Enquanto a multidão suspirava de alívio ao ver Jesus partir, outra multidão o esperava de braços abertos em sua volta a Cafarnaum.
Nesse
segundo grupo, havia duas pessoas especialmente desejosas de ver o Mestre: Jairo,
um homem cuja filha estava à beira da morte, e uma mulher anônima que sofria de
uma doença incurável.
Jairo
aproximou-se de Jesus primeiro, mas a mulher foi curada primeiro, de modo que
parece apropriado começarmos por ela.
O contraste entre essas duas pessoas necessitadas é impressionante e revela a extensão do amor e misericórdia de Cristo:
a)
Jairo era um líder importante da sinagoga, enquanto a mulher era uma
anônima, uma pessoa qualquer, mesmo assim Jesus recebeu e ajudou ambos.
b)
Jairo estava para perder uma filha que lhe dera doze anos de alegrias (Mc
5:42), e a mulher estava para se ver livre de uma aflição que a acometia havia
doze anos.
c)
Uma vez que ocupava um cargo importante na sinagoga, sem dúvida Jairo era
um homem de posses, mas essa riqueza não pôde salvar a vida de sua filha. A
mulher estava falida, pois havia gasto todos os seus bens, e, ainda assim,
ninguém achara uma cura para seu problema.
d)
Tanto Jairo quanto a mulher encontraram as respostas que buscavam aos pés
de Jesus (Me 5:22 e 33).
1. A DOENÇA E SUAS CONSEQUENCIAS
A
mulher sofria de uma hemorragia aparentemente incurável e que a destruía
lentamente. Podemos imaginar a dor e a pressão emocional que consumia suas
forças dia após dia.
Quando
consideramos suas muitas decepções com os médicos e a pobreza que lhe
sobreveio, perguntamo-nos como pôde suportar tanto tempo. Havia, porém, ainda
outro fardo sobre suas costas: de acordo com a Lei, ela se encontrava
cerimonialmente impura, o que limitava grandemente sua vida religiosa e social
(Lv 15:19ss). Que peso enorme essa mulher carregava!
2. ELA NÃO SE VITIMIZOU
No
entanto, não deixou que coisa alguma a impedisse de aproximar-se de Jesus. Poderia
ter usado várias desculpas para se convencer de que era mais fácil ficar longe dele.
a)
Poderia ter pensado: "não sou importante o suficiente para pedir
ajuda a Jesus!", ou "ele está acompanhando Jairo, não vou importuná-lo
agora".
b)
Poderia ter argumentado: "ninguém foi capaz de me ajudar, então por
que continuar tentando?"
c)
Ou poderia ter concluído que não era correto procurar Jesus como último
recurso, depois de ter consultado tantos médicos.
d)
Porém, deixou de lado todos os argumentos e desculpas e, pela fé, se
aproximou de Jesus.
3. A FÉ DA MULHER
Como
era essa fé? Fraca, tímida, talvez até um tanto supersticiosa. Imaginava que precisava
tocar nas vestes de Jesus para poder ser curada (ver Mc 3:10; 6:56).
Tinha ouvido
falar de outras pessoas que haviam sido curadas por Jesus (Mc 5:27), de modo que
resolveu tentar chegar até o Salvador. Dessa vez, não ficou decepcionada: Jesus
honrou sua fé, fraca como era, e curou seu corpo.
Vemos
aqui uma lição importante:
Ø Nem todos têm o mesmo nível
de fé, mas Jesus responde à fé, por mais fraca que seja. Quando cremos, ele
compartilha seu poder conosco, e algo acontece em nossa vida.
Ø Havia muitos outros naquela
multidão que estavam perto de Jesus e que o comprimiam, mas que não
experimentaram milagre algum, pois não tinham fé.
Ø Uma coisa é esbarrar em
Jesus, outra bem diferente é crer nele.
