para vencer a ansiedade, é
preciso ter mais do que boas intenções. O melhor antídoto é a segurança: “E
a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a
vossa mente em Cristo Jesus" (Fp 4:7). Quando temos segurança, a paz
de Deus nos guarda (Fp 4:7) e o Deus da paz nos guia (Fp 4:9). Com esse tipo de
proteção, que motivo há para ficar ansioso?
Se havia alguém com desculpas de sobra para se
preocupar era o apóstolo Paulo. Seus amigos cristãos queridos desentendiam-se
entre si, e ele não estava por perto para ajudá-los. Não dá para ter ideia do
motivo da contenda entre Evódia e Síntique, mas se sabe que causava divisão na
igreja.
Além dessa possível dissensão em Filipos, Paulo
também teve de tratar das desavenças entre os cristãos em Roma (Fp 1:14-17). E,
de mais a mais, ainda pairava no ar a possibilidade da própria execução! Sem
dúvida, Paulo tinha boas desculpas para ficar ansioso - mas não foi o que fez!
Em vez disso, concentrou-se em explicar a seus leitores o segredo da vitória
sobre a preocupação.
A fim de vencer a ansiedade e de experimentar
segurança, devemos cumprir três condições que Deus determinou: orar
corretamente (Fp 4:6, 7), pensar corretamente (Fp 4:8) e viver corretamente (Fp
4:9).
1. ORAR CORRETAMENTE – v.6,7
Paulo não escreve: "ore sobre isso!", antes,
usa três palavras para descrever a "oração correta": oração,
súplica e ações de graças. Orar corretamente envolve esses três elementos.
a) Oração é um termo geral usado para
se referir às petições que fazemos ao Senhor. Tem a
conotação de reverência, devoção e adoração. Sempre que nos vemos ansiosos, a
primeira coisa a fazer é ficar sozinhos com Deus e adorá-lo. É preciso
demonstrar reverência por Deus e ver sua grandeza e majestade,
conscientizando-nos de que ele é grande o suficiente para resolver nossos
problemas. Muitas vezes, nos colocamos apressadamente diante do trono de Deus,
quando deveríamos nos aproximar dele com calma e com profunda reverência. O
primeiro passo para orar corretamente é a adoração.
b) O segundo é a súplica, uma
expressão sincera a Deus das necessidades e dos problemas enfrentados. Não há lugar para orações indiferentes e insinceras! Apesar de sabermos
que não somos ouvidos em função de "vãs repetições" (Mt 6:7, 8),
também sabemos que o Pai deseja que sejamos honestos em nossas petições (Mt
7:1-11). Foi assim que Jesus orou no Getsêmani (Hb 5:7) e, enquanto seus
discípulos mais próximos dormiam, ele transpirava gotas de sangue! A súplica
não é uma questão de energia carnal, mas sim de fervor espiritual (Rm 15:30;
CI4:12).
c) Depois da adoração e da súplica, vem a
apreciação, dando graças a Deus (Ef
5:20; Cl 3:15-17). Sem dúvida, o Pai gosta de ouvir os filhos dizerem:
"muito obrigado!" Quando Jesus curou dez leprosos, um deles voltou
para agradecer (Lc 17:11-1 9), e nos perguntamos se a porcentagem é mais
elevada hoje. Ninguém hesita em pedir, mas demonstrar apreciação é mais raro.
É possível observar que orar corretamente não é
algo instantâneo no cristão, pois depende de uma disposição correta. Por isso,
a fórmula de Paulo para ter paz encontra-se no final de sua Epístola aos
Filipenses, não no começo. Quem tem a determinação de Filipenses 1 é capaz de
oferecer adoração. Quem tem a submissão de Filipenses 2 é capaz de apresentar
súplicas. Quem tem a disposição espiritual de Filipenses 3 é capaz de
demonstrar apreciação.
Paulo aconselha levar tudo a Deus em oração -
"sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições" - e
admoesta a que não andemos ansiosos de coisa alguma e que oremos sobre todas as
coisas. Existe a tendência de orar pelas "grandes coisas" da vida e
de esquecer de orar pelas "pequenas coisas", que muitas vezes acabam
crescendo e se transformando em grandes coisas!
Como resultado, a "paz de Deus" guardará
a mente e o coração (Paulo encontrava-se acorrentado a um soldado romano). Da
mesma forma, a "paz de Deus" nos guarda em duas áreas que geram
preocupação: o coração (sentimentos incorretos) e a mente (pensamentos
incorretos). Quando entregamos o coração a Cristo e recebemos a salvação,
"temos paz com Deus" (Rm 5:1); mas a "paz de Deus" conduz a
níveis mais profundos de suas bênçãos. Isso não corresponde a uma ausência de
provações exteriores, mas significa segurança interior tranquila a despeito de
circunstâncias, pessoas ou coisas.
Daniel dá um exemplo maravilhoso da paz
experimentada por meio da oração (Dn 6:1-10). Ele "orava, e dava
graças" (v.10) e suplicava (v.11). Oração, súplica, ações de graças!
