15 de ago. de 2023

Vencendo a Ansiedade com a Paz de Deus

Filipenses 4.1-9

Vencendo a Ansiedade com a Paz de Deus

O que é ansiedade? A palavra grega traduzida por ansiosos, em Filipenses 4:6, significa "atraídos para direções diferentes". Nossas esperanças nos puxam para um lado, nossos medos para o outro, e a tensão torna-se insuportável.

O sentido da palavra ansiedade é associado a angústia, que pode significar "estreiteza, aperto". Quando ficamos ansiosos, sentimo-nos "apertados" e "estrangulados" a ponto de ter sintomas físicos bastante claros: dores de cabeça, no pescoço e nas costas e úlceras. A preocupação afeta o raciocínio, a digestão e até mesmo a coordenação motora.

Do ponto de vista espiritual, a ansiedade é constituída de pensamentos (a mente) e de sentimentos (o coração) incorretos acerca de circunstâncias, pessoas e coisas. A ansiedade é a grande usurpadora da alegria.

No entanto, não basta dizer a si mesmo: "pare de se preocupar". A força de vontade não é capaz de pegar esse ladrão, pois ele tem a colaboração de elementos internos. Para vencer a ansiedade, é preciso ter mais do que boas intenções. O melhor antídoto é a segurança: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus" (Fp 4:7). Quando temos segurança, a paz de Deus nos guarda (Fp 4:7) e o Deus da paz nos guia (Fp 4:9). Com esse tipo de proteção, que motivo há para ficar ansioso?

Se havia alguém com desculpas de sobra para se preocupar era o apóstolo Paulo. Seus amigos cristãos queridos desentendiam-se entre si, e ele não estava por perto para ajudá-los. Não dá para ter ideia do motivo da contenda entre Evódia e Síntique, mas se sabe que causava divisão na igreja.

Além dessa possível dissensão em Filipos, Paulo também teve de tratar das desavenças entre os cristãos em Roma (Fp 1:14-17). E, de mais a mais, ainda pairava no ar a possibilidade da própria execução! Sem dúvida, Paulo tinha boas desculpas para ficar ansioso - mas não foi o que fez! Em vez disso, concentrou-se em explicar a seus leitores o segredo da vitória sobre a preocupação.

A fim de vencer a ansiedade e de experimentar segurança, devemos cumprir três condições que Deus determinou: orar corretamente (Fp 4:6, 7), pensar corretamente (Fp 4:8) e viver corretamente (Fp 4:9).

 

1. ORAR CORRETAMENTE – v.6,7

Paulo não escreve: "ore sobre isso!", antes, usa três palavras para descrever a "oração correta": oração, súplica e ações de graças. Orar corretamente envolve esses três elementos.

a) Oração é um termo geral usado para se referir às petições que fazemos ao Senhor. Tem a conotação de reverência, devoção e adoração. Sempre que nos vemos ansiosos, a primeira coisa a fazer é ficar sozinhos com Deus e adorá-lo. É preciso demonstrar reverência por Deus e ver sua grandeza e majestade, conscientizando-nos de que ele é grande o suficiente para resolver nossos problemas. Muitas vezes, nos colocamos apressadamente diante do trono de Deus, quando deveríamos nos aproximar dele com calma e com profunda reverência. O primeiro passo para orar corretamente é a adoração.

b) O segundo é a súplica, uma expressão sincera a Deus das necessidades e dos problemas enfrentados. Não há lugar para orações indiferentes e insinceras! Apesar de sabermos que não somos ouvidos em função de "vãs repetições" (Mt 6:7, 8), também sabemos que o Pai deseja que sejamos honestos em nossas petições (Mt 7:1-11). Foi assim que Jesus orou no Getsêmani (Hb 5:7) e, enquanto seus discípulos mais próximos dormiam, ele transpirava gotas de sangue! A súplica não é uma questão de energia carnal, mas sim de fervor espiritual (Rm 15:30; CI4:12).

c) Depois da adoração e da súplica, vem a apreciação, dando graças a Deus (Ef 5:20; Cl 3:15-17). Sem dúvida, o Pai gosta de ouvir os filhos dizerem: "muito obrigado!" Quando Jesus curou dez leprosos, um deles voltou para agradecer (Lc 17:11-1 9), e nos perguntamos se a porcentagem é mais elevada hoje. Ninguém hesita em pedir, mas demonstrar apreciação é mais raro.

É possível observar que orar corretamente não é algo instantâneo no cristão, pois depende de uma disposição correta. Por isso, a fórmula de Paulo para ter paz encontra-se no final de sua Epístola aos Filipenses, não no começo. Quem tem a determinação de Filipenses 1 é capaz de oferecer adoração. Quem tem a submissão de Filipenses 2 é capaz de apresentar súplicas. Quem tem a disposição espiritual de Filipenses 3 é capaz de demonstrar apreciação.

Paulo aconselha levar tudo a Deus em oração - "sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições" - e admoesta a que não andemos ansiosos de coisa alguma e que oremos sobre todas as coisas. Existe a tendência de orar pelas "grandes coisas" da vida e de esquecer de orar pelas "pequenas coisas", que muitas vezes acabam crescendo e se transformando em grandes coisas!

