O SOFRIMENTO O SERVO - MARCOS
14:1-15:20
1.
Adorado em Betânia – 14.1-11
2.
Traído no cenáculo – 14.12.26
3.
Abandonado no Jardim – 14.27-52
4.
Rejeitado pelos religiosos – 14.53-57
5.
Condenado pelas autoridades civis – 15.1-20
·
Estamos nós preparados para dar o melhor que temos para Jesus? Mas se
essa entrega custar muito caro para nós, mesmo assim vamos entregar a Ele?
· Vemos no texto reações diferentes diante de Jesus. Somos confrontados a tomar uma posição de reconhecimento ou de negação de Jesus como nosso Senhor.
·
Não podemos ficar neutro diante de Deus, ou o negamos ou confessamos seu
senhorio:
o Rejeita Jesus, não reconhece
sua missão e por isso sacrifica a Jesus para obter lucro e autopromoção;
o Recebe Jesus, reconhece sua
missão e dá o melhor por aquele que se sacrificou por nós.
Enquanto milhares de peregrinos se preparavam para comemorar a Páscoa, Jesus
se preparava para a provação de seu julgamento
e crucificação. Assim como havia "[manifestado], no semblante, a intrépida
resolução de ir para Jerusalém" (Lc 9:51), também resolveu firmemente em
seu coração fazer a vontade do Pai. O Servo foi "obediente até à morte e
morte de cruz" (Fp 2:8).
Ao seguir seus passos ao longo dos dias e das horas da última semana, surpreendemo-nos
com as reações de várias pessoas ao Senhor Jesus Cristo.
1. INVEJA: LÍDERES RELIGIOSOS
QUEREM A MORTE – v.1,2
Este acontecimento se deu seis dias antes da Páscoa, ou seja, na
sexta-feira anterior à entrada triunfal (Jo 12.1). A Páscoa tinha uma dupla
significação:
a)
Tinha uma significação histórica (Êxodo 12). Comemorava a liberação dos
filhos de Israel da escravidão do Egito;
b)
Tinha uma significação agrícola. Assinalava a coleta da colheita
de cevada.
Ao introduzir a história de Maria no meio dos relatos sobre a conspiração
para prender Jesus, Marcos faz um contraste entre a traição de Judas e dos
líderes e o amor e lealdade de Maria. A indignidade dos pecados deles torna
ainda mais belo o significado do sacrifício de Maria.
2. ADORAÇÃO: MARIA UNGE A JESUS –
v.3-9
Nem Mateus nem Marcos dizem o nome da mulher, mas João diz que era Maria
de Betânia, a irmã de Marta e de Lázaro (Jo 11:1,2). Maria aparece três vezes
nos Evangelhos, todas elas aos pés de Jesus (Lc 10:38-42; Jo 11:31,32; 12:1-8).
Desfrutava de comunhão íntima com o Senhor ao assentar-se a seus pés e ouvir
sua Palavra, sendo um excelente exemplo para nós.
Não devemos confundir o gesto de Maria ao ungir Jesus com um
acontecimento parecido relatado em Lucas 7:36-50. A mulher anônima na casa de
Simão, o fariseu, era uma meretriz convertida que expressou seu amor por Cristo
em resposta ao perdão que, em sua graça, o Senhor havia lhe concedido.
Na casa de Simão, o leproso (curado), Maria expressou seu amor por
Cristo, pois estava prestes a morrer na cruz por ela. Assim, Maria preparou o
corpo do Senhor para o sepultamento ungindo-lhe a cabeça (Mc 14:3) e os pés (Jo
12:3) e demonstrou seu amor por Jesus enquanto ele ainda estava vivo.
Maria deu a Jesus um presente caríssimo. O óleo de nardo
("bálsamo") era importado da Índia, e um jarro custava o equivalente ao
salário de um ano inteiro de um trabalhador. Maria o presenteou com
generosidade e amor. Não se envergonhou de demonstrar seu amor por Cristo
abertamente.
Seu ato de adoração teve três consequências.
a)
Em primeiro lugar, a casa se encheu da fragrância maravilhosa do bálsamo (Jo
12:3; ver também 2 Co 2:15, 16). Há sempre uma "fragrância
espiritual" no lar onde Jesus Cristo é amado e adorado.
b)
Em segundo lugar, liderados por Judas, os discípulos criticaram Maria por
desperdiçar seu dinheiro! Judas deu ares de ser muito piedoso ao falar dos
pobres, mas, na verdade, queria o dinheiro para si (Jo 12:4-6). Mesmo no
cenáculo, seis dias depois, os discípulos continuavam pensando que Judas estava
preocupado em ajudar os pobres (Jo 13:21-30). É interessante que a palavra traduzida
por "desperdício", em Marcos 14:4, é traduzida por
"perder", em João 17:12, com referência a Judas! Judas
criticou Maria por estar desperdiçando dinheiro, mas foi ele quem desperdiçou a
vida toda!
c)
Em terceiro lugar, Jesus elogiou Maria e aceitou seu presente generoso.
Conhecia o coração de Judas e sabia o que havia levado os outros discípulos a
seguir seu péssimo exemplo. Também conhecia o coração de Maria e não hesitou em
defendê-la (Rm 8:33-39). Não importa o que os outros digam sobre nossa adoração
e serviço; o importante é agradar ao Senhor. O fato de outros não nos
entenderem e nos criticarem não deve nos impedir de demonstrar nosso amor por
Cristo. Nossa preocupação deve ser somente com a aprovação dele.
Quando Maria colocou o que tinha de melhor aos pés de Jesus, deu início a
uma "onda de bênçãos" que continua até agora. Foi uma bênção para
Jesus ao compartilhar com ele seu amor e foi uma bênção para seu lar ao
enchê-lo da fragrância do bálsamo.
Se não fosse por Maria, é provável que Betânia, o vilarejo onde ela
morava, tivesse sido esquecido. O relato de seu gesto foi uma bênção para a
Igreja primitiva, que ficou sabendo o que ela havia feito, uma vez que três dos
Evangelhos registram esse episódio, e Maria foi e continua sendo uma bênção
para o mundo todo. Sem dúvida, as palavras proféticas de Jesus se cumpriram.
3. TRAIÇÃO: JUDAS TROCA JESUS POR
DINHEIO – v.10,11
Como um consumado artista, Marcos coloca lado a lado a unção em Betânia e
a traição de Judas. Sem comentários, põe um ao lado do outro: o ato de generoso
amor e o ato de terrível traição.
Maria deu o que tinha de melhor pela fé e com amor; Judas deu o que tinha
de pior com incredulidade e ódio.
Por trás da ação de Judas podemos distinguir certas coisas:
1.
Havia cobiça. Em Mateus 26:15 é-nos dito que Judas foi às
autoridades e lhes perguntou quanto lhe pagariam e acordou com elas por trinta
peças de prata. Judas era o tesoureiro da companhia apostólica e aproveitava
seu cargo para furtar da bolsa comum (João 13:6). O afã do dinheiro pode ser
algo terrível. Pode fazer com que alguém perca de vista a decência, a
honestidade e a honra.
2.
Indubitavelmente deve ter havido ciúmes. É fácil ver que entre os
Doze havia tensões. Outros foram capazes das superar, e talvez Judas fora o
único que tinha em seu coração o invencível e indomável demônio do ciúme.
3.
Indubitavelmente havia ambição. Uma e outra vez vemos como os Doze pensavam no
Reino em termos terrenos, e como sonhavam tendo nele posições elevadas. Judas
deve ter sido assim.
O fato é que Judas resolveu o problema dos líderes judeus que não sabiam como
prender Jesus sem causar um tumulto durante a festa. Vendeu o Mestre pelo preço
de um escravo (ver Êx 21 :32), o ato mais abjeto de traição da história.
Aplicações:
1.
Religiosidade não é sinônimo de reconhecimento do senhorio de Jesus em
nossa vida. Estar perto fisicamente, mas longe espiritualmente e de coração.
2.
A ganância e o desejo por reconhecimento pode fazer o homem se afastar de
uma vida de intimidade e comunhão com Jesus, rejeitando o verdadeiro
discipulado e assim não crescer espiritualmente.
3.
Ostentar poder e piedade que não se tem de verdade, afasta de uma vida de
intimidade e santidade com Jesus, tornando o homem apenas religioso.
4.
Devemos reconhecer o valor de Jesus, e não hesitar em oferecer nossa
adoração em amor e devoção.
5.
Ter Jesus como Senhor está acima de todas as outras coisas e pessoas. Por
amor a Jesus ajudamos as pessoas, mas ajudar as pessoas não significa que
amamos a Jesus.
6.
O devido louvor e adoração dependem do real conhecimento da pessoa e da
obra de Jesus.

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