
Em Filipenses 3, Paulo apresenta sua biografia espiritual, seu passado (Fp 3:1-11), presente (Fp 3:12-16) e futuro (Fp 3:17-21). Vimos Paulo como o "contador" que descobriu novos valores depois de seu encontro com Jesus Cristo.
Hoje, o veremos como "atleta", cheio de
vigor espiritual, avançando para a linha de chegada da corrida cristã e como o
"estrangeiro", cuja cidadania encontra-se no céu e que aguarda a
vinda de Jesus Cristo.
Paulo usa a figura do atleta que está numa corrida a pé ou uma corrida de carros. No carro grego usado nos Jogos Olímpicos e em outros eventos, o condutor precisava inclinar-se para frente e usar os nervos e músculos para manter o equilíbrio. "Avançar", em Filipenses 3:13, significa "se esticar como quem está em uma corrida"
Paulo não diz como alcançar a salvação, esta não é
pelas obras ou por esforço próprio. Ele lembra seus leitores de que "nossa
pátria está nos céus" (Fl 3:20). Uma vez que já somos filho de Deus
por meio da fé em Cristo, temos a responsabilidade de "completar a
carreira" e de alcançar os objetivos que Deus estipulou para nós (Fl 2:12,13).
Quais são os elementos essenciais para vencer a
corrida e, um dia, receber a recompensa prometida?
1. INSATISFAÇÃO (Fp 3:12, 13A)
"Não julgo havê-lo alcançado."
Essa é uma declaração de um cristão consagrado que nunca se deu por satisfeito
com suas realizações espirituais. É evidente que Paulo estava satisfeito com
Jesus Cristo (Fp 3:10), mas não com a própria vida cristã. Uma
"insatisfação santa" é o primeiro elemento essencial para avançar na
corrida cristã.
Muitos cristãos contentam-se com a própria
situação, pois comparam sua "carreira" com a de outros cristãos,
normalmente com a dos que não fazem grande progresso. Paulo não se comparou com
outros; antes, se comparou consigo mesmo e com Jesus Cristo! Ainda não alcançou
a perfeição (Fp 3:12), mas já é "perfeito" [maduro] (Fp 3:15), e uma
das características dessa maturidade é a consciência da própria imperfeição! O
cristão maduro faz uma autoavaliação honesta e se esforça para melhorar.
Mas cuidado para não cair em dois extremos: 1. Considerar-se
melhor do que é; ou 2. Considerar-se pior do que é. Uma insatisfação divina é
essencial para o progresso espiritual (Sl 42:1, 2).
2. DEDICAÇÃO (Fp 3:13b)
"Uma coisa" - essa é uma expressão
importante para a vida cristã (Mc 10:21; Lc 10:42; Jo 9:25; Sl 27:4). Muitos
cristãos estão envolvidos demais com "várias coisas", quando, na
verdade, o segredo do progresso é concentrar-se em "uma coisa".
O cristão deve dedicar-se a "correr a carreira
cristã". Nenhum atleta é bem-sucedido ao fazer de tudo; seu sucesso
deve-se a sua especialização. Os vencedores são os que se concentram e mantêm
os olhos fixos em seu objetivo, sem deixar que coisa alguma os distraia.
Dedicam-se inteiramente a seu chamado (Ne 6:3; Tg 1:8).
A concentração é o segredo do poder. Trata-se única
e exclusivamente de uma questão de valores e de prioridades, de viver em função
do que é mais importante.
3. DIREÇÃO (Fp 3:13c)
O incrédulo é controlado pelo passado, mas o
cristão que participa da corrida olha para o futuro (Lc 9:62). O cristão deve
estar voltado para o futuro, "esquecendo-[se] das coisas que para trás
ficam". Na Bíblia, "esquecer" significa "não ser mais
influenciado ou afetado por algo" (Hb 10:17).
Assim, "esquecendo-me das coisas que para
trás ficam" significa que quebramos o poder do passado sobre o futuro.
