14 de mar. de 2023

O Servo é Traído no Cenáculo

Marcos 14.12-26
O Servo é Traído no Cenáculo

Depois de ser adorado em Betânia, agora Jesus é traído no cenáculo, durante a celebração da última Páscoa.

 1. OS PREPARATIVOS DA REFEIÇÃO – v.12-16

Para esta festa, o cordeiro pascal era escolhido no décimo dia do mês de nisã (março-abril) e, depois, examinado para ver se não tinha qualquer defeito no décimo quarto dia do mês (Êx 12 :3-6).

O cordeiro deveria ser abatido no templo, e a ceia só poderia ser feita dentro dos limites da cidade de Jerusalém. Para os judeus, a Páscoa era a celebração memorial de uma vitória passada, mas Jesus instituiria uma nova ceia, que seria uma celebração de sua morte.

1.1. Pedro e João na Cidade

Pedro e João fizeram os preparativos para a ceia (Lc 22:8). Não seria difícil localizar um homem carregando um jarro de água, pois esse serviço costumava ser realizado por mulheres.

O homem era pai de João Marcos? Jesus comemorou a Páscoa no cenáculo da casa de Marcos? São especulações muito interessantes, mas não há qualquer evidência para confirmá-Ias. Sabe-se, porém, que a casa de João Marcos era um local de reunião dos cristãos em Jerusalém (At 12:12).

1.2. Os ingredientes da refeição

Na refeição pascal original, servia-se cordeiro assado, pão asmo e ervas amargas (Êx 12:8-20). O cordeiro lembrava o povo de Israel do sangue colocado nas ombreiras e na verga das portas no Egito, para que o anjo da morte não matasse o primogênito daquela casa. O pão os lembrava de que haviam saído do Egito às pressas (Êx 12:39), e as ervas amargas traziam à memória seu sofrimento como escravos do faraó. Em algum momento nos séculos seguintes, os judeus acrescentaram à cerimônia a prática de beber quatro cálices de vinho diluído com água.

1.3. O dia da refeição

Uma vez que, para os judeus, o novo dia começava com o pôr-do-sol, quando Jesus e seus discípulos se reunissem no cenáculo, já seria sexta-feira. Essa foi a última Páscoa de Cristo e, nesse dia, ele cumpriria o que a festa simbolizava morrendo na  cruz como Cordeiro Imaculado de Deus (Jo 1:29; 1 Co 5:7; 1 Pe 2:21-24).

 

2. O MOMENTO DA REFEIÇÃO – v.17-21

Dentre os fatos relatados em Marcos 14: 17 e 18, Jesus lavou os pés de seus discípulos e ensinou a lição sobre a humildade (Jo 13:1-20). Depois dessa lição, Jesus ficou profundamente angustiado e anunciou que um de seus discípulos era um traidor.

2.1. A identidade do traidor

Essa declaração espantou todos os discípulos, exceto Judas, que sabia que Jesus estava falando dele. Até o último instante, Jesus ocultou dos discípulos a identidade do traidor, pois quis dar a Judas todas as oportunidades possíveis de se arrepender de seu pecado; chegou até a lavar os pés do traidor! Se Pedro tivesse descoberto a verdade sobre Judas, é possível que até tivesse a tentação de matá-lo.

2.2. O dilema de Judas

Há quem tente defender Judas argumentando que ele traiu Jesus a fim de obrigá-lo a revelar seu poder e de estabelecer seu reino em Israel. Outros dizem que ele foi apenas um servo, que cumpriu obedientemente a Palavra de Deus.

Judas não era um autômato nem um mártir. Era um ser humano responsável que tomou as próprias decisões e, ao fazê-lo, cumpriu a Palavra de Deus. Não deve ser transformado em herói ("Afinal, alguém precisava trair Jesus! ") nem em vítima indefesa da predestinação impiedosa.

 Judas perdeu-se pelo mesmo motivo que milhões de pessoas se perdem nos dias de hoje: não se arrependeu de seus pecados nem creu em Jesus Cristo (Jo 6:64-71; 13:10,11). Um dia, os que não nasceram de novo desejarão nunca ter nascido.

Nenhum dos outros discípulos se considerava, verdadeiramente, um traidor, pois suas perguntas deixam implícita uma resposta negativa: "Não sou eu, certo?" Em várias ocasiões, haviam discutido qual dentre eles era o maior, mas aqui os vemos discutindo qual era o mais desprezível.

