A parábola da semente (vv.26-29) lembra que não é possível fazer a semente crescer. Não dá sequer para explicar como cresce. O crescimento da semente e o desenvolvimento do fruto são verdadeiros mistérios. O texto fala de fé e paciência.
Na parábola do semeador, Jesus
indicou que muitas das sementes espalhadas cairiam em solo improdutivo. Esse
fato desencorajaria os trabalhadores, de modo que nesta parábola da semente ele
lhes dá o estímulo necessário, "porque a seu tempo ceifaremos, se não
desfalecermos" (GI 6:9).
A parábola do grão de mostarda (vv.30-32)
serviu tanto de aviso quanto de encorajamento para os discípulos. O
encorajamento foi que, a partir de um pequeno começo, no devido tempo o reino
cresceria em tamanho e em influência.
Jesus começou com doze apóstolos, e logo já havia mais de quinhentos cristãos (1 Co 15:6). Pedro ganhou três mil pessoas em Pentecostes, e ao longo do Livro de Atos vemos esse número crescer o tempo todo (At 4:4; 5:14; 6: 1,7).
Apesar dos pecados e fraquezas da Igreja, a mensagem
tem sido levada às outras nações, e, um dia, santos
de todas as nações adorarão diante do trono do Senhor (Ap 5:9).
Mas o crescimento da semente é apenas parte
da história, pois devemos também atentar para os pássaros nos ramos. Na parábola do semeador, os pássaros
representam Satanás, que rouba as sementes (Mc 4:15).
A fim
de fazer uma interpretação coerente, devemos levar esse fato em consideração, pois
ambas as parábolas foram ensinadas no mesmo dia. O
crescimento do reino não resultará na conversão do mundo.
O CRESCIMENTO INVISÍVEL E O FIM
CERTEIRO - Marcos 4:26-29
O Reino de Deus significa o governo ou
reinado divino; significa aquele dia em que todos aceitarão a vontade de Deus,
e quando esta seja feita na Terra assim como no céu. Esta é
a meta, o fim de Deus para o universo inteiro.
1. Fala-nos da CONDIÇÃO INDEFESA DO HOMEM. O
agricultor não faz crescer a semente. Em
última análise, nem sequer compreende como cresce. A semente possui o segredo da vida e cresce por si mesmo. Nenhum
homem jamais possuiu o segredo da vida; nenhum homem
criou nada, no sentido pleno e total desta palavra. O homem pode descobrir coisas;
pode reordená-las; pode desenvolvê-las; mas não pode criá-las. Nós não criamos o Reino de Deus; o Reino é de
Deus.
a) Por
certo nós podemos frustrá-lo, ou opor-nos à sua vinda.
b) Também
podemos criar condições nas quais o Reino poderá manifestar-se de maneira mais
clara, vir mais rapidamente e com maior plenitude.
Mas por trás de todas as coisas está Deus e
seu poder e vontade.
2. Diz-nos algo com respeito ao REINO. Jesus
usa frequentemente exemplos que provêm dos processos
naturais de crescimento para referir-se à vinda do Reino.
a. O
crescimento natural em geral é imperceptível. Não
vemos as plantas crescerem. Se tivermos uma planta diante de nós todos os dias
não nos daremos conta de como cresce. Somente quando a vemos, afastamo-nos dela
durante algum tempo e depois voltamos a vê-la podemos perceber a diferença. O mesmo ocorre com o Reino. Resulta evidente
que o Reino cresce, mas não se compararmos hoje com ontem,
e sim este século com o século anterior.
b. O
crescimento natural é constante. De dia e de noite, enquanto o lavrador dorme,
o crescimento prossegue. Deus não se caracteriza
por atuar de maneira espasmódica. O grande problema com os esforços e a bondade
do homem é que em geral atuam de maneira espasmódica. Um dia
damos um passo para frente, no dia seguinte retrocedemos dois. Mas a obra de
Deus continua sempre, silenciosamente mas com segurança, para
a obtenção de suas metas. De maneira constante, desenvolve seu plano.
c. O
crescimento natural é inevitável. Não há nada tão poderoso como o crescimento.
Uma árvore pode romper um pavimento de cimento armado
com o poder de seu crescimento. Quase qualquer semente pode rasgar o asfalto
dos caminhos para que as primeiras folhas de sua plantinha recebam a luz do
Sol. O mesmo ocorre com o Reino. Em face da
rebeldia humana e sua desobediência, a obra de Deus prossegue. Nada pode deter
o cumprimento dos propósitos de Deus.
3. Diz-nos que há uma CONSUMAÇÃO. Há um dia quando se fizer a colheita. É
inevitável que ao se fazer a colheita duas coisas, duas coisas
aconteçam que são os aspectos opostos e contraditórios de um mesmo ato. Recolhem-se as sementes ou os frutos e a
palha e as ervas daninhas são destruídas.
