7 de set. de 2022

Advertência Contra Mal

Marcos 8.10-26
 Advertência aos Discípulos: Cuidado com o Mal

Depois de Ensinar aos Judeus (Mc 7:1-23); Socorrer aos Gentios (Mc 7:24 - 8:9) agora Jesus Adverte aos Discípulos (Mc 8:10-26) quando ao perigo do mal que provém do coração dos fariseus.

 

1. A CEGUEIRA EXIGEJE SINAIS – vv.10-13

Jesus e os discípulos foram para o lado oeste do mar da Galiléia, onde se encontraram com os fariseus que continuavam irados com Jesus por tê-los acusado de hipocrisia (Mc 7:1-23). Desta vez, desafiaram Cristo a provar sua autoridade divina dando-Ihes um sinal do céu. Não queriam um milagre terreno, como curar uma pessoa doente. Queriam que Jesus fizesse algo espetacular, como fazer descer fogo ou pão dos céus (Jo 6:30,31). Isso provaria que havia, de fato, sido enviado por Deus.

Jesus sentiu grande pesar e decepção por ver os líderes religiosos do povo escolhido de Deus tão endurecidos de coração e espiritualmente cegos! O desejo de receber um sinal do céu não era apenas mais uma evidência da incredulidade deles, pois a fé não pede sinais. A verdadeira fé crê na Palavra de Deus e se contenta com o testemunho interior do Espírito.

Uma vez que Marcos escrevia principalmente a leitores gentios, não incluiu as palavras de Jesus sobre o sinal do profeta Jonas (Mt 16:4; e ver Mt 12:38-41). O que é "0 sinal de Jonas"? Morte, sepultamento e ressurreição. A prova de que Jesus é, verdadeiramente, quem diz ser é a realidade de sua morte, sepultamento e ressurreição (At 2:2236; 3:12-26).

 

2. EXPERIÊNCIA NÃO APROVEITADA – vv.14-21

Jesus deixou-os e passou para o lado leste do mar da Galiléia. Durante a travessia, ensinou aos discípulos uma lição espiritual importante. Pareciam tão cegos quanto os fariseus! Discutiam sobre quanta comida tinham com eles, pois alguém havia esquecido de comprar pão. Quem era o culpado?

Jesus deve ter se entristecido muito diante da falta de discernimento espiritual de seus colaboradores. O fato de haver multiplicado pães em duas ocasiões e de ter alimentado quase dez mil pessoas não havia causado qualquer impacto sobre eles! Por que se preocupar com pão quando Jesus estava no barco com eles? A mente dos discípulos estava entorpecida, e seu coração, endurecido (ver Mc 6:52); seus olhos estavam cegos, e seus ouvidos, surdos (ver Mc 4:11, 12).

O povo de Deus costuma ter a tendência de esquecer as bênçãos que recebe (Sl 103:1,2). Jesus supre as necessidades, mas quando surge um novo problema, começam as queixas e a preocupação. Enquanto estivermos com Cristo, podemos ter certeza de que sempre cuidará de nós. Seria bom parar de vez em quando para nos lembrarmos da bondade e fidelidade do Senhor.

A lição principal, porém, diz respeito ao fermento, não ao pão. Na Bíblia, o fermento costuma ser usado para simbolizar o mal. Como o fermento, o mal é pequeno e invisível, mas logo se espalha e contamina tudo a seu redor (GI 5:9).

A Bíblia usa o fermento como ilustração das falsas doutrinas (GI 5:1-9), do pecado que não é condenado dentro da igreja (1 Co 5) e da hipocrisia (Lc 12:1). Nesse contexto, Jesus adverte seus discípulos sobre os ensinamentos (falsas doutrinas) dos fariseus e dos seguidores de Herodes.

a)    Os fariseus “diziam mas não faziam”, ou, em outras palavras, praticavam e encorajavam a hipocrisia (Mc 7:6).

b)    Os herodianos eram um grupo não religioso que apoiava Herodes, aceitava o estilo de vida mundano de Romano e via em Herodes e em seu governo politico o reino prometido para a nação judaica.

c)     Os Saduceus (Mt 16.6) tinham a incredulidade e o materialismo como ameaça para a fé dos discípulos.

Se esses falsos ensinamentos penetrassem o coração e a mente dos discípulos, contaminariam a verdade que Jesus proclamava a respeito de si mesmo e de seu reino.

Em se tratando de detectar e de evitar falsas doutrinas, todo cuidado é pouco. Basta um pequeno desvio da Palavra na vida de um indivíduo ou de uma congregação, e logo tudo é contaminado. Jesus não usava a injunção "Cuidado!" com frequência, mas quando o fazia, referia-se a algo extremamente importante!

 

3. O CEGO QUE APRENDE A VER – vv.22-26

Marcos relata dois milagres não encontrados nos outros Evangelhos: a cura de um homem surdo e gago (Mc 7:3137) e a cura de um homem cego fora de Betsaida (Mc 8:22-26). Podemos ver na cura desses dois homens uma ilustração da condição espiritual dos discípulos conforme descrita em Marcos 8:18! Os leitores judeus relacionariam esses dois milagres à promessa messiânica de Isaías 35.

Nas duas situações, os amigos levaram um homem até Jesus; nas duas situações, Jesus afastou o homem das multidões. Na verdade, no último caso, Jesus levou o homem para fora da cidade. Por quê? Provavelmente porque a cidade de Betsaida já havia sido julgada por sua incredulidade (Mt 11 :21-24) e não receberia mais outra demonstração do poder de Deus.

Um aspecto singular desses dois milagres de cura é que ambos ocorreram gradualmente, não de imediato. Os evangelhos registram a cura de pelo menos sete homens cegos e mostram que Jesus usou várias abordagens. Talvez pelo ambiente de incredulidade de Betsaida (ver Mc 6:5, 6), talvez pela própria condição espiritual do ser humano ou por alguma outra razão desconhecida, o homem não estava pronto a enxergar instantaneamente, de modo que Jesus o restaurou gradualmente. O fato de o homem ser capaz de reconhecer homens e árvores sugere que ele não era cego de nascença, mas que sua cegueira havia sido decorrente de um acidente ou enfermidade.

O homem não era de Betsaida, pois Jesus mandou-o para casa e o advertiu a não entrar na cidade. Uma vez que havia sido curado, por que teria de voltar para a cidade incrédula que havia rejeitado o Salvador? Cabia ao homem curado voltar à própria casa e espalhar as boas novas do reino, dando testemunho do poder de Deus ao mostrar aos outros aquilo que Jesus havia feito por ele (ver Mc 2:11; 5:34; 10:52).

Será que Jesus deveria ter dado outra oportunidade ao povo de Betsaida? Será que, se tivessem ouvido que havia restaurado a visão do cego, teriam crido? Não, Betsaida já havia recebido provas suficientes, mas ainda assim se recusara a crer. É perigoso rejeitar a mensagem de Deus e endurecer o coração com a incredulidade.

 

Aplicações.

Nessa viagem, os discípulos aprenderam algumas lições valiosas das quais precisariam se lembrar nos anos vindouros de ministério. São lições que também precisamos aprender:

1. Não se deve procurar sinais, mas sim viver pela fé na Palavra de Deus;

2. Deve-se confiar que Jesus suprirá nossas necessidades;

3. Deve-se evitar o fermento das falsas doutrinas. Há males progressivos que permeiam tudo em redor.

4. Deve-se deixar Jesus trabalhar como quiser e esperar que opere de maneiras diferentes.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário