1. Dois
se tornarão um (Mc 10:1-12); 2. Adultos serão como crianças (Mc 10:13-16) 3. O primeiro será o
último (Mc 10:17-31); 4. Os servos
serão governantes (Mc 10:32-45); 5. O pobre se tornará rico (Mc 10:46-52)
De
acordo com os sinóticos, o perfil do personagem desta passagem pode ser assim
composto: “um moço digno que era um príncipe muito rico veio com urgência e
humildade interrogar a Jesus sobre a vida eterna”.
É importante observar como o homem chegou e como Jesus o recebeu. Ele veio correndo e se lançou aos pés de Jesus movido por um arroubo de emoção violenta. Então Jesus trata de deixar claro que para segui-lo há um preço e que ele deveria voltar-se para Deus.
Jesus
também enfatiza verdade essencial do cristianismo: “a vida respeitável não é
suficiente”. Em geral, ser respeitável significa não fazer coisas. Já o cristianismo
consiste em fazer coisas. Aqui era justamente onde este homem, e muitos de nós,
falhamos.
Jesus também
confrontou este homem com um desafio: "Saia desta respeitabilidade moral.
Pare de ver a bondade como algo que consiste em não fazer coisas. Tome a si
mesmo, tome tudo o que tem e se entregue, você e suas posses, a outros. Então
encontrará a verdadeira felicidade no tempo e na eternidade."
1. VENCER A SUPERFICIALIDADE – v.17-22
a) Seu potencial – seria ele o João Marcos?
De
todas as pessoas que se colocaram aos pés de Jesus, este homem foi o único que saiu
pior do que havia chegado, mesmo tendo tanta coisa a seu favor! Era um jovem (Mt
19:22) com grande potencial, respeitado pelos outros por ocupar um cargo
importante, talvez no tribunal da cidade (Lc 18:18). Sem dúvida, era bem
educado e íntegro e tinha em seu coração tal anseio pelas coisas espirituais
que procurou Jesus e se curvou aos pés do Mestre. Em todos os sentidos, era um
rapaz ideal, e, quando Jesus o fitou, o amou.
b) Sua superficialidade espiritual
Mesmo
com todas essas qualidades excelentes, o jovem mostrou-se superficial quanto às
coisas espirituais. Por certo lhe faltava profundidade em seu conceito de salvação,
pois pensou que poderia fazer alguma coisa para merecer a vida eterna.
Tratava-se
de uma crença corrente entre os judeus daquela época (Jo 6.28) e que continua bastante
comum hoje. A maioria dos não salvos acredita que um dia Deus levará em conta
as boas obras e as más ações que praticaram, e se as coisas boas excederem as
más, entrarão no céu.
c) Visão superficial do pecado
Por
trás dessa abordagem da salvação com base nas boas obras, encontra-se uma visão
superficial do pecado. O pecado é rebelião contra o Deus santo, não apenas uma
ação; é uma atitude interior que exalta o ser humano e desafia Deus. Será que
aquele jovem pensava mesmo que podia fazer coisas boas e religiosas para acertar
as contas com o Deus santo?
d) Visão superficial de Jesus
O jovem
também tinha uma visão superficial de Jesus Cristo. Chamou-o de "Bom Mestre",
mas temos a impressão de que estava tentando lisonjeá-lo, pois os rabinos não
permitiam que se aplicasse a eles o adjetivo bom. Somente Deus era bom,
e esse adjetivo deveria ser reservado exclusivamente a ele. Jesus não negava
que era Deus; pelo contrário, afirmava sua divindade. Queria apenas ter certeza
de que o jovem sabia o que estava dizendo e de que estava disposto a aceitar as
responsabilidades envolvidas.
e) Visão superficial da Salvação
Isso
explica por que Jesus chamou a atenção do rapaz para a Lei de Moisés: desejava que
se visse como um pecador prostrado diante do Deus santo. Não podemos ser salvos
do pecado guardando a Lei (GI 2:1621; Ef 2:8-10). A Lei é um espelho que nos mostra
como estamos sujos, mas o espelho não pode nos lavar. Um dos propósitos da Lei
é conduzir o pecador a Cristo (GI 3:24), e foi o que aconteceu no caso desse
rapaz. A Lei pode levar o pecador a Cristo, mas não é capaz de torná-lo
semelhante a Cristo. Somente a graça faz isso.
f) Visão superficial da Lei
O jovem
não se considerava um pecador condenado diante do Deus santo. Seu conceito da
Lei de Deus era superficial, pois media sua obediência apenas em termos de ações
exteriores, não de atitudes interiores. No que se referiam a suas ações, era
irrepreensível (ver Fp 3:6), mas não se podia dizer o mesmo de suas atitudes
interiores, pois havia cobiça em seu coração. É possível que observasse alguns
mandamentos, mas esqueceu o último: “Não cobiçarás”. A cobiça é um pecado
terrível; é sutil e difícil de detectar, mas, ainda assim, faz as pessoas
transgredirem todos os demais mandamentos. “Porque o amor ao dinheiro é a
raiz de todos os males” (1 Tm 6:10).
