11 de out. de 2022

O Primeiro Será o Último


 Marcos 10.17-31 
Paradoxos:  O Primeiro Será o Último – Perigo das Riquezas

1. Dois se tornarão um (Mc 10:1-12); 2. Adultos serão como crianças (Mc 10:13-16) 3. O primeiro será o último (Mc 10:17-31); 4. Os servos serão governantes (Mc 10:32-45); 5. O pobre se tornará rico (Mc 10:46-52)

De acordo com os sinóticos, o perfil do personagem desta passagem pode ser assim composto: “um moço digno que era um príncipe muito rico veio com urgência e humildade interrogar a Jesus sobre a vida eterna”.

É importante observar como o homem chegou e como Jesus o recebeu. Ele veio correndo e se lançou aos pés de Jesus movido por um arroubo de emoção violenta. Então Jesus trata de deixar claro que para segui-lo há um preço e que ele deveria voltar-se para Deus.

Jesus também enfatiza verdade essencial do cristianismo: “a vida respeitável não é suficiente”. Em geral, ser respeitável significa não fazer coisas. Já o cristianismo consiste em fazer coisas. Aqui era justamente onde este homem, e muitos de nós, falhamos.

Jesus também confrontou este homem com um desafio: "Saia desta respeitabilidade moral. Pare de ver a bondade como algo que consiste em não fazer coisas. Tome a si mesmo, tome tudo o que tem e se entregue, você e suas posses, a outros. Então encontrará a verdadeira felicidade no tempo e na eternidade."

 

1. VENCER A SUPERFICIALIDADE – v.17-22

a) Seu potencial – seria ele o João Marcos?

De todas as pessoas que se colocaram aos pés de Jesus, este homem foi o único que saiu pior do que havia chegado, mesmo tendo tanta coisa a seu favor! Era um jovem (Mt 19:22) com grande potencial, respeitado pelos outros por ocupar um cargo importante, talvez no tribunal da cidade (Lc 18:18). Sem dúvida, era bem educado e íntegro e tinha em seu coração tal anseio pelas coisas espirituais que procurou Jesus e se curvou aos pés do Mestre. Em todos os sentidos, era um rapaz ideal, e, quando Jesus o fitou, o amou.

b) Sua superficialidade espiritual

Mesmo com todas essas qualidades excelentes, o jovem mostrou-se superficial quanto às coisas espirituais. Por certo lhe faltava profundidade em seu conceito de salvação, pois pensou que poderia fazer alguma coisa para merecer a vida eterna.

Tratava-se de uma crença corrente entre os judeus daquela época (Jo 6.28) e que continua bastante comum hoje. A maioria dos não salvos acredita que um dia Deus levará em conta as boas obras e as más ações que praticaram, e se as coisas boas excederem as más, entrarão no céu.

c) Visão superficial do pecado

Por trás dessa abordagem da salvação com base nas boas obras, encontra-se uma visão superficial do pecado. O pecado é rebelião contra o Deus santo, não apenas uma ação; é uma atitude interior que exalta o ser humano e desafia Deus. Será que aquele jovem pensava mesmo que podia fazer coisas boas e religiosas para acertar as contas com o Deus santo?

d) Visão superficial de Jesus

O jovem também tinha uma visão superficial de Jesus Cristo. Chamou-o de "Bom Mestre", mas temos a impressão de que estava tentando lisonjeá-lo, pois os rabinos não permitiam que se aplicasse a eles o adjetivo bom. Somente Deus era bom, e esse adjetivo deveria ser reservado exclusivamente a ele. Jesus não negava que era Deus; pelo contrário, afirmava sua divindade. Queria apenas ter certeza de que o jovem sabia o que estava dizendo e de que estava disposto a aceitar as responsabilidades envolvidas.

e) Visão superficial da Salvação

Isso explica por que Jesus chamou a atenção do rapaz para a Lei de Moisés: desejava que se visse como um pecador prostrado diante do Deus santo. Não podemos ser salvos do pecado guardando a Lei (GI 2:1621; Ef 2:8-10). A Lei é um espelho que nos mostra como estamos sujos, mas o espelho não pode nos lavar. Um dos propósitos da Lei é conduzir o pecador a Cristo (GI 3:24), e foi o que aconteceu no caso desse rapaz. A Lei pode levar o pecador a Cristo, mas não é capaz de torná-lo semelhante a Cristo. Somente a graça faz isso.

f) Visão superficial da Lei

O jovem não se considerava um pecador condenado diante do Deus santo. Seu conceito da Lei de Deus era superficial, pois media sua obediência apenas em termos de ações exteriores, não de atitudes interiores. No que se referiam a suas ações, era irrepreensível (ver Fp 3:6), mas não se podia dizer o mesmo de suas atitudes interiores, pois havia cobiça em seu coração. É possível que observasse alguns mandamentos, mas esqueceu o último: “Não cobiçarás”. A cobiça é um pecado terrível; é sutil e difícil de detectar, mas, ainda assim, faz as pessoas transgredirem todos os demais mandamentos. “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm 6:10).

