8 de mar. de 2023

Vigiai! Jesus vem, Esteja preparado

Marcos 13.24-37
Vigiai! O Servo Vem, Esteja Preparado

Começamos este capítulo afirmando que ele é um dos mais difíceis para nossa compreensão moderna. Ele é repleto de imagens, figuras, histórias mais comuns aos judeus, voltadas para a nação de Israel.

Na primeira parte – v.1-13, Jesus exorta quanto a não sermos enganados pelos sinais que foram descritos, nem deveríamos desanimar diante das perseguições do Estado e da própria família.

Na segunda parte – v.14-23, Jesus descreve a agonia da tribulação, quando chegasse a assolação desoladora, e alerta para os perigos das heresias implantas pelos falsos mestres.

Nesta terceira parte – v.24-37, Jesus reitera a certeza da segunda vinda, e deixa duas parábolas de exortação quanto à vigilância.

 

1. A CERTEZA DA 2ª VINDA

Jesus começa falando inconfundivelmente de seu retorno nos versos 24 a 27. Mas – e isto é importante – envolve a ideia em três imagens que são parte integrante do aparato relacionado com o Dia do Senhor.

1. O Dia do Senhor seria precedido por uma época de guerras.

2. O Dia do Senhor seria precedido pelo escurecimento do Sol e da Lua.

3. Normalmente era parte do imaginário que os judeus seriam reunidos novamente na Palestina, dos quatro cantos da Terra.

Mas é extremamente interessante notar que as coisas que Jesus profetizava estavam acontecendo em realidade:

·        Profetizou guerras e os partos estavam em realidade pressionando sobre as fronteiras do império romano.

·        Profetizou terremotos e uns quarenta anos depois o mundo romano ficava estupefato ante o terremoto que devastou a Laodicéia, e fascinado pela erupção do Vesúvio que sepultou em lava a Pompéia, que durante séculos permaneceu ignorada.

·        Profetizou fomes, e a houve em realidade em Roma nos dias do Cláudio. De fato, foi uma época tal de terror que quando Tácito começou suas histórias disse que tudo o que estava acontecendo parecia indicar que os deuses, longe de procurar a salvação do império romano, estavam procurando vingar-se dele.

Isto é algo que devemos notar. Quando lemos as gráficas palavras de Jesus a respeito da Segunda Vinda devemos lembrar que não nos está dando um mapa da eternidade nem um calendário do futuro, mas sim está usando simplesmente a linguagem e as imagens que muitos judeus conheciam e tinham usado durante séculos antes dele.

Nesta passagem o que devemos reter é o fato de que Jesus predisse que voltaria. O imaginário não faz o fato em si.

 

2. ALERTAS QUANTO À VIGILÂNCIA – v.28-37

Na sequência (vv.28 a 37) ele fala algo especial sobre duas coisas que deve-se notar:

1. Às vezes se sustenta que quando Jesus disse que estas coisas teriam que acontecer nessa geração, equivocou-se. Mas é evidente que teve razão, porque esta sentença não se refere à sua Segunda Vinda. Não poderia ter sido assim, quando imediatamente depois diz que ninguém sabe quando acontecerá. Refere-se às profecias de Jesus sobre a queda de Jerusalém e a destruição do templo, que se cumpriram com excesso.

2. Jesus diz que não sabe o dia nem a hora em que retornará. Havia coisas que Ele mesmo deixava sem perguntar, nas mãos de Deus. Não pode haver maior advertência e recriminação para aqueles que calculam datas e esquemas quanto a quando Jesus voltará. Certamente é pouco menos que blasfêmia que inquiramos no que nosso Senhor se conformava ignorando.

De modo que Jesus tira uma conclusão prática. Nós somos como homens que sabem que seu amo tem que vir, mas não sabem quando. Vivemos à sombra da eternidade.

Mas isto não é razão para uma espera aterrorizada e histérica. Significa, sim, que devemos terminar e completar dia a dia nossa obra. Significa que devemos viver de tal maneira que não importe quando venha. Dá-nos a grande tarefa a fazer de cada dia de nossa vida um dia digno de que Ele veja, e estar preparados para enfrentá-los em qualquer momento face a face. Toda a vida se converte em uma preparação para nosso encontro com o Rei.

Começamos dizendo que este capítulo era difícil, mas que no final tinha verdades permanentes a nos ensinar. Quais são algumas dessas verdades?

