30 de nov. de 2022

Controvérsias sobre Imposto e Ressurreição

Marcos 12.13-27
Controvérsias do Servo sobre Imposto e Ressurreição
O Ministério do Servo em Jerusalém – cap. 11-16
I.            Ensino em público e controvérsias no Templo - 11:1-12:44

Esta é a terceira vez que Jesus está em Jerusalém (11.27). Ele está no templo, onde é desafiado pelos líderes religiosos, primeiro sobre a questão da autoridade para fazer aquelas coisas. Após Jesus contar - contra eles - a parábola dos agricultores maus, eles vão tentar, por três vezes (12.13, 18, 28) encontrar algo para acusar e prender Jesus.

As duas primeiras controvérsias são sobre a questão do tributo que era pago ao imperados, a segunda sobre a questão da ressurreição, a terceira sobre o principal mandamento da lei. Depois é Jesus quem vai questioná-los sobre Sua identidade e adverti-los sobre o orgulho.

 1. A Hipocrisia Revelada no Imposto (12:13-17)

Os fariseus opunham-se a Roma, e os herodianos (uma facção política) cooperavam com Roma. A única coisa que tinham em comum era o inimigo, Jesus Cristo (veja Lc 23:12).

No versículo 13, a palavra grega para "apanhassem" transmite a imagem de uma armadilha em um jogo de caça. A delegação de fariseus e de herodianos pensou que podia pegar Jesus em uma cilada com uma pergunta que tivesse conotação política e religiosa.

Os judeus ortodoxos não gostavam de pagar impostos a Roma, pois sabiam que eram o povo escolhido de Deus. Pagar impostos significava reconhecer o poder de Roma sobre a nação - algo que não podiam admitir por serem muito orgulhosos (Jo 8:33) -, como também ajudar a idolatria pagã. Se Jesus aprovasse o pagamento de impostos a Roma, teria problemas com seu próprio povo, mas, se se opusesse a isso, teria problema com Roma.

Nosso Senhor, que conhecia a hipocrisia deles, respondeu de uma maneira que não apenas evitava o perigo do dilema, como também devolveu aos questionadores a responsabilidade pela afirmação. Como eles usavam a moeda de César, admitiam a autoridade de César sobre eles; assim, eles apenas devolviam a César o que este antes dera a eles.

Os impostos não são presentes para o governo, mas o valor que pagamos em troca dos serviços prestados (política e proteção contra incêndio, agências sociais, defesa, etc.).

E como a imagem de Deus também está estampada em cada ser humano, temos de devolver a Deus as coisas que são dele. Já que Deus instituiu o governo humano para o nosso bem, estamos obrigados a respeitar os governantes e a obedecer às leis (Rm 13; 1 Tm 2:1-6; 1 Pe 2:13-17). Daniel Webster disse: "Tudo que torna os homens bons cristãos torna-os bons cidadãos".

2. A Ignorância quanto a Ressurreição (12:18-27)

Essa é a única passagem em que Marcos cita os saduceus em seu evangelho. Esse

grupo aceitava apenas a Lei de Moisés como autoridade religiosa; assim, se uma doutrina não pudesse ser defendida pelos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, eles a rejeitavam.

Não acreditavam na existência da alma, da vida depois da morte, da ressurreição, do julgamento final, de anjos nem de demônios (ver At 23:8).

Quase todos os saduceus eram sacerdotes e eram abastados. Consideravam-se a "aristocracia religiosa" do judaísmo e tinham a tendência de desprezar as outras pessoas.

A pergunta hipotética deles, fundamentada em Deuteronômio 25:7-10, tinha o propósito único de tentar pegar Jesus por sua fala. No entanto, a pergunta, em vez de revelar a ignorância de Jesus, revelava o desconhecimento deles da Palavra e do poder de Deus.

A ressurreição não é a restauração à vida como a conhecemos; é o ingresso numa vida diferente. O mesmo Deus que criou os anjos e que lhes deu sua natureza é capaz de criar o novo corpo de que precisaremos para a nova vida no céu (1 Co 15:38ss).

Jesus não diz que nos tornaremos anjos nem que seremos como os anjos em todas as coisas, pois os filhos de Deus são superiores aos anjos (Jo 17:22-24; 1 lo 3:1, 2). Antes, diz que nosso corpo ressurreto, como o corpo dos anjos, não será do sexo masculino nem feminino.

Na eternidade, nosso corpo será perfeito, e não haverá morte, de modo que o casamento, a procriação e a continuidade da raça humana não serão mais necessários.

Os saduceus também ignoravam as Escrituras. Para Jesus, a resposta a todas as perguntas estava nas Escrituras, não no pensamento do próprio homem (Is 8:20; veja Mc 10:19; 12:10). Ele reporta-os a Êxodo 3:1-12 e apresenta a conclusão lógica de que, uma vez que Jeová é o Deus da vida, Abraão, Isaque e Jacó estão vivos. Há vida após a morte e, portanto, esperança de ressurreição futura.

Todavia, a ressurreição não é a reconstrução e a continuação da vida como ela é neste mundo. Os filhos de Deus não se tornarão anjos, pois devemos ser iguais a Cristo (1 Jo 3:1-3), no entanto seremos como anjos no que se refere a não casar ou ter família. Será um tipo de vida totalmente novo.

 Aplicações.

1.      Para Jesus, os impostos eram uma dívida que os cidadãos tinham para com o governo por serviços prestados. Hoje, esses serviços incluiriam, entre outras coisas, o corpo de bombeiros e a polícia, a defesa nacional, os salários dos governantes que administram o Estado, programas especiais para os pobres e carentes etc.

2.    O cidadão cristão como indivíduo pode não concordar com a maneira como o dinheiro de seus impostos é gasto e tem o direito de se expressar nesse sentido por meio de sua voz e de seu voto.

3.     Devemos reconhecer o fato de que é Deus quem estabelece o governo humano, e que esse deveria agir para nosso bem (Rm 13; 1 Tm 2:1-6; 1 Pe 2:13-17).

4.    Temos deveres cívicos e religiosos, e não nos devemos esquivar daqueles sob pretexto destes, a não ser que sejam evidentemente incompatíveis (Rm 13).

5.     Não podemos cometer o engano de criar um céu à semelhança da Terra. Pensar em termos das coisas desta Terra. Conceber o céu como um lugar em que viveremos uma vida repleta de todos os prazeres que não podemos desfrutar hoje. A vida nos lugares celestiais será maior que todo conceito que esta vida possa nos proporcionar.

6.    No final Jesus baseava sua convicção da ressurreição no fato de que a relação entre Deus e um homem bom é uma relação que nada pode romper. Uma vez que alguém entrou em uma relação pessoal com o Deus eterno, essa relação é eterna.

 

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