Normalmente, o sepultamento sela o fim da história de uma pessoa comum, mas Jesus não era comum, Ele era o Filho de Deus. O túmulo não foi o último capítulo de sua história, mesmo após a morte, Jesus continuava movimenta a história e impressionando homens.
Nesta passagem vemos em especial a atuação de José de Arimatéia (ajudado por Nicodemos – Jo 19.38-40) se prontificaram para sepultar o corpo de Jesus afim dele não ficar exposto ao tempo e ser defraudado por animais e feras.
1. O TEMPO DA PREPARAÇÃO – v.42
Os judeus dividiam o período correspondente à tarde
e ao fim do dia em duas partes: o "cair da tarde" - das três às seis
- e a "noite" - depois das seis, quando começava um novo dia. Isso explica
o fato de tanto Mateus (Mt 27:57) quanto Marcos chamarem o final da tarde de
sexta-feira de "cair da tarde".
Era importante que o local da execução fosse liberado
rapidamente, pois o shabbath judaico estava prestes a começar, e esse shabbath
em particular era um "grande" dia por causa da Páscoa (Jo 19:31).
2. OS RESPONSÁVEIS PELO SEPULTAMENTO – v.43-45
Deus preparou José de Arirnatéia, um membro rico do
Sinédrio, para cuidar do corpo de Jesus (Mt 27:57). José foi auxiliado por
Nicodemos, que também era membro do conselho (Jo 19:38-42). Não se deve imaginar
que esses dois homens decidiram, de uma hora para outra, que sepultariam o corpo
de Jesus, pois o que fizeram exigiu um bocado de preparo.
Fica claro que Deus preparou esses dois homens e
dirigiu suas ações. Nicodemos havia procurado Jesus para uma conversa particular
(Jo 3) e também o havia defendido perante o conselho (Jo 7:45-53). Creio que
José e Nicodemos examinaram as Escrituras juntos e, guiados pelo Espírito,
descobriram que o Cordeiro morreria na Páscoa.
José é um personagem curioso.
1. Bem poderia ser que toda a informação sobre o
julgamento ante o Sinédrio procedesse dele. Se for assim, corresponderia a José
uma participação muito real na redação do relato do Evangelho.
2. Em torno de José há um toque de tragédia. Como membro
do Sinédrio não defendeu Jesus. José é o homem que deu a Jesus uma tumba quando
estava morto, mas guardou silêncio enquanto estava vivo.
3. José foi outra daquelas pessoas para quem a cruz
de Jesus fez o que sua vida não tinha podido fazer. Quando em vida tinha visto
Jesus, havia sentido sua atração, mas não tinha ido mais além. Mas quando o viu
morrer seu coração estalou de amor.
3. O SEPULTAMENTO – v.46
Para começar, José teve de preparar o túmulo num
jardim próximo ao local onde Jesus morreu. Embora Mateus 27.60 diga “em seu
sepulcro novo”, para muitos teólogos acham provável que esse túmulo não fosse
para uso pessoal de José, pois um homem rico dificilmente escolheria ser
sepultado próximo a um local de execuções.
Além disso, os dois tiveram de conseguir uma grande
quantidade de especiarias (Jo 19:39), algo que não poderia ser feito enquanto o
comércio estivesse fechado para a Páscoa. Tudo isso teve de ser feito sem o
conhecimento do conselho.
Foi preciso que José pedisse permissão a Pilatos
para levar o corpo e que Nicodemos guardasse o corpo enquanto essa permissão
oficial era liberada. Se esses dois homens não tivessem agido com tamanha
ousadia, é possível que o corpo de Jesus tivesse sido lançado no depósito de
lixo da cidade.
É importante notar que corpo deve ter sido
preparado para o sepultamento, pois os lençóis usados foram deixados para trás no
túmulo (Jo 20:1-10). Além do mais, a maneira de seu sepultamento cumpriu a
profecia (Is 53:9).
4. PROVA IMPORTANTE DA SUA MORTE – v.47
O fato de o corpo de Jesus ter sido sepultado é
prova de que morreu, de fato, na cruz, pois os oficiais romanos não teriam
liberado o corpo sem provas de que Jesus estava morto.
Com frequência os crucificados pendiam de suas
cruzes durante vários dias antes de morrer, e Pilatos se assombrou de que Jesus
tivesse morrido somente seis horas depois de ter sido crucificado, mas, depois
de comprová-lo com o centurião, entregou o corpo a José.
Com frequência acontecia que os corpos dos
crucificados não eram sepultados: simplesmente eram baixados da cruz e se
deixava que os abutres e os cães selvagens que rondavam dessem conta deles.
Por isso se sugeriu que o nome Gólgota era chamado
Lugar da Caveira, ou Calvário, pois estaria semeado de caveiras de anteriores
crucificações.
Aplicações:
1. Havia uma preparação para celebrar o dia de culto ao Senhor (o
sábado). Devemos refletir como estamos nos preparando para o Dia de Culto ao
Senhor. Não podemos chegar para adoração de qualquer maneira.
2. José e Nicodemos nos ensinam que Deus prepara homens de fé para cada
momento importante da história. Agora que os discípulos fugiram, os familiares
se retiraram (Jo 19:25-27), Deus preparara alguém para proteger o corpo de
Jesus e sepultá-lo.
3. Nicodemos viera até Jesus à noite (Jo 3); todavia, agora ele saía à
luz e assumiu sua posição em favor de Cristo. Devemos sair no anonimato e
assumir nossa fé em Jesus.
4. As mulheres fiéis foram as últimas a sair de perto da cruz e as
primeiras a ir à sepultura (16:1 ss). Elas ensinam a necessidade de perseverar
ao lado de Cristo.
5. É importante para a legitimidade da mensagem do evangelho que a morte
e o sepultamento de Jesus Cristo fossem autenticados por outras pessoas (Pilatos
e o centurião), além dos seus seguidores.
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