Características de uma fé viva
Marcos 9.2-29
INTRODUÇÃO
Apesar de todas as demonstrações de sabedoria e poder que Jesus ofereceu aos discípulos até o momento, eles ainda aparentam estar inconscientes do verdadeiro caráter do Messias e do verdadeiro caráter do Reino de Deus. Eles ainda não entenderam com clareza que Jesus cumprirá sua missão como Messias por meio da morte na cruz. Também não entendiam com clareza o que Jesus queria dizer com "ressurreição do filho do homem".
Em síntese: os discípulos não criam que o Messias deveria morrer crucificado. E não entendiam como a morte do Messias libertaria Israel. Como um peixe que nada sem saber que está na água, os discípulos estavam imersos em uma esperança messiânica baseada numa leitura equivocada, nacionalista e triunfalista das escrituras. A fé dos discípulos até esse momento era uma fé que não produzia vida, porque não entendia o papel da morte de Cristo.
Jesus usa o episódio da transfiguração no monte a fim de mostrar-lhes com ainda mais clareza sua majestade como Messias e para que a voz do Pai pudesse direcionar adequadamente a fé daqueles homens.
Será possível a um cristão reproduzir hoje, o mesmo padrão de pensamento dos discípulos até este momento?
Será possível estarmos imersos em uma esperança messiânica (escatológica) baseada numa leitura equivocada das escrituras?
Será possível nos nomearmos como discípulos de Jesus, mas nossa fé ser uma fé que não produz vida?
Talvez precisemos, assim como os discípulos, subir e descer o monte com Jesus a fim de que o mestre reoriente nossa fé para que ela seja UMA FÉ VIVA!
I - Uma fé viva é uma fé profética - v. 2-4
- Uma fé profética visa transformar o mundo à maneira de Deus em vez de fugir do mundo para os braços de Deus.
- Uma fé profética é restaurativa porque parte do princípio de que "há algo errado com o mundo" e, portanto, este mundo precisa de redenção.
- Jesus é transfigurado (transformado) diante dos discípulos para que eles tenham uma noção mais ampliada do poder do Mestre e do caráter do Reino, mas também para que eles entendam que as escrituras (Moisés e Elias) apontam para o momento da sua morte - Lc. 9.31
- Jesus por muitas vezes deixou claro o caráter profético do seu ministério:
- "Arrependei-vos porque é chegado o Reino dos céus" - Mt. 3.2
- "O Espírito do Senhor está sobre mim, pois me ungiu para...evangelizar, curar, por em liberdade, anunciar o ano do Senhor" - Lc. 4.18-19
- "Eu vim para que tenham vida e vida em abundância" - Jo. 10.10
- "O Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido" - Mt. 18.11
- "Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho PARA.." - Jo. 3.16
- "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo..." - II Co. 5.19
- A oração que Jesus ensina aos discípulos enfatiza o aspecto restaurativo do seu ministério: "venha a nós o seu Reino, seja feita a Sua vontade"
- Uma fé profética atua, necessariamente, em dois movimentos. O movimento de ascensão (busca à Deus) e o movimento de retorno (viver para Deus).
- Moisés sobe ao monte Sinai, se encontra com Deus, e retorna com as tábuas da Lei que transformam e modelam toda a vida de Israel
- Elias sobe ao monte Sinai, se encontra com Deus, e retorna para profetizar (transformar) o reino de Israel (norte)
- Jesus sobe ao monte da Transfiguração, se encontra com Deus (para orar - Lc. 9.28), e retorna para reparar um mundo contaminado pelo mal
- De modo mais fundamental, Jesus veio "lá de cima" para trazer cura e redenção e tendo subido novamente aos céus, vai descer novamente para julgar e transformar o mundo
- Uma fé profética implica uma busca por Deus no alto do monte, mas também um retorno ao mundo para que ele seja transformado.
- "A fé cristã apresenta falhas quando é praticada como uma religião mística na qual a ascensão é seguida por um retorno estéril" - Miroslav Volf
II - Uma fé viva é uma fé que não falha na sua busca por Deus - v. 5-13
- Duas falhas podem ser cometidas no movimento de ascensão, quando buscamos a Deus:
- Redução da fé ao que ela não é - v. 5
- Pedro tenta manter indefinidamente o estado de maravilhamento
- Pedro tenta manter Jesus no monte, evitando assim o sofrimento na cruz e impedindo que o mundo seja transformado
- Pedro reduz Jesus a um místico/mágico
- A redução da fé acontece quando "os praticantes de religiões proféticas perdem a fé na importância do encontro com Deus COMO Deus e empregam linguagem religiosa para promover perspectivas e práticas cujo conteúdo e motivação não provêm da base da fé ou não estão integralmente relacionadas com essa base." - Miroslav Volf
- Não podemos usar elementos da fé para promover agendas que não cabem na fé.
- "A fé é o caminho para a prosperidade financeira"
- "A fé é o caminho para a liberdade política"
- "A fé é o caminho para o conforto emocional"
- "A fé é o caminho para vencer as eleições"
- Não podemos usar nome de Deus em iniciativas que Deus não aprova - v. 7
- Usar "linguagem cristã" não te faz um cristão. Viver (e sofrer) como Cristo, sim - Mt. 15.18
- Substituição idólatra - v. 11
- É quando construímos uma imagem de Deus que é uma caricatura da verdadeira divindade
- A pergunta dos discípulos no versículo 11 evidencia uma dúvida profunda sobre a identidade de Jesus.
- O "messias" no qual eles criam era muito diferente do Messias que Jesus estava apresentando.
- Frequentemente podemos distorcer a revelação de Deus para que a identidade do Senhor caiba em nossas expectativas pecaminosas.
- Precisamos, com frequência, avaliar o que cremos sobre Deus à luz da revelação.
III - Uma fé viva é uma fé que não falha em viver para Deus - v. 14-30
- Também é possível cometermos falha no movimento de retorno, quando buscamos viver para Deus:
- Ociosidade - v. 14-18
- Um dos principais propósitos da fé cristã é modelar a vida de pessoas e comunidades em todas as suas esferas
- A fé, portanto, deve ser capaz de responder às questões apresentadas pelo mundo - (algumas dessas questões estão em Mt. 24)
- Quando a igreja não tem essas respostas, a fé se torna ociosa, incapaz de evidenciar o poder de Deus
- O problema fundamental apresentada por Jesus foi a incredulidade - v. 19
- A incredulidade é o nome que se dá a uma fé sem efeitos em todas as áreas da vida, como se houvesse áreas em que Deus não pode agir.
- Uma fé ociosa apresenta ao mundo um Deus ocioso - v. 20-27
- Uma fé ociosa revela uma vida longe de Deus - v. 28-29
CONCLUSÃO:
- Sua fé é viva quando é profética e modela o mundo a partir do Reino. O mundo precisa de Deus!
- Sua fé é viva quando você não reduz Deus a um ídolo pessoal doador de benefícios específicos. O mundo precisa de Deus, mas Deus não é um amuleto para o mundo!
- Sua fé é viva quando produz efeitos transformativos e restaurativos no mundo. O mundo precisa de Deus e Deus propõe não uma mágica, mas um estilo de vida.
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