No capítulo 15 de Marcos Jesus é chamado de Rei seis vezes (vv. 2, 9, 12, 18, 26, 32). Os líderes judeus sabiam que uma acusação religiosa não faria Pilatos condenar Jesus, por isso criaram uma acusação política: Jesus afirmou ser rei e, além disso, era uma ameaça à paz da terra e à autoridade de Roma.
Assim que a reunião realizada logo cedo pela manhã encerrou e o veredito foi oficialmente registrado, os líderes judeus entregaram Jesus ao governador romano, Pôncio Pilatos. Normalmente, o governador morava em Cesaréia, mas tinha o costume de ficar em Jerusalém durante a Páscoa.
Sua presença agradava a alguns dos judeus, e ele podia estar por perto
caso surgisse algum problema no meio dos milhares de peregrinos que se reuniam
em Jerusalém.
Os governadores romanos costumavam julgar as causas que lhes eram
apresentadas pela manhã, de modo que Pilatos estava preparado quando lhe
trouxeram o prisioneiro.
1. A IMPUTAÇÃO DO CRIME
O conselho judeu teve de convencer Pilatos de que Jesus era culpado de um
crime capital e, portanto, merecia a pena de morte (Jo 18:31,32). Apesar de sua
corrupção política, muitos oficiais romanos prezavam grandemente a justiça e
procuravam tratar os prisioneiros com imparcialidade.
Além disso, Pilatos não tinha qualquer apreço especial pelos judeus e não
estava disposto a lhes fazer algum favor. Sabia que os líderes judeus não
estavam interessados em fazer justiça, mas sim em se vingar (Mc 15:10).
João apresenta o relato mais detalhado do julgamento romano, e, quando
combinamos os registros dos quatro Evangelhos, descobrimos que Pilatos declarou
repetidamente não haver encontrado crime algum em Jesus (Jo 18:38; Lc 23:14; Jo
19:4; Lc 23:22; Mt 27:24).
O problema é que lhe faltou coragem para se manter firme em sua
convicção. Desejava evitar uma rebelião (Mt 27:24), portanto se mostrou
disposto a "contentar a multidão" (Mc 15:15). Pilatos não se
preocupou em fazer o que era certo, mas sim em tomar uma decisão segura que
fosse bem aceita pela multidão.
2. ACUSADO DE REVOLUCIONÁRIO
Só havia um crime capital que o conselho poderia apresentar a Pilatos:
Jesus se dizia rei e estava instigando o povo. Tentaram retratá-lo como um
revolucionário perigoso que ameaçava a autoridade de Roma.
Enquanto estava sendo interrogados por Pilatos, Jesus não disse coisa
alguma, mas os sacerdotes continuaram a acusá-lo tentando vencer a resistência
do governador pelo cansaço.
3. A COVARDIA DE PILATOS
Pilatos pensou que poderia livrar-se da responsabilidade de tomar uma
decisão encaminhando Jesus para Herodes, o governante da Galiléia (Lc 23:6-12),
mas, depois de zombar de Jesus, Herodes o mandou de volta.
Em seguida, o governador romano ofereceu ao povo uma escolha - Jesus, o
nazareno, ou Barrabás, o assassino e revolucionário -, pensando que,
certamente, o bom senso prevaleceria e Jesus seria liberto. Mas os principais
sacerdotes haviam preparado a multidão (Mc 15:11), que, portanto, pediu a
libertação de Barrabás e a crucificação de Jesus.
O governador tentou outro artifício: ordenou que Jesus fosse açoitado, na
esperança de que, ao ver o prisioneiro agonizante, a multidão se compadecesse
dele (Mc 15:15; Jo 19:1ss). Mas seu plano não funcionou. Pilatos cedeu e
entregou Jesus para ser crucificado.
4. A ZOMBARIA DOS SOLDADOS
Seguiu-se a zombaria vergonhosa dos soldados, que espancaram Jesus,
cuspiram nele e se curvaram diante de Cristo com reverência fingida. Não seria
difícil para os soldados romanos escarnecer de um judeu que se dizia rei!
"Não temos rei, senão César!" (Jo 19:12-15), Cristo suportou em
silêncio e não resistiu, uma lição que os leitores de Marcos teriam de aprender
ao enfrentar a perseguição oficial (1 Pe 2:21 24).
No entanto, os seres humanos ainda não haviam mostrado o pior de si ao
Filho de Deus. Na sequência, ele seria conduzido para fora da cidade e pregado
numa cruz. O Servo morreria pelos pecados de todos os homens, inclusive dos que
o estavam crucificando.
Resumo e Aplicações:
1. Jesus é rejeitado como rei dos judeus. Em detrimento a Jesus as
autoridades religiosas escolhem Barabás. Este princípio continua hoje, as
pessoas escolhem o pecado em lugar do filho de Deus.
2. A humilhação de Jesus foi para nos poupar do escárnio que o pecado gera
em nossa vida. A única forma de retribuir e agradecer o sacrifício de Jesus é
reconhecendo ele como nosso rei, o que os religiosos não fizeram.
3. Jesus é condenado injustamente se considerarmos seus pecados, mas
justamente se considerarmos os nossos pecados. A morte do inocente traz
salvação para nós pecadores.
4. Não importa o quanto inocente você seja diante de Deus, sempre haverá
inimigos para se opor, um Diabo para acusar e demônios para te ferir.
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