Daniel conseguiu passar uma noite com leões na mais perfeita paz, enquanto o
rei não conseguiu dormir no próprio palácio (Dn 6:18).
2. PENSAR CORRETAMENTE – v.8
A paz envolve o coração e a mente (ls 26:3).
Pensamentos incorretos geram sentimentos incorretos, e logo o coração e a mente
veem-se divididos e estrangulados pela ansiedade. Os pensamentos são reais e
poderosos, mesmo que não possam ser vistos, pesados nem medidos (2 Co 10:5).
Paulo descreve em detalhes as coisas em que devemos pensar como cristãos.
Tudo o que é verdadeiro. Segundo pesquisa, apenas 8% das coisas que deixam as pessoas ansiosas
são motivos legítimos para preocupação. Os outros 92% são imaginários, nunca
aconteceram ou envolvem questões fora do controle das pessoas. Satanás é
mentiroso (Jo 8:44) e deseja corromper a mente com suas mentiras (2 Co 11 :3).
O Espírito Santo controla a mente por meio da verdade (lo 17:17; 1 lo 5:6), mas
o diabo tenta controlá-la por meio de mentiras.
Tudo o que é respeitável e justo. Ou seja, tudo o que é "digno de respeito e correto". Muitas
coisas não são respeitáveis, e os cristãos não devem pensar nelas. Isso não
significa enterrar a cabeça na areia e evitar tudo o que é desagradável, mas
sim não dedicar atenção a coisas desonrosas nem permitir que elas controlem os
pensamentos.
Tudo o que é puro, amável e de boa fama. "Puro" refere-se à pureza moral, as pessoas são
constantemente tentadas pela impureza sexual (Ef 4:17-24; 5:8-12). "Amável"
significa "belo, atraente". "De boa fama" refere-se
ao que é "digno de ser comentado, atraente". O cristão deve encher a
mente com os pensamentos mais nobres e elevados, não com os pensamentos abjetos
deste mundo depravado.
Tudo o que tem virtude e louvor. Se tem virtude, servirá de motivação para nos aperfeiçoar; se
tem louvor, é digno de ser recomendado a outros. Não se dê ao luxo de
desperdiçar "energia mental" com pensamentos que o rebaixam e prejudicam
outros quando.
Ao comparar essa lista com a descrição que Davi faz
da Palavra de Deus, no Salmo 19:7-9, vemos um paralelo. O cristão que enche o
coração e a mente com a Palavra de Deus tem um "radar embutido" que
detecta pensamentos indevidos. Os pensamentos corretos nascem da meditação
diária na Palavra de Deus.
3. VIVER CORRETAMENTE – v.9
Não é possível separar atos exteriores de atitudes
interiores. O pecado sempre resulta em inquietação, enquanto a pureza resulta
sempre em paz (Is 32:17; Tg 3:17). A vida correta é uma condição necessária
para se experimentar a paz de Deus.
Paulo considera quatro atividades: "aprender e
receber" e "ouvir e ver" (1Ts 2:13). Não basta ter fatos na
cabeça, é preciso ter verdades no coração. Paulo não apenas ensinou a Palavra,
mas também a viveu na prática para que seus ouvintes pudessem vê-la em sua
vida. Nossa experiência deve ser semelhante à de Paulo. Devemos aprender a
Palavra, recebê-la, ouvi-la e colocá-la em prática (Tg 1:22).
A "paz de Deus" é um parâmetro que nos
ajuda a determinar se estamos dentro da vontade de Deus (Cl 3:15). Se
estivermos andando no Senhor, a paz de Deus e o Deus da paz exercerão sua
influência sobre nosso coração. Sempre que desobedecemos, perdemos a paz e
sabemos que fizemos algo de errado. A paz de Deus é o "árbitro" que
"nos dá um cartão amarelo"!
Orar corretamente, pensar corretamente e viver
corretamente: essas são as condições para ter segurança e vitória sobre a
ansiedade. Ou nos entregamos inteiramente ao Espírito de Deus e oramos,
pensamos e vivemos corretamente, ou nos entregamos à carne e ficamos divididos
e ansiosos.
Não há com que se preocupar! E a preocupação é
pecado! (Mt 6:24-34). Com a paz de Deus para nos guardar e o Deus da paz para
nos guiar, não há motivos para nos preocupar.
Aplicações:
1. Manter a unidade na comunidade cristã. Buscar a reconciliação e evitar
conflitos desnecessários, promovendo um ambiente de amor e compreensão.
2. Alegrar-se sempre no Senhor. Ter fé mesmo em meio às adversidades e
compreender que elas não são capazes de tirar nossa alegria.
3. Não se preocupar, mas orar. Cultivar uma vida de oração constante
e confiar que Deus cuidará de suas necessidades e preocupações.
4. Meditar em coisas positivas. Buscar preencher nossa mente com conteúdos
edificantes, não torná-la um depósito de lixo inútil.
5. Aprender a estar contente em todas as
situações. Desenvolver uma
mentalidade de gratidão, aprender a ser satisfeito com o que se tem e evitar a
ganância e o materialismo.

Nenhum comentário:
Postar um comentário