3 de ago. de 2022

Impedidos de Reconhecer o Senhor

 
Marcos 6.45-56
 Fé no Servo – Impedidos de Reconhecer o Senhor

Esse episódio envolveu vários milagres: Jesus andou sobre as águas, Pedro andou sobre as águas (Marcos não registra esse fato; ver Mt 14:28-32), Jesus acalmou a tempestade e, por fim, chegaram à outra margem imediatamente depois de Jesus ter entrado no barco (Jo 6:21). Sem dúvida, foi uma noite repleta de maravilhas para os doze apóstolos!

1. Jesus Preserva os Discípulos

Por que Jesus ordenou que seus discípulos partissem? Porque a multidão estava ficando agitada, e havia o perigo de começarem uma revolta popular para colocar Jesus como rei (Jo 6:14,15). Os doze apóstolos não estavam preparados para esse tipo de teste, pois seu conceito do reino ainda era excessivamente nacional e político.

Além disso, Jesus desejava-lhes ensinar uma lição de fé a fim de prepará-los para o trabalho que teriam diante deles depois que ele partisse. Os discípulos tinham acabado de completar uma missão extremamente bem-sucedida, curando doentes e pregando o evangelho. Haviam participado do milagre da alimentação dos cinco mil. Estavam vivendo no "ápice espiritual", e esse fato, por si só, era perigoso. É bom estar no alto da montanha, desde que não nos descuidemos e acabemos caindo num precipício.

2. Bençãos e Fardos

As bênçãos espirituais devem ser contrabalançadas com fardos e batalhas, do contrário, corremos o risco de nos tornar crianças mimadas, em vez de filhos e filhas maduros. Numa ocasião anterior, Jesus havia conduzido seus discípulos a uma tempestade no final de um dia repleto de ensinamentos (Mc 4:35-41). Agora, depois de realizar vários milagres, volta a conduzi-los a uma tempestade.

É interessante observar que, no Livro de Atos, a "tempestade" da perseguição oficial começou depois que os discípulos haviam ganho cinco mil pessoas para Cristo (At 4:1-4). É possível que, enquanto estavam presos, os apóstolos tenham se lembrado da tempestade que se seguiu à alimentação dos cinco mil e que tenham se encorajado mutuamente com a certeza de que Jesus os socorreria e acompanharia...

3. Experiências Requerem mais Fé

Cada nova experiência de prova requer mais fé e coragem. Na primeira tempestade, Jesus estava no barco junto com os discípulos. Dessa vez, porém, permanecera no monte orando por eles. O Mestre os ensinava a viver pela fé. (Cabe lembrar que, mesmo quando Jesus estava no barco, os discípulos tiveram medo!) Essa cena ilustra a situação do povo de Deus hoje: estamos no meio deste mundo tempestuoso, batalhando e, ao que tudo indica, prontos para afundar, mas Jesus está na glória, intercedendo por nós. Quando o momento for mais sombrio, virá até nós - e chegaremos à praia!

As ondas que atemorizaram os discípulos (inclusive os pescadores do grupo) serviram de degraus para conduzir o Senhor Jesus até eles. Esperou até a situação tornar-se desesperadora a ponto de não poderem fazer mais coisa alguma para se salvar. Mas por que pareceu que Jesus pretendia passar direto por eles? Porque quis que o reconhecessem, cressem nele e o convidassem a entrar no barco. Em vez disso, os discípulos gritaram de pavor, pois pensaram que fosse um fantasma!

4. Três Palavras Tranquilizadoras

Jesus tranquilizou-os, dizendo: "Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!" (Mc 6:50). Foi então que Pedro pediu a Jesus para se encontrar com ele sobre as águas, porém Marcos omite esse detalhe. Diz a tradição que Marcos escreveu como porta-voz de Pedro, de modo que, talvez, Pedro tenha hesitado em incluir essa experiência, a fim de não dar às pessoas uma impressão errada. É fácil criticar Pedro por afundar, mas será que teríamos chegado a sair do barco?

5. A Fé dos Discípulos é Reprovada

Os discípulos foram reprovados nesse teste, pois lhes faltou discernimento espiritual e um coração receptivo. O milagre dos pães e peixes não havia causado impacto duradouro na vida deles. Afinal, se Jesus era capaz de multiplicar a comida e de alimentar milhares de pessoas, por certo também podia protegê-los da tempestade. Mesmo um discípulo de Jesus Cristo é capaz de desenvolver um coração endurecido, se não responder às lições espirituais que precisam ser aprendidas ao longo da vida e do ministério.

Ao recapitular esses dois milagres, é possível ver que Jesus oferece provisão e proteção. "O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará. [...] não temerei mal nenhum" (Sl 23:1, 4). Quem nele confia sempre terá provisão e segurança, qualquer que seja a situação. O importante é confiar em Jesus.

6. Um Contraste de Fé

Marcos encerra esta seção em tom positivo ao descrever o povo que trouxe enfermos para Jesus curar: pessoas que creram e cuja fé foi recompensada. Trata-se de um contraste nítido com Nazaré, onde poucos foram curados, pois o povo não tinha fé. "E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé" (1Jo 5:4). Confie no Servo! Ele nunca falha.

Algumas vezes Jesus deve ter contemplado as multidões com certa tristeza, pois nelas seriam muito poucos os que não fossem com o propósito de obter algo dele. Iam obter. Iam com suas insistentes demandas. Em outras palavras: foram usar a Jesus.

1. Há os que simplesmente fazem uso de seus lares. Isto acontece especialmente com os jovens. Consideram que seus lares existem para atender a sua comodidade e conveniência. Existe para ir comer e dormir e encontrar as coisas feitas; mas certamente um lar é um lugar ao qual devemos contribuir, e não estar aproveitando dele todo o tempo.

2. Há quem simplesmente usa a seus amigos. Há certas pessoas das quais nunca recebemos uma carta e sim para nos pedir algo. Há quem imagina que os outros existem para ajudá-los quando necessitam ajuda, e esquecê-los quando não podem usá-los.

3. Há quem simplesmente faz uso da Igreja. Querem a Igreja para batizar seus filhos, casar a seus jovens e enterrar a seus mortos. Raramente são vistos ali, a não ser quando necessitem algum serviço. Sua atitude inconsciente é que a Igreja existe para servi-los, mas que eles não têm nenhuma obrigação para com ela.

4. Há quem simplesmente faz uso de Deus. Nunca se lembram dele a não ser que o necessitem. Suas únicas orações são pedidos e até demanda a Deus. Alguns consideram a Deus como uma sorte de regulamento universal que está As suas ordens para satisfazer os seus caprichos.

Se examinarmos a nós mesmos descobriremos que todos somos culpados em alguma medida destas coisas. O coração de Jesus se regozijaria se fôssemos mais frequentemente para lhe oferecer nosso amor, nosso serviço, nossa devoção, e menos a miúdo para lhe pedir a ajuda que necessitamos.

Aplicações

1.      Jesus está no alto, intercedendo, mas a fé dos discípulos considera-o sempre presente, e superior à andas da tribulação.

2.    Jesus vê como são contrários os ventos, e virá a nós, e nos levará para à praia em segurança;

3.     Renovado pela oração na montanha, Jesus volta ao seu trabalho na planície e os que o tocam são sarados.

4.    Aprendemos com Jesus sobre a necessidade de servir às necessidades físicas do povo e como estes se sentiam atraídos a Ele, provando que ele salva.

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