Qual a diferença entre termômetro e termostato? Um termômetro não muda coisa alguma, apenas registra a temperatura, mas um termostato regula a temperatura do ambiente em que se encontra e faz as alterações necessárias.
Paulo não tinha altos e baixos espirituais de
acordo com a mudança das situações, ele prosseguia com determinação, fazendo
seu trabalho e servindo a Cristo. Ele não era vítima das circunstâncias, mas
sim vitorioso sobre as circunstâncias (v.13, 18). Paulo não precisava ser
paparicado para estar contente; seu contentamento vinha dos recursos
espirituais que Cristo lhe provia abundantemente.
Contentamento não é o mesmo que complacência, como também não é falsa paz com base na ignorância. O contentamento não é uma fuga da batalha, mas sim paz e confiança permanentes em meio à batalha (v.11). Duas palavras desse versículo são de importância crítica: "aprendi" e "contente".
O verbo "aprender" refere-se a
"aprender por experiência". O apóstolo teve de passar por várias
experiências difíceis, a fim de aprender a viver contente. O adjetivo
"contente", na verdade, significa "contido, calmo". É a
descrição de um homem cujos recursos encontram-se dentro dele. O termo grego
significa "auto-suficiente" não no sentido filosófico, mas porque
nossa suficiência encontra-se em Cristo, Ele vive em nós.
1. A PROVIDÊNCIA SOBERANA DE DEUS - v.10
Nesta era de grandes realizações científicas,
ouvimos falar cada vez menos da providência de Deus. Mas as Escrituras falam
claramente de obras providenciais de Deus na natureza e na vida de seu povo. O
termo "providência" vem e duas palavras do latim: pro,
"antes" e video, "ver". A providência de Deus significa,
simplesmente, que Deus vê de antemão. Não quer dizer que Deus apenas sabe de
antemão, pois envolve muito mais que mero conhecimento. É a obra que Deus
realiza antecipadamente, ordenando as circunstâncias e situações de modo a
cumprirem os propósitos divinos.
A história conhecida de José e de seus irmãos
ilustra o significado da providência (Gn 37-50). Os irmãos de José o invejavam
e, por isso, o venderam como escravo quando ele estava com apenas 17 anos de
idade. Foi levado para o Egito, onde Deus revelou que, depois de sete anos de
fartura, haveria sete anos de fome e de escassez. Pela interpretação que José
deu ao sonho do faraó, os egípcios tomaram conhecimento de tal fato, e, por
causa disso, José foi elevado à posição de segundo no poder sobre todo o Egito.
Depois de vinte anos de separação, José e seus irmãos se reconciliaram e entenderam
o que o Senhor havia feito.
Nas palavras de José: "Para conservação da
vida, Deus me enviou adiante de vós" (Gn 45:5). "Vós, na
verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem" (Gn
50:20). Essa é a providência de Deus: sua mão governando e predominando sobre
as situações da vida. Paulo experimentou essa providência em sua vida e
ministério e, por isso, escreveu: "Sabemos que todas as coisas cooperam
para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito" (Rm 8:28).
Em sua providência, Deus despertou o interesse da
igreja de Filipos pelas necessidades de Paulo, e sua demonstração de afeto
chegou no momento em que Paulo precisava mais de seu amor! Os filipenses
preocupavam-se com o apóstolo, mas, até então, não haviam tido oportunidade de
ajudar. Muitos cristãos de hoje têm a oportunidade, mas lhes falta o interesse
de ajudar.
A vida não é uma série de acidentes, mas sim uma
sucessão de compromissos marcados. "Instruir-te-ei e te ensinarei o
caminho que deves seguir" (Sl 32:8). Abraão chamou Deus de
"Jeová-Jiré" que significa "O SENHOR Proverá" (Gn 22:14).
"Depois de fazer sair todas as [ovelhas] que lhe pertencem, vai adiante
delas" (Jo 10:4). Esta é a providência de Deus, uma fonte maravilhosa
de contentamento.
2. O PODER INFALÍVEL DE DEUS – v.11-13
Mais que depressa, Paulo deixa claro a seus amigos
que não está se queixando! Sua felicidade não depende das circunstâncias nem
das coisas; sua alegria é proveniente de algo mais profundo, separado de sua pobreza
ou prosperidade. Quase todos nós aprendemos a "estar humilhado[s]",
pois quando as dificuldades surgem, corremos imediatamente para o Senhor, mas
poucos sabem "ser honrado[s]". A prosperidade causa mais estragos na
vida dos cristãos do que a adversidade (Ap 3:17).
A expressão "tenho experiência", em
Filipenses 4:12, possui sentido diferente do verbo "aprender" em
Filipenses 4:11. "Ter experiência" significa "iniciado no
segredo". O termo grego no original era usado pelas religiões pagãs com
referência a seus "segredos mais íntimos". Por meio das tribulações e
provações, Paulo foi "iniciado" no segredo maravilhoso do
contentamento a despeito da pobreza ou da prosperidade (v.13). Era o poder de
Cristo dentro dele que lhe dava contentamento espiritual.
