Estamos vendo nesta seção três
ministérios de Jesus, o Servo e Mestre:
1. O Ensino aos Judeus (Mc
7:1-23)
2. A Ajuda aos Gentios (Mc 7:24 - 8:9)
a.
A expulsão de um demônio (7.24-30).
b.
A cura de um homem surdo (7. 31-37).
c.
A alimentação dos quatro mil (8. 1-9).
3.
A Advertência aos
Discípulos (Mc 8:10-26)
Marcos relata três milagres que Jesus realizou quando ministrou aos gentios da região de Tiro e Sidom. Essa é a única ocasião registrada em que Jesus deixa a Palestina, colocando em prática o que havia acabado de ensinar aos discípulos: não há distinção entre judeus e gentios, pois todos são pecadores e precisam do Salvador.
a) Jesus levou o homem a sós, a parte da multidão.
Mostrou assim consideração.
A região de Decápolís ("dez cidades") também era
território gentio, mas quando Jesus partiu dessa região, seu povo estava
glorificando o Deus de Israel (Mt 15:30,31). O homem levado até Jesus sofria de
uma deficiência na audição e também na fala, e Jesus o curou. Esse milagre é
registrado somente em Marcos e deve ter sido apreciado de maneira especial por
seus leitores romanos, pois a região das "dez cidades" tinha a mesma
cultura e os mesmos costumes de Roma.
Jesus levou o homem para longe da multidão para curá-lo em
particular e para que ele não se transformasse numa atração para o povo. Uma
vez que era surdo, o homem não ouviu as palavras de Jesus, mas sentiu os dedos
dele em seus ouvidos e o toque em sua língua, estimulando, assim, a sua fé. O
"suspiro" foi um gemido interior, a compaixão de Jesus diante da dor
e sofrimento que o pecado havia trazido ao mundo.
b) Durante todo o milagre Jesus atuou sem
falar, agiu com toques nas orelhas e língua.
Também fez uma oração ao Pai pelo homem deficiente (a mesma
palavra é usada com respeito à oração em Rm 8:23, e o substantivo em Rm 8:26). Efatá
é uma palavra aramaica que significa "abre-te, liberta-te". O
homem não ouviu Jesus falar, mas a criação ouviu a ordem do Criador, e o homem
foi curado. Tanto a língua quanto os ouvidos voltaram a funcionar normalmente.
A maioria das pessoas a quem Jesus ministrava não obedecia à sua
instrução clara para que se mantivesse calada quanto ao milagre – os
“mandamentos para serem desobedecidos” (ver Mc 1:34, 44; 3: 12; 5:43). Em
decorrência disso, logo se juntava mais uma grande multidão com inúmeros enfermos
e deficientes. Apesar de estar tentando descansar um pouco, Jesus curou todos,
e, como resultado, os gentios "glorificavam ao Deus de Israel" (Mt
15:31).
2. A ALIMENTAÇÃO DOS QUATRO MIL (vv. 1-9).
a) Jesus mostra compaixão pelas pessoas. Uma e outra
vez vemos Jesus movido pela compaixão para com os homens. O mais notável a
respeito de Jesus é sua consideração. Agora, a consideração é uma virtude que
nunca descuida os detalhes da vida. Jesus, sempre que confrontado com uma alma
perdida ou um corpo doente, seu primeiro instinto era ajudar.
b) Jesus desafia os seus discípulos. A compaixão
se converteu em desafio. De fato, Jesus lhes estava dizendo: "Não tratem
de passar a responsabilidade a outra pessoa. Não digam que ajudariam se
tivessem algo que dar. Não digam que nestas circunstâncias é impossível ajudar.
Tomem o que têm e deem e vejamos o que acontece".
Os críticos que procuram contradições na Bíblia geralmente
confundem este milagre com aquele da alimentação dos cinco mil, registrado nos
quatro Evangelhos. Somente Mateus e Marcos relatam esse acontecimento, e não é
difícil distingui-lo do outro milagre.
Primeira multiplicação – Mc
6.30-44 |
Segunda multiplicação – Mc
8.1-9 |
Ocorreu na Galileia, perto de
Betsaida |
Ocorreu perto de Decápolis |
Envolveu principalmente os
judeus |
Envolveu principalmente os
gentios |
Cinco pães e dois peixes |
Sete pães e "alguns
peixinhos" |
Cinco mil haviam passado um dia |
Quatro mil passaram três dias |
Recolhidos doze cestos de
sobras |
Recolhidos apenas sete cestos |
Cestos pequenos (kophinos); |
Cestos grandes (spuris) -
At 9:25 |
c) Jesus nos encoraja ao serviço vencendo a
cegueira
Mais uma vez, somos encorajados pela compaixão de Jesus e por seu
controle absoluto sobre a situação. No entanto, somos desencorajados pela
cegueira e incredulidade dos discípulos. Acaso haviam se esquecido do milagre
anterior? Porém, não se deve julgá-los com severidade, pois quantas vezes nós
mesmos esquecemos as misericórdias de Deus? É preciso lembrar que Jesus Cristo
ainda é o mesmo e que tem a solução para todos os problemas. Tudo o que precisamos
fazer é confiar nele, colocar a vida em suas mãos e obedecer.
Aplicações.
a. Jesus quer curar os que são
espiritualmente surdos e gagos, que não escutam bem a voz de Deus e nem falam
claramente com Ele.
b. Jesus agiu entre os gentios, em
resposta ao esforço dos amigos que trouxeram o surdo a Cristo;
c. Jesus usa um processo diferente e
inusitado para curar, mostrando que cada necessidade exige uma ação específica.
Jesus não padroniza seu modo de agir.
d. A compaixão nos move a atender as
necessidades materiais e espirituais do povo sem Cristo.
e. Sempre haverá pessoas com fome, em
lugares desertos e nós deveremos providenciar alimento para elas.
f. A cura do surdo e do endemoninhado
gadareno produziu um testemunho que atraiu aquela multidão que se aglomerou em
busca de Jesus.
g. Devemos ver nas multiplicações de
pães, a vinda do pão de Deus aos judeus e aos gentios.
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