Para piorar, o traidor de Jesus havia comido pão com ele à mesa! No Oriente, repartir o pão com alguém significava fazer um pacto de confiança mútua. Seria um ato terrível de deslealdade repartir o pão e depois trair o anfitrião. No entanto, até esse gesto cumpriu a Palavra de Deus (SI 41:9).

Judas estava assentado no lugar de honra, à esquerda de Jesus, enquanto João se encontrava reclinado à direita do Mestre (Jo 13:23). Ao entregar a Judas o pão molhado na mistura de ervas, Jesus estava fazendo as vezes de um anfitrião cortês a um convidado especial. Nem isso quebrantou o coração de Judas, pois, assim que tomou o bocado de pão, Satanás entrou nele.

Em seguida, Judas saiu do cenáculo de modo a fazer os preparativos finais para a prisão de Jesus. Os outros discípulos continuaram alheios ao que estava acontecendo com Judas (Jo 13:27-30) e só descobriram a verdade mais tarde, quando o encontraram no jardim do Getsêmani.

 

3. O NOVO SIMBOLISMO DA REFEIÇÃO – v.22-26

Depois que Judas saiu de cena, Jesus instituiu o que os cristãos costumam chamar de  "Ceia do Senhor" ou "Eucaristia". (O termo Eucaristia vem do grego e significa "dar graças".) Antes de pegar o cálice, Jesus tomou um dos pães asmos e o repartiu, dizendo aos discípulos: "Isto é o meu corpo". Em seguida, tomou o cálice da Páscoa, abençoou- o e entregou-lhes, dizendo: "Isto é o meu sangue" (ver 1 Co 11 :23-26).

3.1. A ceia é memorial

O pão e o vinho eram dois elementos comuns, usados em praticamente todas as refeições, mas Jesus lhes deu um significado novo e maravilhoso. Ao dizer "isto é o meu corpo" e "isto é meu sangue", Jesus não transformou o pão e o vinho em algo diferente. Quando os discípulos comeram o pão, ainda era pão; quando beberam o vinho, ainda era vinho. Porém, Cristo atribuiu novo significado ao pão e ao vinho, de modo que, a partir de então, servissem de memoriais da sua morte.

Jesus ordenou: "fazei isto em memória de mim" (1 Co 11 :24-25). O termo traduzido por "memória" não significa apenas fazer algo para lembrar-se de alguém, pois podemos nos lembrar de uma pessoa morta mas Jesus está vivo! Esse termo dá a ideia de uma participação presente num acontecimento passado.

Uma vez que Jesus está vivo, quando celebramos a Ceia do Senhor, temos comunhão com ele pela fé (1 Co 1O: 16, 17). Não se trata de uma experiência "mágica" produzida pelo pão e pelo cálice. Antes, é uma experiência espiritual que se dá ao discernirmos Cristo e o significado da Ceia (1 Co 11 :27-34).

3.2. Benefícios da Cruz

Mas, afinal, o que Jesus realizou com sua morte? Na cruz, Jesus cumpriu a antiga aliança e estabeleceu uma nova (Hb 9-10). A antiga aliança foi ratificada com o sangue de sacrifícios animais; a nova aliança, por sua vez, foi ratificada com o sangue do Filho de Deus.

Essa nova aliança em seu sangue faria o que os sacrifícios do Antigo Testamento não poderiam fazer: removeria o pecado e purificaria o coração e a consciência de todo aquele que cresse. Ninguém é salvo dos pecados ao participar de uma cerimônia religiosa, mas sim ao crer em Jesus Cristo como Salvador.

A última coisa que Jesus e seus discípulos fizeram no cenáculo foi cantar um hino tradicional de Páscoa baseado nos Salmos 115 a 118. É impressionante ver Jesus cantando a poucas horas do sofrimento na cruz!

 

Aplicações:

1.      Deus propõe uma aliança conosco, deixemos de fora tudo o que pode nos afastar de Jesus.

2.    Deus nos chama para uma vida de santidade e dedicação ao reino por amor a Jesus.

3.     Devemos fazer uma sondagem de coração e mente para remover aquilo que pode culminar em traição a Jesus.

4.    Devemos adorar mesmo em meio às lutas, dores, percas, até diante da morte.

5.     Jamais devemos perder de vista ou negligenciar o tão grande amor demonstrado por Jesus por nós.

 

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