2. VENCER O PERIGO DAS RIQUEZAS – v.23-27
a) Fé em Deus, não nas riquezas
Quem
olhasse para esse rapaz poderia concluir que tinha tudo, mas Jesus afirmou que
ainda lhe faltava uma coisa, a mais importante: uma fé viva em Deus.
Seu deus era o dinheiro: confiava nele, o adorava e se realizava com ele.
Sua moralidade e boas maneiras apenas escondiam um coração cobiçoso.
As
instruções de Jesus em Marcos 10:21 não devem ser aplicadas a todos os que desejam
tornar-se discípulos, pois Jesus tratava das necessidades específicas daquele jovem
rico.
·
Uma vez que o rapaz possuía muitos bens, Jesus lhe disse para vender tudo
e dar o dinheiro aos pobres.
·
Como o rapaz tinha status, Jesus lhe disse para pegar a cruz e
segui-lo, algo que exigiria humildade.
Jesus
ofereceu ao jovem a dádiva da vida eterna, mas ele recusou. É difícil receber
um presente quando as mãos estão fechadas, segurando dinheiro e tudo o que ele
pode comprar. A palavra grega traduzida por "triste" descreve uma
tempestade se formando.
b) Disposição de perder tudo
Os
discípulos ficaram estarrecidos com a declaração de Jesus sobre a riqueza, pois
a maioria dos judeus acreditava que possuir muitos bens era evidência das
bênçãos especiais de Deus. Apesar da mensagem de Jó, do exemplo de Cristo e dos
apóstolos e dos ensinamentos claros do Novo Testamento, muita gente ainda tem
essa mesma ideia hoje.
No caso
do jovem, a riqueza que possuía privou-o da maior de todas as bênçãos de
Deus: a vida eterna. Hoje, a riqueza continua a empobrecer os ricos e a fazer
os primeiros serem os últimos (ver 1 Co 1:26-31).
O
dinheiro é um servo maravilhoso, mas é um senhor terrível. Os que têm dinheiro devem
ser gratos e usá-lo para a glória de Deus; mas se o dinheiro for senhor da vida
deles, devem ter cuidado! É bom ter coisas que o dinheiro pode comprar, desde
que não se percam as coisas que ele não pode comprar. As ilusões da riqueza
haviam sufocado de tal modo o coração desse rapaz que já não podia mais receber
a semente da Palavra e ser salvo (Mt 13:22). Que colheita amarga ceifaria!
3. VENCER A COBIÇA INTERESSEIRA – v.28-31
a) Não barganhar com Deus
No
entanto, a reação de Pedro mostra que também havia alguns problemas em seu
coração. "Que será, pois, de nós!" (Mt 19.27). Essa pergunta
revela uma visão um tanto interesseira da vida cristã: "abrimos mão de
tudo pelo Senhor; o que vamos receber em troca?"
É
interessante contrastar as palavras de Pedro com as palavras dos três hebreus
em Daniel 3.16-18 e, em seguida, com o testemunho posterior de Pedro em Atos 3.6.
Sem dúvida, Pedro progrediu muito da pergunta: "o que receberei?",
para a declaração: "o que tenho, isto te dou".
b) Encontrar a motivação correta
Jesus garantiu a seus discípulos
que qualquer pessoa que o seguir jamais perderá o que é verdadeiramente
importante, quer nesta vida, quer na vida por vir. Deus recompensará cada um.
Devemos, porém, estar certos de que nossa motivação é correta: "Por
causa de mim e do evangelho" (ver Mc 8.35). O conhecido industrial
cristão R. J. LeTorneau costumava dizer: "Se você dá visando o lucro, terá
prejuízo!"
c) Disposição de pagar o preço
É importante observar que Jesus
também promete "perseguições". Já havia explicado a seus discípulos o
que judeus e gentios fariam com ele em Jerusalém, e agora os informa de que
também serão perseguidos. Deus contrabalança bênçãos com batalhas, a fim de
desenvolver filhos e filhas maduros.
Aplicações.
·
Aos olhos das
pessoas em geral, o jovem rico ocupava o primeiro lugar, enquanto os discípulos
pobres estavam nos últimos lugares.
·
Deus vê todas as
coisas do ponto de vista da eternidade - e os primeiros tornam-se os últimos,
enquanto os últimos se tornam os primeiros!
·
Os que são
primeiros a seus próprios olhos serão os últimos aos olhos de Deus, mas os que
se consideram os últimos a seus próprios olhos serão recompensados como sendo
os primeiros!
1. O jovem tinha riquezas, bom caráter, conhecimento da Lei, desejo de aprender, aspiração
por uma vida melhor e abundante, humildade, interesse em Jesus, mas não estava
satisfeito, tinha um vazio que as coisas materiais não preenchiam.
2. O jovem desejava preencher o vazio com valores espirituais (vida eterna), que são
maiores que as riquezas terrenas e tudo o que elas podem comprar, mas não quis
abrir dos seus bens para adquirir aquilo que lhe faltava.
3. O jovem precisava aprender que é melhor dar do que receber, precisava
da experiencia de uma vida em andar com Deus em intimidade com Jesus, precisava
aprender a sofrer pelo evangelho.

Nenhum comentário:
Postar um comentário