O capítulo 16 começa com um milagre inesperado. As mulheres vão à sepultura e encontraram algo totalmente inesperado: a pedra fora afastada, o corpo sumira, e um mensageiro esperava para contar-lhes as boas novas da ressurreição dele!
Logo elas são incumbidas de levar uma mensagem
inacreditável. Vemos aqui a descrença dos próprios discípulos de Cristo
quando se confrontam com a ressurreição dele.
Considerando o estado emocional dos discípulos, vemos uma igreja que chorava, em vez de testemunhar, porque eles não acreditavam realmente que seu Mestre estivesse vivo. O milagre de sua ressurreição corpórea é importante para a mensagem do evangelho e é a motivação para que o povo de Deus testemunhe e sirva (At 1:21-22; 2:32; 4:10,33).
Quando ele apareceu no meio de seus seguidores, porém, repreendeu-os
pela incredulidade que havia endurecido o coração deles (Mc 6:52; 8:17). Antes
de sua ascensão quarenta dias depois, o Senhor deu várias incumbências a
seus
seguidores.
1. MANDATO ILIMITADO (v.15-18)
Os quatro evangelhos finalizam-se com uma comissão
de Cristo para sua igreja de que propague a mensagem do evangelho até os
confins da terra (Mt 28:18-20; Lc 24:46-49; Jo 20:21-23; e veja At 1:8).
a)
A fé como meio de salvação
Uma
leitura superficial de Marcos 16:15,16 pode dar a entender que, a fim de ser salvo,
é preciso que o pecador também seja batizado, mas essa interpretação incorreta não
pode ser defendida, uma vez que observamos a ênfase do verso 16 sobre o crer. Se uma pessoa não
crê, mesmo que seja batizada, está condenada (Jo 3:16-18, 36).
Na igreja primitiva, a crença em Jesus Cristo
levava à declaração pública de fé pela prática do batismo com água (At 8:36-38;
10:47-48), e, às vezes, as pessoas perdiam a família, os amigos e o trabalho
por causa do batismo. A Igreja primitiva esperava que os cristãos fossem batizados (At 2:41).
b)
A presença dos sinais na
Igreja
Nessa
comissão, Jesus chama a atenção para nossa mensagem e ministério e, para apoiá-los,
ofereceu credenciais miraculosas que só ele pode dar. A mensagem é o evangelho,
as boas-novas da salvação pela fé em Jesus Cristo. O ministério é compartilhar
essa mensagem com o mundo.
Dos sinais referidos por Jesus nos versículos
17-18, todos (exceto ingestão de veneno) ocorreram na igreja do Novo
Testamento:
·
Expulsar demônios (At 5:16; 8:7; 16:18; 19:12);
·
Falar (novas) línguas (At 2:4; 10:46; 19:6, 1
Co 12:30; 14);
·
Pegar e ser picado por serpente sem perigo (At
28:3-5);
·
Impor as mãos sobre doentes e curá-los (At
3:1-7; 5:15-16; 8:7; 9:33-34; 14:8-10; 28:7-8).
Os sinais e milagres constituíam forte credencial
dos apóstolos (v.20), - assim como Moisés no Egito e alguns profetas do A.T. - confirmando
que o reino de Deus havia chegado, com poder. Os milagres, por
si mesmos, não provam que uma pessoa foi enviada por Deus, pois a sua mensagem
também deve ser fiel à Palavra de Deus (ver 2 Ts 2; Ap 13).
Mediante a ação do Espírito, eles têm continuado a
ocorrer entre os cristãos de todo o mundo, durante todos esses séculos, e hão
de continuar até a volta de Jesus. Esses dons não são destinados apenas a
alguns discípulos, mas concedidos a todos os que creem em seu nome para
concretizar, mediante a manifestação de sinais e milagres, o reino de Deus na
terra.
2. MINISTÉRIO IMUTÁVEL (v.19-20)
O Evangelho de Marcos apresenta um paralelo extraordinário
com a passagem sobre o Servo em Filipenses 2:
·
Ele veio como Servo - (Fp 2:1-7) Marcos
1-13
·
Ele morreu numa cruz - (Fp 2:8) Marcos 14- 15
·
Ele foi exaltado à glória
- (Fp 2:9) Marcos
16
Tanto Paulo quanto Marcos enfatizam a necessidade de
que o povo de Deus leve essa mensagem a todas as nações (MC
16:15,16; Fp 2:10,11), com a garantia de que Deus opera na vida dos
cristãos e por meio deles (Mc 16:19,20; Fp 2:12,13).
A ascensão de Jesus marcou a conclusão de seu
ministério aqui na Terra e o começo de seu ministério no céu, como Sumo
Sacerdote e Advogado de seu povo (Hb 7.10; 1Jo 2:1-3). A "destra de Deus" é o lugar de honra e
autoridade (Sl 110:1; 1 Pe 3:22).
Jesus é como Melquisedeque, o Rei da Justiça e o
Rei da Paz (Gn 14:17-19; Hb 7:2). Um de seus ministérios no céu é capacitar seu povo
a fazer sua vontade (Hb 13:20, 21).
Nada mais apropriado do que o evangelho do Servo
terminar com uma referência ao trabalho, da mesma forma como é apropriado
Mateus, o Evangelho do Rei, terminar com uma referência à grande autoridade do Senhor. Por seu Espírito Santo,
o Senhor deseja trabalhar em nós (Fp 2:12, 13), conosco
(Mc 16:20) e por
nós (Rm 8:28).
Os apóstolos e os profetas lançaram os alicerces da
Igreja (Ef 2:20). Seu trabalho foi concluído, mas o trabalho do Senhor não cessou, e ele continua
operando em seu povo e por meio dele para salvar o mundo perdido. Seu Servo e Filho,
Jesus, voltou para o céu, mas Deus ainda tem seus filhos aqui na Terra para
serem seus servos, caso se disponham a trabalhar para ele.
Temos o enorme privilégio de trabalhar lado a lado
com o Senhor. Temos a enorme oportunidade e responsabilidade de levar o
evangelho ao mundo todo. "Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10:45).
Estamos servindo ou esperando outros nos
servirem?
Aplicações:
1. A
Igreja tem a tarefa de pregar. É
dever da Igreja, e isto quer dizer de cada cristão, contar a história das boas
novas de Jesus àqueles que nunca a ouviram. O dever do cristão é ser arauto de
Jesus Cristo.
2. A
Igreja tem uma tarefa curadora. Vimos
este fato uma e outra vez. O cristianismo tem que ver com o corpo dos homens
tanto como com sua mente. Jesus quis trazer saúde ao corpo e à alma.
3. A
Igreja era uma Igreja de poder. Não
precisamos tomar tudo literalmente. Não precisamos acreditar que o cristão tem
que ter literalmente o poder de levantar víboras venenosas e beber líquidos
venenosos sem correr perigo. Mas no fundo desta linguagem pitoresca está a
convicção de que o cristão está imbuído de um poder para enfrentar a vida e
lidar com ela.
4. A
Igreja nunca seria deixada sozinha para trabalhar na
realização de sua obra. Cristo sempre opera com ela e nela e por meio dela. O
Senhor da Igreja está ainda nela e é ainda o Senhor de poder.
E assim
termina o Evangelho com a mensagem de que a vida cristã é a vida vivida na
presença e no poder daquele que foi crucificado e ressuscitou.
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