A menos que lancemos mão dos recursos profundos de
Deus pela fé, não seremos capazes de suportar as pressões da vida. Paulo
dependia do poder de Cristo operando em sua vida (Fp 1:6,21; 2:12,13; 3:10).
"Tudo posso - em Cristo!" Esse era o lema de Paulo e também pode ser
o nosso.
Qualquer que seja a tradução de nossa preferência
de Filipenses 4.13, todas dizem a mesma coisa: o cristão tem dentro de si todo
o poder de que precisa para lidar com as exigências da vida. Só temos de
liberar esse poder pela fé.
Jesus ensina essa mesma lição no sermão sobre a
videira e os ramos em João 15. Ele é a Videira e nós somos os ramos. O único
propósito do ramo é dar frutos; de outro modo, só serve para ser queimado. O
ramo não produz frutos com as próprias forças, mas sim usando da vida que flui
na Videira. "Porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15:5). Quando o
cristão permanece em comunhão com Cristo, o poder de Deus o fortalece (Fp 4:
13).
3. A PROMESSA IMUTÁVEL DE DEUS – v.14-20
Paulo agradece à igreja de Filipos a oferta
generosa e a compara a três coisas bastante conhecidas.
Uma árvore brotando (v. 10). No originai, o termo traduzido por "renovar" refere-se a uma
flor se abrindo ou a uma árvore brotando ou florescendo. Muitas vezes, passamos
por "invernos espirituais", mas quando chega a primavera, as bênçãos
e a vida se renovam. A árvore, em si, não é desarraigada e carregada para algum
outro lugar; as circunstâncias são as mesmas. O que muda é a nova vida interior.
Um investimento (vv. 14-17). Paulo considera a oferta missionária dos filipenses um investimento
que lhes seria extremamente lucrativo. O verbo "associar" corresponde
ao termo "comunhão". Nesse acordo, a igreja deu riquezas materiais a
Paulo e recebeu riquezas espirituais do Senhor. É o Senhor quem cuida da
contabilidade e jamais sonegará dividendos espirituais. A igreja que não
compartilha com outros suas riquezas materiais é uma igreja pobre.
Um sacrifício (v. 18). Para o apóstolo, a oferta também é um sacrifício espiritual colocado
sobre o altar para a glória de Deus. A vida cristã tem certos "sacrifícios
espirituais" (1 Pe 2:5). Devemos entregar o nosso corpo como sacrifício
espiritual (Rm 12:1,2) e também o louvor de nossos lábios (Hb 13:15). As boas
obras são um sacrifício para o Senhor (Hb 13:16), como também o são as almas
perdidas que temos o privilégio de ganhar para Cristo (Rm 15:16). Aqui, Paulo
vê os cristãos filipenses como sacerdotes, entregando suas ofertas como
sacrifícios ao Senhor. Lembrando das palavras de Malaquias 1:6-14, devemos apresentar
ao Senhor o que temos de melhor.
No entanto, Paulo não considera essa oferta uma
dádiva apenas dos filipenses. Para ele, é o suprimento divino de suas
necessidades. O apóstolo depositava sua confiança no Senhor. Há um contraste interessante
entre Filipenses 4:18 e 19, e podemos parafrasear a declaração do apóstolo da
seguinte maneira: "Vocês supriram a minha necessidade, e Deus suprirá a
sua necessidade. Vocês supriram uma das minhas necessidades, mas meu Deus
proverá todas as suas necessidades. Vocês contribuíram apesar da sua pobreza,
mas Deus suprirá suas necessidades usando das riquezas da glória dele!"
Deus não prometeu suprir nossa ganância. O filho de
Deus que vive de acordo com a vontade de Deus, servindo para a glória de Deus,
tem todas as necessidades supridas. Hudson Taylor costumava dizer: "Quando
a obra de Deus é realizada à maneira de Deus e para a glória de Deus, nunca
falta a provisão de Deus".
O contentamento é resultante de recursos adequados.
Nossos recursos são a providência de Deus, o poder de Deus e as promessas de
Deus. Esses recursos capacitaram Paulo para lidar com tudo o que a vida exigiu
dele e podem fazer o mesmo por nós.
Aplicações:
1. Nosso contentamento não é resultado de
circunstâncias exteriores. Não somos vítimas das situações, pelo contrário,
somos vitoriosos sobre elas.
2. Quando passamos por várias experiências
difíceis, quando vivemos altos e baixos, aí então podemos aprender a viver
contente e se fato Cristo nos é suficiente.
3. Confiar na providencia de Deus é um
passo de fé e o caminho para o contentamento. Deus sabe do que precisamos, ele
vai suprir as necessidades, não os desejos.
4. O exercício da fé libera o poder que
está dentro de nós e do qual precisamos para lidar com as exigências da vida.
Devemos confiar no poder de Deus.
5. Deus tem uma promessa: quem vive de acordo com a vontade de Deus, servindo para a glória de Deus, tem todas as necessidades supridas.
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