As conquistas do servo: 1. Vitória sobre o perigo (Mc 4:35-41); 2. Vitória sobre demônios (Mc 5:1-20); 3. Vitória sobre a enfermidade (Mc 5:21-34); 4. Vitória sobre a morte (Mc 5:35-43)
Não foi
fácil para Jairo pedir publicamente que Jesus o ajudasse. Os líderes religiosos
que se opunham a Cristo certamente não aprovariam essa atitude, nem mesmo os
líderes da sinagoga.
Aquilo que Jesus havia feito e ensinado na sinagoga havia provocado a ira dos escribas e fariseus, alguns dos quais provavelmente eram amigos de Jairo. Porém, como tantas outras pessoas que se aproximam de Jesus, Jairo estava desesperado. Preferia perder os amigos a perder sua filha.
É
interessante ver como Jesus tratou com Jairo e o conduziu a uma grande vitória.
Ao longo desse episódio, observamos que foram as palavras do Senhor que
fizeram a diferença. Consideremos, portanto, as três declarações que Jesus fez.
1. A PALAVRA DE FÉ (v. 36).
Nesse
ponto, Jairo teve de escolher entre acreditar em seu amigo ou em Jesus. Por
certo, todo seu ser encheu-se de profunda tristeza quando ficou sabendo que a
filha havia morrido.
Mas
Jesus o tranquilizou dizendo: "Não temas, crê somente". Em
outras palavras: "Você possuía alguma fé quando me procurou, e essa fé foi
estimulada quando viu o que fiz por aquela mulher. Não desista! Continue
crendo!"
Não foi
tão difícil para Jairo crer no Senhor enquanto sua filha ainda estava viva e
enquanto Jesus o acompanhava até sua casa. Mas quando Jesus se deteve para
curar a mulher e seus amigos chegaram com as más notícias da morte da filha,
isso pode ter afetado sua fé.
Não devemos,
porém, julgá-lo com severidade, pois é provável que também tenhamos dúvidas quando
nos sentimos sobrepujados pelas circunstâncias e pelos sentimentos.
Por
vezes, Deus demora a intervir, e nos perguntamos o que o está detendo. É nesse momento
que precisamos de uma "palavra especial de fé" do Senhor, e recebemos
essa certeza quando dedicamos tempo à Palavra de Deus.
2. A PALAVRA DE ESPERANÇA (v.
39).
Quando chegaram
à casa de Jairo, viram e ouviram os pranteadores profissionais que sempre apareciam
quando alguém morria. De acordo com a tradição judaica, deveriam clamar em alta
voz, chorar e se lamentar com a família e os amigos.
O
lamento das flautas, os gritos dos enfermos, os apaixonados chamados do morto,
as roupas rasgadas, os cabelos desgrenhados, devem ter convertido uma casa
judia em um patético lugar em um dia de luto.
A
presença dos pranteadores na casa era prova de que a menina estava morta, pois
a família não os teria chamado, caso ainda houvesse qualquer esperança. "A
criança não está morta, mas dorme", foram as palavras de esperança do
Senhor a Jairo e sua esposa.
Para o
cristão, a morte é apenas um sono, pois o corpo descansa até o momento da
ressurreição (1 Ts 4:13-18). O espírito não dorme, pois quando o cristão morre,
seu espírito deixa o corpo (Tg 2:26) e vai para junto de Cristo (Fp 1:20-23). É
o corpo que dorme, aguardando a volta do Senhor e a ressurreição (1 Co
15:51-58). Essa verdade é um grande encorajamento para todos os que perdem amigos
e entes queridos cristãos. É a palavra de esperança de Jesus para nós.
3. A PALAVRA DE AMOR E PODER (v. 41).
A incredulidade
zomba da Palavra de Deus, mas a fé apega-se a ela e experimenta o poder de
Deus. Jesus não realizou esse milagre de maneira espalhafatosa, pois se
sensibilizou com a dor dos pais e se entristeceu com a atitude desdenhosa dos
pranteadores.