1. Diz-nos que só o homem de Deus pode penetrar os segredos da história. Jesus viu a sorte de Jerusalém. Outros eram cegos a ela, mas Ele a via. Para ser um verdadeiro estadista, um homem deve ser um homem de Deus. Para dirigir seu país um homem deve ele próprio ser dirigido por Deus. Somente o homem que conhece a Deus pode compreender algo do plano de Deus.

2. Diz-nos duas coisas a respeito da doutrina da Segunda Vinda.

a) Diz-nos que essa doutrina contém um fato que não podemos esquecer ou menosprezar por nosso próprio risco.

b) Diz-nos que recordemos que as imagens em que está envolta é o imaginário da própria época de Jesus, e que é inútil especular com relação a ela, quando Jesus mesmo se conformava com não saber. A única coisa de que podemos estar certos é que a história parte para alguma parte. Chegará a uma consumação.

3. Diz-nos que a mais insensata de todas as coisas é esquecer a Deus e nos inundar na Terra. O homem sábio é o que nunca esquece que deve estar preparado quando receber o chamado. Se vive lembrando isto, para ele o fim não será o terror, e sim eterno alegria.

 

Jesus não desejava que seus discípulos se envolvessem com as profecias do futuro de modo a descuidar de suas responsabilidades do presente; assim, encerra seu sermão no monte das Oliveiras com duas parábolas (Mt 25 acrescenta outras três parábolas: a das dez virgens, a dos talentos e a das ovelhas e cabritos).

É interessante observar que a primeira parábola (Mc 13:28-31) enfatiza a consciência de que a vinda de Cristo está próxima, enquanto a segunda (Mc 32-37) enfatiza que não se sabe quando ele voltará. Trata-se de uma contradição? Não, pois as parábolas são dirigidas a grupos diferentes: a primeira, aos santos que passarão pela tribulação e a segunda, aos cristãos de todas as eras.

Como cristãos nos dias de hoje, não estamos à procura de "sinais" da vinda de Cristo, mas sim esperando pelo próprio Cristo! Mas os que viverem durante a tribulação poderão ver esses sinais ocorrerem e saberão que a vinda de Cristo está próxima. Essa certeza os ajudará a suportar o sofrimento (Mc 13:13) e a ser boas testemunhas.

Mas a que "geração" Jesus se refere em Marcos 13:30? Alguns identificam como sendo  a geração que vivia  aquela época na Judéia, outros interpretam como se tratar de uma referência à geração que estiver vivendo no período da Tribulação.

A parábola da figueira adverte os santos que passarão pela tribulação a vigiar e observar os "sinais dos tempos". A parábola sobre o dono da casa, porém, adverte todos nós hoje (Mc 13:37) a permanecer alertas, pois não sabemos quando Jesus voltará para nos levar para o céu (1 Co 15:51, 52).

Como o dono da casa na história, antes de nosso Senhor ir para o céu, ele deu a cada um de nós uma incumbência. Espera que sejamos fiéis enquanto estiver fora e que estejamos trabalhando quando voltar.

"Vigiar" significa permanecer alerta, em sua melhor postura, desperto. Por que devemos permanecer alertas? Porque ninguém sabe quando Jesus Cristo voltará. Quando estava aqui na Terra em forma humana, Jesus não sabia o dia nem a hora de sua volta. Nem mesmo os anjos sabem.

O mundo incrédulo zomba de nós, pois continuamos apegados a essa "esperança abençoada", mas ele voltará conforme prometeu (2 Pe 3). Cabe a cada um permanecer fiel e ocupado, sem especular nem discutir detalhes ocultos da profecia.

Os cristãos que leram o Evangelho de Marcos sofreram, posteriormente, a perseguição terrível de Roma (1 Pe 4:12ss), e essa mensagem em particular deve ter lhes dado consolo e forças.

Os cristãos de hoje não passarão pelos sofrimentos terríveis descritos neste capítulo, mas, ainda assim, temos nossa parcela de perseguições e de tribulações a enfrentar neste mundo antes que o Senhor volte (Jo 16:33; At 14:22).


Aplicações

1. Mantenha seus olhos no céu, de lá virá o salvador, não dê muita importância para as coisas deste mundo.

2. A vinda de Jesus é certa. Vigie! Esteja alerta e pronto para encontrar-se com Ele.

3. Não se prenda aos sinais para a vinda de Jesus, apegue-se à promessa, os sinais podem confundir, a promessa é segura e certa.

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