4 de jul. de 2023

Cristo Nosso Exemplo Supremo


Filipenses 2.1-11
Cristo é o Nosso Exemplo Supremo

As pessoas podem nos privar da alegria. Paulo enfrentava problemas com os romanos (Fp 1:15-18) e também com os filipenses - uma possível divisão na igreja. A união estava sendo ameaçada tanto por elementos exteriores (falsos profetas; Fp 3:1-3) quanto interiores (membros que não se entendiam; Fp 4:1-3).

Há diferença entre unidade e uniformidade. A verdadeira unidade espiritual é de origem interior, vem do coração. A uniformidade é resultante de pressão exterior. Por isso, Paulo apela para as motivações espirituais mais elevadas possíveis (Fp 2:1-4).

O estar "em Cristo", deve servir de estímulo, a fim de se esforçar para ter unidade e amor, não divisão e rivalidade. As desavenças revelam que há um problema espiritual na comunhão. Os desentendimentos não serão resolvidos com regras nem com ameaças, mas sim com coração sendo posto em ordem com Deus e uns com os outros.

A causa fundamental dos problemas eram o egoísmo, o qual, por sua vez, nasce do orgulho. Não pode haver alegria na vida do cristão que se coloca acima de outros conforme v.3.

Ser submisso não significa que o cristão está à disposição de todos para satisfazer seus desejos, ou que seja um "capacho" para todos! Há quem tente comprar amigos e manter a unidade da igreja "cedendo" aos caprichos e desejos de todos.

Paulo apresenta quatro exemplos de submissão: Jesus Cristo (Fp 2:1-11), o próprio Paulo (Fp 2:12-18), Timóteo (Fp 2:19- 24) e Epafrodito (Fp 2:25-30). É evidente que o exemplo supremo é Jesus, e Paulo começa por ele. Jesus Cristo ilustra as quatro características do indivíduo com uma atitude submissa.

 

1. ELE PENSA NOS OUTROS, NÃO EM SI MESMO (Fp 2:5,6)

O versículo 5 pode ser traduzido: "sua atitude deve ser a mesma que a de Jesus Cristo". Afinal, nossa visão de mundo tem consequências. Se for egoísta, nossos atos serão destrutivos e trarão desunião (Tg 4:1-10).

Ser "igual a Deus" não tem relação com o formato ou o tamanho de Deus, pois ele é Espírito (Jo 4:24), antes, está usando termos humanos para descrever atividades e atributos divinos (as características de Deus). Ser "igual" refere-se à "expressão exterior da natureza interior", Jesus Cristo é Deus.

Jesus Cristo não precisava de coisa alguma! Tinha toda a glória e o louvor do céu e, reinava sobre o universo. Mas Filipenses 2:6 declara um fato extraordinário: ele não considerava sua igualdade com Deus "usurpação" nem "algo a que se apegar egoisticamente".

Jesus não pensava em si mesmo, pensava nos outros. Sua visão de mundo (ou atitude) era de preocupação abnegada pelos outros. Esse é "o mesmo sentimento que houve também em Cristo", uma atitude que diz: "não posso guardar meus privilégios para mim mesmo, devo usá-los para beneficiar a outros e, a fim de fazê-lo, colocarei esses privilégios de lado e pagarei o preço necessário".

Para descobrir o verdadeiro caráter de uma pessoa, não lhe dê responsabilidades, e sim privilégios. O cristão usará seus privilégios para ajudar a outros; o não cristão usará os privilégios para promover a si mesmo. Jesus usou seus privilégios celestiais para o bem de outros: para nosso bem.

É interessante quando contrastamos a atitude de Cristo, a de Lúcifer (ls 14:12-15) e a de Adão (Gn 3:1-7). Lúcifer era o maior dos seres angelicais, próximo ao trono de Deus (Ez 28:11-19), mas desejou assentar-se no trono! Lúcifer disse: "Seja feita a minha vontade!", enquanto Jesus disse: "Seja feita a tua vontade". Lúcifer não se contentou em ser uma criatura; quis ser o Criador! Jesus era o Criador e, no entanto, se tornou homem voluntariamente.

Adão tinha tudo de que precisava; era "rei" sobre a criação de Deus (Gn 1:26). O homem tentou, deliberadamente, se apropriar de algo fora de seu alcance e, como resultado, lançou a humanidade inteira no abismo do pecado e da morte. Adão e Eva pensaram apenas em si mesmos; Jesus pensou nos outros.

É de se esperar que pessoas incrédulas sejam egoístas e cobiçosas, mas não esperamos isso de cristãos que experimentaram o amor de Cristo e a comunhão do Espírito (Fp 2:1,2). Em mais de vinte ocasiões, ao longo do Novo Testamento, Deus nos instrui sobre como viver "uns com os outros". Devemos nos preferir uns aos outros (Rm 12:10), edificar uns aos outros (1 Ts 5:11) e carregar os fardos uns dos outros (GI 6:2). Não devemos julgar uns aos outros (Rm 14:13), mas sim admoestar uns aos outros (Rm 15:14).

 

2. ELE SERVE, NÃO BUSCA SER SERVIDO (Fp 2:7)

Pensar nos "outros" apenas em sentido abstrato não é suficiente; devemos considerar a essência do verdadeiro serviço. Jesus pensou nos outros e se tornou um servo: 1. Esvaziou-se, colocando de lado o uso independente de seus atributos divinos; 2. tornou-se humano permanentemente, em um corpo físico sem pecado; 3. Usou esse corpo para ser servo; 4. Levou esse corpo à cruz e morreu voluntariamente.