"Talitá
cumi!" é a expressão aramaica para "Menina, levanta-te!", ao que
Jesus acrescentou: "eu te mando" (com ênfase no pronome eu), pois foi
por sua autoridade que o espírito da menina voltou ao corpo (Lc 8:55). Essas
palavras não são uma fórmula mágica para ressuscitar mortos.
A
menina não apenas voltou a viver, mas também foi curada de sua doença, pois
conseguiu sair da cama e andar. Como Médico amoroso, Jesus instruiu os pais a
alimentar a menina, a fim de fortalecê-Ia. Milagres divinos não são substitutos
para o bom senso, pois quando ignoramos os cuidados humanos, tentamos a Deus.
Como
nos milagres anteriores, Jesus pediu às testemunhas que não falassem sobre o
assunto (Mc 1:44; 3:12). É possível que os pranteadores tenham espalhado a
notícia de que a menina havia estado em "coma", não morta, portanto,
que não havia ocorrido milagre algum! No entanto, o milagre foi operado na
presença de algumas testemunhas.
Segundo
a Lei, eram necessárias apenas duas ou três pessoas para corroborar um fato (Dt
17:6; 19:15), mas, nesse caso, houve cinco testemunhas! Temos motivos
para concluir que Jairo e sua esposa creram em Jesus Cristo, apesar de não
voltarem a ser mencionados nos relatos dos Evangelhos. Ao longo de toda a sua
vida, essa menina foi uma testemunha do poder de Jesus Cristo.
4. RELATO DE CONTRASTES.
1. O
contraste entre o desespero dos
enfermos e a esperança de
Jesus. "Não incomode o Mestre", dizia o povo. "Já não há nada
que fazer." "Não temas", disse Jesus. "Crê somente."
Em um caso fala a voz do desespero; no outro, a voz da esperança.
2. O
contraste entre a angústia desassossegada dos
enfermos e a tranquila serenidade de
Jesus. Uns estavam gritando e chorando e desgrenhando o cabelo e rasgando a
roupa em um paroxismo de dor. Ele estava tranquilo e sereno e mantinha seu
domínio próprio.
Qual
foi a razão desta diferença? A perfeita confiança que Jesus tinha em Deus. O
pior desastre humano pode ser enfrentado com coragem e galhardia quando o
enfrentamos com Deus.
Riam dele porque
pensavam que sua esperança era infundada e sua calma equivocada. Mas a grande
realidade da vida cristã é que o que parece completamente impossível para os
homens é possível para Deus. O que do ponto de vista humano é muito bom para
ser verdade, torna-se felizmente verdade quando Deus está ali.
Riram-se dele, mas
essa risada deve ter-se transformado em assombro quando viram o que Deus pode
fazer. Não há nada impossível de encarar, nem nada impossível de conquistar nem
sequer a morte – quando se encara e se conquista no amor de Deus que é em
Cristo Jesus.
Aplicações
1.
Uma interrupção pode ser uma prova de fé. Visto que a menina estava nas
últimas, a demora com a mulher doente deve ter afligido bastante o pai da
criança;
2.
Jesus, ao receber a notícia do falecimento da criança, apressou-se a
reanimar o pai: “Não temas! Crê somente!”;
3.
O salvador corresponde à medida da fé do indivíduo:
a.
quem crê que um mero contato trará saúde, prova que assim é (v.28)
b.
quem sente a necessidade da presença do Salvador na sua casa (v. 23) terá
Cristo ali consigo;
c.
quem conta que uma palavra de Jesus será suficiente (Mt 8.8), prova que
até isto basta.
Aplicações Gerais
Por
certo, o Servo de Deus conquistou o perigo, os demônios, as enfermidades e a morte.
Essa
série de milagres mostra como Jesus foi ao encontro de pessoas de todo tipo e
as socorreu, desde seus próprios discípulos até dois homens endemoninhados, e
garante que o Senhor também é capaz de nos ajudar hoje.
Isso
não significa que Deus sempre socorre as pessoas em perigo (ver At 12)
ou que cura todas as aflições (ver 2 Co 12:1-10), mas sim que tem a
autoridade suprema e que não precisamos temer.
Em tudo
somos "mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (Rm 8:37).

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