Como resultado, a "paz de Deus" guardará a mente e o coração (Paulo encontrava-se acorrentado a um soldado romano). Da mesma forma, a "paz de Deus" nos guarda em duas áreas que geram preocupação: o coração (sentimentos incorretos) e a mente (pensamentos incorretos). Quando entregamos o coração a Cristo e recebemos a salvação, "temos paz com Deus" (Rm 5:1); mas a "paz de Deus" conduz a níveis mais profundos de suas bênçãos. Isso não corresponde a uma ausência de provações exteriores, mas significa segurança interior tranquila a despeito de circunstâncias, pessoas ou coisas.

Daniel dá um exemplo maravilhoso da paz experimentada por meio da oração (Dn 6:1-10). Ele "orava, e dava graças" (v.10) e suplicava (v.11). Oração, súplica, ações de graças! Daniel conseguiu passar uma noite com leões na mais perfeita paz, enquanto o rei não conseguiu dormir no próprio palácio (Dn 6:18).

 

2. PENSAR CORRETAMENTE – v.8

A paz envolve o coração e a mente (ls 26:3). Pensamentos incorretos geram sentimentos incorretos, e logo o coração e a mente veem-se divididos e estrangulados pela ansiedade. Os pensamentos são reais e poderosos, mesmo que não possam ser vistos, pesados nem medidos (2 Co 10:5). Paulo descreve em detalhes as coisas em que devemos pensar como cristãos.

Tudo o que é verdadeiro. Segundo pesquisa, apenas 8% das coisas que deixam as pessoas ansiosas são motivos legítimos para preocupação. Os outros 92% são imaginários, nunca aconteceram ou envolvem questões fora do controle das pessoas. Satanás é mentiroso (Jo 8:44) e deseja corromper a mente com suas mentiras (2 Co 11 :3). O Espírito Santo controla a mente por meio da verdade (lo 17:17; 1 lo 5:6), mas o diabo tenta controlá-la por meio de mentiras.

Tudo o que é respeitável e justo. Ou seja, tudo o que é "digno de respeito e correto". Muitas coisas não são respeitáveis, e os cristãos não devem pensar nelas. Isso não significa enterrar a cabeça na areia e evitar tudo o que é desagradável, mas sim não dedicar atenção a coisas desonrosas nem permitir que elas controlem os pensamentos.

Tudo o que é puro, amável e de boa fama. "Puro" refere-se à pureza moral, as pessoas são constantemente tentadas pela impureza sexual (Ef 4:17-24; 5:8-12). "Amável" significa "belo, atraente". "De boa fama" refere-se ao que é "digno de ser comentado, atraente". O cristão deve encher a mente com os pensamentos mais nobres e elevados, não com os pensamentos abjetos deste mundo depravado.

Tudo o que tem virtude e louvor. Se tem virtude, servirá de motivação para nos aperfeiçoar; se tem louvor, é digno de ser recomendado a outros. Não se dê ao luxo de desperdiçar "energia mental" com pensamentos que o rebaixam e prejudicam outros quando.

Ao comparar essa lista com a descrição que Davi faz da Palavra de Deus, no Salmo 19:7-9, vemos um paralelo. O cristão que enche o coração e a mente com a Palavra de Deus tem um "radar embutido" que detecta pensamentos indevidos. Os pensamentos corretos nascem da meditação diária na Palavra de Deus.

 

3. VIVER CORRETAMENTE – v.9

Não é possível separar atos exteriores de atitudes interiores. O pecado sempre resulta em inquietação, enquanto a pureza resulta sempre em paz (Is 32:17; Tg 3:17). A vida correta é uma condição necessária para se experimentar a paz de Deus.

Paulo considera quatro atividades: "aprender e receber" e "ouvir e ver" (1Ts 2:13). Não basta ter fatos na cabeça, é preciso ter verdades no coração. Paulo não apenas ensinou a Palavra, mas também a viveu na prática para que seus ouvintes pudessem vê-la em sua vida. Nossa experiência deve ser semelhante à de Paulo. Devemos aprender a Palavra, recebê-la, ouvi-la e colocá-la em prática (Tg 1:22).

A "paz de Deus" é um parâmetro que nos ajuda a determinar se estamos dentro da vontade de Deus (Cl 3:15). Se estivermos andando no Senhor, a paz de Deus e o Deus da paz exercerão sua influência sobre nosso coração. Sempre que desobedecemos, perdemos a paz e sabemos que fizemos algo de errado. A paz de Deus é o "árbitro" que "nos dá um cartão amarelo"!

Orar corretamente, pensar corretamente e viver corretamente: essas são as condições para ter segurança e vitória sobre a ansiedade. Ou nos entregamos inteiramente ao Espírito de Deus e oramos, pensamos e vivemos corretamente, ou nos entregamos à carne e ficamos divididos e ansiosos.

Não há com que se preocupar! E a preocupação é pecado! (Mt 6:24-34). Com a paz de Deus para nos guardar e o Deus da paz para nos guiar, não há motivos para nos preocupar.

 

Aplicações:

1.      Manter a unidade na comunidade cristã. Buscar a reconciliação e evitar conflitos desnecessários, promovendo um ambiente de amor e compreensão.

2.      Alegrar-se sempre no Senhor. Ter fé mesmo em meio às adversidades e compreender que elas não são capazes de tirar nossa alegria.

3.      Não se preocupar, mas orar. Cultivar uma vida de oração constante e confiar que Deus cuidará de suas necessidades e preocupações.

4.      Meditar em coisas positivas. Buscar preencher nossa mente com conteúdos edificantes, não torná-la um depósito de lixo inútil.

5.      Aprender a estar contente em todas as situações. Desenvolver uma mentalidade de gratidão, aprender a ser satisfeito com o que se tem e evitar a ganância e o materialismo.

 

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