Depois de Ensinar aos Judeus (Mc 7:1-23); Socorrer aos Gentios (Mc 7:24 - 8:9) agora Jesus Adverte aos Discípulos (Mc 8:10-26) quando ao perigo do mal que provém do coração dos fariseus.
1. A CEGUEIRA EXIGEJE SINAIS –
vv.10-13
Jesus e os discípulos foram para o lado oeste do mar da Galiléia, onde se encontraram com os fariseus que continuavam irados com Jesus por tê-los acusado de hipocrisia (Mc 7:1-23). Desta vez, desafiaram Cristo a provar sua autoridade divina dando-Ihes um sinal do céu. Não queriam um milagre terreno, como curar uma pessoa doente. Queriam que Jesus fizesse algo espetacular, como fazer descer fogo ou pão dos céus (Jo 6:30,31). Isso provaria que havia, de fato, sido enviado por Deus.
Jesus sentiu grande pesar e
decepção por ver os líderes religiosos do povo escolhido de Deus tão endurecidos
de coração e espiritualmente cegos! O desejo de receber um sinal do céu não
era apenas mais uma evidência da incredulidade deles, pois a fé não pede
sinais. A verdadeira fé crê na Palavra de Deus e se contenta com o testemunho
interior do Espírito.
Uma vez que Marcos escrevia
principalmente a leitores gentios, não incluiu as palavras de Jesus sobre o
sinal do profeta Jonas (Mt 16:4; e ver Mt 12:38-41). O que é "0 sinal
de Jonas"? Morte, sepultamento e ressurreição. A prova de que Jesus é,
verdadeiramente, quem diz ser é a realidade de sua morte, sepultamento e ressurreição
(At 2:2236; 3:12-26).
2. EXPERIÊNCIA NÃO APROVEITADA –
vv.14-21
Jesus deixou-os e passou para o
lado leste do mar da Galiléia. Durante a travessia, ensinou aos discípulos uma
lição espiritual importante. Pareciam tão cegos quanto os fariseus! Discutiam
sobre quanta comida tinham com eles, pois alguém havia esquecido de comprar
pão. Quem era o culpado?
Jesus deve ter se entristecido
muito diante da falta de discernimento espiritual de seus colaboradores.
O fato de haver multiplicado pães em duas ocasiões e de ter alimentado quase
dez mil pessoas não havia causado qualquer impacto sobre eles! Por que se
preocupar com pão quando Jesus estava no barco com eles? A mente dos discípulos
estava entorpecida, e seu coração, endurecido (ver Mc 6:52); seus olhos estavam
cegos, e seus ouvidos, surdos (ver Mc 4:11, 12).
O povo de Deus costuma ter a
tendência de esquecer as bênçãos que recebe (Sl 103:1,2). Jesus supre as
necessidades, mas quando surge um novo problema, começam as queixas e a
preocupação. Enquanto estivermos com Cristo, podemos ter certeza de que sempre
cuidará de nós. Seria bom parar de vez em quando para nos lembrarmos da bondade
e fidelidade do Senhor.
A lição principal, porém, diz
respeito ao fermento, não ao pão. Na Bíblia, o fermento costuma ser
usado para simbolizar o mal. Como o fermento, o mal é pequeno e invisível, mas
logo se espalha e contamina tudo a seu redor (GI 5:9).
A Bíblia usa o fermento como
ilustração das falsas doutrinas (GI 5:1-9), do pecado que não é condenado
dentro da igreja (1 Co 5) e da hipocrisia (Lc 12:1). Nesse contexto, Jesus
adverte seus discípulos sobre os ensinamentos (falsas doutrinas) dos fariseus e
dos seguidores de Herodes.
a) Os fariseus “diziam mas não faziam”, ou, em outras
palavras, praticavam e encorajavam a hipocrisia (Mc 7:6).
b) Os herodianos eram um grupo não religioso que apoiava
Herodes, aceitava o estilo de vida mundano de Romano e via em Herodes e em seu
governo politico o reino prometido para a nação judaica.
c) Os Saduceus (Mt 16.6) tinham a incredulidade e o
materialismo como ameaça para a fé dos discípulos.
Se esses falsos ensinamentos
penetrassem o coração e a mente dos discípulos, contaminariam a verdade que
Jesus proclamava a respeito de si mesmo e de seu reino.
Em se tratando de detectar e de
evitar falsas doutrinas, todo cuidado é pouco. Basta um pequeno desvio da
Palavra na vida de um indivíduo ou de uma congregação, e logo tudo é
contaminado. Jesus não usava a injunção "Cuidado!" com frequência,
mas quando o fazia, referia-se a algo extremamente importante!
3. O CEGO QUE APRENDE A VER –
vv.22-26
Marcos relata dois milagres não
encontrados nos outros Evangelhos: a cura de um homem surdo e gago (Mc 7:3137) e
a cura de um homem cego fora de Betsaida (Mc 8:22-26). Podemos ver na cura desses
dois homens uma ilustração da condição espiritual dos discípulos conforme descrita
em Marcos 8:18! Os leitores judeus relacionariam esses dois milagres à promessa
messiânica de Isaías 35.
Nas duas situações, os amigos
levaram um homem até Jesus; nas duas situações, Jesus afastou o homem das
multidões. Na verdade, no último caso, Jesus levou o homem para fora da
cidade. Por quê? Provavelmente porque a cidade de Betsaida já havia sido
julgada por sua incredulidade (Mt 11 :21-24) e não receberia mais outra
demonstração do poder de Deus.
Um aspecto singular desses dois
milagres de cura é que ambos ocorreram gradualmente, não de imediato. Os
evangelhos registram a cura de pelo menos sete homens cegos e mostram que Jesus
usou várias abordagens. Talvez pelo ambiente de incredulidade de Betsaida (ver
Mc 6:5, 6), talvez pela própria condição espiritual do ser humano ou por alguma
outra razão desconhecida, o homem não estava pronto a enxergar instantaneamente,
de modo que Jesus o restaurou gradualmente. O fato de o homem ser capaz de
reconhecer homens e árvores sugere que ele não era cego de nascença, mas que
sua cegueira havia sido decorrente de um acidente ou enfermidade.
O homem não era de Betsaida, pois
Jesus mandou-o para casa e o advertiu a não entrar na cidade. Uma vez que havia
sido curado, por que teria de voltar para a cidade incrédula que havia
rejeitado o Salvador? Cabia ao homem curado voltar à própria casa e espalhar as
boas novas do reino, dando testemunho do poder de Deus ao mostrar aos outros aquilo
que Jesus havia feito por ele (ver Mc 2:11; 5:34; 10:52).
Será que Jesus deveria ter dado
outra oportunidade ao povo de Betsaida? Será que, se tivessem ouvido que havia restaurado
a visão do cego, teriam crido? Não, Betsaida já havia recebido provas
suficientes, mas ainda assim se recusara a crer. É perigoso rejeitar a mensagem
de Deus e endurecer o coração com a incredulidade.
Aplicações.
Nessa viagem, os discípulos
aprenderam algumas lições valiosas das quais precisariam se lembrar nos anos
vindouros de ministério. São lições que também precisamos aprender:
1. Não se
deve procurar sinais, mas sim viver pela fé na Palavra de Deus;
2. Deve-se
confiar que Jesus suprirá nossas necessidades;
3. Deve-se
evitar o fermento das falsas doutrinas. Há males progressivos que permeiam tudo
em redor.
4. Deve-se deixar Jesus trabalhar como quiser e esperar que opere de maneiras diferentes.

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