Quando pensamos nesse dia vindouro há três
coisas que devem chamar nossa atenção.
a.
Trata-se de um convite à paciência. Somos filhos da pressa e
inevitavelmente pensaremos sempre de maneira apressada. Deus tem toda a eternidade para realizar sua
obra. "Porque mil anos diante de seus olhos são como o dia de ontem
que passou, e como uma das vigílias da noite" (Salmo 90:4). Em vez da impertinente, irritável, inconsciente
urgência humana que nos caracteriza deveríamos cultivar em
nossas almas a paciência que aprende a confiar em Deus.
b.
Trata-se de um convite à esperança. Hoje vivemos em uma atmosfera de desesperança. Há
muitos que perdem a esperança na Igreja;
muitos perdem esperança no mundo;
contemplam o futuro com
arrepiante temor. "O homem", disse H. G. Wells, "que
começou nas trevas de uma caverna, terminará nas ruínas insalubres de uma vila
miserável."
c. É um
convite a estar preparados.
Quando a consumação chegar devemos estar preparados. Será muito tarde para nos preparar-nos quando
já estiver sobre nós. Temos que
nos preparar para encontrar a nosso Deus, e estas não são
palavras mil vezes repetidas e sem sentido. Se vivermos com essa paciência que
não admite derrota, com essa esperança que
não deixa lugar ao desalento e nesse estado de preparação que sempre contempla
a vida à luz da eternidade, estaremos preparados.
DO PEQUENO AO GRANDE - Marcos
4:30-32
Nesta
parábola há duas imagens que qualquer judeu deve ter reconhecido imediatamente.
Em primeiro lugar, na Palestina o grão de
mostarda representava simbolicamente a coisa de menor tamanho concebível. Por
exemplo, "ter fé como um grão de mostarda" significava
"ter tão pouca fé que menos seria impossível".
Em segundo lugar, no Antigo Testamento uma
das formas mais comuns de referir-se graficamente a um grande império era
compará-lo a uma árvore, e se dizia que as nações satélites do
grande império eram como aves que procuravam refúgio à sombra de seus ramos
(Ezequiel 17:22ss.; 31:1ss.; Daniel 4:10,21).
1. Esta parábola nos diz que nunca nos devem DESANIMAR
OS COMEÇOS HUMILDES. Pode nos parecer que, nesse momento,
somente poderemos produzir efeitos insignificantes; mas se esse efeito insignificante se repete, e se volta a
repetir, virá a ter significado.
Muitas
vezes sentimos que pelo pouco que somos capazes de
fazer quase nem vale a pena que o façamos. Mas devemos
recordar que alguém deve começar as
coisas; tudo começou alguma vez.
Nada
aparece na plenitude de seu desenvolvimento. Nosso dever
é fazer o que pudermos; e o efeito acumulado de todos os
esforços pequenos pode chegar a produzir resultados surpreendentes.
2. Esta parábola nos fala do IMPÉRIO DA
IGREJA. A árvore e as aves, como
vimos, representam ao grande império e a todas as nações que
procuram refúgio nele. A Igreja começou com um indivíduo,
mas terminará abrangendo o mundo inteiro. Há dois
sentidos em que se pode afirmar que isto é verdade.
a. A
Igreja é um império no qual podem encontrar seu lugar todas os tipos de
opiniões e de teologias.
Temos a
tendência de classificar como herege a todo aquele que não pensa como nós. É
bom ter a segurança de estar no correto, mas isso não significa que devamos
pensar que todos os outros, que não pensam como nós, estão equivocados.
b. A
Igreja é um império no qual se encontram todas as nações.
A Igreja é a família de Deus; e essa Igreja
que começou na Palestina, pequena como a semente da mostarda, tem suficiente
lugar para que entrem nela todas as nações da Terra. Não
há barreiras na Igreja de Deus. O homem levantou as barreiras. Deus, em Cristo,
destruiu-as.
Aplicações:
- As
parábolas falam dos servos de Deus que saem levando a preciosa semente. Os que
desejam ceifar precisam semear primeiro – Sl 126.6.
- O
servo que semeia nada pode fazer além disso. Ele deve descansar, não se afligir
com o resultado da sua semeadura.
- A semente que nasce passa por etapas: Não
esperamos frutos maduros dos recém nascidos
1. A erva: o primeiro a mor, o zelo do
principiante, os desejos por bens espirituais;
2. A espiga: o vigor da juventude espiritual;
3. O grão cheio: o
cristão desenvolvido, a graça madura, a plena experiência.
- A
parábola fala do progresso, manifestação e consumação da vida divina na alma.
Uma vez lançada na terra, a semente está fora do campo de ação do semeador.
-Agora
entra em cena influencias que operam até que o fruto apareça por ocasião da
ceifa.

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