 

2. VENCER O PERIGO DAS RIQUEZAS – v.23-27

a) Fé em Deus, não nas riquezas

Quem olhasse para esse rapaz poderia concluir que tinha tudo, mas Jesus afirmou que ainda lhe faltava uma coisa, a mais importante: uma viva em Deus. Seu deus era o dinheiro: confiava nele, o adorava e se realizava com ele. Sua moralidade e boas maneiras apenas escondiam um coração cobiçoso.

As instruções de Jesus em Marcos 10:21 não devem ser aplicadas a todos os que desejam tornar-se discípulos, pois Jesus tratava das necessidades específicas daquele jovem rico.

·        Uma vez que o rapaz possuía muitos bens, Jesus lhe disse para vender tudo e dar o dinheiro aos pobres.

·        Como o rapaz tinha status, Jesus lhe disse para pegar a cruz e segui-lo, algo que exigiria humildade.

Jesus ofereceu ao jovem a dádiva da vida eterna, mas ele recusou. É difícil receber um presente quando as mãos estão fechadas, segurando dinheiro e tudo o que ele pode comprar. A palavra grega traduzida por "triste" descreve uma tempestade se formando.

b) Disposição de perder tudo

Os discípulos ficaram estarrecidos com a declaração de Jesus sobre a riqueza, pois a maioria dos judeus acreditava que possuir muitos bens era evidência das bênçãos especiais de Deus. Apesar da mensagem de Jó, do exemplo de Cristo e dos apóstolos e dos ensinamentos claros do Novo Testamento, muita gente ainda tem essa mesma ideia hoje.

No caso do jovem, a riqueza que possuía privou-o da maior de todas as bênçãos de Deus: a vida eterna. Hoje, a riqueza continua a empobrecer os ricos e a fazer os primeiros serem os últimos (ver 1 Co 1:26-31).

O dinheiro é um servo maravilhoso, mas é um senhor terrível. Os que têm dinheiro devem ser gratos e usá-lo para a glória de Deus; mas se o dinheiro for senhor da vida deles, devem ter cuidado! É bom ter coisas que o dinheiro pode comprar, desde que não se percam as coisas que ele não pode comprar. As ilusões da riqueza haviam sufocado de tal modo o coração desse rapaz que já não podia mais receber a semente da Palavra e ser salvo (Mt 13:22). Que colheita amarga ceifaria!

 

3. VENCER A COBIÇA INTERESSEIRA – v.28-31

a) Não barganhar com Deus

No entanto, a reação de Pedro mostra que também havia alguns problemas em seu coração. "Que será, pois, de nós!" (Mt 19.27). Essa pergunta revela uma visão um tanto interesseira da vida cristã: "abrimos mão de tudo pelo Senhor; o que vamos receber em troca?"

É interessante contrastar as palavras de Pedro com as palavras dos três hebreus em Daniel 3.16-18 e, em seguida, com o testemunho posterior de Pedro em Atos 3.6. Sem dúvida, Pedro progrediu muito da pergunta: "o que receberei?", para a declaração: "o que tenho, isto te dou".

b) Encontrar a motivação correta

Jesus garantiu a seus discípulos que qualquer pessoa que o seguir jamais perderá o que é verdadeiramente importante, quer nesta vida, quer na vida por vir. Deus recompensará cada um. Devemos, porém, estar certos de que nossa motivação é correta: "Por causa de mim e do evangelho" (ver Mc 8.35). O conhecido industrial cristão R. J. LeTorneau costumava dizer: "Se você dá visando o lucro, terá prejuízo!"

 

c) Disposição de pagar o preço

É importante observar que Jesus também promete "perseguições". Já havia explicado a seus discípulos o que judeus e gentios fariam com ele em Jerusalém, e agora os informa de que também serão perseguidos. Deus contrabalança bênçãos com batalhas, a fim de desenvolver filhos e filhas maduros.

 

Aplicações.

·        Aos olhos das pessoas em geral, o jovem rico ocupava o primeiro lugar, enquanto os discípulos pobres estavam nos últimos lugares.

·        Deus vê todas as coisas do ponto de vista da eternidade - e os primeiros tornam-se os últimos, enquanto os últimos se tornam os primeiros!

·        Os que são primeiros a seus próprios olhos serão os últimos aos olhos de Deus, mas os que se consideram os últimos a seus próprios olhos serão recompensados como sendo os primeiros!

1.      O jovem tinha riquezas, bom caráter, conhecimento da Lei, desejo de aprender, aspiração por uma vida melhor e abundante, humildade, interesse em Jesus, mas não estava satisfeito, tinha um vazio que as coisas materiais não preenchiam.

2.    O jovem desejava preencher o vazio com valores espirituais (vida eterna), que são maiores que as riquezas terrenas e tudo o que elas podem comprar, mas não quis abrir dos seus bens para adquirir aquilo que lhe faltava.

3.     O jovem precisava aprender que é melhor dar do que receber, precisava da experiencia de uma vida em andar com Deus em intimidade com Jesus, precisava aprender a sofrer pelo evangelho.

 

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