Que graça maravilhosa! Do céu à Terra, da glória à vergonha, de Senhor a servo, de vida à morte, "até à morte e morte de cruz"! É interessante observar que, em Filipenses 2:7, Paulo volta a usar a palavra "forma": "a expressão exterior da natureza interior". Jesus não fingiu que era um servo nem fez o papel de servo como se fosse um ator. Ele se tornou, verdadeiramente, um servo!

Ao ler os quatro Evangelhos, podemos observar como é Jesus quem serve aos outros, não o contrário. Ele se coloca à disposição de pessoas de todo tipo: pecadores, meretrizes, coletores de impostos, enfermos e aflitos (Mt 20:28; Jo 13). Assumiu a posição do mais humilde dos servos e colocou a submissão em prática. Não pensava em si mesmo, apenas em servir aos outros. O serviço é o segundo sinal de submissão.

 

 3. ELE SE SACRIFICA (Fp 2:8)

Muitas pessoas estão dispostas a servir aos outros desde que isso não lhes custe coisa alguma. Mas se precisarem pagar algum preço, perdem o interesse no mesmo instante. Jesus tornou-se "obediente até à morte e morte de cruz" (Fp 2:8). Não morreu como um mártir, mas sim como Salvador. Entregou a vida voluntariamente pelos pecados do mundo.

"O ministério que não custa coisa alguma não realiza coisa alguma". A fim de haver bênção, também é preciso haver sacrifício. A cruz de meu Senhor custou caro. Por que minha cruz deveria ser diferente?"

Quem tem uma atitude de submissão não evita sacrifícios; vive para a glória de Deus e para o bem dos outros; se há um preço para honrar a Cristo e ajudar o semelhante, está disposto a pagá-lo. Essa foi a atitude de Paulo (Fp 2:17), Timóteo (Fp 2:20) e também Epafrodito (Fp 2:30). A fim de ser uma expressão verdadeira do ministério cristão, o serviço precisa ser acompanhado de sacrifício.

O teste da submissão não se refere apenas ao que estamos dispostos a suportar em termos de sofrimento, mas também ao que estamos dispostos a oferecer em termos de sacrifício.

Um dos paradoxos da vida cristã é que, quanto mais damos, mais recebemos; quanto mais sacrificamos, mais Deus abençoa. A submissão produz alegria, pois ela nos torna mais semelhantes a Cristo. Isso significa que participamos de sua alegria ao participar também de seu sofrimento.

É evidente que, quando a verdadeira motivação é o amor (Fp 2:1), o sacrifício nunca é medido nem mencionado. A pessoa que sempre fala dos sacrifícios que faz não tem uma atitude de submissão. Ser cristão lhe custa alguma coisa?

 

4. ELE GLORIFICA A DEUS (Fp 2:9-11)

Este é, evidentemente, o objetivo maior de tudo o que fazemos: glorificar a Deus. Paulo adverte sobre a "vanglória" (2:3). O tipo de rivalidade que coloca um cristão contra outro e um ministério contra outro não é espiritual nem gratificante, apenas fútil e vão.

A exaltação de Cristo começou com sua ressurreição. Quando os homens sepultaram o corpo de Jesus, Deus começou a operar. Os homens fizeram as piores coisas possíveis ao Salvador, mas Deus o exaltou e honrou. Ele ressuscitou dentre os mortos e voltou em vitória para o céu, elevando-se ao trono do Pai.

Sua exaltação incluiu autoridade soberana sobre todas as criaturas no céu, na terra e debaixo da terra. Todas se prostrarão diante dele (ver Is 45:23). Um dia, todos se prostrarão diante dele e confessarão que ele é Senhor. Prostrar-se diante do Senhor hoje significa salvação (Rm 10:9, 10); prostrar-se diante dele no dia do julgamento significa condenação.

O propósito da humilhação e exaltação de Cristo é a glória de Deus (Fp 2:11). Quando Jesus enfrentou a cruz, pensou, acima de tudo, na glória de Deus (Jo 17:1). Além disso, ele nos deu essa glória (Jo 17:22), e um dia participaremos dela com Cristo no céu (Jo 17:24; ver Rm 8:28-30).

Uma vez que a pessoa com atitude submissa vive para os outros, deve esperar sacrifício e serviço, mas, no final, tudo redundará em glória. José no Egito; Davi foi exaltado por Deus como rei de Israel.

A alegria da submissão não é resultante apenas de ajudar a outros e de participar da comunhão dos sofrimentos de Cristo (Fp 3:10), mas principalmente de saber que estamos glorificando a Deus. Deixamos nossa luz brilhar por meio de nossas boas obras e, desse modo, glorificando ao Pai no céu (Mt 5:16). Talvez não vejamos a glória no presente, mas a veremos quando Jesus voltar e recompensar seus servos fiéis.

 

Aplicações:

1.     A desunião é o perigo de toda Igreja sadia. Onde há uma ambição egoísta, desejo de prestígio pessoal, cada um se concentra em seus próprios interesses, ali não pode existir outra coisa senão desunião.

2.     Ninguém pode caminhar desunido com seu semelhante e ao mesmo tempo estar unido a Cristo. Se a pessoa tiver a Cristo como companheiro de caminhada, inevitavelmente é companheiro de todo caminhante.

3.     Aquele que conhece o amor cristão e permanece nEle, e embora de uma maneira muito imperfeita, não pode viver em desunião com outros.

4.     Se a pessoa viver em desunião com seus semelhantes dá prova de não possuir o dom do Espírito.

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