Depois de ser adorado em Betânia, agora Jesus é traído no cenáculo, durante a celebração da última Páscoa.
1. OS PREPARATIVOS DA REFEIÇÃO – v.12-16
Para esta festa, o cordeiro pascal era escolhido no décimo dia do mês de
nisã (março-abril) e, depois, examinado para ver se não tinha qualquer defeito
no décimo quarto dia do mês (Êx 12 :3-6).
O cordeiro deveria ser abatido no templo, e a ceia só poderia ser feita dentro dos limites da cidade de Jerusalém. Para os judeus, a Páscoa era a celebração memorial de uma vitória passada, mas Jesus instituiria uma nova ceia, que seria uma celebração de sua morte.
1.1. Pedro e João na Cidade
Pedro e João fizeram os preparativos para a ceia (Lc 22:8). Não seria
difícil localizar um homem carregando um jarro de água, pois esse serviço
costumava ser realizado por mulheres.
O homem era pai de João Marcos? Jesus comemorou a Páscoa no cenáculo da
casa de Marcos? São especulações muito interessantes, mas não há qualquer evidência
para confirmá-Ias. Sabe-se, porém, que a casa de João Marcos era um local de
reunião dos cristãos em Jerusalém (At 12:12).
1.2. Os ingredientes da refeição
Na refeição pascal original, servia-se cordeiro assado, pão asmo e ervas
amargas (Êx 12:8-20). O cordeiro lembrava o povo de Israel do sangue colocado
nas ombreiras e na verga das portas no Egito, para que o anjo da morte não
matasse o primogênito daquela casa. O pão os lembrava de que haviam saído do
Egito às pressas (Êx 12:39), e as ervas amargas traziam à memória seu sofrimento
como escravos do faraó. Em algum momento nos séculos seguintes, os judeus
acrescentaram à cerimônia a prática de beber quatro cálices de vinho diluído com
água.
1.3. O dia da refeição
Uma vez que, para os judeus, o novo dia começava com o pôr-do-sol, quando
Jesus e seus discípulos se reunissem no cenáculo, já seria sexta-feira. Essa
foi a última Páscoa de Cristo e, nesse dia, ele cumpriria o que a festa
simbolizava morrendo na cruz como
Cordeiro Imaculado de Deus (Jo 1:29; 1 Co 5:7; 1 Pe 2:21-24).
2. O MOMENTO DA REFEIÇÃO –
v.17-21
Dentre os fatos relatados em Marcos 14: 17 e 18, Jesus lavou os pés de
seus discípulos e ensinou a lição sobre a humildade (Jo 13:1-20). Depois dessa
lição, Jesus ficou profundamente angustiado e anunciou que um de seus
discípulos era um traidor.
2.1. A identidade do traidor
Essa declaração espantou todos os discípulos, exceto Judas, que sabia que
Jesus estava falando dele. Até o último instante, Jesus ocultou dos discípulos
a identidade do traidor, pois quis dar a Judas todas as oportunidades possíveis
de se arrepender de seu pecado; chegou até a lavar os pés do traidor! Se Pedro
tivesse descoberto a verdade sobre Judas, é possível que até tivesse a tentação
de matá-lo.
2.2. O dilema de Judas
Há quem tente defender Judas argumentando que ele traiu Jesus a fim de
obrigá-lo a revelar seu poder e de estabelecer seu reino em Israel. Outros
dizem que ele foi apenas um servo, que cumpriu obedientemente a Palavra de
Deus.
Judas não era um autômato nem um mártir. Era um ser humano responsável
que tomou as próprias decisões e, ao fazê-lo, cumpriu a Palavra de Deus. Não
deve ser transformado em herói ("Afinal, alguém precisava trair Jesus! ")
nem em vítima indefesa da predestinação impiedosa.
Judas perdeu-se pelo mesmo motivo
que milhões de pessoas se perdem nos dias de hoje: não se arrependeu de seus pecados
nem creu em Jesus Cristo (Jo 6:64-71; 13:10,11). Um dia, os que não nasceram de
novo desejarão nunca ter nascido.
Nenhum dos outros discípulos se considerava, verdadeiramente, um traidor,
pois suas perguntas deixam implícita uma resposta negativa: "Não sou eu,
certo?" Em várias ocasiões, haviam discutido qual dentre eles era o maior,
mas aqui os vemos discutindo qual era o mais desprezível.