4. ELA SE TORNA UMA TESTEMUNHA
A
mulher planejava desaparecer no meio da multidão, mas Jesus virou-se e a
deteve. Com todo carinho, extraiu dela um testemunho maravilhoso do que o
Senhor havia feito.
Por que
Jesus tornou pública essa cura? Por que simplesmente não permitiu que a mulher
permanecesse incógnita?
a)
Em primeiro lugar, ele o fez para o bem dela, pois desejava ser para ela
algo mais do que um "curandeiro": desejava ser também seu Salvador e
amigo.
·
Queria que contemplasse seu rosto, sentisse seu carinho e ouvisse suas
palavras de incentivo.
·
Quando Jesus terminou de falar, a mulher experimentou algo maior do que a
cura física.
·
O Senhor a chamou de "filha" e a enviou para casa com uma
bênção de paz (Mc 5:34).
·
A injunção: "Fica livre do teu mal" vai muito além da
restauração do corpo. Jesus também lhe deu cura espiritual!
b)
Tratou dessa mulher em público não apenas para o bem dela, mas também
pensando em Jairo.
·
A filha dele estava à beira da morte, e ele precisava de todo
encorajamento possível. Como se não bastasse a multidão impedindo sua passagem,
ainda haviam sido detidos por aquela mulher!
·
Quando um dos amigos de Jairo chegou com a notícia de que a menina havia
morrido, sem dúvida Jairo sentiu que tudo estava perdido.
·
As palavras de Jesus à mulher sobre fé e paz devem ter servido de
estímulo não só para....
a)
Por fim, Jesus tornou pública a cura dessa mulher para que ela tivesse a
oportunidade de dar seu testemunho e de glorificar ao Senhor.
·
"Digam-no os remidos do SENHOR, os que ele resgatou da mão do
inimigo [...] Enviou-lhes a sua palavra, e os sarou [...] Rendam graças ao
SENHOR por sua bondade e por suas maravilhas para com os filhos dos homens!"
(SI 107:2, 20, 21).
·
Por certo, alguns da multidão ouviram as palavras da mulher e creram no
Salvador; quando ela chegou em casa, já sabia o que significava testemunhar de
Cristo.
Aplicações:
Esta
mulher nos leva a refletir em algumas questões importantes:
·
Os anos do seu padecimento. Ela sofreu 12 anos. Quanto
tempo tem durado o nosso sofrimento?
·
Os esforços inúteis pra conseguir a cura. Ela buscou o que havia disponível
na época. Existem situações que os esforço humanos serão inúteis, devemos
buscar no Senhor.
·
Gastou todos seus recursos. Enquanto ela tinha
recursos, usou-os na tentativa de encontrar a cura. Não podemos depender só de
recursos, nem tudo se revolve com dinheiro.
·
Sua enfermidade aumentava. Mesmo buscando na medicina, sua condição só piorava.
O homem, embora capaz, não é Deus para fazer milagre.
·
Ela ouviu do Evangelho. O que levou ela até Jesus foi ter ouvido a respeito
dele. Alguém testemunhou e este testemunho chegou até ela.
·
O esforço que ela fez. Ela superou a fraqueza física, a condição social, a
multidão e com perseverança, chegou até Jesus.
·
O caráter da sua fé. Mesmo que possa ser uma fé supersticiosa, o toque em
Jesus foi um toque de fé. Se tivermos um pouco que seja de fé, para Jesus já é
suficiente.
·
A cura e o espanto. A cura foi imediata, instantânea, na mesma proporção
do seu espanto ao perceber que fora descoberta por Jesus.
Se fossemos escrever um livro
sobre esta mulher, os capítulos seriam:
1.
Sua necessidade – v.25
2.
Seus desapontamentos – v.26
3.
Sua esperança – v.27
4.
Seu esforço – v.27
5.
Sua fé em Cristo – v.28
6.
Sua recompensa – v.29
7.
Seu medo – v.33
8.
Sua confissão – v.33
9.
Sua salvação – v.34

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