13 de jul. de 2022

Reagindo Diante da Incredulidade


 Marcos 6.1-13
 Fé no Servo – Reagindo diante da Incredulidade

Jesus está desenvolvendo seu ministério na Galiléia (cap. 1-9), no período de “popularidade”. Já vimos que a apresentação do Servo, aquilo que ele nos oferece, como ele tratou as multidões e o reino, e as suas conquistas.

Agora entramos no tema da Fé no Servo, ou da rejeição, da  falta de fé, da incredulidade. O capítulo 6 mostra a incredulidade dos seus “conhecidos”, dos seus “inimigos” e de seus “seguidores”.

De acordo com Charles Darwin, a fé é "a distinção mais completa entre o homem e os animais inferiores". Caso essa observação seja verdadeira, sugere que a falta de fé por parte do homem coloca-o no mesmo nível dos animais!

O orador agnóstico Coronel Robert Ingersoll sugeriu outro ponto de vista, pois descreveu o cristão como "um pássaro mudo dentro de uma gaiola". Provavelmente, é mais fácil concordar que as palavras dele descrevem, na verdade, um incrédulo!

Um dos temas centrais desta seção do Evangelho de Marcos é a incredulidade das pessoas que se aproximaram do Servo de Deus. Tinham motivos de sobra para acreditar em Jesus Cristo, mas, ainda assim, todas essas pessoas, inclusive os próprios discípulos, mostraram-se incrédulas!

Ao estudar todo este capítulo 6, devemos ter sempre em mente a admoestação solene de Hebreus 3:12: "Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo". Deus leva a incredulidade a sério, de modo que devemos fazer o mesmo.

 

1. A INCREDULIDADE DE SEUS CONHECIDOS (Mc 6:1-6)

1.1. Volta como um Mestre

Jesus retornou a Nazaré onde, um ano antes, havia sido rejeitado pelo povo e expulso da sinagoga (Lc 4:16-30). Sem dúvida, foi uma demonstração de graça da parte do Senhor dar às pessoas uma nova oportunidade de ouvir suas Palavras, crer e receber a salvação. No entanto, o coração do povo continuava endurecido. Dessa vez, não expulsou nenhum demônio, apenas curou poucas pessoas.

Novamente, a reputação de Jesus o havia precedido, e lhe foi permitido falar na sinagoga. Não devemos esquecer que ele ministrava a pessoas que o conheciam bem, pois havia crescido em Nazaré. Porém, era gente sem qualquer percepção espiritual. Jesus os lembrou do que havia dito em sua primeira visita: que um profeta não tem honra em sua própria terra e entre seu próprio povo (Mc 6:4; Lc 4:24; Jo 4:44).

1.2. Um Mestre Diferenciado

Duas coisas causaram espanto a essas pessoas: as palavras poderosas e a sabedoria maravilhosa do Mestre. Jesus não operou milagre algum enquanto estava lá, de modo que o povo devia estar se referindo a relatos que havia ouvido acerca dos grandes feitos e prodígios do Senhor (ver Mc 1:28,45; 3:7,8; 5:20,21). Na verdade, foi a incredulidade deles que impediu Jesus de realizar um grande ministério em seu meio.

O que havia de errado com eles? Por que não conseguiram crer no Senhor e experimentar seu poder e sua graça, como outro experimentaram? Porque pensavam que o conheciam. Afinal, Jesus havia sido vizinho deles por cerca de trinta anos, e todos o viram trabalhando como carpinteiro, de modo que, para eles, Jesus parecia ser apenas mais um nazareno. Era um "cidadão comum", e o povo não viu motivo para se sujeitar a ele!

Convém, no entanto, considerar essa ideia com cautela. Podemos, por acaso, imaginar marido e esposa desprezando-se só porque são íntimos? Ou dois amigos que comecem a se tratar com desdém só porque sua amizade cresceu ao longo dos anos?

1.3. Um Mestre Rejeitado

O desdém demonstrado pelos nazarenos não refletia coisa alguma do caráter de Jesus; antes, revelou muita coisa sobre a natureza do próprio povo!

Naquele tempo, o carpinteiro era um artesão respeitado, mas ninguém esperava que um carpinteiro fizesse milagres ou ensinasse verdades espirituais na sinagoga. De onde tirava todo aquele poder e sabedoria? De Deus ou de Satanás? (ver Mc 3:22).

Por que seus irmãos não tinham o mesmo poder e sabedoria? E mais, por que nem mesmo eles acreditavam em Jesus? As pessoas que chamavam Jesus de "filho de Maria" estavam, na verdade, tentando ofendê-lo, pois, naquela época, um homem era identificado de acordo com o pai, não com a mãe.

1.4. Um Mestre que Escandalizava

O povo de Nazaré se "escandalizava com ele". Literalmente, haviam "tropeçado nele". O termo grego para "pedra de tropeço" dá origem à nossa palavra escândalo. "Uma vez que não conseguiram explicá-lo, optaram por rejeitá-lo". Sem dúvida, Jesus foi "uma pedra de tropeço" para essa gente por causa da incredulidade deles (Is 8:14; Rm 9:32, 33; 1 Pe 2:8).

Em duas ocasiões, nos relatos dos Evangelhos, se diz que Jesus admirou-se. Como essa passagem mostra, ele se espantou com a incredulidade dos judeus e também com a fé do centurião romano e gentio (Lc 7:9).

Em vez de permanecer em Nazaré, Jesus partiu e percorreu, mais uma vez, diversas cidades e vilas na Galiléia. Seu coração se entristeceu profundamente ao ver a situação precária do povo (Mt 9:35-38), de modo que decidiu enviar seus discípulos para ministrar com sua autoridade e poder.

 

2. A RESPOSTA DIANTE DA INCREDULIDADE (Mc 6:7-13)

2.1. O Mestre que Envia

O termo grego traduzido por enviar, em Marcos 6:7, é apostello, de onde vem a palavra "apóstolo". Significa "enviar alguém com uma comissão especial a fim de representar alguém e de realizar seu trabalho".

Jesus concedeu a esses doze homens tanto autoridade apostólica quanto capacitação divina para realizar o trabalho para o qual ele os havia comissionado. Não estariam trabalhando "por conta própria", mas sim representando Jesus em tudo o que fizessem e dissessem.

Quando Jesus chamou os doze apóstolos, seu propósito era ensiná-los e treiná-los para que pudessem auxiliá-lo e, no tempo certo, tomar seu lugar quando voltasse para o Pai (Mc 3:13-15). Antes de enviá-los, reafirmou a autoridade que havia lhes concedido para curar e expulsar demônios (Mc 6:7) e lhes deu algumas instruções (ver Mc 10 para um relato mais detalhado deste sermão).

 

2.2. O Mestre que Sustenta

Ordenou que levassem aquilo que já possuíam e que não comprassem qualquer equipamento especial para a viagem. Não deveriam carregar qualquer bagagem desnecessária (a urgência dessa "comissão" é inequívoca).

Jesus desejava que estivessem adequadamente supridos, mas não a ponto de deixar de viver pela fé. A palavra "alforje" refere-se à "sacola de um mendigo". De maneira alguma, porém, deveriam mendigar por alimento ou dinheiro.

Em seu ministério itinerante, encontrariam hospitalidade e hostilidade, amigos e inimigos. Jesus advertiu-os a ficar apenas numa casa em cada comunidade e a não ser "enjoados" quanto à comida e às acomodações que lhes oferecessem. Afinal, estavam lá para ser servos úteis, não hóspedes mimados.

2.3. O Mestre que Ensina Lidar com Rejeição

Se uma casa ou vila não os recebesse, tinham permissão de declarar julgamento divino sobre aquelas pessoas. Era costume dos judeus sacudir as sandálias quando deixavam um território gentio, mas um judeu fazer isso em sua própria terra seria algo novo (Lc 10:10,11; At 13:51).

Os homens partiram e fizeram como Jesus havia dito. É impressionante que um grupo de homens comuns fosse capaz de representar o Deus Todo-Poderoso e de demonstrar sua autoridade realizando milagres.

Sempre que Deus ordena que se faça alguma coisa, também dá capacidade para cumprir suas ordens (2 Co 3:5, 6). Os apóstolos proclamaram as boas novas do reino, chamaram pecadores ao arrependimento e curaram muitos enfermos (Mc 6:12, 13; Lc 9:6).

 

Aplicações

1.      O profeta sem honra. Jesus volta a Nazaré, onde fora criado, prega na sinagoga onde antes ouvia a palavra.

2.     A rejeição. Aos ouvintes era estranho que um carpinteiro se tonara pregador, por isso, em lugar de atender aos ensinos, criticavam o ensinador.

3.     Incredulidade resulta da familiaridade. As cinco perguntas (v.2,3) revela que até a própria família é quem menos aprecia os ensinos de Jesus.

4.    Rejeitado na cidade, Jesus percorre as aldeias e envia seus discípulos a pregar o evangelho, curar os enfermos e libertas os cativos espiritualmente.

5.     Há um contraste entre os poucos enfermos curados (v.5) com os muitos curados (v.13).

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