Não é possível mudar o passado, mas mudar seu significado é algo que se pode
fazer. Os acontecimentos não mudaram a disposição de Paulo, o que mudou foi sua
maneira de encará-los (1 Tm 1:12-17). Um bom exemplo desse princípio é José (Gn
45:1-15).
Muitos cristãos encontram-se acorrentados aos
arrependimentos do passado. Outros distraem-se com os sucessos do passado, o
que é igualmente prejudicial.
4. DETERMINAÇÃO (Fp 3:14)
"Prossigo!" O mesmo verbo é usado em Filipenses
3:12, e tem o sentido de esforço intenso (um caçador perseguindo avidamente a
presa). O atleta bem-sucedido entra no jogo e se mostra determinado a vencer! O
mesmo zelo que Paulo manifestava ao perseguir a Igreja (Fp 3:6) pode ser
observado em seu serviço a Cristo.
Vemos aqui dois extremos a serem evitados: 1. "eu
devo fazer tudo!"; e 2. "Deus deve fazer tudo!" O primeiro
descreve o ativista; o segundo, o quietista, e os dois estão condenados a
fracassar.
O corredor cristão com disposição espiritual sabe
que Deus deve operar nele e capacitá-lo para vencer a corrida (Fp 2:12,13; Jo
15:5). Deus opera em nós para que possa operar por meio de nós.
O alvo é "o prêmio da soberana vocação de
Deus em Cristo Jesus" (Fp 3:14). Quando alcançar o alvo, receberá a
recompensa! Paulo não está sugerindo que o céu se alcança pelo esforço próprio,
mas apenas que, assim como o atleta é recompensado por seu desempenho, o
cristão fiel também será coroado quando Jesus Cristo voltar.
5. DISCIPLINA (Fp 3:15,16)
Não basta correr com disposição e vencer a corrida;
o corredor também deve obedecer às regras. Paulo enfatiza a importância de os
cristãos lembrarem as "regras espirituais" que se encontram na
Palavra.
O atleta que se recusa a treinar é desqualificado,
como também o é o atleta que transgride as regras do jogo. Um dia, todo cristão
vai se encontrar diante do tribunal de Cristo (Rm 14:10-12). Se nos
disciplinarmos a obedecer às regras, receberemos o prêmio.
O relato bíblico é repleto de gente que começou a
corrida com grande sucesso, mas que fracassou no final por não atentar para as
regras de Deus. Não perderam a salvação, mas perderam a recompensa (Ló - Gn 19;
Sansão - Jz 16; Saul - 1 Sm 28; 31). E pode acontecer conosco!
É estranho ver Paulo chorando em uma carta cheia de
alegria! Essas lágrimas não são por si mesmo, mas pelo modo de vida de alguns
que se dizem cristãos, pessoas que "se preocupam com as coisas
terrenas". Essas pessoas podem ser os judaizantes ou outro grupo chamado
de libertinos, ambos eram "inimigos da cruz de Cristo".
Muita gente acredita que o "cristão
espiritual" é místico, distante, sem qualquer senso prático e dado a
devaneios. A disposição espiritual leva o cristão a pensar com mais clareza e a
fazer as coisas com mais eficiência.
Ter "disposição espiritual" significa,
simplesmente, olhar para a Terra do ponto de vista do céu. Os cristãos possuem
dupla cidadania - celestial e terrena -, e nossa cidadania no céu deve nos
tornar pessoas melhores na Terra. O cristão com disposição espiritual não se
sente atraído pelas "coisas" deste mundo. Toma suas decisões com base
em valores eternos, não nos modismos passageiros da sociedade.
1. NOSSO NOME ESTÁ REGISTRADO NO CÉU
Os cidadãos de Filipos desfrutavam do privilégio de
ser cidadãos de Roma fora de Roma. Quando o pecador aceita a Cristo e se torna
um cidadão do céu, seu nome é escrito no "livro da Vida" (Fp 4:3) e é
isso o que determina sua entrada final no país celestial (Ap 20:15). Quando
confessamos Cristo na Terra, ele confessa nosso nome no céu (Mt 10:32, 33).