Para piorar, o traidor de Jesus havia comido pão com ele à mesa! No
Oriente, repartir o pão com alguém significava fazer um pacto de confiança mútua.
Seria um ato terrível de deslealdade repartir o pão e depois trair o anfitrião.
No entanto, até esse gesto cumpriu a Palavra de Deus (SI 41:9).
Judas estava assentado no lugar de honra, à esquerda de Jesus, enquanto
João se encontrava reclinado à direita do Mestre (Jo 13:23). Ao entregar a
Judas o pão molhado na mistura de ervas, Jesus estava fazendo as vezes de um anfitrião
cortês a um convidado especial. Nem isso quebrantou o coração de Judas, pois,
assim que tomou o bocado de pão, Satanás entrou nele.
Em seguida, Judas saiu do cenáculo de modo a fazer os preparativos finais
para a prisão de Jesus. Os outros discípulos continuaram alheios ao que estava
acontecendo com Judas (Jo 13:27-30) e só descobriram a verdade mais tarde,
quando o encontraram no jardim do Getsêmani.
3. O NOVO SIMBOLISMO DA REFEIÇÃO
– v.22-26
Depois que Judas saiu de cena, Jesus instituiu o que os cristãos costumam
chamar de "Ceia do Senhor" ou
"Eucaristia". (O termo Eucaristia vem do grego e significa
"dar graças".) Antes de pegar o cálice, Jesus tomou um dos pães asmos
e o repartiu, dizendo aos discípulos: "Isto é o meu corpo". Em seguida,
tomou o cálice da Páscoa, abençoou- o e entregou-lhes, dizendo: "Isto é o meu
sangue" (ver 1 Co 11 :23-26).
3.1. A ceia é memorial
O pão e o vinho eram dois elementos comuns, usados em praticamente todas
as refeições, mas Jesus lhes deu um significado novo e maravilhoso. Ao dizer
"isto é o meu corpo" e "isto é meu sangue", Jesus não transformou
o pão e o vinho em algo diferente. Quando os discípulos comeram o pão, ainda
era pão; quando beberam o vinho, ainda era vinho. Porém, Cristo atribuiu novo significado
ao pão e ao vinho, de modo que, a partir de então, servissem de memoriais da
sua morte.
Jesus ordenou: "fazei isto em memória de mim" (1 Co 11 :24-25).
O termo traduzido por "memória" não significa apenas fazer algo para
lembrar-se de alguém, pois podemos nos lembrar de uma pessoa morta mas Jesus
está vivo! Esse termo dá a ideia de uma participação presente num acontecimento
passado.
Uma vez que Jesus está vivo, quando celebramos a Ceia do Senhor, temos
comunhão com ele pela fé (1 Co 1O: 16, 17). Não se trata de uma experiência "mágica"
produzida pelo pão e pelo cálice. Antes, é uma experiência espiritual que se dá
ao discernirmos Cristo e o significado da Ceia (1 Co 11 :27-34).
3.2. Benefícios da Cruz
Mas, afinal, o que Jesus realizou com sua morte? Na cruz, Jesus cumpriu a
antiga aliança e estabeleceu uma nova (Hb 9-10). A antiga aliança foi
ratificada com o sangue de sacrifícios animais; a nova aliança, por sua vez,
foi ratificada com o sangue do Filho de Deus.
Essa nova aliança em seu sangue faria o que os sacrifícios do Antigo
Testamento não poderiam fazer: removeria o pecado e purificaria o coração e a
consciência de todo aquele que cresse. Ninguém é salvo dos pecados ao
participar de uma cerimônia religiosa, mas sim ao crer em Jesus Cristo como
Salvador.
A última coisa que Jesus e seus discípulos fizeram no cenáculo foi cantar
um hino tradicional de Páscoa baseado nos Salmos 115 a 118. É impressionante
ver Jesus cantando a poucas horas do sofrimento na cruz!
Aplicações:
1.
Deus propõe uma aliança conosco, deixemos de fora tudo o que pode nos
afastar de Jesus.
2.
Deus nos chama para uma vida de santidade e dedicação ao reino por amor a
Jesus.
3.
Devemos fazer uma sondagem de coração e mente para remover aquilo que
pode culminar em traição a Jesus.
4.
Devemos adorar mesmo em meio às lutas, dores, percas, até diante da
morte.
5.
Jamais devemos perder de vista ou negligenciar o tão grande amor
demonstrado por Jesus por nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário