Hoje finalizamos o cap. 10, com o último dos paradoxos do Servo: 1. Dois se tornarão um (Mc 10:1-12); 2. Adultos serão como crianças (Mc 10:13-16) 3. O primeiro será o último (Mc 10:17-31); 4. Os servos serão governantes (Mc 10:32-45); 5. O pobre se tornará rico (Mc 10:46-52).
Para Jesus o final de seu caminho já não estava longe. Jericó se encontrava só a 25 ou 30 quilômetros de Jerusalém. Para esta Jericó que descia o homem que foi assaltado e ajudado pelo “bom samaritano” (Lc 10.25-37).Temos que visualizar a cena. O caminho principal atravessava a cidade de Jericó. Jesus ia a Jerusalém para celebrar a Páscoa.
Quando
um mestre religioso distinto ia em caminho da cidade santa para celebrar alguma
das grandes festividades judias, em geral o acompanhava uma multidão de
seguidores, discípulos e estudantes, que escutavam sua palavra enquanto
caminhavam juntos. Era uma das maneiras mais comuns de ensinar.
Por
outro lado, a Lei estabelecia que todo garoto maior de doze anos que vivesse
dentro de um raio dos 25 quilômetros de Jerusalém estava obrigado a assistir à
festa da Páscoa. Era impossível que todos cumprissem esta Lei, pois nem todos
estavam em condições de viajar.
Os que
não foram a Jerusalém se postavam à beira do caminho e desejavam boa viagem aos
peregrinos. De modo que a rua central de Jericó deve ter estado cheia de
pessoas, uma multidão maior que o habitual querendo ver o jovem galileu.
Havia
dois mendigos cegos sentados à beira da estrada (Mt 20:30), um dos quais se
chamava Bartimeu. Os mendigos ficaram sabendo que Jesus de Nazaré, o Mestre que
realizava curas, estava passando e fizeram todo o possível para chamar sua
atenção, a fim de receber sua ajuda misericordiosa e ser curados.
1. APRENDEMOS SOBRE PERSISTÊNCIA – v. 46-48
Nada
nem ninguém pôde deter seu clamor, sua exigência de ser levado até Jesus.
Estava determinado a dialogar com a única pessoa que podia escutá-lo. Na mente
de Bartimeu não havia somente um desejo vago, geral, nebuloso e sentimental de
ver a Jesus. Era uma vontade desesperada. Era e é esse desespero incomovível o
que pode conseguir que certas coisas aconteçam.
A
princípio, a multidão tentou obrigá-los a se calar, mas quando Jesus parou e os
chamou, a multidão incentivou-os! Pessoas desesperadas não deixam que a
multidão as afaste de Jesus (ver Mc 5.25-34). Bartimeu tirou sua capa para não
tropeçar nela e correu para o Mestre. Por certo, alguns dos peregrinos ou
discípulos o ajudaram.
2. IR A JESUS PELA FÉ – v.47
Quando
Bartimeu chamou Jesus de "Mestre", usou o termo Rabboni, que
significa "meu Mestre". A única outra pessoa nos Evangelhos que
também chamou Jesus de Rabboni foi Maria (Jo 20.16). O mendigo o havia
chamado duas vezes de "Filho de Davi", um título messiânico, mas
"Rabboni" era uma expressão pessoal de fé.
Bartimeu
não sabia muito bem quem era Jesus. Chamava-o insistentemente Filho de Davi.
Este era um título messiânico, mas seu significado evocava a ideia de um
Messias conquistador, um Rei da linha de Davi, que levaria Israel à recuperação
de sua grandeza como povo. Esta concepção do rol de Jesus era muito inadequada.
Mas Bartimeu
tinha fé e a fé que tinha cobriu qualquer engano teológico no que pôde ter
incorrido. Não nos é exigido que entendamos à perfeição quem é Jesus. Em última
análise, ninguém jamais pode obter tal coisa.
O que
nos pede é que tenhamos fé. Um escritor de imensa sabedoria há dito:
"Devemos esperar que o povo pense, mas não querer que se façam teólogos
antes de fazer-se cristãos".
O
cristianismo começa em nós quando reagimos diante da pessoa de Jesus, e quando
esta nossa reação é de amor, um sentimento instintivo de que alguém é capaz de
sair ao encontro de nossa necessidade. Até se nunca chegamos a ser capazes de elaborar
teologicamente as coisas, essa resposta instintiva, esse grito que sai da alma,
é mais que suficiente.
3. RESPONDEMOS DE FORMA IMEDIATA – v.49,50
Sua resposta
ao chamado de Jesus foi imediata e determinada de modo que arrojou sua
capa, que o impedia de mover-se com prontidão, quando escutou a voz de Jesus
que o chamava para vir até ele.
Há
muitos que ouvem o chamado de Jesus mas dizem: "Espera até que termine o
que estou fazendo", ou "Já vou, depois de fazer isto..." (Lc
14.18-20). Mas Bartimeu veio como um tiro quando Jesus o chamou.
Há
oportunidades que se apresentam uma só vez na vida. Bartimeu o sabia, de
maneira instintiva. Às vezes experimentamos um desejo vago de abandonar um mau
hábito, de purificar nossas vidas de algo daninho, de nos entregar mais
plenamente a Jesus. Muito frequentemente, também, não atuamos de maneira
imediata para responder a este chamado, e a oportunidade se desvanece,
possivelmente para não voltar a apresentar-se nunca mais.
4. SABEMOS DO QUE PRECISAMOS – v.51,52
Bartimeu
sabia exatamente o que necessitava. Queria ver. Muitas vezes nossa
admiração por Jesus é um sentimento generalizado, muito pouco específico.
"Que
queres que eu te faça?" parece uma pergunta estranha a se fazer para um cego
(foi a mesma pergunta que Jesus fez a Tiago, a João e a Salomé; Mc 10.36). Mas Jesus
queria dar ao cego uma oportunidade de se expressar e de demonstrar sua fé. O que
ele acreditava que Jesus poderia fazer por ele?
Quando
vamos ao médico sabemos exatamente o que é que nos dói e o que queremos que ele
nos cure. Quando vamos ao dentista não lhe pedimos que nos tire algum molar, e
sim aquele molar que nos está fazendo sofrer.
O mesmo
deveria ser entre nós e Jesus. E isto implica algo que muito poucas pessoas
estão dispostas a enfrentar: o autoexame, a autocrítica. Se quando viermos à
presença do Jesus sabemos com a mesma exatidão que Bartimeu o que queremos que
ele faça conosco, sem dúvida obteremos o cumprimento de nosso desejo.
Aplicações.
- Jesus
se compadece e toca os “olhos” dos homens (Mt 20.34), restaurando-lhes
imediatamente. Deixe ele tocar em suas feridas e curá-las completamente.
- Como
expressão de gratidão, devemos nos juntar aos “peregrinos que seguiam Jesus
rumo a Jerusalém”. Junte-se ao Senhor na caminhada para a eternidade.
- Esse
é o último milagre de cura registrado em Marcos. Agora o "Servo" vai
morrer na cruz e se tornar salvador. Não busque só os milagres, receba a
salvação!
- Jesus
Cristo, o Servo sofredor de Deus (Is 53), caminha para cruz mas não se recusa a
curar dois mendigos cegos! Jesus sabe do que precisamos (salvação), mas nós dá
aquilo que queremos (curas).
- Bartimeu passa de um mendigo
cego sentado à beira do caminho, a um homem transformado, agradecido e que
agora segue a Jesus.
- Bartimeu não voltou para a
velha vida após receber a cura, ele deixa tudo para trás e passa a viver uma
nova vida com Jesus.
- Bartimeu apresentou sua
necessidade, demonstrou gratidão e fez muito mais: ofereceu sua lealdade a
Jesus.

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