Nosso nome "está arrolado nos céus" (Lc 10:20) e ficará registrado lá
para sempre (o verbo grego traduzido por "arrolar", em Lc 10:20,
encontra-se no tempo perfeito: está e permanecerá arrolado de uma vez por
todas).
2. FALAMOS A LINGUAGEM DO CÉU
Os que "só se preocupam com as coisas
terrenas" falam de coisas terrenas. Afinal, o que sai da boca revela o que
se encontra no coração (Mt 12:34-37). Os cidadãos do céu compreendem as coisas
espirituais, gostam de falar sobre elas e de compartilhá-las uns com os outros
(1 Io 4:5, 6). Falar a linguagem do céu envolve também a como se diz. Devemos
ter cuidado, porém, de falar de maneira a glorificar a Deus (CI 4:6). Nossas
palavras devem demonstrar moderação e pureza (Ef 4:29).
3. OBEDECEMOS ÀS LEIS DO CÉU
Os cidadãos de Filipos não eram governados pela
legislação grega, mas sim pelas leis de Roma. Por causa dessa política Paulo foi
em Filipos (At 16:16-24) e usou sua cidadania romana para ter proteção (At
16:35-40).
"Sede imitadores meus." Paulo era
imitador de Cristo, de modo que não se trata de uma admoestação egotista (1Co
11:1). Paulo considerava-se um "estrangeiro" neste mundo, um
"peregrino e forasteiro" (1 Pe 2:11). Sua vida era governada pelas
leis do céu, e era isso o que o tornava diferente.
4. SOMOS LEAIS À CAUSA DO CÉU
Os judaizantes eram "inimigos da cruz de
Cristo" porque a cruz deu cabo da religião do Antigo Testamento (Hb
10:19-25). Por meio de sua morte e ressurreição, Jesus realizou a
"circuncisão espiritual" que tornava a circuncisão ritual desnecessária
(CI 2:10-13). Tudo aquilo que os judaizantes defendiam havia sido eliminado
pela morte de Cristo na cruz!
Paulo chora porque sabe o que o futuro reserva para
esses homens: "O destino deles é a perdição" (Fp 3:19). Entretanto, o
verdadeiro filho de Deus, cuja cidadania está no céu, tem um futuro
esplendoroso.
5. AGUARDAMOS O SENHOR DO CÉU
Os judaizantes viviam no passado, tentando
convencer os filipenses a voltar a Moisés e à Lei, mas o verdadeiro cristão
vive no futuro, aguardando a volta de seu Salvador (Fp 3:20,21). Uma esperança
futura exerce grande poder no presente (Abraão - H b 11 :13-16; Moisés - Hb 11
:24- 26), Jesus dispôs-se a sofrer na cruz.
O cidadão do céu que vive na Terra não fica
desanimado, pois sabe que um dia seu Senhor vai voltar, continua realizando seu
trabalho com toda dedicação, não vive em função das coisas deste mundo.
Paulo menciona, de modo específico, que o cristão
receberá um corpo glorificado, como o corpo de Cristo. Hoje, vivemos em um
"corpo de humilhação" (Fp 3:21); mas quando virmos a Cristo,
receberemos um corpo de glória (1 Co 15:42-53.
Quando Jesus voltar, há de "subordinar a si
todas as coisas" (Fp 3:21b). O termo "subordinar" significa
"organizar em ordem de dependência, do inferior ao superior". Viver
no futuro significa deixar que Cristo ordene as coisas de acordo com a
verdadeira importância.
Aplicações:
1. Deus nos chama para santificação que é o
processo de aperfeiçoamento do cristão. Esta perfeição não é alcançada neste
mundo, mas somente em Cristo no céu.
2. A santificação é crescente e progressiva diariamente
com Jesus por isso temos pessoas em níveis diferentes de crescimento
espiritual.
3. Não há igrejas sem problemas, ajude a sua igreja
a ser melhor evitando o legalismo das obras e a libertinagem do “tudo pode”
4. Devemos ser exemplos para as novas gerações e
manter a esperança do retorno de Jesus e da glorificação de nossos corpos.
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