Esse episódio envolveu vários milagres: Jesus
andou sobre as águas, Pedro andou sobre as águas (Marcos não registra esse fato;
ver Mt 14:28-32), Jesus acalmou a tempestade e, por fim, chegaram à outra
margem imediatamente depois de Jesus ter entrado no barco (Jo 6:21). Sem
dúvida, foi uma noite repleta de maravilhas para os doze apóstolos!
1. Jesus
Preserva os Discípulos
Por que Jesus ordenou que seus
discípulos partissem? Porque a multidão estava ficando agitada, e havia o
perigo de começarem uma revolta popular para colocar Jesus como rei (Jo 6:14,15).
Os doze apóstolos não estavam preparados para esse tipo de teste, pois seu
conceito do reino ainda era excessivamente nacional e político.
Além disso, Jesus desejava-lhes ensinar uma lição de fé a fim de prepará-los para o trabalho que teriam diante deles depois que ele partisse. Os discípulos tinham acabado de completar uma missão extremamente bem-sucedida, curando doentes e pregando o evangelho. Haviam participado do milagre da alimentação dos cinco mil. Estavam vivendo no "ápice espiritual", e esse fato, por si só, era perigoso. É bom estar no alto da montanha, desde que não nos descuidemos e acabemos caindo num precipício.
2. Bençãos e
Fardos
As bênçãos espirituais devem ser
contrabalançadas com fardos e batalhas, do contrário, corremos o risco de nos
tornar crianças mimadas, em vez de filhos e filhas maduros. Numa ocasião
anterior, Jesus havia conduzido seus discípulos a uma tempestade no final de um
dia repleto de ensinamentos (Mc 4:35-41). Agora, depois de realizar vários
milagres, volta a conduzi-los a uma tempestade.
É interessante observar que, no Livro de
Atos, a "tempestade" da perseguição oficial começou depois que os
discípulos haviam ganho cinco mil pessoas para Cristo (At 4:1-4). É possível
que, enquanto estavam presos, os apóstolos tenham se lembrado da tempestade que
se seguiu à alimentação dos cinco mil e que tenham se encorajado mutuamente com
a certeza de que Jesus os socorreria e acompanharia...
3. Experiências Requerem mais Fé
Cada nova experiência de prova requer mais fé e coragem. Na
primeira tempestade, Jesus estava no barco junto com os discípulos. Dessa vez,
porém, permanecera no monte orando por eles. O Mestre os ensinava a viver pela
fé. (Cabe lembrar que, mesmo quando Jesus estava no barco, os discípulos
tiveram medo!) Essa cena ilustra a situação do povo de Deus hoje: estamos no
meio deste mundo tempestuoso, batalhando e, ao que tudo indica, prontos para afundar,
mas Jesus está na glória, intercedendo por nós. Quando o momento for mais sombrio,
virá até nós - e chegaremos à praia!
As ondas que atemorizaram os discípulos (inclusive os pescadores
do grupo) serviram de degraus para conduzir o Senhor Jesus até eles. Esperou
até a situação tornar-se desesperadora a ponto de não poderem fazer mais coisa
alguma para se salvar. Mas por que pareceu que Jesus pretendia passar direto por
eles? Porque quis que o reconhecessem, cressem nele e o convidassem a entrar no
barco. Em vez disso, os discípulos gritaram de pavor, pois pensaram que fosse um
fantasma!
4. Três Palavras Tranquilizadoras
Jesus tranquilizou-os, dizendo: "Tende bom ânimo! Sou eu. Não
temais!" (Mc 6:50). Foi então que Pedro pediu a Jesus para se encontrar
com ele sobre as águas, porém Marcos omite esse detalhe. Diz a tradição que
Marcos escreveu como porta-voz de Pedro, de modo que, talvez, Pedro tenha hesitado
em incluir essa experiência, a fim de não dar às pessoas uma impressão errada. É
fácil criticar Pedro por afundar, mas será que teríamos chegado a sair do
barco?
5. A Fé dos Discípulos é Reprovada
Os discípulos foram reprovados nesse teste, pois lhes faltou
discernimento espiritual e um coração receptivo. O milagre dos pães e peixes
não havia causado impacto duradouro na vida deles. Afinal, se Jesus era capaz
de multiplicar a comida e de alimentar milhares de pessoas, por certo também podia
protegê-los da tempestade. Mesmo um discípulo de Jesus Cristo é capaz de
desenvolver um coração endurecido, se não responder às lições espirituais que
precisam ser aprendidas ao longo da vida e do ministério.
Ao recapitular esses dois milagres, é possível ver que Jesus
oferece provisão e proteção. "O SENHOR é o meu pastor; nada me
faltará. [...] não temerei mal nenhum" (Sl 23:1, 4). Quem nele confia
sempre terá provisão e segurança, qualquer que seja a situação. O importante é
confiar em Jesus.
6. Um Contraste de Fé
Marcos encerra esta seção em tom positivo ao descrever o povo que
trouxe enfermos para Jesus curar: pessoas que creram e cuja fé foi
recompensada. Trata-se de um contraste nítido com Nazaré, onde poucos foram
curados, pois o povo não tinha fé. "E esta é a vitória que vence o mundo:
a nossa fé" (1Jo 5:4). Confie no Servo! Ele nunca falha.
Algumas vezes Jesus deve ter contemplado as multidões com certa
tristeza, pois nelas seriam muito poucos os que não fossem com o propósito de
obter algo dele. Iam obter. Iam com suas insistentes demandas. Em outras
palavras: foram usar a Jesus.
1. Há os que simplesmente fazem uso de seus lares. Isto
acontece especialmente com os jovens. Consideram que seus lares existem para
atender a sua comodidade e conveniência. Existe para ir comer e dormir e
encontrar as coisas feitas; mas certamente um lar é um lugar ao qual devemos
contribuir, e não estar aproveitando dele todo o tempo.
2. Há quem simplesmente usa a seus amigos. Há certas
pessoas das quais nunca recebemos uma carta e sim para nos pedir algo. Há quem
imagina que os outros existem para ajudá-los quando necessitam ajuda, e
esquecê-los quando não podem usá-los.
3. Há quem simplesmente faz uso da Igreja. Querem a
Igreja para batizar seus filhos, casar a seus jovens e enterrar a seus mortos.
Raramente são vistos ali, a não ser quando necessitem algum serviço. Sua
atitude inconsciente é que a Igreja existe para servi-los, mas que eles não têm
nenhuma obrigação para com ela.
4. Há quem simplesmente faz uso de Deus. Nunca se
lembram dele a não ser que o necessitem. Suas únicas orações são pedidos e até
demanda a Deus. Alguns consideram a Deus como uma sorte de regulamento
universal que está As suas ordens para satisfazer os seus caprichos.
Se examinarmos a nós mesmos descobriremos que todos somos culpados
em alguma medida destas coisas. O coração de Jesus se regozijaria se fôssemos
mais frequentemente para lhe oferecer nosso amor, nosso serviço, nossa devoção,
e menos a miúdo para lhe pedir a ajuda que necessitamos.
Aplicações
1. Jesus está no alto, intercedendo, mas
a fé dos discípulos considera-o sempre presente, e superior à andas da
tribulação.
2. Jesus vê como são contrários os
ventos, e virá a nós, e nos levará para à praia em segurança;
3. Renovado pela oração na montanha,
Jesus volta ao seu trabalho na planície e os que o tocam são sarados.
4. Aprendemos com Jesus sobre a
necessidade de servir às necessidades físicas do povo e como estes se sentiam
atraídos a Ele, provando que ele salva.
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