7 de dez. de 2022

AMOR: Primeiro e Maior Mandamento

Marcos 12.28-34
Amor: Primeiro e Maior Mandamento

O Ministério do Servo em Jerusalém – cap. 11-16

       I.            Ensino em público e controvérsias no Templo - 11:1-12:44

"Ame a Deus e faça o que quiser." (Agostinho)

Jesus está pela terceira vez em Jerusalém, no templo. No domingo ele entra na cidade aclamado como o Messias, mas apenas passa pelo templo. Na segunda ele retorna para purificar o templo. Agora, na terça, ele trava vários embates com os líderes judeus. Este é o quarto embate, os anteriores foram sobre: autoridade, impostos e ressurreição.

O próximo desafio – o quarto deste dia no templo - foi proposto por um escriba que também era um fariseu (ver Mt 22:34, 35). Os escribas haviam determinado que os judeus deveriam obedecer a 613 preceitos da Lei, sendo 365 negativos e 248 positivos. Um dos exercícios prediletos dos escribas era discutir qual desses mandamentos era o maior de todos.

Desta forma eles “atam fardos pesados e põem sobre os ombros dos homens” (Mt 23.4), isso produzia cansaço e cargas espirituais (Mt 11.28ss). A religiosidade pode virar loucura, sem vantagens nem para Deus nem para as pessoas. Isso nos leva à reflexão sobre o que essencial para encontrar o caminho que leva a Deus.

Este escriba, professor da lei honesto, ansioso por aprender, acudiu a Jesus com uma pergunta que frequentemente era objeto de debate nas escolas rabínicas. No judaísmo havia duas tendências:

a)    A tendência a expandir a Lei ilimitadamente em centenas e milhares de regras e regulamentos.

b)    Mas também existia uma tendência a tratar de concentrar a Lei em uma sentença, uma declaração geral que fora um compêndio de toda a sua mensagem.

 

1. O AMOR É A BASE DA LEI DE MOISÉS – v.29-31

Jesus cita Deuteronômio 6:4,5, a famosa declaração que era repetida pelos judeus piedosos no começo e no final de cada dia. Essa declaração é chamada de Shema por causa de sua primeira palavra: Ouve, em hebraico.

Os mandamentos da lei pressupõem uma base: a vida de Deus e com Deus e para Deus. Também devemos amar aquele que nos ama, pois ele nos amou primeiro, assim, quem é amado pode amar.

Quatro instruções descrevem este amor que corresponde, em todas as extensões imagináveis. Ele espelha a largura e comprimento e altura e profundidade do amor de Deus (Ef 3.18):

a)    O coração, o centro do ser humano, está totalmente ocupado por ele;

b)    A alma, todo o seu anseio de vida, se expressa a favor dele;

c)     O entendimento, ou seja, a força da sua razão;

d)    Mas também qualquer outra força, seja física ou financeira.

Em seguida, Jesus cita Levítico 19:18, que enfatiza o amor pelo próximo. Jesus coloca o amor como a coisa mais importante da vida, pois "quem ama o próximo tem cumprido a lei" (Rm 13:8-10).

A ordem não muda: “Amado, você deve amar”. Mas este amor se volta agora necessariamente para um outro. Será que o amor se divide? Não. O amor de Deus não se divide, porém só se completa no amor ao próximo. Ele descobre em Deus, o mais próximo, o próximo, e isto é um processo que o próprio Deus imprime, dirige e acompanha.

Jesus não cria nada novo. Ele tão somente lembra ao escriba mestre da Lei aquilo que já fora estabelecido anteriormente, e que devido aos devaneios teológicos, eles haviam esquecidos da essência que Deus esperava deles.

 

2. O AMOR FLUI DO INTERIOR PARA O EXTERIOR – v.33

Se amamos a Deus, experimentamos o amor dele dentro de nós e expressamos esse amor a outros. Não vivemos em função de regras, mas sim de relacionamentos: um relacionamento de amor com Deus que torna possível nos relacionarmos em amor com os outros.

Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” No original se refere ao próximo judeu. Não teria incluído os gentios, a quem se permitia odiar. Mas Jesus a citou sem condição, e sem limite. Tomou uma velha Lei e a encheu de um novo significado. O novo que Jesus fez foi pôr estes dois mandamentos juntos. Nenhum rabino tinha feito isto antes.

Até vir Jesus ninguém tinha tomado os dois mandamentos pondo-os um junto do outro, fazendo dos dois um só. A religião, para Jesus, consistia em amar a Deus e amar ao próximo. Ele teria dito que a única forma em que alguém pode provar que ama a Deus é mostrando que ama aos homens.

 

3. O AMOR CONFRONTA AS INTENÇÕES DO CORAÇÃO- v.32,34

Ao começar essa conversa, o escriba estava apenas sendo usado como instrumento dos fariseus que, por sua vez, tentavam encontrar algo para recriminar Jesus (Mt 22:35).

Mas depois de ouvir a resposta de Jesus, o escriba se levanta e, com toda ousadia, elogia Jesus por sua resposta. A Palavra havia falado a seu coração, levando-o a dar os primeiros passos para um conhecimento espiritual mais profundo da fé que ele pensava compreender.

Até as Escrituras do Antigo Testamento ensinavam que a religião de Israel não se limitava à oferta de sacrifícios e à observância de leis (1 Sm 15:22; Sl 51:16,17; 141:1,2; Jr 7:22, 23; Os 6:6; Mq 6:6-8).

O escriba acrescentou que tal amor era melhor que todos os sacrifícios. Nisto mantinha a linha do pensamento supremo de seu povo.

Muitíssimo antes Samuel havia dito: “Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros” (1 Samuel 15:22). Oséias tinha ouvido Deus dizer: "Misericórdia quero e não sacrifício". (Oséias 6:6).

Mas sempre é fácil permitir que o ritual ocupe o lugar do amor. Sempre é fácil que o culto chegue a ser algo do templo, em lugar de ser algo de toda a vida. O sacerdote e o levita poderiam passar junto ao viajante ferido porque tinham pressa de chegar ao templo para cumprir seu ritual. Este escriba se elevou acima de seus contemporâneos e por isso simpatizou com Jesus.

 

4. O AMOR É A PORTA PARA O REINO – v.34

O que quer dizer a declaração: "Não estás longe do reino de Deus"?

-> Significa encarar a verdade com honestidade, sem qualquer interesse em defender algum partido e sem preconceitos pessoais.

-> Significa testar a fé de acordo com o que a Palavra de Deus diz, não com as exigências de algum grupo religioso.

Esta expressão aponta para a verdade de todo o evangelho: o reinado de Deus chegou, na pessoa do Filho do Homem pronto para sofrer, ele se aproximou e agora está em Jerusalém.

Os que “estavam longe” na opinião dos judeus eram os pagãos, mas este judeu religioso não é pagão, mas também ainda não é cidadão do reinado de Deus. Por mais fiel e entendido que ele seja, isto não é suficiente, ele precisava ser salvo pelo Jesus que passaria pela morte na cruz.

Os que estão perto ficam do lado de fora junto com os que estão longe, até reconhecerem o reinado de Deus, até que Jesus lhes seja manifesto como Messias rejeitado.

 

Aplicações.

- Amar a Deus não é um mandamento novo, pelo contrário, é o primeiro e principal mandamento deixado pelo próprio Senhor para o seu povo.

- O amor a Deus só é verdadeiro se este fluir em favor das pessoas que estão a nossa volta, pois se não demonstramos amor às pessoas, não amamos a Deus.

- Demonstrar amor a Deus e ao próximo é um indicativo que o coração está pronto para estar diante de Deus e ser julgado no dia do juízo.

- O amor que Deus espera de nós é sem reservas, que envolva todo o nosso ser: coração, alma, entendimento e forças. 

 

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